sábado, setembro 27, 2008

Deus dá entrevista: repercussão

Em plena democracia e liberdade de imprensa
Tribuna da imprensa online http://www.tribunadaimprensa.com.br/
Coluna Hélio Fernandes
Rio de janeiro, sábado e domingo, 27 e 28 de setembro de 2008
Ilustração
Deus dá entrevista coletiva, fala sobre fim do mundo, reação da mídia
Como falavam muito no assunto, e havia controvérsia sobre notícias de que o mundo iria acabar, Deus resolveu dar entrevista coletiva para confirmar o fato. Os maiores órgãos de comunicação mandaram representantes. E deram manchetes sem conseguirem fugir dos chavões diários e dos interesses adquiridos. Vejamos as manifestações.
Jornal Nacional: "O mundo acaba e Brizola vai junto".
Tribuna da Imprensa: "O mundo acaba mas privatizações continuam".
Wall Street Journal: "O mundo acaba e Brasil não paga dívida".
New York Times: "Fim do mundo acaba com maioria Democrata".
Le Monde: "Fim do mundo derruba candidatura de Chirac".
O Globo: "Mundo acaba e Brizola vai junto".
Shinimbu: "O mundo acaba e Japão não compra a Casa Branca".
Estado de S. Paulo: "O mundo acaba e Quércia não foi indiciado".
Correio Braziliense: "CPI para apurar as causas do fim do mundo".
Jornal da Bahia: "Fim do mundo não acaba prestígio de ACM".
Le Figaro: "O real brasileiro vale mais do que o franco, é o fim do mundo".
O Dia: "O mundo acabou, junto com a chacina de Vigário Geral".
Paulo Henrique Amorim: "Deus me disse que o fim do mundo não é definitivo".
Gramna, Cuba: "O mundo acabou, a base de Guantanamo ficou inútil".
Rádio Globo: "O mundo acaba e Brizola vai junto".
Jornal do Commercio, Recife: "Como havíamos previsto, o mundo acabou".
Washington Post: "Fim do mundo não atinge domínio de Hillary na Casa Branca".
Pravda: "Depois que o comunismo acabou, veio o fim do mundo".
La Republica, Itália: "Fim do mundo pode salvar Berlusconi".
Silvio Santos, SBT: "Ganhei 2 bilhões com a Capitalização, é o fim do mundo".
The Times: "Fim do mundo fortalece a monarquia da Inglaterra".
Notícias Populares: "Diante do fim do mundo, tarados invadem São Paulo".
Jornal da Tarde: "O mundo acaba e Maluf deixa São Paulo sem água".
Veja: "Tumor de Pedro Collor derrubou seu irmão Fernando Collor".
BBC de Londres: "O mundo acaba mas Lady Di morre antes".
Caras: "Não percam edição especial sobre o fim do mundo. Na nossa ilha".
The Sun: "Príncipe Charles diz que será rei, mesmo com o fim do mundo".
Televisa: "O fim do mundo não acaba corrupção no México. É institucionalizada".
El Clarin: "Menem não acredita no fim do mundo, quer a reeleição".
TV Bandeirantes: "Vejam o fim do mundo no horário nobre de esportes".
Folha de S. Paulo: "Deus garante o fim do mundo, Datafolha não confirma".
New York Post: "Com o fim do mundo, polícia abre Central Park à noite".
Playboy: "O mundo acabou e não fotografamos Daniel Dantas na capa".
TV Globo: "O mundo acaba e Brizola vai junto".
PS - Paulo Francis não foi à entrevista coletiva, pelo fato de ser ateu e estar muito cansado. Leu o New York Times, viu duas ou três televisões a cabo e mandou correspondência assim: "Todos falam em entrevista de Deus. Não acredito que tenha acontecido. Se Ele quisesse obter bastante repercussão, teria conversado comigo".
PS 2 - A reação acima foi publicada em 1996. Está completando 12 anos. Não foi necessário mudar coisa alguma.Tribuna da Imprensa, Coluna de Hélio Fernandes

Vereador, para quê te quero...

