domingo, setembro 30, 2007

Combate à corrupção tem premiação

Concurso vai premiar boas idéias
para combater corrupção
Site Contas Abertas
"Diante dos escândalos de corrupção que se proliferam nas mais diversas instâncias do poder público brasileiro, a Controladoria Geral da União (CGU) resolveu recorrer à criatividade da população, no intuito de frear o problema. Um concurso promovido pelo órgão vai distribuir cerca de R$ 35 mil em prêmios para as melhores pesquisas voltadas à prevenção e ao combate à corrupção no Brasil. Um outro projeto, voltado para o público adolescente e infantil, também vai premiar alunos do ensino fundamental que melhor retratarem o tema em um desenho ou redação. O objetivo é incentivar a participação dos cidadãos de todas as idades no controle da Administração Pública para tentar, assim, reduzir o avanço dos prejuízos causados por atos corruptos.
Poderão participar do 2º Concurso de Monografias universitários e profissionais de qualquer nacionalidade e faixa etária. Os candidatos deverão apresentar projetos inéditos que abordem temas ligados a controle interno, ética e integridade pública, transparência, controle social, modelos e técnicas de investigação, auditoria e fiscalização, combate à impunidade, entre outros. Segundo a CGU, o projeto tem como finalidade identificar iniciativas bem-sucedidas na área e colher proposições de políticas e ações que possam ser adotadas por governos e pela sociedade.
Para o secretário de Prevenção da Corrupção e Informações Estratégicas da CGU, Marcelo Stopanovski, a intenção do concurso é buscar no meio acadêmico boas idéias de combate à corrupção, baseadas em argumentos teóricos e científicos. "É uma via de mão-dupla, em que aprendemos em conjunto com a sociedade, com vistas a melhorar as políticas públicas e o controle social", explica. A primeira edição do concurso ocorreu em 2005 e gerou bons resultados apesar da participação pouco expressiva das universidades. "Pretendemos, desta vez, mobilizar um número ainda maior de instituições", diz Vânia Vieira, diretora de Prevenção da Corrupção da CGU.
A idéia é estimular a esperança que ainda existe nos brasileiros para desenvolver ações eficientes, capazes de mudar o quadro atual. Segundo uma pesquisa divulgada esta semana pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), 85% dos brasileiros ainda acreditam que a corrupção pode ser combatida, apesar dos recentes episódios e escândalos envolvendo o meio político.
Uma sondagem semelhante realizada este ano na capital federal pelos professores de Teoria da Corrupção da Universidade de Brasília, Ricardo Caldas e Robson Pereira, demonstra que a população se vê como principal agente para acabar de vez com o problema. Quando questionados sobre quem deve combater a proliferação de atos corruptos, 22,7% dos entrevistados apontaram a própria sociedade civil como capaz de frear o problema, colocando-a a frente de órgãos públicos de controle interno e externo das atividades governamentais.
Nesse sentido, Stopanovski considera essencial iniciar a conscientização desde cedo. Por isso, além de mobilizar jovens e adultos, a Controladoria pretende estimular o interesse das crianças e adolescentes pelo controle social. O órgão vai premiar com certificados, medalhas e microcomputadores, os melhores textos e desenhos que demonstrem como a sociedade pode ajudar no combate à corrupção. Em agosto deste ano, um projeto piloto desenvolvido em Santo Antônio do Descoberto, município de Goiás, mobilizou mais de 2 mil alunos.
Depois dos bons resultados obtidos com o projeto-piloto, agora, poderão participar do concurso todos os municípios que integram o programa Olho Vivo, desenvolvido pela CGU, que percorre as localidades capacitando os cidadãos para a realização de um acompanhamento rigoroso dos gastos públicos. O projeto tem o objetivo de despertar o interesse dos estudantes pelo controle social e promover a reflexão sobre o tema no ambiente escolar.
"A criança possui uma sensibilidade que a permite exprimir nos textos e desenhos o sentimento da sociedade diante da corrupção", destaca o secretário. Segundo ele, a experiência no estado de Goiás deu tão certo, que trechos das redações muitas vezes são incluídos nas apresentações que a Controladoria costuma fazer em outras instituições públicas. "Essa cultura de não aceitação da corrupção e da impunidade deve ser estimulada desde cedo", ressalta Stopanovski.
Os prejuízos da corrupção
