sábado, julho 28, 2007

Rouba, RN. Saqueia, Brasil!!!

Sugestão do Leitor/ Eleitor
"Os podres poderes existem? Quando será que a "Operação Impacto" irá varrer a casa do legislativo estadual, dos executivos municipais e do Estado, do judiciário... ?
Sugere-se que a Operação Impacto seja institucionalizada de caráter permanente, integrada as Ouvidorias e disponibilize um telefone 0800 para receber e prestar informações demandadas da população.
Recomenda-se a toda população, se souber de casos de corrupção nos poderes constituídos no nosso Estado, mesmo tendo telefone de qualquer outra operadora, ligue para a OI (Operação Impacto).
A Imprensa está realizando um papel fundamental nesta triste página, que marcará a história do pior câncer na política do RN, que é a corrupção.
Opina-se pela criação de uma OIT (Operação Imprensa Transparência), sendo uma operação conjunto de todos os meios de comunicação para inibir a prática da corrupção em todos os níveis e esferas de governo no Rio Grande do Norte." (Leitor wasco53@... opina na Tribuna do Norte on line de 24/07/2007, sbre roubalheira no RN) (Ilustração)

Nossos ladrões têm mais humores...

"Cronologia - Operação Impacto
A Operação Impacto foi deflagrada pelo Ministério Público e pela Polícia Civil para investigar o envolvimento de vereadores em possível ato de corrupção. De acordo com o Ministério Público, alguns dos parlamentares teriam recebido propina para votar em convergência com os interesses do mercado imobiliário durante a aprovação do Plano Diretor de Natal.
11 de julho - O Ministério Público e a Polícia Civil deflagram a Operação Impacto. As investigações têm por base um suposto esquema de corrupção envolvendo alguns vereadores, acusados de receberem propina para a votação
do Plano Diretor.
12 de julho - Ongs e associações fazem protesto lavando a entrada da Câmara Municipal. Movimentos sociais pedem a cassação dos vereadores acusados de envolvimento. A Comissão de Ética da casa não vê elementos para abertura de processos de cassação. O procurador geral do município, Waldenir Xavier, confirmou que as denúncias foram apresentadas pela procuradora Marise Costa e a fonte seria o vereador Sid Fonseca (PR). O site do jornal Folha de
São Paulo cita o nome do diretor do Sinduscon, Silvio Bezerra, como um dos prováveis
corruptores do esquema.
13 de julho - O prefeito Carlos Eduardo Alves (PSB) diz que não sabia da Operação Impacto e reafirma lutar para anular a votação dos vetos. O chefe de gabinete do prefeito, Bosco Pinheiro, rebate insinuações do vereador salatiel de Souza (sem partido) de que Pinheiro teria tentado aliciar seu voto em favor de interesses da prefeitura. O vereador Emilson Medeiros (PPS) se desliga do comando do seu partido. O MP libera mais trechos de escutas telefônicas. As gravações mostram o vereador Hermano Morais (PMDB) alertando seu correligionário Renato Dantas sobre a possiblidade de os telefones estarem grampeados.
16 de julho - PV debate sobre expulsão de seus vereadores. OAB analisa se vai entrar com pedido de cassação dos vereadores. MP divulga lista de cargos comissionados da Câmara Municipal.
17 de julho - PV incia processo contra seus vereadores. Divulgados os nomes dos outros vereadores investigados. O vereador Sid Fonseca disse que os parlamentares investigados receberam R$ 30 mil para votar a favor das emendas do Plano Diretor.
18 de julho - O vereador Edson Siqueira (PV) diz que não foi orientado pelo seu partido para votar pela manutenção dos vetos do prefeito. O presidente do PPS, Wober Júnior, reclama da ação do MP.
19 de julho - OAB pede afastamento da mesa diretora e da Comissão de Ética da Câmara dos Vereadores. O vereador Adão Eridan diz que ouviu ‘‘diversas vezes de Sid Fonseca que havia um esquema comandado por Emilson Medeiros com empresários e, principalmente, com Sílvio Bezerra. MP oferece delação premiada a depoentes. Marise Costa recebe moção de apoio da OAB.
20 de julho - divulgado o primeiro e-mail que deu início à investigação do MP
23 de julho - O Ministério Público anuncia que pedirá a anulação da sessão da Câmara Municipal que votou pela derrubada dos vetos do prefeito Carlos Eduardo às três emendas do Plano Diretor.
24 de julho - Diálogos gravados entre os vereadores Hermano Morais e Renato Dantas mostram críticas ao trabalho da promotora Gilka da Mata. Geraldo Neto (PMDB) e Renato Dantas silenciam nos depoimentos aos delegado Júlio Rocha, da delegacia de Defesa ao Patrimônio Público.
25 de julho - O vereador Fernando Lucena (PT) anuncia que vai apresentar um requerimento solicitando a anulação da votação do Plano Diretor.
27 de julho - A polícia civil e promotores da Defesa do Patrimônio Público busca e apreendem computadores e documentos na imobiliária Abreu imóveis para investigar a ligação entre a empresa e o cheque que supostamente serviu de pagamento a vereadores corrompidos." (Diário de Natal, Sábado, 28.07.07) (Ilustração)

Os Bandidos da Favela e do Congresso

A favela do Alemão e o Congresso
VINICIUS TORRES FREIRE
Folha de S. Paulo, 20.06.07
Caderno Dinheiro
Mascarados de fuzil que aterrorizam pobres e grupo bandalho do Parlamento geram desalentos parecidos
QUASE TODOS os dias, é possível ver em fotografias ou jornais de TV bandidos mascarados, munidos de fuzis ou metralhadoras, nas entradas de uma favela que dominam, a do Alemão, no Rio, ora a nossa Faixa de Gaza mais notória -há outras, mais discretas, em São Paulo, Recife ou Vitória. Os bandidos dançam, fazem micagens e dão tiros para o ar, escarnecem da polícia e da civilização atrás das barreiras que diariamente reconstroem para proteger seus feudos.
Quanto não há tiroteio, os moradores do Alemão entram e saem naturalmente desse que é seu mundo habitual, circulam em torno dos pistoleiros. São garotos de mochilas, escolares, mulheres que levam crianças pela mão, um entregador de carne de bicicleta. Passa um caminhão de entregas, depois de fazer a parada obrigatória na barricada bandida. Lá dentro, o tráfico controla serviços de água, luz, gás, "gatos" de TV a cabo e as festas do pedaço, impõe horários para comércio, escolas, carteiros e outros enviados esporádicos e "dominados" do Estado.
A impotência da lei é escarrada nas fuças do público. A gente convive com uma espécie de guerra civil e com o terrorismo contra pobres, na maioria, embora os fuzis matem gente a mais de dois quilômetros dali ou de outra zona conflagrada. A gente convive com isso. É rotina. É um desalento que dá vontade de desistir. Mas a gente tem de continuar.
Periodicamente, a maioria corporativa do Congresso absolve levas de salafrários flagrados como navalheiros, sanguessugas, mensaleiros. Alguns são cassados, assim como de vez em quando alguns favelões são provisoriamente ocupados, traficantes são presos.
Assim como alguns bandidos fogem da cadeia ou de lá controlam suas quadrilhas, parlamentares voltam ao Congresso, que se torna um programa de proteção a processados e condenados. Ou continuam por lá a trafegar sua influência, vide o caso de Severino Cavalcanti, infame que a Câmara teve o desplante de eleger seu presidente, vide o caso de Antonio Palocci, que conspirou contra o caseiro, vide João Paulo Cunha, Paulo Maluf, Jader Barbalho, ACM e passemos, pois a lista vai bem além da centena.
Os senadores agora descaradamente querem enterrar uma investigação contra Renan Calheiros, no mínimo suspeito de fraude fiscal e enriquecimento ilícito. Apesar das sortidas solitárias dos jornalistas contra o abafamento do escândalo, a cara-de-pau da maioria da corporação resiste. Convivemos com essa gente despudorada. É rotina. É um desalento que dá vontade de desistir. Mas a gente tem de continuar.
Para continuar, seria preciso dar cabo das imunidades e do foro privilegiado dos parlamentares. Um dia método de evitar perseguições políticas locais, a norma desvirtuou-se apenas em privilégio bandido. O problema é que a corporação decide sobre seus privilégios. A Justiça é lenta, anacrônica e conivente. O eleitorado ainda é ignaro ou não tem recursos para avaliar como é esbulhado e, assim, votar contra os bandalhos. A polícia ao menos começou a pilhá-los, embora muito inquérito seja tecnicamente frágil.
Vai demorar para tomar o feudo da corporação bandalha. Mas não há alternativa. É preciso continuar. (Folha de S. Paulo, São Paulo, quarta-feira, 20 de junho de 2007, Caderno Dinheiro) (Ilustração)

"Cansei", Brasil!