Banalidade municipal
Tribuna do Norte
Colunas, Jornal de WM, por Woden Madruga
Natal, Sábado, 27 de setembro de 2008
O que faz um vereador? A pergunta atravessa os tempos e as respostas são as mais desconcertantes que se possa imaginar. Olhando-se para certos candidatos a vereador - e mesmo para os titulares atuais dessa nobreza da democracia - não é difícil imaginar o que faz mesmo um vereador. Aqui, por estas bandas da terra de Poti mais besta, e o no resto do país. Agora mesmo, por exemplo, uma entidade chamada Transparência Brasil andou pesquisando sobre a produção legislativa das Câmaras de Vereadores de São Paulo e do Rio de Janeiro, as duas maiores cidades brasileiras. Alguns jornais registraram as duas pesquisas que mereceram comentários esparsos. Ontem, andando pela internet, li no blogue de Josias de Souza (Folha): "93% dos projetos de vereadores do Rio de Janeiro são banais". Quer dizer: coisas vulgares, corriqueiras, triviais. Banal, adjetivo; banalidades, substantivo.
Na Câmara Municipal de São Paulo, o índice de banalidades foi menor. Ali, a irrelevância dos projetos dos excelentíssimos senhores edis ficou na faixa dos 91%. Bom, voltemos ao Rio de Janeiro. Disse Josias e Souza:
- Entre 2005 e 2008, os 50 vereadores que compõem a Câmara Municipal do Rio apresentaram 2.978 projetos. Aprovaram-se 1.572. Desse total, apenas 209 (7%) trataram de temas com alguma relevância para a vida dos cariocas ou para o funcionamento da Prefeitura. O resto (93%) compõe um lote que foram ao arquivo ou, quando aprovados, não tiveram a menor relevância.
E acrescenta:
- Não menos que 1.612 projetos formulados por vereadores cariocas propunham coisas tão banais quanto o batismo ou rebatismo de logradouros, fixação de datas comemorativas, homenagens a pessoas ou entidades, etc."
Imagine se a Transparência Brasil resolvesse fazer uma pesquisa na Câmara de Vereadores de Natal. Bom, domingo que vem o natalense vai eleger mais um lote de de banalidades.

Tribuna do Norte, Colunas, Jornal de WM, Por Woden Madruga,27/09/2008

Brasil: Caldo de cultura

Vivemos num Estado
que incentiva, acoberta
e beneficia primeiro
quem se dedica ao crime
Marcos Aurélio de Sá
Jornal de Hoje, Segunda, 22/09/2008
* Já faz tempo que se estabeleceu no Brasil -- pela omissão, complacência ou cumplicidade das elites governantes -- um modelo social e político que sempre coloca em absoluto segundo plano a ética, o mérito, a honestidade, o trabalho e a submissão à lei como fatores determinantes do sucesso pessoal.
* Neste começo de milênio entretanto a situação só tem se agravado, a ponto de se observar quase como exceção a presença de pessoas decentes e confiáveis ocupando ou disputando cargos públicos eletivos, liderando partidos, comandando repartições governamentais nos mais diversos níveis.
* A letra da lei vale tão pouco que virou regra, para o cidadão comum conseguir usufruir de qualquer direito que dependa de prévia autorização do Estado (nos níveis municipal, estadual ou federal), ele ter que se submeter ao pagamento de propinas, caso não possua dentro da estrutura do poder um parente ou amigo influente que coloque em prática o tradicional "jeitinho".
* As licitações e concorrências públicas viraram sinônimo de maracutaias. As comissões de 10 por cento, que antigamente prevaleciam nos arranjos da maioria dos negócios escusos realizados dentro dos órgãos públicos, agora são ridicularizadas como "gorjeta de garçon". Hoje, a taxa da corrupção alcança as alturas de 20, 30 e até 50 por cento, sem ninguém nem mais considerar isso um escândalo.
* Política virou profissão das mais rentáveis do país, uma fábrica de milionários. Pessoas que ao longo da vida nunca dedicaram um dia sequer ao trabalho produtivo, que jamais receberam herança nem tiraram a sorte grande na loteria, hoje aparecem como detentoras de patrimônios gigantescos, aqui e ali distribuídos em nome de familiares e "laranjas".
* Não é à toa que proliferam dezenas e dezenas de partidos políticos funcionando como verdadeiras "franquias", cada um apresentando uma multidão de candidatos dispostos ao "sacrifício" de "trabalhar pelo povo". Buscam todos, na verdade, o acesso fácil aos cofres públicos, de onde as verbas podem ser desviadas impunemente, conforme demonstra o vasto histórico de denúncias que resultam em inquéritos engavetados ou, no máximo, em condenações de mentirinha, que nunca implicam em prisão prolongada e, menos ainda, na recuperação do dinheiro desviado.
* Parcela expressiva do povo, espelhando-se no mau exemplo que vem do alto, acabou se auto-convencendo de que a trilha do oportunismo, da malandragem e do crime é a que proporciona maiores recompensas materiais. Prova disso é que milhões de brasileiros nem mais se preocupam em sair da marginalidade social e econômica, condição em que desfrutam de mais vantagens e benefícios públicos do que os "otários" que cumprem os deveres da cidadania, pagam impostos e se submetem aos ditames da burocracia do Estado corrompido e corruptor.
* Com apenas 3 por cento da população mundial, o Brasil registra em seu território 10 por cento de todos os assassinatos do planeta, boa parte deles praticados pelo próprio poder público através da polícia. O tráfico de drogas funciona como uma das atividades econômicas mais abrangentes do país, garantindo ocupação e renda para milhões de jovens que não encontram nenhuma vantagem na dedicação aos estudos e no exercício de profissões legalizadas. Enquanto um operário com carteira assinada ganha o salário mínimo ou pouco mais por mês, o pessoal da base da pirâmide do tráfico ganha mais do que isso por semana.
* A onda irrefreável de furtos, roubos, contrabando, invasões de terras, desvio de cargas, sequestros, crimes de estelionato, exploração da jogatina e da prostituição, tudo feito quase às claras, movimenta mais dinheiro do que pode imaginar os melhores economistas. O número de carros roubados a cada ano é tão espantoso que supera a capacidade de produção de uma montadora como a Volkswagen, a segunda maior indústria automobilística do país, fato que torna o valor do nosso seguro veicular um dos mais caros do mundo.
* Diariamente, pelas cidades do país a fora, contam-se aos milhares as "saidinhas de banco", esquema de assalto que vitimiza os cidadãos que necessitam realizar retiradas mais expressivas de dinheiro de suas contas. Pelas ruas, a pé ou utilizando o transporte público, as pessoas comuns são agredidas por bandidos que lhes arrancam os pertences, por mais modestos que sejam. As residências, as lojas, as fábricas, as escolas e até os templos religiosos para terem o mínimo de proteção se obrigam a contratar vigias, instalar mecanismos como alarmes ou cercas energizadas e, ainda assim, não se livram do risco de serem saqueados a qualquer hora do dia.
* Prestar queixas à polícia é um exercício inútil e vexatório. A vítima do crime chega a ser vilipendiada e levada no deboche por delegados e agentes desatenciosos, atrabiliários e descomprometidos com seu trabalho, que geralmente empurram o queixoso de uma delegacia para outra até que ele desista até de registrar um simples boletim de ocorrência.
* Infelizmente, à parcela da sociedade resignada ao cumprimento dos deveres unilaterais da cidadania, parece só restar a decepcionante constatação de que o que lhe sobra, dentro deste ambiente nacional degradado, é a obrigação de pagar os impostos escorchantes que custeiam um Estado dominado pelo crime. Ou, então, correr atrás da morosa justiça em busca dos seus mínimo direitos permanentemente desrespeitados.
* Talvez esta última opção seja uma das explicações para o fato de, somente aqui no Rio Grande do Norte, existirem hoje mais de 10 mil jovens matriculados em cursos de Direito...