O ranking elaborado anualmente pela entidade Transparência Internacional, que mede a percepção na sociedade do nível de corrupção entre seus políticos e autoridades, revelou que o Brasil ainda tem muito trabalho pela frente. Embora tenha melhorado levemente sua performance em relação ao último levantamento - de 3,3 pontos para 3,5 pontos – o país caiu 70º para o 72º lugar na lista. Para a presidente da entidade que organizou a pesquisa, Huguette Labelle, o resultado indica que houve uma recente melhora no combate à corrupção no Brasil. No entanto, ponderou que a melhoria não foi mais significativa por conta dos recentes escândalos envolvendo integrantes do governo, parlamentares e dirigentes públicos.
Um estudo da Fiesp sobre o problema no Brasil demonstra que o país perde R$ 26,2 bilhões (o equivalente a aproximadamente U$ 13,1) com os atos corruptos praticados. Para se ter uma idéia da amplitude dos prejuízos, a perda é superior ao orçamento 2007 de sete ministérios brasileiros (Cidades, Cultura, Esporte, Meio Ambiente, Relações Exteriores, Transportes e Turismo juntos). Com os recursos perdidos por conta da corrupção brasileira daria para construir mais de um milhão de casas populares, que atenderiam cerca de 4 milhões de brasileiros.
Segundo a pesquisa da Fiesp, se os índices de corrupção no Brasil fossem semelhantes aos do Chile, a renda per capta brasileira aumentaria 23%. O avanço da corrupção, sobretudo no meio político acaba afetando em cheio a credibilidade da administração pública. Uma pesquisa da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) demonstra que apenas 11% dos brasileiros confiam nos políticos, enquanto só 16% acreditam nos partidos políticos. O problema, no entanto não é exclusivamente brasileiro. Atualmente, estima-se que a corrupção no mundo consuma cerca de U$ 1 trilhão, o que corresponde a 1,5% do PIB mundial.
Segundo o professor de Teoria da Corrupção Robson Pereira a baixa credibilidade das instituições públicas, do governo e dos próprios políticos se deve, em grande parte, às descobertas de práticas corruptas."O brasileiro diz que nunca participou desse tipo de prática. Ele associa facilmente atos corruptos ao político, mas não a si mesmo. Isso é problemático, já que a corrupção não é exclusividade do meio político. É um problema endêmico, que faz parte da cultura brasileira gerando um ciclo vicioso que precisa ser combatido em sua totalidade", explica. Entre os entrevistados pela sondagem feita na UnB, a maior parte, 66%, disse não se considerar vítima da corrupção.
Serviço
O 2º Concurso de Monografias será dividido em duas categorias: universitários e profissionais. Serão premiados os dois melhores trabalhos em cada uma delas: na categoria universitários, R$ 7,5 mil para o 1º colocado e R$ 4 mil para o 2º colocado; na categoria profissionais, R$ 15 mil para o 1º colocado e R$ 8 mil para o 2º colocado. Poderão concorrer trabalhos inéditos individuais ou em grupo, que ainda não tenham sido publicados pela imprensa ou em livro. As monografias premiadas no concurso anterior não poderão concorrer novamente. Os trabalhos devem ser enviados à Escola de Administração Fazendária (Esaf) via carta registrada, até o dia 8 de outubro de 2007, ou via encomenda expressa, do tipo sedex, até o dia 15 de outubro de 2007. Informações: cgu.df.esaf@fazenda.gov.br. ou www.cgu.gov.br. O endereço para o envio dos trabalhos é: Escola de Administração Fazendária - Esaf - Diretoria de Educação - Dired - Rodovia BR 251 - Km 4 - Bloco "Q" - 71686-900 - Brasília - DF.
O concurso de redação e desenho, por sua vez será dividido em duas categorias e duas etapas. A categoria Desenho será destinada aos alunos do 1º ao 5º ano. Já a de Redação será voltada aos estudantes da 6ª à 9ª séries. Durante a primeira etapa, realizada em cada município, serão selecionados os três melhores trabalhos de cada série inscritos nas duas categorias, que estarão classificados para concorrer na fase nacional. Os trabalhos selecionados na primeira etapa receberão medalhas ou placas e certificados. Para o primeiro colocado de cada série na fase nacional o prêmio será um microcomputador e um certificado. As equipes responsáveis pelo Programa Olho Vivo, ficarão a cargo de mobilizar as escolas participantes do programa para orientar alunos e professores quanto à inscrição no concurso.
As solenidades de premiação ocorrerão na comemoração do Dia Internacional contra a Corrupção, no mês de dezembro."
Mariana Braga
Do Contas Abertas

