domingo, setembro 13, 2009

A genialidade de DDiarte


"Quase todas as nossas imagens de facto passam por varias fases, após nos surgir uma ideia e discuti-la entre nós, fazemos pesquisas sobre o assunto, desenhamos um projecto e procedemos a castings para a escolha dos modelos que irão participar na nossa obra, escolha de cenários e guarda roupa, penteados e maquilhagens. Depois passamos a fase das sessões fotográficas, aos modelos, objectos, cenários etc., que podem ser em estúdio ou no exterior. Tudo é passado para o computador e com o programa photoshop tudo é aperfeiçoado e composto como nós imaginamos inicialmente durante semanas e mesmo muitos meses até atingir o nível de qualidade que exigimos a nós próprios."
Zé Diogo, do projeto artístico intitulado DDiArte.

Celebração do corpo

Diamantino Jesus e
Zé Diogo são dois
artistas geniais

Conheçam o seu trabalho aqui:

Olhares

Sintra Museu de Arte Moderna - Colecção Berardo
De naturalidade portuguesa esta dupla de artistas nasceu na Ilha da Madeira. Diamantino Jesus (n. 1969) é formado em Design de Projectação, pela Universidade da Madeira e tem um curso de Restauro de Arte Sacra, feito em Pamplona. Desde a década de 90 fez várias exposições colectivas e individuais, realizadas na Região Autónoma, tendo, também desenvolvido trabalhos de restauro e design. Zé Diogo (n.1966) formou-se em Engenharia Química, pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa, pese embora, tenha-se dedicado à pintura, expondo o seu trabalho um pouco por toda a Ilha da Madeira.
Em 2003 juntaram-se num projecto artístico, intitulado DDiArte e desde então têm-se dedicado à fotografia digital manipulada artisticamente, a qual tem vindo a ser meritoriamente reconhecida através de prémios e solicitações diversas. Nesse mesmo ano ganharam a medalha de bronze Gaudi no âmbito da “V Bienal Internacional de Fotografia XLV Medalha Gaudi”, tendo o trabalho Sonho de Verão (2003) ficado em exposição na Catalunha. Ainda, no mesmo ano o trabalho Liberdade do Telefone Fixo (2003) foi galardoado com o prémio PHOTO/CEGETEL em Paris. Em 2004 as obras Hanged (2003) e Varanda I (2003) foram integradas no maior concurso de fotografia a nível internacional, sendo o trabalho publicado na revista francesa PHOTO. No mesmo ano tiveram uma exposição itinerante que percorreu as principais sedes da Caja de España, em Espanha e uma colectiva “O Corpo em Movimento”, no Museu da Electricidade, Casa da Luz, na Madeira. No ano de 2005, voltaram a ganhar, desta feita, as medalhas de Ouro e Bronze Gaudi no contexto da “VI Bienal Internacional de Fotografia XLV Medalha Gaudi”. Em 2006 contaram com uma exposição colectiva “Sem Qualidade”, no café Fora d’Oras, na Madeira e uma exposição individual “Miragens Perversas” na sede da empresa vinícola Bacalhôa Vinhos de Portugal, em Azeitão.
O corpo humano é o recurso eleito e recorrente destes dois artistas, como forma privilegiada de exposição do fenómeno estético. Através do corpo humano a DDiArte veicula e transmite as suas mensagens, mais ou menos críticas da sociedade, por vezes, sarcásticas e satíricas, oníricas e mitológicas, através de jogos subversivos do real. O corpo é apresentado de uma forma hedonista, por vezes narcísica e desvitalizada, mas em que os cânones clássicos de beleza e proporção são idolatrados e a “celebração das musas” e da sensualidade são expostas através de uma linguagem fotográfica, prenhe de detalhes hiper-reais.
Fonte: The Berardo Collection