Jornal de Hoje, Coluna Hoje na Economia, Marcos Aurélio de Sá, Segunda, 22/09/2008

terça-feira, setembro 09, 2008

Futuro da riqueza do Brasil

O futuro da riqueza do Brasil
Petrobras, sim. Petrosal, não
Tribuna da imprensa online

Rio de janeiro, quarta-feira, 10 de setembro de 2008

O Brasil é hoje notícia no mundo inteiro. Por muitos e variados motivos, que não aconteceram em nenhuma fase da República, "que não é a dos nossos sonhos" (Saldanha Marinho, Propagandista da República, diretor do jornal diário "A República", senador, preso quando da tribuna do Senado defendia o interesse nacional).
Hoje, quero apenas começar, com simplicidade, clareza e de forma elucidativa, esclarecimentos para que o cidadão-contribuinte-eleitor compreenda o que é o Pré-Sal (ou Petrosal) e a razão de quererem criar várias empresas que inevitavelmente LIQUIDARÃO A PETROBRAS.
Tive acesso a um mapa desse petróleo que vem de Santa Catarina, Paraná, cobre todo o litoral brasileiro, chega ao Espírito Santo, depois de passar por Santos e o interior do Estado do Rio de Janeiro. Essa é a realidade.
Sobre essa realidade, querem montar uma irrealidade, representada por várias empresas, ninguém sabe quantas, já falam em uma porção de Conselhos de Administração. Relegando a Petrobras a um plano secundário, como se ela não tivesse feito coisa alguma. Não a partir de 1953 ou 1954, quando a sua criação foi aprovada.
Mas na verdade coloquem nessa criação pelo menos 10 anos, ou melhor, 20. A partir daí ela existiu e existe, desde que foi vitoriosa a campanha do PETRÓLEO É NOSSO.
Como esse Pré-Sal levará muitos e muitos anos, mostremos as dificuldades que a Petrobras teve e tem que enfrentar, como se ela não fosse uma potência, mais admirada no exterior do que aqui no Brasil. Precisou descobrir petróleo a grandes profundidades, seus campos e plataformas, uma época acolhendo dezenas de especialistas estrangeiros, que se perguntavam: "Como é que a Petrobras pode ir buscar petróleo a essa profundidade?". Mas ia. E cresceu assim.
Além do mais, a Petrobras tinha que enfrentar governos, ditatoriais ou não. O "presidente" Geisel nomeou presidente da Petrobras (e depois ministro de Minas e Energia) o senhor Shigeaki Ueki. Só alguém que deseja destruir uma empresa nomeia Ueki presidente. E outros, vários, com ele e como ele. Hoje, Ueki e os filhos moram no Texas, mais ricos em petróleo do que a família Bush.
Só que a tentativa de destruição da Petrobras não parou por aí. Quando FHC DOOU-PRIVATIZOU grandes empresas, quis fazer o mesmo com a Petrobras. Não teve coragem, nunca teve, por que iria mudar? Criou a COMISSÃO DE DESESTATIZAÇÃO, todos os seus membros tinham uma emocionante vocação para o enriquecimento pessoal e não o coletivo.
FHC criou então a lei 9478, que estabelecia as famigeradas licitações. Dona Dilma, ainda não no governo, combateu essa 9478. Entrou no governo, "aceitou" imediatamente as licitações criminosas. E eu combatendo diariamente para não haver essa DOAÇÃO indireta. Ou diretíssima.
Escrevi tanto e por tanto tempo, defendendo a Petrobras, que o procurador geral da Justiça do Paraná entrou no Supremo com uma AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DIRETA, para anular essa criminosa 9478. Os primeiros a vontarem foram 4 dos grandes ministros do Supremo, o resultado ficou: Petrobras-Brasil 4 a 0. Nelson Jobim, presidindo do Supremo, fez um gesto com a mão, o ministro Eros Grau pediu vista. Levou meses, quando devolveu a Petrobas-Brasil perdeu por 7 a 4.
Lula, que não anulou a Lei 9478 de FHC, ainda derrotou a Petrobras, obrigando-a a "vender" petróleo às multinacionais. Cumpriu SUBMISSAMENTE o que FHC determinara INSENSATAMENTE.
PS - Como eu disse, essa Petrosal terá que esperar muito tempo. É lógico que sou a favor da distribuição dos lucros, para a educação e para investimentos.