O Senado brasileiro na novela

O Senado brasileiro
ganhou uma ‘ponta’ na novela

Blog de Josias de Souza

"A anormalidade louca de nossa vida normal está desvirtuando a lógica da televisão. A sem-vergonhice política, que abunda, já não cabe só no Jornal Nacional. Transborda para outros horários. Conspurca até, veja você, o universo idealizado das novelas.
Antes, a corrupção servia para dar boa consciência aos congressistas, que fingem combatê-la. A corrupção era útil para preencher o vácuo da reunião de pauta dos jornais. A corrupção era ótima como tema de teses acadêmicas. Agora, a corrupção também serve de matéria-prima para o Gilberto Braga.
A sociedade civil, como se sabe, já não sai às ruas. Prefere ir ao shopping. À noite, exausta da própria ociosidade, repousa na poltrona da sala, à espera das delícias de um Paraíso Tropical. Súbito, a fome de mentira é confrontada com uma porção de verdade. O novelista seleciona Bebel –e a bunda—, para injetar um naco de realidade na ficção.
Bebel, por trambiqueira, poderia ter amargado um final acerbo –o calçadão eterno, a cana dura, até a morte. Mas o telespectador simpatizou-se com a gostosura pitangueira da safada. E o autor do dramalhão das oito viu-se como que compelido a dar a ela aquilo que, nos dias que correm, mais se aproxima do conceito de "se dar bem": um amante senador.
"Conhecer o senador foi um adianto", diz Bebel, a certa altura. "Tá me dando situação." Gilberto Braga cavou para a meretriz uma vaga num assento de CPI. Uma premonitória CPI do biodiesel. Pôs diante dela um Denis Carvalho travestido de senador-torquemada. Inquiriu-a de forma dura.
Jogou na cara da depoente a mesada e o aluguel bancados pelo usineiro amigo do senador corrupto. Perguntou sobre a empresa de fachada que, registrada em nome da puta, servia para a lavagem das propinas. Nada mais surrealista. Nada mais real.
Na pele de celebridade instantânea, Bebel festeja o convite para posar nua na revista. "Excelências, vai ser nu artístico", ela avisa. "Até porque meu sonho mesmo é ser apresentadora de TV". Com a sua vocação para o erro permanente, com o seu destino pastelão, o Senado brasileiro virou, veja você, uma fantástica cena de novela. A novidade chega bem no instante em que Lula diz que não faz barganha. Só faz "acordos programáticos". Aos pouquinhos, o Brasil vai virando um imenso programa."
Escrito por Josias de Souza às 02h45. Fonte, Veja aqui.

quinta-feira, setembro 20, 2007

Brasil do PT: Escândalos contínuos...

À brasileira
JANIO DE FREITAS
FSP, São Paulo, quinta-feira, 20 de setembro de 2007
Toda vez que há auditagem, a norma é a comprovação do que se espera de obras do governo: corrupção grossa
"PARECE ESCANDALOSO , mas não é. As auditorias do Tribunal de Contas da União constataram que um terço das 231 obras do governo, no valor total de R$ 23 bilhões, está viciado por irregularidades, cujo nome apropriado é corrupção. Toda vez que há auditagem extensa, seja qual for o governo, a norma conclusiva é a comprovação do que se espera das obras governamentais: corrupção grossa; apagar parte do que foi descoberto e transferir o roubo para mais adiante; ministros tão indignados quanto enfortunados, dirigentes idem, e vamos esquecer o azar das descobertas feitas.
Parece escandaloso, mas não é. Lá estão, como destaques nas constatações do TCU, o Dnit e o Dnocs, Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte e Departamento Nacional de Obras Contra as Secas. O primeiro é uma invenção do reformismo neoliberal, porque o Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, o velho DNER, foi roído pela corrupção até ao último ossinho. O Dnit está sob o ministro Alfredo Nascimento, que só teve oportunidade de aparecer no noticiário, ultimamente, com a ajuda de problemas judiciais.
Parece escandaloso, mas não é. Trata-se apenas de norma que o Dnocs, por sua vez, seja uma sigla para meio século de corrupção, com tantos escândalos que a opinião pública desistiu de escandalizar-se por sua causa. Está sob controle do ministro da Integração Nacional, o deputado Geddel Vieira Lima de quem diziam no Congresso, volta e meia, "Geddel foi às compras" -e lá estava mais um acréscimo patrimonial, com preferência por fazendas, no rol familiar do "anão" de ontem e hoje ministro de Lula. O TCU constatou "irregularidades" em 100% das obras do Dnocs.
O governo Lula parece um escândalo contínuo. E é.
Por clarear
O valerioduto em Minas, objeto do inquérito que a Polícia Federal passa ao Ministério Público, não é de mensalão, como muitos têm dito. É de caixa-dois, dinheiro intermediado por Marcos Valério para a campanha encabeçada pela candidatura de Eduardo Azeredo, do PSDB em aliança com o PTB, ao governo estadual em 98. A confusão não está só nesse aspecto do primeiro capítulo do valerioduto.
Houve muitas artimanhas, por interesses lobistas e com fins políticos, complicando o caso. O certo é que o esquema do valerioduto esteve em ação, com o propósito de favorecer a aliança PSDB-PTB, mas não se sabe se a PF chegou a investigar essa exploração dos fatos. Nem se sabe ao certo quais foram as responsabilidades reais, seja dos beneficiados todos, seja dos operadores. É preciso esperar pelo crivo da Procuradoria Geral da República nas apurações policiais.
Indigentes
Saudemos: "6 milhões saíram da faixa da miséria", porque passaram a receber alguma coisa "acima de R$ 125 reais por mês". Eis o que é esse limite superior da faixa de miséria: R$ 4,16 por dia, R$ 0,52 por hora de trabalho. Pode-se imaginar que trabalho, para quem aceita, quer dizer, precisa ganhar R$ 0,52 por hora. Para comer, vestir, morar, pagar passagens -não digamos que para viver.
É outra, mas está também abaixo do nível de indigência, a mentalidade dos tecnocratas que estabelecem coisas como esses níveis sórdidos e sádicos que definem miséria e pobreza."
Texto publicado na Folha de S. Paulo. (Acesso para assinantes).