Alegria de rico também dura pouco

sábado, setembro 05, 2009

Cara e coroa

Cara e coroa
"O senador José Agripino Maia (DEM-RN) sairá de licença em janeiro.
Assumirá o suplente José Bezerra Júnior (foto), uma flor do que há de pior no jardim da elite nordestina. Ximbica, como é conhecido, tem no currículo uma exibição de preconceito contra o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.
“Minha família tem 250 anos de tradição na pecuária desse país e hoje chega um maconheiro, travestido de ministro, vestido como gay para chamar os criadores de vigaristas e marginais.”
Está registrado nos anais da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte."
Coluna
ROSA DOS VENTOS
Maurício Dias
Carta Capital n. 561, de 2 de setembro de 2009

Uma imprensa antidemocrática

Uma imprensa antidemocrática
28/08/2009 15:15:45
Mauricio Dias
CartaCapital
A imprensa brasileira tem sido adversária histórica das instituições representativas do País.”
Essa frase, um dos mais duros veredictos já feitos sobre a imprensa brasileira, é de Wanderley Guilherme dos Santos, professor aposentado de teoria política da UFRJ, fundador do Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro (Iuperj) da Universidade Candido Mendes, e consagrado pela Universidade Autônoma do México, em 2005, um dos cinco mais importantes cientistas políticos da América Latina.
Ela é parte do começo de uma conversa em torno da histórica tendência golpista da imprensa brasileira, que começa assim: “Com o fim da Segunda Guerra Mundial terminou também o Estado Novo brasileiro, ditadura civil que se iniciara em 1937. No mundo todo, mas em particular no Brasil, as elites políticas tradicionais se viram acompanhadas por um eleitorado em torno de 7 milhões, mais de dez vezes superior ao da Primeira República, e um movimento sindical legalizado e participante de algumas estruturas estatais, como os institutos de pensões e aposentadorias dos trabalhadores urbanos”.
Segundo ele, a imprensa brasileira “sem embargo da retórica democrática”, tornou-se a principal adversária das instituições representativas.
“A exemplo de toda a imprensa, denominada grande, latino-americana, “jamais hesitou em apoiar todas as tentativas de golpe de Estado, quando estas significavam a derrubada de presidentes populares ou o fechamento de congressos de inclinação mais democrática”, denuncia Wanderley Guilherme.
“No Brasil – prossegue –, não existe um só jornal de grande circulação que se posicione a favor dos respectivos congressos nacionais, nas esparsas ocasiões em que estes parecem funcionar.”
Por outro lado, ele anota que “toda vez que a direita recrudesce nas urnas, sempre encontra a simpatia midiática”.
“No Brasil, o único período em que o governo contou com o respaldo de algum jornal de certa respeitabilidade foi durante o segundo governo Vargas, com a Última Hora. Não houve um único jornal popular, de grande circulação no Brasil, durante esse período”, diz Wanderley Guilherme.
Última Hora também foi o único reduto jornalístico contra o golpe de 1964, que toda a mídia apoiou. Sem qualquer constrangimento.
Conceitualmente, ele lembra, a imprensa, além de ser um instrumento de difusão de informação e análise, é um ator político “na medida em que forma opinião, agenda demandas e que, eventualmente, beneficia ou cria obstáculos para governos”.
Wanderley Guilherme comenta: “A imprensa brasileira exerce, e tem todo o direito, de ter opinião e preferências políticas. No Brasil, no entanto, ela diz que apenas retrata a realidade. É falso. Há muito da realidade que não está na imprensa e há muito do que está na imprensa que não está na realidade”.
Não é novidade no mundo democrático. Novidade, como explica Wanderley Guilherme, é presumir e passar a impressão de que isso não acontece.
“A imprensa brasileira não tolera a ideia de governos independentes, autônomos em relação às suas campanhas. Isso implica um caminho de duas mãos. Significa que ela terá de sobreviver sem os governos. Então, é preciso que os governos precisem dela”, conclui.
É um retrato do momento que o Brasil atravessa no alvorecer do século XXI.
Colunas
ROSA DOS VENTOS
Maurício Dias
Carta Capital n. 561, de 2 de setembro de 2009

