sábado, setembro 02, 2006

A mídia e o povo

Naquele dia de maio de 97, em que o Rio Grande do Norte ganhou as manchetes da imprensa até no exterior, antes de terminar a manhã, Genildo tinha cumprido sua promessa, matando 15 pessoas. Na seqüência, cercado pela polícia, e já com a presença no distrito de um exército de repórteres e cinegrafistas de todo o país, depois de usar como escudo a adolescente Valdenice Ribeiro da Silva, 16 anos, que lhe servira de refém, e a filha de cinco anos, acabou dando um tiro no peito. Em seguida, seria crivado de balas pela polícia. Tinha matado a mulher, os sogros, a ex-mulher, a ex-sogra, alguns amigos, vizinhos e pessoas com quem se desentendera, por conta da boataria de sua homossexualidade.
Era um prato cheio demais. Pelas bordas. Imperdível A imprensa local lavou a burra. Selecionou e encaminhou seu melhor pessoal, em termos de texto e fotografia. Fez cadernos especiais, coloridos, carregados de infográficos e detalhamentos, recheados de cadáveres e cheirando a morte. E vendeu horrores. Como sempre ocorre com situações extremas do tipo. Quando ocorre.

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