OAB lança campanha "cansei" para protestar
Iniciativa encampada pela Ordem foi de publicitários e empresários ligados a tucanos; movimento não é político, dizem lideranças
"Cansei do caos aéreo", "cansei de bala perdida", "cansei de pagar tantos impostos" estão entre os slogans do movimento
Folha de S. Paulo, São Paulo, sexta-feira, 27 de julho de 2007
LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Será lançado hoje em todo o país o "Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros", que os idealizadores já chamam de "Cansei". Emissoras de rádio e TV devem divulgar a iniciativa.
O movimento reúne lamentos distintos em uma "cesta de cansaços". Até o dia 17 de agosto, quando se completa um mês do acidente com o avião da TAM, serão veiculados anúncios com frases como "cansei do caos aéreo", "cansei de bala perdida", "cansei de pagar tantos impostos", "cansei de empresários corruptores".
A iniciativa tomou forma a partir de reuniões no escritório de João Dória Jr. No ano passado, ele promoveu almoços para arrecadar recursos para a campanha do tucano Geraldo Alckmin à Presidência. Oficialmente, a OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil) lidera o grupo.
Segundo Luiz Flávio Borges D'Urso, presidente da OAB-SP, apesar dos slogans, o movimento não tem viés oposicionista. "Não entraria em nada com cunho político, o objetivo é expressar indignação contra tudo o que está acontecendo no país, e, algumas coisas, há muitos anos. Não somos anti-Lula." Procurado, o Palácio do Planalto não fez comentários. Mas, conforme informou ontem a "Coluna da Mônica Bergamo", na Folha, o governo monitora o grupo de perto.
No dia 17 de agosto, o "Cansei" fará um ato ecumênico no local da tragédia com o avião da TAM para homenagear as vítimas. Também pedirá que todos os brasileiros façam um minuto de silêncio nesse dia.
Na semana passada, após o acidente, um grupo se reuniu no escritório de Dória em São Paulo para discutir a idéia. Nesta primeira reunião, estavam publicitários como Sérgio Gordilho, presidente da agência de publicidade África, e membros do Comitê de Jovens Empreendedores da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), como Ronaldo Koloszuk, 29. Depois, o grupo ganhou a adesão de outras entidades, como a Associação Comercial de São Paulo.
"Perdi amigos no vôo da TAM", diz Dória. "O movimento nasceu de uma indignação coletiva, da sensação de que é preciso fazer alguma coisa, mostrar que a sociedade não está apática. Mas, ao mesmo tempo, queremos demonstrar uma solidariedade às vítimas de forma pacífica, organizada. Unimos as duas coisas, com o mesmo espírito."
Na última terça-feira, o grupo se reuniu com a OAB-SP e propôs que a entidade liderasse o "Cansei". Segundo Dória e D'Urso, só a organização dos advogados tem legitimidade para levar adiante "um movimento em prol da cidadania".
Tucanos
O grupo afirma que não teve nem terá custo algum com a campanha. "As campanhas publicitárias foram feitas de graça e as TVs e rádios também vão veiculá-las sem cobrar", diz Koloszuk, da Fiesp. Um anúncio de 30 segundos no intervalo do "Jornal Nacional", da TV Globo, custa R$ 318.500.
Quem capitaneou a produção das peças foi a África, de Nizan Guanaes. Ele fez a campanha do tucano José Serra à Presidência, em 2002, e uma de suas empresas ganhou neste mês parte da conta dos Correios, do governo federal, no valor de R$ 22 milhões. Os organizadores do "Cansei" dizem que outras agências colaboraram com o movimento, mas não divulgaram os nomes.
Todos os organizadores tentam se desvincular de partidos. Dória, ligado aos tucanos há muitos anos, afirma: "Tenho uma boa relação com o Alckmin, mas não conversei com ele sobre o movimento. Ninguém pode acusar o brasileiro de que, porque está indignado, faz política." D'Urso afirma que se a oposição ao Planalto fizer uso do "Cansei", o movimento sairá de circulação.
É a mesma posição de Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo, entidade que era presidida por Guilherme Afif Domingos (DEM), hoje secretário do tucano Serra no governo de São Paulo. "Queremos despertar em cada indivíduo o que ele pode fazer para mudar o país." (Folha de S. Paulo, São Paulo, sexta-feira, 27 de julho de 2007, Caderno Brasil)

sexta-feira, julho 27, 2007

Brasil tem povo abstrato...


Tragédia em Congonhas
27/07/2007 - 06h53
Acidente aéreo fez Brasil duvidar de si, diz jornal
Um artigo publicado nesta sexta-feira no jornal alemão Berliner Zeitung diz que o Brasil passou a "se colocar em dúvida" desde o acidente com o Airbus A320 da TAM.
A reportagem fala do que chama a "eterna oscilação (brasileira) entre o sentimento de inferioridade e o otimismo em relação ao progresso", afirmando que a segunda metade da equação foi "abalada" pelo incidente.
"A idéia de progresso está na base da construção da identidade nacional brasileira", afirma o Berliner Zeitung, citando o mote nacional "Ordem e Progresso", contido na bandeira brasileira.
Mas o país de dimensões continentais e confiança no futuro entra em crise diante de um acidente que remete a lembrança à célebre frase - que ninguém sabe se foi mesmo dita pelo presidente francês Charles De Gaulle, segundo o jornal - de que "o Brasil não é um país sério".
"A catástrofe trouxe junto a (lembrança da) mediocridade geral, a incompetência", enquanto, nas palavras do deputado federal Fernando Gabeira reproduzidas pelo jornal, "o povo mesmo é uma abstração destinada a sofrer".
Ao mesmo tempo, diz o artigo, as responsabilidades pelo acidente são transferidas para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Não literalmente, avisa o jornal, por que não lhe cabe, mas "simbolicamente".
"O fracasso do Estado se torna assim personalizado." Já o jornal britânico The Independent publicou uma reportagem dizendo que "as autoridades brasileiras tentam resgatar o sistema de aviação civil do país da beira de um colapso total".
No título do artigo, o jornal diz que "o acidente aéreo gerou uma crise nacional para Lula".
"Mesmo antes do acidente, a confiança pública no sistema aéreo estava no menor nível de todos os tempos", afirma a reportagem.
"A frustração com atrasos infindáveis e cancelamentos estava disseminada."
(Texto: site UOL) (Ilustração: Livro Graffiti Brasil, de Tristan Manco, Lost Art e Caleb Neelon.)

quarta-feira, julho 25, 2007

NE/NO: Império das oligarquias

Frase
"Não é por acaso que há dificuldade de maior modernização da sociedade nesses locais"
"As duas regiões são as de maior atraso político e menor acesso à informação"

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JORGE HAGE, ministro-chefe da Controladoria Geral da União, sobre as regiões Norte e Nordeste serem campeãs de irregularidades na gestão de recursos públicos
(FSP, São Paulo, quarta-feira, 25 de julho de 2007.)