sexta-feira, setembro 04, 2009

Natal de Ontem: monumento à lembrança e aos afetos

Sob a fugacidade do tempo e dos sonhos que evaporam a cada minuto de nossas vidas, uma cidade se entrega, lânguida e farta, e ao mesmo tempo ágil e viva, a seus ocupantes e aos que apenas passam, oferecendo-lhes seus cenários, lugares, paisagens, referências, espaços públicos e pontos de encontro, todos eles com suas pequenas e grandes histórias, personagens reais e imaginários, peculiaridades, fatos marcantes, enfim, um conjunto de elementos que irão constituir e que já se consolidaram como a memória coletiva, um patrimônio de todos os seus habitantes e das futuras gerações.
O espaço urbano, no seu processo de transformação, sendo simultaneamente registro e agente histórico, depara-se, a cada período, com uma nova noção de tempo, ancorada nas referências novas de progresso, produtivismo industrial, especialmente na conexão tempo-dinheiro-capitalismo, no desejo de não perder tempo, não perder a hora e na imposição de pontualidade.
Quando se enfoca a capital potiguar, um blog memorialístico encontra-se em pleno trabalho de produção, abrindo a possibilidade da participação de todos os interessados, já que testemunhos é o que não falta para evocação.
Para tanto, basta identificar o espaço como experiência individual e coletiva, em que a rua, a praça, a praia, o bairro, os percursos se transformam em reservatórios plenos de lembranças, experiências e memórias, que se mantêm menos pelo racional e mais pelo emocional, intuitivo, sentimental e afetivo, e contribuem de forma significativa para o processo de reconstituição da história da cidade.
Esta importante ferramenta de resgate da memória da cidade é o endereço eletrônico do blog nataldeontem.blogspot.com. Nele, o engenheiro natalense Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto, estudioso de nível sofisticado, portador de bom gosto e um distinto apuro no conhecimento, como viajante costumeiro, reconhecido na praça como um grande causeur, ou seja, portador de um discurso brilhante e sedutor, faz as vezes de mestre-de-cerimônias, e ali recebe e abriga toda a curiosidade em torno de nossos mananciais históricos.
Numa cidade e num estado cujos representantes políticos da população, montados em suntuosos erários, são pouco afeitos à preservação da memória coletiva, o primeiro aniversário do blog Natal de Ontem (nataldeontem.blogspot.com) deve ser recebido com toda pompa e grande júbilo, por representar, antes de tudo, uma resistência à cultura do extravio do acervo memorialístico.
O engenheiro civil Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto, idealizador, mantenedor e operador do blog, com os pés bem plantados no chão, sem os maneirismos ou quaisquer resquícios de vaidade pelo trabalho que executa, demonstra, no apuro de sua conduta de empresário, como um dos diretores da Enteco Engenharia, o acerto das diretrizes evolutivas adotadas pela página na Rede Mundial (Web).
A escolha pela simplicidade, pela postura natural e espontânea no trato com as matérias, se evidencia a partir da própria apresentação deste natalense, nascido no Alecrim, casado há 38 anos, diretor da construtora Enteco Engenharia Ltda, hoje residente em Petrópolis, dois filhos casados, e aguardando o nascimento do terceiro neto. (Texto de Paulo Augusto.)