PS 2 - Mas por que não fazer através da Petrobras? Ela tem competência, conhece todos os caminhos, tem experiência e o respeito geral. (Tribuna da Imprensa, Coluna Hélio Fernandes)

Abin na berlinda

Blog do Protógenes reúne
informações sobre delegado
afastado da Operação Satiagraha
GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília
28/07/2008 - 15h45
Ilustração

Depois de se afastar do comando da Operação Satiagraha, da Polícia Federal, o delegado Protógenes Queiroz é apontado como responsável por um blog na internet que reúne detalhes da sua carreira na instituição. Escrito na terceira pessoa, o blog supostamente criado por Protógenes reúne matérias de jornais e sites com informações sobre o seu afastamento forçado do comando da Operação Satiagraha, além de detalhes sobre o seu "currículo" como delegado federal --sem emitir juízo de valor sobre a sua saída das investigações.
Apesar do título do blog ser "Blog do Protógenes Queiroz", o delegado não fala em primeira pessoa sobre as suas atividades. Na parte superior do blog há uma espécie de banner com a sua fotografia, na qual ele aparece de paletó escuro, camisa clara e microfone à sua frente.
Nos textos do blog, sempre que se refere supostamente a si mesmo, o ex-coordenador da Operação Satiagraha usa a expressão "o delegado Protógenes". Ao relatar o episódio em que teria sido forçado a deixar a operação, ele fala que "curiosamente Protógenes teria comentado com aliados que esse afastamento desmerece seu trabalho e causa prejuízo muito grande à investigação".
Em terceira pessoa, o delegado afirma que "Protógenes formalizou uma representação junto ao Ministério Público Federal, em São Paulo, que abriu procedimento para apurar se as investigações sofreram, ou estão sofrendo, algum tipo de obstrução".
Entre as reportagens citadas por Protógenes no blog estão as que acusam a cúpula da PF de forçar o seu afastamento da operação depois de "excessos" --como a divulgação de imagens da prisão do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, flagrado de pijamas. Em nenhum momento, no entanto, o delegado critica a atuação da PF no caso.
O blog lista as operações da PF já conduzidas por Protógenes antes da Satiagraha, como a que resultou na prisão do contrabandista Law Kin Chong e as investigações de fraudes e evasão de divisas no caso Corinthians/MSI.
O único espaço para "reflexão" no blog do delegado é a citação de uma "mensagem" atribuída a Mahatma Gandhi, na qual o pacifista afirma que se deve buscar no "interior de si mesmo" as respostas para se encontrar "saídas" aos problemas humanos.
"Além do pão, o trabalho. Além do trabalho, a ação. Além da ação, o cultivo à amizade. E quando tudo mais faltasse, deixaria um segredo: o de buscar no interior de si mesmo a resposta e a força para encontrar a saída", diz o texto.
Outro lado
A PF não confirma se o blog é efetivamente de Protógenes uma vez que se pronuncia somente sobre fatos ligados diretamente à instituição. Como o blog seria uma atividade pessoal do delegado, a Polícia Federal não comenta o assunto. O delegado também vem se mantendo afastado da mídia desde que deixou o comando da Operação Satiagraha.
Protógenes está em Brasília onde participa de um curso de reciclagem promovido pela Academia da Polícia Federal. O prédio onde é realizado o curso fechado à imprensa, distante do centro da cidade e, em geral, os alunos-delegados optam por fazer as refeições nas redondezas, deixando pouco o local.
Oficialmente, a PF afirma que Protógenes deixou o comando da Operação Satiagraha para participar do curso presencial da instituição. Em conversas com interlocutores, o delegado revelou que foi forçado a deixar as investigações depois de "excessos" cometidos na operação.
Protógenes também encaminhou denúncia ao Ministério Público de São Paulo para denunciar a obstrução da própria PF ao seu trabalho. Na representação, o delegado reclama que foi prejudicado pela falta de recursos humanos e materiais para a condução das investigações. (Fonte: FSP)

