segunda-feira, setembro 25, 2006

Quadrilhas lá, quadrilhas cá...

“Ruiu, nesta semana, a ponte do entendimento. Decidiram saquear e enfrentar o país, baseados na sua maioria potencial de votos. Como diz a música: quanto mais pesado vierem, mais pesado sairão.
Nosso limite implica em rejeitar atos ilegais e, firmemente, descartar a violência. A partir daí, é reunir as crianças e anunciar que vai começar uma etapa na qual não somos mais donos de nosso futuro.
Acho que eles não matam gente. Há quem afirme o contrário, baseado no caso Celso Daniel. Mantenho, apesar disso, minha posição de que não ultrapassam esse limite.
Vão ameaçar com o povo na rua. Dominam entidades, hoje alimentadas por verbas oficiais, e acreditam que elas possam ser uma correia de transmissão. O povo, às vezes, decide mandar para o ar burocratas e suas organizações. A Hungria, por exemplo, já começou a caça aos mentirosos.
Embora não seja uma guerra, de um ponto de vista formal muitos elementos dela estão em jogo. Não dá mais para conviver fraternalmente com cineastas que justificam o mensalão, escritoras que propõem a imoralidade e atores que atribuem às "Mãos Sujas" de Sartre um sinal verde para desviar dinheiro público.
Essas pessoas são cúmplices de uma quadrilha que domina o governo brasileiro. São peixes do mar de lama. Em vez de revidarem com a sabedoria de Sancho Pança, empurram seus Quixotes para dias imprevisíveis.”
(“Notas sobre uma semana punk”. Fernando Gabeira, Folha de São Paulo, sábado, 23 de setembro de 2006.)

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