O Poder do Atraso no RN

Nordeste e Norte lideram fraudes, diz Controladoria
Jorge Hage afirma que as regiões são mais atrasadas
DA FOLHA ONLINE
Com base em trabalhos de fiscalização que vêm sendo realizados pelo governo federal desde 2003, a CGU (Controladoria Geral da União) apontou ontem as regiões Norte e Nordeste do país como campeãs em irregularidades na gestão de recursos públicos.
O ministro-chefe da CGU, Jorge Hage -um dos cotados para assumir o Ministério da Defesa no lugar de Waldir Pires-, disse que as duas regiões são as de "maior atraso político e menor acesso à informação", o que justificaria os altos índices de desvios de recursos públicos nos municípios desses Estados. "Não é por acaso que há dificuldade de maior modernização da sociedade nesses locais", declarou o ministro.
Segundo ele, a Controladoria Geral da União já executou ações de fiscalização em mais de 1.200 municípios de todas as regiões do país -com o controle de pelo menos R$ 8 bilhões de recursos públicos.
Consultada, a CGU disse porém, por meio de sua assessoria de imprensa, que não existem cálculos que indicam as regiões Norte e Nordeste como lideres no ranking de desvios de recursos públicos. Segundo a assessoria, as declarações do ministro Jorge Hage são empíricas, já que ele acompanha as fiscalizações desde a primeira edição, realizada em 2003.
Sorteio
O ministro realizou na manhã de hoje o sorteio de 60 municípios e oito Estados do país que serão fiscalizados pela CGU nos próximos meses.
Os auditores da CGU vão visitar obras, hospitais, escolas e fazer a checagem de documentos e bens na tentativa de reduzir desvios -como a não-execução de contratos e o pagamento de propinas para a liberação de obras.
Hage reconheceu, no entanto, que as ações do governo federal não são suficientes para combater fraudes na gestão dos recursos públicos, uma vez que os criminosos acabam muitas vezes sem ser punidos. "Os corruptos sabem e podem pagar bons advogados", admitiu.(Folha de S. Paulo, São Paulo, quarta-feira, 25 de julho de 2007.)

terça-feira, julho 24, 2007

Nossos vereadores...

Sem limites
A ousadia dos vereadores de Natal ultrapassou a fronteira de qualquer bom senso. Desta vez, o MP e a Delegacia do Patrimônio Público apuram conversas via e-mail do vereador Geraldo Neto (PMDB, Foto) com assessores. Os diálogos seriam mais uma prova de transações econômicas um tanto volumosas.
(Notas do Correio, Correio da Tarde, Edição Número 385 - Ano II - Natal e Mossoró, Segunda-feira, 23 de Julho de 2007.)

sábado, julho 21, 2007

Vereadores e caciques: a morte de ACM e a CMN

A morte do presidente do PP e deputado federal Nélio Dias (RN), na sexta-feira passada (20), aos 62 anos, em São Paulo, mesmo dia em que se registrou o falecimento do senador baiano Antônio Carlos Magalhães (DEM), trazem mensagens e significações especialíssimas para o eleitor/ cidadão norte-rio-grandense e brasileiro, de maneira geral.
O desaparecimento de ACM, que faleceu no Incor, aos 79 anos, "em decorrência de falência de múltiplos órgãos secundária à insuficiência cardíaca", segundo a assessoria de imprensa do hospital, em especial, traz um simbolismo muito mais importante, por ser o velho cacique, ao lado do falecido morubixaba potiguar Aluízio Alves e do ainda traquinas José Sarney, no Maranhão, figuras de proa da política que alimenta o "poder do atraso" na região Nordeste, sedimentada exatamente nas suas pessoas, enquanto estampas do coronelismo.

Vereadores e caciques: a morte de ACM e a CMN

O aspecto ilustrativo que se possa ver em Nélio Dias para a política que se pratica no Rio Grande do Norte e no Brasil não alcança o grau de importância que tem um ACM, ou um José Sarney, e tinha o ex-governador e ex-ministro Aluízio Alves. Isto porque pode-se verificar, na pessoa de Nélio Dias, enquanto parlamentar, apenas um operador eventual, recém-chegado à seara política, de um sistema montado e instrumentalizado há muito pelos verdadeiros manda-chuvas de uma mentalidade política consolidada.
O que se pode detectar de imediato na figura pública de Nélio Dias, por exemplo, afora o seu desempenho no Congresso Nacional, que não fugiria à regra dos políticos que compõem o chamado "baixo clero", seria a falta de uma tomada de posição em torno dos seus comandados no partido – a exemplo de Flávio Vieira Veras, prefeito de Macau, pepista que carrega o peso de um rosário de acusações de improbidades administrativas, acumulativas e reiteradas, sem que ocorra, ainda agora, qualquer atitude de correção de seus deslizes, seja partindo dele próprio, seja advindo do ex-presidente do PP, seja da própria Justiça, que não encontra remédio para o comportamento malsão e a produção dos males sociais engendrados pelo burgomestre macauense.

Vereadores e caciques: morte de ACM e a CMN

Pode-se ver Nélio Dias apenas como beneficiário de um sistema montado no passado pelos grandes cardeais da política nordestina, sendo um agente desse mecanismo, a refletir e retroalimentar o tipo de administração em voga na região, o que justificaria e consolidaria inclusive a performance dos vereadores de Natal, por exemplo, recém-apanhados em flagrante em atitudes desonestas.
Antônio Carlos Magalhães, José Sarney (Ilustração) e Aluízio Alves, e ainda em suas extensões a própria governadora Wilma de Faria, seriam, sim, os grandes orquestradores da "política do atraso", aquela que responde pela total ausência de um desenvolvimento econômico na região, sem que empreendam ações e projetos que pudessem modificar essa realidade, tendo auxiliado, ao contrário, para que essa situação se prolongasse através do tempo.
No dizer do pesquisador Israel de Oliveira Pinheiro, as atitudes incorporadas e postas em funcionamento por esses caciques definiriam o poder político na região como "algo que passa pelo indivíduo e não por sua classe, e não por um projeto político maior, mais abrangente", sendo a relação do Estado, nesse caso, com indivíduos e não com uma classe social que ele representa.

Vereadores e caciques: a morte de ACM e a CMN

Antonio Carlos Magalhães, ao contrário, segundo o retrato pintado pelo jornalista Leandro Fortes, de Salvador, para matéria da revista CartaCapital (nº 422, de 06 de dezembro de 2006), carregava a pecha de "Toinho Malvadeza" há muitas décadas, remontando à década de 1950, "quando era jovem e, como na canção do conterrâneo Gilberto Gil, ‘ia procurar porrada na base da vã valentia’ no Campo da Pólvora, zona central de Salvador, onde morava", segundo o jornalista.
Essa alcunha não corresponde, assim, à imagem feita pela população, de maneira geral, que se remete de imediato, a outras explicações. "Ao contrário do que se pensa fora da Bahia, ACM não ganhou o apelido de ‘Toninho Malvadeza’ por ser um político nascido e criado à sombra dos generais, durante a ditadura militar (1964-1985), à qual serviu com fidelidade canina. Também não foi por ter usado a máquina pública da administração da Bahia para criar um império pessoal. Um feudo com vassalos. Muito menos por ter perseguido adversários e jornalistas, alguns dos quais chegou a agredir fisicamente com o próprio punho", diz Leandro Fortes. (Foto: ACM cumprimenta Renan Calheiros, Foto Lula Marques Folha)