Abin na berlinda

"Sinto vergonha de mim",
diz delegado da Satiagraha
Protógenes fez publicar em seu blog um depoimento de desabafo sobre os rumos da operação
Tribuna da imprensa online


Rio de janeiro, quarta-feira, 10 de setembro de 2008

SÃO PAULO - Em meio ao fogo cruzado do grampo que derrubou a cúpula da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz (Foto) publicou 'Sinto vergonha de mim' em seu blog - um desabafo em forma de poesia na qual ele diz: "Tenho vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo brasileiro."
É a mais longa manifestação pública do delegado desde que estourou o escândalo da interceptação telefônica que pegou seu desafeto maior, o ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e levou o presidente Lula a decretar o afastamento do delegado Paulo Lacerda do comando da Abin.
Cérebro da Satiagraha - missão federal que em julho levou à prisão o banqueiro Daniel Dantas, o investidor Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta por suspeita de evasão de divisas, lavagem de dinheiro e quadrilha -, Protógenes não cita nomes em seu texto, nem mesmo faz referências explícitas a esse ou aquele episódio.
Afastado da Satiagraha desde julho, ele deixou o inquérito e deslocou-se para Brasília para fazer um curso de especialização na Academia Nacional de Polícia. Sob forte pressão de superiores, Protógenes já admitiu ter recorrido à Abin para executar a grande operação.
Amigo de Lacerda, ele repete 7 vezes a palavra vergonha na poesia. "Tenho vergonha de mim, pela passividade em ouvir, sem despejar meu verbo, a tantas desculpas ditadas pelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildade para reconhecer um erro cometido, a tantos 'floreios' para justificar atos criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posição de sempre 'contestar', voltar atrás e mudar o futuro."
Trinta e três mensagens de apoio e solidariedade foram imediatamente captadas pelo blog. "Por que o senhor não chuta o balde e escancara a realidade?", sugere um internauta. "Por que não procura apoio em instituições internacionais?"
Outro escreveu: "Protógenes, não desanime. Por mais que, tecnicamente, a operação redunde em fracasso, numa perspectiva social as coisas irão se inverter. Pouco a pouco as pessoas vão tomando conhecimento do mundo que as cerca e essa dominação mesquinha com que a mídia e os poderosos insistem em nos subjugar irá cair por terra."
9/9/2008 23:37:03 (Fonte: Tribuna da Imprensa)

