domingo, setembro 10, 2006

Jogo de espelhos

Se quisermos ter uma idéia do peso da esquerda pró-totalitária, basta dizer - e isso independe de quem sejam os donos das editoras - que, de uma dezena de livros jornalísticos de crítica ao regime cubano, só um ou dois foram traduzidos para o português ou circulam no Brasil. Recentemente, uma editora brasileira publicou um livro sobre a história de Cuba.
Tratar-se-ia por acaso da história clássica de Hugh Thomas ["Cuba or The Pursuit of Freedom", Da Capo Press]? Não, trata-se de livro de um autor simpático ao regime, que compara a Cuba castrista de hoje com a Inglaterra em 1945 e que, por meio de um hábil manejo das aspas, chama os dissidentes cubanos de "inimigos do povo".
Dois elementos interessantes no fenômeno da hegemonia (interna e, parcialmente, externa) da esquerda não-democrática. Um é que, até certo ponto, se não toda a direita, sem dúvida parte dela tem uma grande admiração pelos ícones da esquerda antidemocrática.
Um exemplo. Há alguns dias, um artigo assinado pelo ex-presidente José Sarney tecia loas a Castro, comparando-o a Simón Bolívar. O fenômeno não é recente. Por realismo ou por falta de amor pela democracia, parte da direita tem uma fascinação secreta pela esquerda antidemocrática.

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