Vereadores e caciques: morte de ACM e a CMN

Como escreve o jornalista Flávio Aguiar, da agência Carta Maior, ao analisar o desaparecimento de ACM, seu poder não vinha, originalmente, da posse da terra, daí não ter sido um coronel tradicional. "Era ligado a impérios da comunicação e aos centros urbanos. Mas tinha o estilo dos velhos coronéis, talvez mais do que ninguém. Sua morte, aos 79 anos, é mais um sinal dos tempos, de que pelo menos na política institucional este estilo vem definhando, substituído por outros tipos de conluio e dominação. O coronelismo possuía duas características fundamentais: o mandonismo (que podia ou não se aliar ao carisma) pessoal e a agregação tribal. Antonio Carlos Magalhães praticava as duas, e tinha carisma pessoal na Bahia, sem dúvida. Foi partícipe de uma tragédia política e familiar: a morte do filho Luís Eduardo Magalhães, na casa dos quarenta, que era para ser o grande sucessor ‘moderno’ do patriarca. O deputado federal ACM Neto e o filho do velho senador, que o substituirá na tribuna, ainda não estão à altura de serem considerados de fato ‘sucessores’ de ACM, embora sejam seus herdeiros políticos mais próximos." (Foto: ACM com Roberto Marinho no Pelourinho, Salvador, em 1993, Foto Xando Pereira)

Vereadores e caciques: morte de ACM e a CMN

Dos velhos coronéis eles se fizeram herdeiros "modernos", transformando-se nos oligarcas da imprensa brasileira, onde se pode ver reproduzido o estilo coronel de viver em política, com o mesmo mandonismo, tribalismo, reconhecimento de sua própria casta como a única preparada para exercer (ou poder falar para e do) poder. Situações que podemos flagrar em atitudes de políticos saídos dessas castas, como Agnelo Alves (irmão de Aluízio e prefeito de Parnamirim) ou Henrique Eduardo Alves (filho de Alves), líder do PMDB na Câmara, além dos filhotes de outras famílias que há pouco se introduziram na arena política, à sombra do poder dos pais, senadores e deputados, eleitos e mantidos no poder com o mesmo estilo coronel de fazer política.
Como se poderá perceber, o que vincula o atual poder dos nossos homens públicos ao passado é o atraso econômico e político, na medida em que o Rio Grande do Norte não logra se desenvolver o suficiente para estabelecer novas relações sociais de poder. Nem conhece relações sociais mais horizontais, mais abertas, mais modernas, através das quais os antigos "chefes" pudessem dar lugar aos personagens que agora adentram na política, e que fossem o resultado, não das necessidades materiais de um eleitor colocado na condição de desvalido, mas de sua liberdade de escolher na hora de votar. (Ilustração)

Vereadores e caciques: morte de ACM e a CMN

Como se pode verificar, a ausência de industrialização, como política imposta para manter a região na dependência do poder público, aliado à política de destruição e obsolescência da rede de ensino público, a fim de desmantelar formas de alçar os trabalhadores a condições que pudessem obter educação e espírito crítico, torna a população economicamente ativa afastada do processo de crescimento, ficando sempre à sua margem. Permanecendo na marginalidade econômica, na dependência dos salários auferidos como servidores públicos, numa dependência que tem sempre um preço político. Preço que, no Rio Grande do Norte e no Nordeste é muito alto porque além dos seus males imediatos, conserva uma estrutura que vem do inicio do século passado.
Seja com ACM ou com José Sarney, ou num passado recente, no RN, com Aluízio Alves e seus herdeiros políticos, o que está posto ainda no momento será a reprodução, em nível familiar, de um poder econômico hegemônico, e um poder político inútil para as classes trabalhadoras. Estimulando-se um tipo de ambição que somente reduz a política a uma pobreza extrema, que vai ao rés do chão, e a inutiliza enquanto exercício de poder de uma coletividade, de uma efetiva cidadania e da projetada e sempre adiada emancipação social. (Ilustração)

Eleitores podem pedir cassação

"Qualquer eleitor pode entrar com pedido de cassação contra os vereadores envolvidos na denúncia de venda de votos. Para isso basta formular denúncia escrita, expondo os fatos e a indicação de provas. Quem regula a possibilidade de denúncia é o decreto-lei 201/67. Em caso de formalização de denúncia, os vereadores citados ficam impedidos de votar sobre ela e ainda de integrara comissão processante.
O decreto diz que quando a denúncia é feita, o presidente da Câmara consulta os vereadores sobre seu recebimento, realizando votação. Caso alguém denunciasse vereadores com base na Operação Impacto, apenas 13 vereadores poderiam votar sobre a questão. E o próprio presidente da Casa, Dickson Nasser, estaria impedido de atuar. Após a votação, caso acatada a denúncia, é sorteada uma comissão de três vereadores que investigará o caso e terá 90 dias para apresentar relatório que será votado, determinando assim a cassação ou não.
Em caso de apresentação e aceitação de denúncia, o presidente da Câmara pode requerer o afastamento do vereador denunciado e chamar o suplente. Mas o suplente não pode intervir no processo de apuração da denúncia nem votar sobre a cassação ou não. O artigo explica que pode perder mandato qualquer vereador que utilizar-se do mandato para práticas de corrupção ou de improbidade administrativa; ou proceder de modo incompatível com a dignidade da Câmara ou faltar com decoro na sua conduta pública. Os vereadores envolvidos na Operação Impacto são suspeitos de corrupção ativa e passiva, crime que prevê penas de 2 a 12 anos." (Tribuna do Norte, Natal/RN, Domingo, 15 de Julho de 2007.)

Falcatruas oficiais: Natal lava a alma

Há muito que o Ministério Público do Rio Grande do Norte, para não se mencionar a Justiça estadual, tardia e paquidérmica, devia uma satisfação à sociedade natalense e potiguar, de maneira geral – depois da frustração sofrida com o engavetamento do Foliaduto, que teve seu ocaso na mídia, caindo no ostracismo na qualificação de "segredo de justiça" – e dezenas de outros inquéritos cujos conteúdos eram acusações de improbidade administrativa tendo como protagonistas nossos políticos.
Há muito aguardávamos uma resposta pontual e certeira, como as inúmeras operações deflagradas pela Polícia Federal, em nível nacional, que vêm atingindo em cheio o coração de quadrilhas de ratos, vampiros, hienas e urubus que vivem a mamar no erário público, graças à certeza de uma impunidade segura, muitas vezes garantida por lei.

Falcatruas oficiais: Natal lava a alma

No RN, o MP estava a dever à população de todo o Estado uma ação contundente no sentido de explicitar, de tornar públicas certas inconveniências registradas no dia-a-dia da nossa política, já que não há o menor interesse dos agentes públicos em eliminar situações favoráveis a trapaças, nas quais gozam de benesses e prerrogativas.
O delito flagrado pela Operação Impacto, no âmbito da Câmara Municipal de Natal, com certeza, vem "lavar" um pouco a alma de muitos eleitores/ contribuintes que colocaram no poder determinados "políticos", elementos que se adaptaram de tal forma aos padrões que se vão cristalizando na política nacional, a ponto de perder por inteiro o acanhamento na prática devoradora do roubo puro e simples, mostrando a verdadeira personalidade de aves de rapina que efetivamente representam, cujos exemplos abundam, seja na cena política nacional ou na administração da coisa pública no nível local. (Vereador Renato Dantas - PMDB - CMN/RN)