Acervo: colaborações das grifes mais distintas

“Todos os blogs colocam o perfil de seus autores. E o meu foi muito sucinto: Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto, natalense alfabetizado e avô coruja. As duas coisas mais importantes para mim. Porque, para mim, todo o resto é decorrência”, diz Manoel Neto (foto), quando da apresentação do blog ao JORNAL DOS IMÓVEIS, edição de agosto 2009.
O processo de surgimento e evolução do blog e seu acervo, que já conta com precioso acúmulo de informações, se deu, segundo ele, a partir de conversas com amigos, igualmente natalenses, apaixonados por este sítio, e nostálgicos dos bons tempos aqui experimentados.
“A primeira publicação no blog foi no dia 31 de agosto de 2008. Na próxima semana, estará fazendo um ano. O blog começou de uma brincadeira. Eu recebi um e-mail de um amigo, que recebeu de outro amigo, que recebeu de uma amiga - com frases, basicamente, sobre locais de Natal que não existem hoje. A Sorveteria Oásis, o Cabaré de Maria Boa, o Pouso do Tetéo, na Avenida 15, o Énosso, na praia de Areia Preta. Tinha umas 30 citações de pontos de Natal, e eu acrescentei, bem ligeirinho, inúmeros outros locais e eventos, como a Festa da Mocidade, Festa de Nossa Senhora da Apresentação e Santos Reis, entre outros.”
Quem acessa o blog na atualidade, confirma o crescimento acelerado de seu patrimônio, que contabiliza, entre outros eventos e efemérides, fatos como o dirigível Zeppelin sobrevoando a cidade, as Marinetes e seus passageiros, o Acácia Bar, no Grande Ponto, os bondes, que iam da Ribeira pelo Alecrim e Ladeira do Sol até o Aero Clube, grifes do comércio como a Casa Rubi, Casa Régio, Cantina Lettieri, Livraria e Papelaria Walter Pereira, animações produzidas pela Cachaça Murim e o Ron Merino, os vinhos Capelinha Suave, Sangue de Boi e Raposa. As festas no Atlântico e na Assen, os encontros no Granada Bar, na Rio Branco. Os Festivais de Música no Palácio dos Esportes, com a presença de The Jetsons, Impacto 5, Os Vândalos. O medo arrepiante da Viúva Machado e da Tintureira. E a presença de personadidades como Zé Areia e Olívio, da Confeitaria Delícia. Os shows com o Trio Irakitan de Edinho, Joãozinho e Gilvan, e a cantora Glorinha Oliveira nas matinês da Rádio Poti, e a eterna lenga-lenga entre Xarias como Paulo Maux e Djalma Maranhão, e Canguleiros como Câmara Cascudo e João Café Filho.
“A partir daí, mandei um e-mail a todos os endereços que eu tinha no meu e-mail, comunicando o surgimento do blog. E através de Marcos Pedroza, amigo meu, entusiasta, que tem centenas de contatos no seu e-mail, ele mandou para todos os endereços. E começaram a surgir sugestões e colaboradores. Como se vê, toda vida eu dou os créditos a quem são devidos. E nessa brincadeira, chegamos a quase 900 citações. E eu comecei a publicar coisas sobre Natal. Então, no blog tem postais de Natal do século XVI. Século XVII, domínio holandês, século XVIII, século XIX, século XX. Mas, sempre mantendo o espírito dele, a finalidade dele, que é registrar, arquivar, a memória de nossa cidade, o que é muito importante. Minhas publicações, eu faço em média - não tenho tempo suficiente -, as publicações são em torno de 8 a 10 por mês, hoje. Mas as pessoas sabem que toda semana tem uma ou duas publicações. Tem coisa nova. Estou mudando sempre, duas, três vezes por mês. Tem o arquivo do blog, uma lista dos blogs com os quais eu tenho mais contato. Dentre eles, tem o Rosa Morena, de Alderico Leandro, tem o Teorema da Feira, de Lívio Oliveira, Pery Lamartine, o próprio nome do blog é Pery de Serra Negra. E outros mais. ”
Aproveitando o sucesso do livro de frequencia do blog, Manoel Neto, apesar de não ser escritor, como ele mesmo frisa, já providencia a publicação em livro impresso da coletânea de assuntos de seu cabedal.
Entre as personalidades presentes, salientam-se desde acadêmicos a figuras populares, que marcaram presença na cidade. “Nós resgatamos muitas pessoas que foram importantes em Natal, e estão esquecidas. Muitas das quais convivi com elas. Posso dizer Palmyra Wanderley, Floriano Cavalcanti, Tarcísio Medeiros, Esmeraldo Siqueira. E estou sempre falando dessas pessoas. E muitas que eu procurei resgatar, e consegui. Há umas quatro publicações, umas seis ou sete fotos, sobre Maria de Oliveira Barros. Ela foi uma pessoa muito importante desta cidade, que era Maria Boa. Ela é um mito da cidade, uma celebridade, e as pessoas pouco sabem sobre ela. E tem histórias interessantes e muito importantes. Sempre procuram denegrir a pessoa de Maria Boa, quando, na realidade, ela foi uma verdadeira cortesã.” (Texto e foto de Paulo Augusto.)