Abin na berlinda

Virgílio ‘bate boca’
com Paulo Lacerda no Senado
Blog do Josias de Souza
09/09/2008
Afora a reiteração de negativas, resultou em rififi a sessão da Comissão de Controle de Atividades de Inteligência.
De um lado, o líder tucano Arthur Virgílio (AM). Do outro, o diretor afastado da Abin Paulo Lacerda.
Lacerda reiterou algo que já dissera: os equipamentos da Abin não têm capacidade para realizar grampos.
Virgílio lembrou que o ministro Nelson Jobim (Defesa) dissera coisa diferente: a Abin comprara maletas aptas a fzer escutas. O senador pespegou: "O ministro mentiu?"
Lacerda deu uma resposta atravessada: "Eu afirmo, como diretor da Abin, que ela não possui [equipamentos de escutas]..."
"...Eu não posso dizer nada em relação ao ministro Jobim. Eu acho que Vossa Excelência deveria indagar o ministro Jobim."
Abespinhado, Virgílio subiu o tom: "Eu não sou seu preso, não. Estou aqui como parlamentar. Então, o ministro Jobim mentiu?..."
"...Não me trate como se eu estivesse pendurado em algum pau de arara, porque não estou."
A turma do deixa-disso entrou em cena. Depois, Lacerda retomou o timbre lhano que lhe é característico:
"Compreendo a sua indignação, mas gostaria que Vossa Excelência compreendesse a minha..."
"...Depois de 62 anos de vida, sem nenhuma mácula, ser acusado de grampo clandestino em poderes da República, isso me deixa profundamente indignado."
Antes de Lacerda, o general Jorge Felix, ministro-chefe do GSI defendera a Abin ao ser inquirido pelos membros da comissão. Disse que a Agência foi "julgada e condenada."
Lamentou: "A imagem negativa ficou. Eu não estou dizendo que tem ou não tem [grampos executados por agentes da Abin]..."
"...Mas a agência tem sido sistematicamente acusada de fazer e, às vezes, de não fazer coisas, de não alertar o presidente de coisas feitas por maus cidadãos brasileiros."
À falta de investigações conclusivas, Félix perscrutou as alternativas: "O que temos efetivamente?..."
"...A confirmação do presidente do STF e do senador Demóstenes de que o diálogo foi aquele efetivamente travado entre eles..."
"...Temos concretamente que o telefonema foi gravado. Pode ter sido em um dos dois lados, e pode ter sido onde são feitas mais de 90 e muitos por cento das interceptações, das operadoras telefônicas."
Ouviu-se também o diretor da PF, Luiz Fernando Correa. Tratou de defender a corporação dele: "O nosso objetivo não é fazer espionagem, mas produzir provas."
Na seqüência, todas as pessoas estranhas à comissão foram "convidadas" a deixar o recinto. Seguiu-se uma sessão secreta, com a presença de Lacerda, Felix e Correa.
Antes, os congressistas aprovaram a convocação do espião aposentado Francisco Ambrósio do Nascimento –o ex-SNI que atuou na Operação Satigraha. (Fonte: Blog do Josias)