Falcatruas oficiais: Natal lava a alma

Para quem acompanha a evolução da vida política no Brasil, nos últimos tempos, foi abrandada a surpresa com a Operação Impacto, deflagrada na madrugada da quarta-feira, dia 11/07, em Natal, quando representantes do Ministério Público e da Polícia Civil fizeram busca e apreensões na casa de sete vereadores e em nove gabinetes da Câmara Municipal de Natal. Tudo isto no âmbito das denúncias que colocaram 16 vereadores da cidade sob a mira de uma investigação que aponta para a suspeita de "crime de peculato e recebimento de propinas", quando da votação do novo Plano Diretor de Natal.
Os vereadores em questão teriam cedido a pressões do poderoso lobby das empreiteiras, visando derrubar os vetos do prefeito Carlos Eduardo, que modificavam parâmetros para a construção de edifícios na Zona Norte, pondo empecilhos no soerguimento de prédios com mais de 22 andares sem o devido saneamento da área construída. Sabe-se que, graças à voracidade dos grupos empresariais e políticos na comedeira dos dinheiros públicos, o saneamento da capital há muito foi "esquecido", sem que haja uma instância na ordem jurídica ou de ordem policial que obrigue às quadrilhas que assomam o poder responder à altura às necessidades da população desvalida. Os royalties do petróleo distribuídos aos municípios – e surrupiados – estão aí para comprovar. (Foto: Vereador Hermano Morais - PMDB - CMN/RN)

Falcatruas oficiais: Natal lava a alma

O ritmo impresso às ações políticas, de maneira geral, tanto em nível nacional como no âmbito da política local, atenua a possível surpresa sobre os mandados expedidos pela Justiça e executados pelo Ministério Público e a Polícia Civil, que culminaram por pedir a prisão preventiva para os vereadores Dickson Nasser (PSB), presidente da Câmara Municipal do Natal, Adenúbio Melo (PSB), Salatiel de Souza (sem partido), Edson "Sargento" Siqueira (PV), Geraldo Neto (PMDB), Renato Dantas (PMDB) e Emílson Medeiros (PPS), tendo o vereador Júlio Protásio (PV) sido retirado da lista de acusados, e livrado seu gabinete do alvo de buscas, por ter sido excluído da lista dos pedidos de prisão, apesar de seu caso merecer atenção do MP.
A população folga, no momento, no gozo do sucesso da operação que desnudou o comportamento de vereadores desclassificados, suspeitos de terem recebido propina para darem votos desfavoráveis ao crescimento da Zona Norte, quando deveriam atender às carências de seus eleitores, no momento mesmo da votação e aprovação do Plano Diretor de Natal. É de se aplaudir o trabalho desenvolvido pelas forças da legalidade, quando se sabe da escuta telefônica durante 14 dias de 30 telefones de vereadores envolvidos na escabrosa ocorrência. É de ressaltar o fato da operação ter sido deflagrada às pressas, na intenção da busca e apreensão de documentos públicos dos suspeitos, realizadas ainda durante a madrugada, sendo a urgência explicada pelo fato de um vereador – Hermano Morais (PMDB) – ter avisado ao seu colega Renato Dantas (PMDB) que as conversas telefônicas estavam sendo gravadas. (Foto: Vereador Geraldo Neto - PMDB - CMN/RN)

Falcatruas oficiais: Natal lava a alma

No rumoroso caso, que apanhou a cidade de forma repentina, transformando-se em assunto obrigatório em todos os pontos de encontros da capital, sendo inclusive manchete nacional da Folha Online na mesma quarta-feira 11, não merece comiseração nem mesmo o acusador e revelador da tramóia, o vereador Sid Fonseca (PR), após sua denúncia sobre o esquema à procuradora do município, Marise Costa. Longe de ser visto como "bonzinho" ou "incauto", por ter entrado na trampolinice por artes e manhas do vereador Adão Aridan (PL), de quem é suplente, Sid Fonseca também carrega a pecha de "fabricante de estratagemas".
De Sid Fonseca, sabe-se que teria participado de planos que o beneficiaram de modo generoso a partir de suas vinculações políticas. Como o que o aponta como envolvido em ruidoso caso na venda de um terreno do Santuário Chama de Amor, em Canguaretama, terra dos Mártires de Cunhaú. A população do município estranha que Sid Fonseca tenha se afastado de Canguaretama, local que visitava com freqüência, por interesses ditos "religiosos", supostamente envolto no torpor de extremada beatice. (Foto: Vereador Sid Fonseca - PR - CMN/RN)

Falcatruas oficiais: Natal lava a alma

No caso da votação das emendas, Sid anunciou, apenas, que o titular do gabinete, Adão Eridan, de quem é suplente, firmara um compromisso "político" de se posicionar a favor das emendas, vindo a tentar seduzir o clérigo Sid, conforme sua declaração: "Ele me pediu para ficar em concisão com suas idéias, mas quando eu me posicionei contrário, fui muito bem entendido", assegurou. Ao denunciar a tramóia, Sid se disse "angustiado" com a votação dos vetos do PDN, revelando à procuradora do município Marise Costa que, quando se encontrava com Adão Eridan, este alegava que passava por dificuldades financeiras, e que "precisava de R$ 15 mil". (Foto: Vereador Adão Eridan - PR - CMN/RN)

Falcatruas oficiais: Natal lava a alma

Independente do caso revelado pela Operação Impacto, o leitor-eleitor-contribuinte deve e pode averiguar e denunciar situações em que os vereadores e os deputados da nossa Assembléia Legislativa se colocam em situações esdrúxulas, já que paga para a manutenção luxuosa e a sobrevivência das Casas Legislativas, que deveriam ser defensoras intransigentes de uma melhor qualidade de vida para a população. Segundo a ONG Transparência Brasil, cada vereador de Natal custa R$ 1,267 milhão para os cidadãos da capital. Colocados ali pelo eleitor, preferem embolsar as ofertas dos lobbies, assumindo posições que põem em risco o patrimônio ambiental da capital potiguar, uma cidade que tem nas potencialidades naturais uma das vigas-mestras da sua economia. (Foto: Vereador Aquino Neto - PV - CMN/RN)

Falcatruas oficiais: Natal lava a alma

Daí a população se indagar como pode o deputado Gilson Moura (PV), por exemplo, um apresentador de TV e ex-vereador de Natal, com o salário que recebe, agora como parlamentar na Assembléia Legislativa, de R$ 12.384,06, adquirir uma casa cinematográfica, num condomínio luxuoso situado na área nobre de Candelária nos limites da rua Jaguarari, onde um lote custa em média R$ 300 mil? Pergunta-se o que faziam os vereadores flagrados pela Operação Impacto com os 60 cartões de crédito apreendidos pela Polícia Civil e o Ministério Público, em nome de funcionários "laranjas", de cujas senhas eles tinham posse, para saques a seu bel prazer.
Entre as situações que mostram de forma descarada a nossa orfandade política consta a publicada na coluna de Túlio Lemos, no JH 1ª, sob o título "Controle de Natal", quando afirma: "A governadora Wilma de Faria quer o controle total da Prefeitura de Natal e sabe que esse seu desejo só será realizado com a eleição de Rogério Marinho em 2008. Liderado de Wilma, a vitória do filho de Valério ainda abriria caminho para futuros projetos políticos da deputada Márcia maia, que poderia ser candidata a deputada federal em 2010 e em 2012 disputar o Executivo natalense." (Foto: Audiência Pública, Elpídio Júnior - CMN/RN)

Falcatruas oficiais: Natal lava a alma

No caso da Operação Impacto em curso, descobre-se que existe o outro lado da moeda, na forma de corruptores, ainda não apresentados oficialmente, até a presente data, à sociedade, a fim de que saibamos como funcionam os esquemas de propina e de peculato em uso nos legislativos dos municípios e do Estado.
É de conhecimento público que existem lobbies para tudo – contanto que venham facilitar a vida de grupos e esquemas montados por delinqüentes, que buscam a sombra e água fresca do erário sob as bênçãos de nossos representantes. Assim é que existem lobbies para forçar desde a concessão de jogos de azar até as intrincadas relações internacionais, como o famoso caso da Raytheon, ganhadora da concorrência do Sivam, o Sistema Integrado de Vigilância da Amazônia. (Foto: Vereador
Edivan Martins Teixeira - PV - CMN/RN)

