sábado, setembro 16, 2006

Entrevista: Antonio Naud Júnior

Radar Potiguar - Pelo que você chegou a conhecer, dá para falar sobre a qualidade da literatura que vem sendo produzida no RN? Haveria algum autor em especial a quem você admira?
ANJ - Aqui parece que todo mundo escreve. É uma epidemia muito atraente. Noto que habitualmente são lançados livros de autores locais. Sou leitor assíduo da literatura potiguar, mas tem muita coisa que desconheço e alguns mitos enraizados que não me despertam interesse. Aprecio a poética de Miguel Cirilo, Francisco Ivan, Iracema Macedo, Paulo Augusto, Myriam Coeli, Sanderson Negreiros. O mais recente livro de poesias de Diógenes da Cunha Lima, "Memória das Águas" (2005), é riquíssimo. A beleza está presente, inclusive, na própria dedicatória: "Este livro é dedicado a quem ama o rio Potengi e outros verdes do mar nordestino". Leio todos os dias as crônicas de Vicente Serejo. Sou louco por elas. Admiro Doryan Gray Caldas, Diva Cunha, Oswaldo Lamartine. São tantos. Sem esquecer o insubstituível Câmara Cascudo.
Radar Potiguar - No caso específico da cultura, temos pelo menos dois (2) Conselhos de Cultura – um municipal e um estadual? A seu ver falta na cidade trabalhos e projetos para que se justifique a existência desses conselhos? Ou prefere não falar? Ou você acha a cidade meio parada, apenas com a grade comercial – na zona turística – para faturar?
ANJ - Conselhos são importantes, obviamente, quando funcionam. Eles são pagos por nós para produzir, para inventar alternativas mesmo quando a verba é curta ou utilizada com propósitos eleitoreiros. Como já disse, estava há muitos anos longe do Rio Grande do Norte e só recentemente voltei. Seria imprudente fazer um julgamento da política cultural potiguar. Entretanto, confesso que vejo Natal voltada para um turismo tolo, pouco surpreendente, sem realmente aproveitar suas reais potencialidades. O Festival de Cinema de Natal, por exemplo, poderia ser algo bastante animador, exuberante, reconhecido internacionalmente. Mas isso não acontece, está aí marcando passo, centralizado numa única pessoa. Falta por aqui injeção de money em projetos renovadores, fincados no conteúdo, bom gosto e vivacidade .

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