sexta-feira, setembro 05, 2008

Morre Fausto Wolff

Obituário: Fausto Wolff,
escritor e colunista do Jornal do Brasil
Jornal do Brasil
RIO - Morreu nesta sexta-feira, às 21h, o jornalista e escritor Fausto Wolff, de 68 anos, colunista diário do Caderno B do Jornal do Brasil.
Ele fora internado na CTI do Hospital São Lucas, em Copacabana, no último domingo, 1º, com hemorragia intestinal. Entrou em coma com quadro de insuficiência respiratória. Deixa a mulher, a psicóloga Monica Tolipan e duas filhas.
O escritor Ruy Castro, amigo de quatro décadas, definiu a falta que Wollf vai fazer:
– Houve época no Rio em que todos os homens queriam ser Fausto Wolff. Pela inteligência e pelas mulheres que ele conquistava.
Nascido em 1940, em Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul, Faustin von Wolffenbüttel teve infância pobre. Começou a trabalhar aos 14 anos como repórter policial e contínuo do jornal Diário de Porto Alegre.
De família humilde, mudou-se para o Rio aos 18. Tornou-se jornalista em 1954 e passou por momentos históricos no jornalismo, fazendo parte da turma que editou o primeiro O Pasquim, a partir de 1969.
Também esteve por trás da volta do jornal O Pasquim 21, no começo da década. Além do jornal, também atuou como diretor de teatro e cinema e professor de literatura nas universidades de Copenhague e Nápoles.
Escreveu vários livros, entre romances, livros históricos e compilações de crônicas, entre eles Cem poemas de amor e uma canção despreocupada, A imprensa livre de Fausto Wolff, O acrobata pede desculpas e cai e seu último livro, A milésima segunda noite, lançado em 2005 pela editora Bertrand Brasil.
- Seus livros evocam uma certa fantasmagoria de ordem interna típica de Edgar Allan Poe: o horror que vem de dentro do ser, pasmo ante um mundo calcado em conceitos de realidade que não admite - declarou o escritor Fernando Toledo sobre sua obra.
Entre livros e traduções
Também se responsabilizou por traduções de livros, como Detonando a notícia: Como a mídia corrói a democracia americana, de James Fallows. Foi agraciado com o Prêmio Jabuti com o romance À mão esquerda.
Em áreas mais leves, também editou volumes das célebres Anedotas do Pasquim, lançadas pela editora do jornal, Codecri.
Ultimamente, mantinha o site O Lobo (http://www.olobo.net), com compilações de seus textos, e fazia uma coluna diária no Caderno B, para o qual veio trazido pelo chargista e escritor Ziraldo, a quem conheceu ainda na época do Pasquim. Lá, lançava mão de personagens como Natanael Jebão, que popularizou. Diariamente, criticava a mídia e novidades como o celular e o computador.
– Vai chegando a hora em que a turma vai indo embora – lamenta Ziraldo.
- Brigamos muito, nos amamos muito, vivemos muito juntos, muito separados. É como um irmão desgarrado que morre. Ao lado de Dalton Trevisan e Rubem Fonseca, Fausto era um dos melhores contistas do Brasil. Era também um excelente romancista. Era um gênio como autor de contos. Escreveu primorosamente como jornalista.
Também atuou em áreas diversas áreas (escreveu textos para revistas como Status, nos anos 70, apresentando programas como Fantástico e Globo Repórter) e apresentou programas na TVE, atual Rede Brasil. A notoriedade lhe trouxe muitos admiradores.
– Fausto era um homem rigoroso e muito abusado, abusava da saúde, bebia muito, ninfomaníaco – diz o amigo Chico Caruso.
– Tinha parado de beber há mais de um ano, estava tomando só guaraná. A gente é como lâmpada, um dia queima. Era muito bom escritor, as crônicas dele no Jornal do Brasil eram ótimas, inteligentes e atuais. Era da geração do Pasquim, de um Rio de Janeiro que passou por revoluções no jornalismo.
Torres exalta como grande característica de Wolff o fato de sempre ter se colocado na contramão das tendências
– É a minha geração que está indo embora. É muito triste e preocupante – chora o escritor Antonio Torres.
– Ele era um escritor muito combativo. Parecia um sujeito muito brigão, mas, na verdade, na relação pessoal, era afetuoso. Eu via o Fausto Wolff como um menino grande. Tinha muito afeto por ele, embora tivéssemos convivido muito pouco. Era uma relação respeitosa e afetuosa, porém distante. Eu o acompanhava muito, principalmente na última fase, no JB, quase que diariamente. Ele se colocava na contramão das tendências, das modas, de tudo. O que me parecia absolutamente necessário.
O chargista Nani, que trabalhou na Bundas e no Pasquim 21, diz que Wolff era um dos últimos jornalistas a empunhar a bandeira de ser destemido do país.
– Ele acreditava no jornalismo de opinião, de denúncia. Nunca se curvou aos poderosos , sem perder o humor. Estivemos juntos em veículos alternativos e no JB.
A coluna de Fausto Wolff publicada hoje, no Caderno B, é repetida devido à sua doença. Seu último texto é de 21 de agosto, em que se candidatava a presidente da república:
"Há anos que a turma do Bunda de Fora e do Academia Brasileira da Cachaça insistem neste ritual pacífico, fingi que pensaria no assunto. Concluí que poderia dar maior felicidade a mim e ao povo em geral".
Fausto Wolff - 1940 - 2008
[23:06] - 05/09/2008

Morre Fausto Wolff

Morre aos 68 anos o
escritor e jornalista Fausto Wolff
Da Redação Diversão UOL - Foto: CPDOCJB
O escritor e jornalista Fausto Wolff, um dos primeiros editores do jornal "O Pasquim", que morreu na noite desta sexta-feira (5)
Morreu às 20h05 desta sexta-feira (5) o jornalista e escritor Fausto Wolff, de 68 anos. De acordo a assessoria do Hospital São Lucas, em Copacabana, onde Wolff estava internado desde o último domingo com um quadro de hemorragia digestiva, a causa da morte foi disfunção de múltiplos órgãos.
Integrante da primeira equipe de editores do jornal "O Pasquim", em 1969, Fausto Wolff era atualmente colunista diário no "Caderno B" do carioca "Jornal do Brasil". O jornalista esteve também na equipe do "Pasquim 21", que tentou reviver o jornal no começo da década, e foi professor de literatura nas universidades de Copenhague e Nápoles. Wolff deixa a mulher, a psicóloga Monica Tolipan, e duas filhas.
Nascido em 1940 na cidade de Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul, Fausto Wolff publicou diversos romances, entre eles "O Acrobata Pede Desculpas e Cai" (1966), "O Nome de Deus: 10 Histórias" (1998) e "O Lobo Atrás do Espelho: O Romance do Século" (2000). Seu livro de crônicas "A Milésima Noite" (2005) foi indicado ao Prêmio Jabuti em 2006, e seu último romance, "Olympia" (2007), esteve entre os semifinalistas do Prêmio Portugal Telecom este ano.