Falcatruas oficiais: Natal lava a alma

Esse mecanismo veio a público em pesquisas bem documentadas, revelando que, antes de colocar seus pleitos, o lobby estudava o perfil dos vereadores, dos deputados e senadores. É sabido, contudo, que as bancadas suprapartidárias facilitam a ação dos grupos de pressão e trabalham abertamente na defesa de alguns interesses. No Congresso Nacional existem desde as bancadas dos ruralistas à da comunicação, da saúde, da educação, dos evangélicos, dos sindicalistas e da bola, como alguns exemplos que podem ser confirmados. É notório, no entanto, que, de todas elas, as que atuam mais fortemente junto ao Congresso Nacional, às Assembléias Legislativas e às Câmaras de Vereadores pelo Brasil afora são a bancada dos empreiteiros. Esse grupo, de acordo com as pesquisas levadas a efeito pelo Grupo Transparência Internacional, vem sendo capitaneado, em nível nacional, pelas "cinco irmãs" – Odebrecht, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e Mendes Júnior –, a dos bancos cacifados pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e, mais recentemente, a da informática.
Estudo da Transparência Internacional, elaborado a partir de uma pesquisa feita pelo Gallup em 69 países, constata que as instituições vistas pela sociedade como as mais corruptas do mundo são, pela ordem, os partidos políticos, os Parlamentos, a polícia, o sistema judiciário e as corporações empresariais. (Foto: Vereador Emílson Medeiros - PPS - CMN/RN)

Falcatruas oficiais: Natal lava a alma

No caso de Natal, o Ministério Público e a Polícia Civil, que estão com a mão na massa na Operação Impacto, bem que poderiam aproveitar para esclarecer e iluminar as sombrias relações entre a Prefeitura, a Câmara Municipal de Natal e as empresas concessionárias do transporte coletivo. Há empresas que dominam o transporte de ônibus na cidade há décadas, escancarando que a sanha das elites no usufruto da cidade não tem fim. Sob conivência do poder municipal (prefeito e vereadores) a empresa torna-se dona da concessão, sem passar por nenhum processo público que conceda as linhas públicas da cidade para exploração. É de se lembrar que o transporte público é uma concessão do poder público a empresas privadas, sendo que elas não são donas dos serviços públicos. A prefeitura, que deveria oferecer transporte público para a população, cala a boca. (Foto: Vereador Edson "Sargento" Siqueira - PV - CMN/RN)

Falcatruas oficiais: Natal lava a alma

Agora mesmo a população trabalhadora anda aflita com a possibilidade de haver novo reajuste das passagens de ônibus, sem falar da ausência de linhas para muitos bairros, e do sufoco que passam os usuários em linhas absolutamente avacalhadas, absurdas. Quando dos aumentos da passagem, o bolso do trabalhador, que não vê a cor do dinheiro há muito tempo, fica ainda mais vazio e a cada dia mais a passagem onera o orçamento da família trabalhadora. Sabem os representantes do Ministério Público e da Polícia Civil que hoje a passagem está a R$ 1,60. E quem recebeu tão gracioso aumento em 10 anos? Só os vereadores, prefeitos e empresários da cidade.
A população não se engana e sabe que continuará a presenciar as evidências de comportamento inadequado, antiético ou criminoso de representantes dos três Poderes. E também sabe da gradação das mazelas, já que a alteração que se verifica é na qualidade da corrupção. Hoje, o próprio governo federal calcula em R$ 40 bilhões o rombo anual nos cofres públicos. Uma coisa, contudo, se sobressai como verdade cristalina, seja com operações do Ministério Público ou sem quaisquer intervenções policiais nas atitudes e comportamentos de nossos homens públicos: a corrupção produz pobreza. Estudos mostram que as maracutaias, sejam dos vereadores ou deputados, do Judiciário ou do Executivo, têm efeito devastador sobre o desenvolvimento de nossa terra e de nossa gente. (Paulo Augusto é jornalista e escritor, editor do Caderno de Encartes do Jornal de Natal.) (Foto: Vereador Júlio Protásio - PV, Câmara Municipal de Natal-CMN/RN)

sábado, julho 07, 2007

Cristo Redentor é eleito uma das sete novas maravilhas do mundo

"Cristo Redentor é eleito uma das sete novas maravilhas do mundo
da Folha Online
O Cristo Redentor (Antonio Lacerda/EFE) foi o terceiro anunciado como uma das sete novas maravilhas do mundo. O primeiro foi a Grande Muralha da China. Os nomes dos vencedores foram revelados neste sábado (7) na cerimônia de anúncio do concurso, realizada em Lisboa (Portugal).
Cristo Redentor é a terceira nova maravilha do mundo; anúncio foi feito hoje em Portugal
O monumento de Petra na Jordânia foi o segundo anunciado das novas sete maravilhas. O quarto foi a cidade inca de Machu Picchu. A pirâmide de Chichén Itzá, no México, foi o quinto nome dito pelos apresentadores. O Coliseu de Roma foi o sexto, e o sétimo e último anunciado como nova maravilha foi o Taj Mahal, na Índia.
O concurso, promovido por uma fundação suíça, recebeu votações pela internet e por mensagens telefônicas. Ao total, o concurso recebeu cerca de 100 milhões de votos."
07/07/2007 - 19h17

Cristo Redentor é eleito uma das sete novas maravilhas do mundo

"Chineses fizeram campanha para que construção
não ficasse de fora de concurso (Foto: Divulgação)
"A iniciativa não tem apoio unânime e a Unesco,
que se dedica ao patrimônio mundial, decidiu não participar do evento.
De origem privada, o projeto pretende completar a lista
das sete maravilhas da Antiguidade definidas por volta de 200 a.C
São elas: o templo de Ártemis, os jardins suspensos da Babilônia,
o mausoléu de Halicarnassus, o colosso de Rodes, o farol de Alexandria,
a estátua de Zeus e a grande pirâmide do Egito. Somente esta última existe até hoje."

Cristo Redentor é eleito uma das sete novas maravilhas do mundo

"Coliseu de Roma foi um dos eleitos
(Foto: Divulgação)
O Cristo
"A estátua do Cristo Redentor possui cerca de 38 metros de altura e fica no topo do morro do Corcovado, no Rio de Janeiro, que está a 740 metros acima do nível do mar.
O projeto, feito de pedra-sabão e considerado patrimônio histórico desde 1937, é do engenheiro Heitor Silva Costa, com colaboração do escultor francês de origem polonesa Paul Landowski. O desenho final é do artista plástico Carlos Oswald."

Cristo Redentor é eleito uma das sete novas maravilhas do mundo


"Taj Mahal está entre novas sete maravilhas;
mausoléu é ameaçado por poluição na Índia
(Foto: Ahmad Masood/Reuters)
"Algumas campanhas tentaram angariar votos
para seus representantes. O Cristo Redentor, a Muralha da China
e Machu Picchu, por exemplo, tiveram o apoio de tais estratégias de marketing.
Para a maravilha brasileira o site www.votecristo.com.br, da campanha
Vote Cristo arrecadou votos e ensinava como votar no Cristo.
O certificado de participação do monumento no concurso
foi recebido por Dom Eusébio Scheid, arcebispo do Rio de Janeiro,
pelas mãos do idealizador do concurso, Bernard Weber, em fevereiro."

Cristo Redentor é eleito uma das sete novas maravilhas do mundo

O monumento de Petra, na Jordânia
(Foto: Divulgação)
"Em junho, a estátua figurava entre os favoritos,
mas em maio e meses anteriores, a votação
para o Cristo não atendia o esperado.
Evento
A cerimônia deste sábado foi apresentada
pelo ator britânico Ben Kingsley e a atriz americana Hillary Swank."