Pra quê Senado?

Pela democracia, o Senado deve acabar
RUI FALCÃO
FSP, São Paulo, quinta-feira, 20 de setembro de 2007
A existência do Senado é um desserviço à democracia brasileira. É chegada a hora de discutir o fim do sistema bicameral do país
"A ABSOLVIÇÃO do senador Renan Calheiros pode contribuir, paradoxalmente, para aperfeiçoar a democracia se a reflexão sobre o escândalo transpuser as considerações de caráter circunstancial.
O episódio repulsivo oferece a oportunidade de avançar no diagnóstico e na solução da crise da representação. Uma crise que se manifesta no fosso crescente entre a vontade dos representantes e a dos representados e se materializa na existência do sistema bicameral brasileiro.
Com isso, não se sugere ignorar a excrescência da sessão e votação secretas: a publicidade dos atos parlamentares é instrumento inalienável do exercício da cidadania e uma exigência da República e do Estado democrático de Direito. Com o sigilo, os senadores rebaixaram a política à "arte de impedir as pessoas de participar de assuntos que propriamente lhes dizem respeito", no entender de Paul Valéry.
Como parlamentar e militante petista, expresso minha divergência também quanto a se ter liberado a bancada do PT para votar como quisesse, decisão que serviu de pretexto a setores da mídia e da oposição para atribuir ao partido a responsabilidade pela absolvição. Da mesma forma, é inexplicável a abstenção: a quem não estava convencido da quebra de decoro cabia a opção conseqüente de votar pela absolvição.
Mas o que mais importa é constatar que a existência do Senado Federal é um desserviço à democracia brasileira. Não apenas por esses episódios de denúncia de corrupção mas também pela fraude ao pacto federativo, ao sistema representativo, pelo seu poder revisor ante a Câmara dos Deputados e -a partir de 1988- ampliado com a faculdade de propor leis.
Como instituição, o Senado foi introduzido no Brasil à época do império e ainda hoje traz consigo vestígios do mando monárquico e cacoetes oligárquicos das velhas repúblicas. Assim, além de casa legislativa, o Senado tinha atribuições de corte judicial, para os delitos cometidos por membros da família imperial, ministros, conselheiros, secretários, senadores e deputados. Ou seja, os caminhos usuais da Justiça não convinham a esse tipo de gente, que demandava foro especial.
É chegada a hora de discutir o fim do sistema bicameral do país, eliminando o Senado e definindo um modelo de representação unicameral adequado e igualitário, que assegure a diversidade e a expressão federativas. A duplicidade de funções no Legislativo federal contribui para distorcer duplamente o sistema de representação proporcional. Primeiro, por consagrar uma desproporção entre o percentual de eleitores de cada Estado e o de cadeiras na Câmara dos Deputados. Segundo, por associar a essa situação, agravando-a ainda mais, o caráter não proporcional do número de cadeiras no Senado, onde os Estados contam com o mesmo número de representantes, independentemente da variação no número de seus eleitores.
A Casa revisora, que representa as unidades da Federação, dispõe de mais poder que a Casa dos representantes do povo, pois sobre a vontade da Câmara de aprovar prevalece a vontade do Senado de rejeitar.
Não é de esperar que tal distorção, geradora de privilégios antidemocráticos, seja corrigida por iniciativa de seus beneficiários diretos -os parlamentares, em especial os senadores.
Daí a necessidade da convocação de uma assembléia constituinte exclusiva para a reforma política, que se oriente pela necessidade de prover de substância democrática as instâncias de representação.
Enquanto a constituinte exclusiva não vem, o projeto de reforma política em tramitação na Câmara poderia incluir algumas mudanças paliativas, como a de confiar ao Senado exclusivamente as funções referentes às questões da Federação e do Estado.
Além disso, por que não reduzir o mandato senatorial de oito para quatro anos, como ocorre com os demais cargos eletivos, e sujeitar os suplentes ao escrutínio do voto?
Por que não eliminar o sigilo nos atos parlamentares?
Há, pois, iniciativas a tomar, mais adequadas do que a proposta pueril de voto nulo nas eleições para o Senado. Pois, enquanto existir, o Senado, a despeito de sua malformação, representará um espaço institucional de disputa política que, "malgré lui", deve ser utilizado pelas forças progressistas para fazer avançar a democracia brasileira. "
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RUI FALCÃO, 63, advogado e jornalista, é deputado estadual pelo PT. Foi deputado federal, presidente do PT e secretário municipal de Governo de São Paulo (gestão Marta Suplicy). Texto publicado na Folha de S. Paulo. (Acesso para assinantes.)