Fonte: diversao.uol.com.br/

Fausto Wolff, última crônica no JB

A última crônica de
Fausto Wolff:
'À sombra do medo em flor'
JB Online (05.09.08)
RIO - O escritor e jornalista Fausto Wolff morreu nesta sexta-feira, dia 5, no Rio de Janeiro. Confira a seguir a última crônica do colunista, publicada nesta sexta no Caderno B, do Jornal do Brasil.
À sombra do medo em flor
Dêem a chefia da portaria ao mais dócil empregado e logo ele se tornará um tirano
Já escrevi em algum lugar que, enquanto não nos revoltarmos contra o conceito de democracia que considera sagrado o direito de uma minoria escravizar o resto, jamais chegaremos à condição de seres humanos. Seremos sempre caricaturas, títeres perdidos na ventania, sempre com cara de "desculpe, não era bem isso que eu queria dizer".
Enquanto não se der a revolução da humanidade contra a tirania, enquanto deixarmos que nos humilhem para que possamos continuar vivendo, teremos de suportar algumas imperfeições, certos espinhos colocados em nossos sapatos ainda na infância que não podemos ou não queremos tirar.
Uma dessas imperfeições é a constatação de que, à medida que envelhecemos, vamos nos tornando mais medrosos. Quando deveria acontecer o contrário: à medida que envelhece, o homem deveria tornar-se mais corajoso, porque mais sábio, mais justo, mais conhecedor dos seus deveres e direitos.
Quando eu tinha pouco mais de 20 anos, todos os dentes e era um sujeito bonito, era também dado a papagaiadas. Certa vez, ainda noivo (havia noivados e até virgens naquela época), estava no falecido Bar Castelinho, tomando um chope com minha futura mulher, quando um dos donos de uma revista para a qual eu escrevia sentou-se à nossa mesa e se comportou de forma grosseira.
Gentilmente, mandei que se retirasse, pois já tinha de aturá-lo o dia inteiro e não pretendia fazer isso quando estava namorando. Fui despedido no dia seguinte. Na hora, a sensação foi boa, mas eu era muito jovem para perceber que os rateios estavam contra mim.
Outra imperfeição: ser burro, viver e conhecer o mínimo do seu potencial energético interior e, além disso, ter de suportar a consciência da sua mortalidade. Algumas pessoas percebem isso, mas, como são ignorantes, aceitam o princípio nada otimista de que a vida é um absurdo porque acaba na morte e, como dizia Camus, o homem vive e não é feliz. Essa constatação é tão angustiante que, sem uma garrafa ao alcance da mão, é difícil resistir à tentação de não dar um tiro na têmpora.
Hoje em dia, em pleno século 21, a grande maioria de escravos aceita essa condição fingindo não saber dela, fingindo que a vida é assim mesmo. Uns entram com o pé e os outros com o popô, uns com o pescoço e os outros com a foice. Excetuando os psicopatas que, aparentemente, já nascem tortos, alguns poucos escravos se rebelam e saem fazendo bobagens: roubando, assaltando, matando, estuprando.
Quando isso acontece, todos ficam com cara de tacho, fingindo que não têm nada a ver com o peixe. Em seguida, os políticos pedem "responsabilidade criminal aos 16 anos". Logo, pedirão responsabilidade aos 15, 14 e cosi via. Cosi via significa que aumentará o número de crianças assassinadas ao nascer; aceitação literal da loucura religiosa de que o homem já nasce pecador. Claro que essa lei só valerá para crianças pobres.
Sou contra a pena de morte, mas, como a tragédia, mesmo quando coletiva, é sempre individual, o que eu faria se matassem alguém indispensável à minha vida? E se alguém tirasse a vida de uma pessoa e, ao fazer isso, me deixasse aleijado interiormente pelos anos que me restam?
Como não acredito na Justiça e também não acredito que podemos julgar oficialmente os efeitos sem punir as causas, eu simplesmente mataria o assassino. E o faria pessoalmente, com as minhas mãos.
Em seguida, cidadão exemplar que sou, me entregaria ao juiz. Não teria resolvido nada, mas como sou humano em estágio ainda bárbaro, pelo menos isso atenuaria um pouco a minha dor.
Como vejo a coisa hoje? Dêem a chefia da portaria de um edifício ao mais dócil dos empregados e logo ele se tornará um tirano para agradar ao poder imediatamente acima dele.
O poder ama a si mesmo e aos poderosos. É tão implacável na sua injustiça que consegue convencer mais de 100 milhões de brasileiros adultos de que devem escolher entre o algoz da esquerda e o da direita. E nada acontece.
[21:45] - 05/09/2008, JB.