Cristo Redentor é eleito uma das sete novas maravilhas do mundo

Pirâmide de Chichén Itzá, no México
(Foto: Divulgação)
"O ex-astronauta Neil Armstrong, o ex-secretário-geral da ONU (Organização das Nações UNidas) Kofi Annan, a atriz e a cantora Jennifer Lopez e o primeiro-ministro português, José Socrates, presidente em exercício da União Européia (UE), estiveram entre os presentes.
A produção foi retransmitida em mais de 170 países. Os organizadores afirmam que a audiência estimada ficou em 1,6 bilhão de espectadores ao redor do mundo."
(Veja matéria no UOL, aqui.)

Cristo Redentor é eleito uma das sete novas maravilhas do mundo

"Machu Picchu, no Peru (foto), recebe
diariamente até 2.500 turistas
"É a primeira vez na história que todos os cidadãos do mundo puderam votar e decidir", comemorou o português Diogo Freitas do Amaral, presidente da comissão de honra do evento.
A primeira parte do evento foi dedicada à proclamação das sete maravilhas de Portugal, que não tinham nenhum lugar na competição mundial.
Além da eleição das sete novas maravilhas, a lista é integrada ainda pelas pirâmides egípcias de Gizé, única maravilha antiga a ter sobrevivido aos anos, que foram declaradas "hors concours" e já eram "maravilha do mundo de honra".
Com Efe e France Presse (Matéria do site UOL. Veja aqui.)

quinta-feira, julho 05, 2007

Ninguém diz: pensei que era um político...

Quadrilhas de canalhas
Contardo Calligaris
Folha de S. Paulo, São Paulo, quinta-feira, 05 de julho de 2007
"Está com medo de tornar-se doméstica ou prostituta? Bata em pobres, índios e putas
EM POUCAS linhas, na Folha de sexta, dia 29 de junho, Eliane Cantanhêde descreveu perfeitamente o mundo no qual é possível que rapazes de classe média queimem um índio pensando que é "só um mendigo" ou espanquem uma mulher pensando que é "só uma prostituta". Provavelmente, não teria sido muito diferente se eles tivessem pensado que era só uma empregada doméstica.
É um mundo em que a permissividade é o melhor remédio contra a inevitável insegurança social. Nesse mundo, os pais fazem qualquer coisa para que seus rebentos acreditem gozar de um privilégio absoluto; esse é o jeito que os adultos encontram para acalmar sua própria insegurança, para se convencer de que eles mesmos gozam de privilégios garantidos e incontestáveis. Como escreveu Maria Rita Kehl no Mais! de domingo passado, nesse mundo, aos inseguros não basta ser cliente, é preciso que eles sejam clientes especiais.
Uma classe média insegura é o reservatório em que os fascismos sempre procuraram seus canalhas. Você está com medo de perder seu lugar e, de um dia para o outro, tornar-se índio, mendigo ou empregada doméstica? Pois é, pode bater neles e encontrará assim a confortável certeza de seu status. Aos inseguros em seu desejo sexual, aos mais apavorados com a idéia de sua impotência ou de sua "bichice", é proposto um remédio análogo. Você provará ser "macho" batendo em "veados" e prostitutas.
Há mais um detalhe: a inteligência humana tem limites, a estupidez não tem. Essa diferença aparece sobretudo no comportamento de grupo. Imaginemos que a gente possa dar um valor numérico à inteligência e à estupidez. E suponhamos que o valor médio seja dois. Pois bem, três sujeitos mediamente inteligentes, uma vez agrupados, terão inteligência seis. Com a estupidez, a coisa não funciona assim: a estupidez cresce exponencialmente. A soma de três estúpidos não é estupidez seis, mas estupidez oito (dois vezes dois, vezes dois). Quatro estúpidos: estupidez 16. Cinco: estupidez 32.
Curiosamente, essa regra vale até chegar, mais ou menos, a um grupo de dez. Aí a coisa tranca: a partir de dez, torna-se mais provável que haja alguém para discordar da boçalidade ambiente. Não porque, entre dez, haveria necessariamente um herói ou um sábio, mas porque, num grupo de dez, quem se opõe conta com a séria possibilidade de que, no grupo, haja ao menos um outro para se opor junto com ele.
Esse funcionamento, por sua vez, decai quando o grupo se torna massa. É difícil dizer a partir de quantos membros isso acontece, mas não é preciso que sejam muitos: um grupo de linchamento, por exemplo, pode desenvolver toda sua estupidez coletiva com 20 ou 30 membros.
Em alguns Estados dos EUA, é permitido dirigir a partir dos 16 anos. Mas, em muitos condados desses Estados, vige uma lei pela qual um jovem, até aos 21 anos, só pode dirigir se houver um adulto no carro. Pouco importa que esse adulto seja habilitado a se servir de um carro. O problema não é a perícia do motorista, mas o fato estatístico de que três, quatro ou cinco jovens num mesmo carro constituem um perigo para eles mesmos e para os outros: o grupo de "amigos" potencializa a estupidez de cada um, muito mais do que sua inteligência. Talvez seja por isso, aliás, que, para o legislador, a formação de quadrilha é um crime em si.
Qualquer pai de adolescente reza ou deveria rezar para que seu filho encontre rapidamente uma namorada e passe a sair na noite com ela, não com a turma dos amigos. Pois a turma é parente da gangue.
Como se sabe, o pai de um dos cinco jovens que, na madrugada do dia 23 de junho, na Barra da Tijuca, espancaram Sirlei Dias de Carvalho Pinto, comentou, defendendo o filho: "Prender, botar preso junto com outros bandidos? Essas pessoas que têm estudo, que têm caráter, junto com uns caras desses?". É o desespero de quem sente seu privilégio ameaçado: como assim, tratar a gente como qualquer um?
Não éramos "clientes especiais"?
Mas as frases revelam também a distância entre o filho que o pai conhece em casa (o filho que teria "caráter") e o filho que se revela na ação do grupinho (esse filho não tem "caráter" algum).
O que precede poderia ser entendido como uma atenuante, tipo: eles agiram assim não por serem canalhas, mas por estarem em grupo. Ora, cuidado: o grupo não produz, ele REVELA os canalhas. "
ccalligari@uol.com.br (Texto na FSP)

Relaxa e goza

Bob Motta
Especial para o Encartes
Todo brasilêro, qui véve no mundo,
tá sofrendo munto, nuis aeroporto,
cum uis nêivo acabado, mêi vivo, mêi morto,
num cunstrangimento, prá lá de profundo.
De sastisfação, num tem um sigundo,
já tá istressado, de tanto isperá.
E quando um repórte, ôzô preguntá,
a Ministra dixe, naquele momento:
Relaxe e goze, sem cunstrangimento,
cantando galope na bêra do má.
Uma lapa de fila, de quage uma légua,
qui nem uma cobra, pru tôdo saguão,
é um dirmantêlo, juro, meu irmão;
o cabra se sente um fíi d’uma égua.
É um sufrimento, uma luta sem trégua,
uma cáiga pesada, mode carregá.
E a Dona Ministra, a se pabulá,
é se imbunecando, na frente do ispêio,
e alí ripitindo aquêle cunsêio,
cantando galope na bêra do má.
E do Oiapoque, inté o Chuí,
o país intêro, ficô criticando,
o povo, aquela agunia passando,
da bêra da praia, inté o Carirí.
Aí a galêga, querendo fugí,
sua sugestão, tentô remendá.
Mais ficô pió, pode acreditá;
pois Dona Ministra, pisando na bola,
cagô pru intêro, foi na rabichólha,
cantando galope na bêra do má. (Foto)

Relaxa e goza

Eu queria vê, era o resurtado,
se ela infrentava, assim, tão valente,
uma "sextavada", de costa ô de frente,
de um cabra grossêro, bem "acavalado".
Será qui ela dava conta do recado?
Reséivo o derêito , disso, duvidá.
Ela ia gemê, ela ia gritá,
se o cabra "acunhasse"; sem cunstrangimento,
na galêga véia, aquêle instrumento,
cantando galope na bêra do má.
Aí eu dizia, qui a Dona Ministra,
no levá madêra, era banbanban.
Daquela qui trepa, inté de menhã,
dróme na "chibata", inda num se farta.
Daquela qui goza, inté lendo carta,
de um macho, querendo, cum ela, transá.
Qui chora na pêia, mais sem recramá,
come um bataião e diz, quero é mais,
"na porta da frente ô na de detráis",
cantando galope na bêra do má.
Porém, Dona Marta; já fique sabendo,
qui aquêle cunsêio, num pegô tão bem.
Puta de malandro, lhe juro, é quem,
só goza, cum o macho, munto lhe batendo.
Cum o trato qui o pôvo, véve arrecebendo,
num dá, eu lhe juro, prumode gozá.
Digo prá sinhora, é mió pará,
cum essa pabulage, cum essa coisa feia,
gozando na tapa, na língua, na pêia,
cantando galope na bêra do má.
Veja o site de Bob Motta, aqui. (Foto)

Brasil globalizado

Brasil globalizado: país destina cerca de meio bilhão por ano a ajuda internacional
Leandro Kleber
Do Contas Abertas
"Enquanto sofre internamente com a falta de dinheiro para políticas fundamentais de infra-estrutura, saúde, educação e segurança pública, o Brasil precisa "exportar" recursos ao resto do mundo, no intuito de fazer valer seus interesses nas dicussões internacionais. Anualmente o governo gasta cerca de R$ 500 milhões com cooperação internacional, como consta no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi). A conta inclui, além da cooperação, no sentido social, contribuições a entidades internacionais e missões militares no exterior.
De 2001 para cá, R$ 3,2 bilhões saíram dos cofres públicos da União para arcar com tais despesas. O valor gasto até agora daria para custear a construção de cerca de 185 mil casas populares. Além disso, supera o orçamento total dos Ministérios do Esporte e da Cultura para este ano de Pan Americano, R$ 2,3 bilhões. Para 2007, estão previstos em orçamento R$ 464,1 milhões para as colaborações financeiras internacionais.
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) é o órgão público dono da maior conta de "cooperação financeira" no âmbito global. A Pasta possui um programa de gestão da participação em organismos internacionais, o qual destina recursos para entidades como o Mercado Comum do Sul (Mercosul), a Organização das Nações Unidas (ONU), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Além disso, o ministério também tem o programa de cooperação cientifica, técnica e de tecnologia internacional. Desde 2001, já foram repassados R$ 823,4 milhões às entidades.
Somente no ano passado, o Mercosul recebeu do governo brasileiro R$ 75,4 milhões. A marca, maior contribuição que o país prestou em 2006, parece ser resultado da promessa do presidente Lula de fortalecer o bloco. Fora isso, as maiores despesas no exterior são com atuações das Forças Armadas – missões de paz, como a do Haiti e Timor Leste, e ações de cooperação militar com países amigos. Quase toda essa quantia faz parte do orçamento do Ministério da Defesa, segunda Pasta que mais aplica recursos com essa finalidade.
Em 2004, dos R$ 189 milhões destinados pela União à cooperação internacional, R$ 142,5 milhões (75%) foram para a missão de paz da ONU comandada pelo país no Haiti. Desde o início da operação militar, há três anos, o Brasil já gastou pelo menos R$ 315,9 milhões no país da América Central. O valor é quase equivalente à previsão de investimentos, somados, dos Ministérios da Cultura e do Meio Ambiente para todo o ano de 2007, que é de R$ 327,7 milhões. Outro conflito socorrido por recursos dos cofres públicos brasileiros foi o do Timor Leste. Lá, o governo brasileiro gastou pelo menos R$ 28,2 milhões com a missão de paz organizada pela ONU."

Brasil globalizado

Brasil globalizado: país destina cerca de meio bilhão por ano a ajuda internacional
"Estratégia política
A assessoria de imprensa do MRE afirma que a cooperação internacional, à qual se refere o Orçamento Geral da União, é diferente da utilizada pelo órgão. Segundo a assessoria, cooperação internacional consiste apenas em ações de cunho social desenvolvidas em outros países, enquanto que a rubrica classificada no sistema com este título inclui as contribuições a organismos internacionais e missões militares. No que diz respeito ao MRE, a maior parte do repasse classificado como "cooperação" refere-se às "contribuições a organismos internacionais", ou seja, repasses feitos à ONU, OMS, OIT, dentre várias outras entidades.
A assessoria informou que tais aplicações são prerrogativas de acordos feitos entre países. "Essa estratégia é fundamental para assegurar a presença brasileira no cenário internacional, garantindo que a voz do Brasil seja ouvida e que o país possa influenciar a agenda mundial de maneira a defender seus interesses", explicou o órgão.
Já as ações de cooperação internacional, no sentido estritamente social, também visam defender os direitos da nação e ampliam a presença brasileira no mundo com a marca de postura solidária. Nesse caso, os recursos servem para financiar projetos de auxílio a países que estão passando dificuldades. Segundo o Itamaraty, a maior parte das atividades financiadas são coordenadas por entidades brasileiras no exterior, que passam por uma rigorosa seleção. Tais projetos, além de contribuirem com o desenvolvimento de outros países, beneficiam indiretamente comunidades brasileiras que vivem nos países socorridos, como, por exemplo, Angola e Líbano.
Quanto às contribuições financeiras a entidades internacionais, o Itamaraty explicou que estas são revertidas em benefícios diretos para o Brasil e que a tendência de colaboração dos países é só aumentar, respeitando os limites da economia de cada nação. Esse tipo de contribuição, segundo o ministério, fortalece a posição brasileira em negociações internacionais, como a rodada de Doha. Serve como ferramenta para pressionar o bloco dos países ricos em defesa do interesse dos mais pobres, como, por exemplo, no tratamento dos subsídios agrícolas. Para finalizar, o MRE explica que grande parte do dinheiro aplicado nas missões militares (também classificadas como cooperação no Siafi) é reembolsada pela ONU.
O vice-diretor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Alcides Costa Vaz, considera importante a cooperação que o país presta a organismos internacionais e a missões de paz. "Para um país que almeja participar efetivamente da agenda internacional, as quantias gastas são justificadas", afirma. Para ele, os valores pagos, por exemplo, às entidades, são definidos pelas próprias instituições, e não pelo Brasil. "Quando o país participa de fóruns multilaterais, nós assumimos compromissos", diz. Segundo Vaz, essas colaborações são essenciais porque atingem uma parcela importante dos interesses dos brasileiros. "É inevitável que haja uma interação maior entre os países hoje em dia".
Quanto à missão de paz no Haiti, o especialista acredita que os valores gastos lá pelo Brasil são explicados pelo número inédito de militares brasileiros enviados: são mais de mil pelotões. "Nós temos o Comando Militar da missão da ONU. Até pelo tamanho do nosso país, é uma questão de responsabilidade. É importante essa participação. O Brasil tem interesse político na região. Há razões humanas, políticas e econômicas para que a comunidade internacional tome uma atitude", explica. Vaz também considera relevante para a manutenção das Forças Armadas a colaboração do Brasil em missões de paz em outros países. Clique aqui para ver o orçamento destinado à cooperação internacional este ano. (Autor: Leandro Kleber, Do Contas Abertas)