domingo, setembro 16, 2007

Comunicação no Brasil: Entraves e censuras

ONG Internacional conclui que liberdade
de expressão no Brasil ainda é problemática

"Uma legislação incompleta e 'seriamente problemática', no que se refere à liberdade de imprensa e ao acesso à informação, e a perpetuação de normas datadas da época do regime militar são entraves inaceitáveis na democracia brasileira. Foi essa a conclusão da organização internacional de direitos humanos Article 19, depois de missão realizada no Brasil, em agosto deste ano, no intuito de analisar as condições da liberdade de expressão e do acesso à informação no país. No período, a organização que atua em mais de 30 países, realizou pesquisas em parceria com entidades da sociedade civil e do governo, além de jornalistas e membros dos veículos de comunicação do país.
Para a Article 19, o atraso na aprovação de um projeto de lei que visa alterar os critérios de acesso à informação e a existência de normas vagas e ultrapassadas limitam o direito ao conhecimento das informações públicas garantido na Constituição de 1988. O estudo considerou falha a Lei 11.111 de 2005, que trata dos critérios de definição de documentos confidenciais. A ONG recomendou ainda a adoção de padrões internacionais no que diz respeito a essa legislação. Entre eles, a máxima abertura, ou seja, a garantia de que "toda informação detida pelos órgãos públicos deve por princípio ser tornada pública, e esta presunção só deve ser abandonada em circunstâncias bastante limitadas".
A organização elencou outros cinco itens que merecem mais atenção por parte da imprensa, do governo e da sociedade brasileira. Entre os dados mais alarmantes está a enorme quantidade de processos indenizatórios contra jornalistas por parte de políticos e juízes denunciados por corrupção. Segundo o documento, advogados e jornalistas estimam que, em média, exista uma ação indenizatória contra cada um dos jornalistas que trabalham nos cinco principais veículos de comunicação do Brasil.
O valor gasto com indenizações deste tipo este ano já estava em R$ 80.000, enquanto em 2003 ele somou apenas R$ 20.000. A imprensa atribui este número, em parte, a má preparação de alguns jornalistas, mas considera que a maior parcela dessas cobranças é resultante de "abuso de poder". Como parâmetro para confirmar tal abuso, o relatório mostra que 80% das decisões consideradas procedentes em instâncias inferiores são revogadas quando chegam ao STF (Supremo Tribunal Federal) o que, segundo a Article 19, evidencia uma possível pressão realizada sobre os juízes locais ou um baixo conhecimento das normas relacionadas à liberdade de expressão.
Outro ponto de destaque relacionado aos jornalistas, está na quantidade de violências físicas e psicológicas a que os profissionais da mídia ainda são submetidos no Brasil. A organização encontrou uma divergência entre os dados da ANJ (Associação Nacional de Jornais) que indica apenas oito casos de ataques à liberdade de expressão em 2006, ao passo que a FENAJ (Federação Nacional de Jornalistas) computou 68 casos no mesmo período.
A ONG recomendou a criação de um programa de proteção à testemunha – jornalistas e denunciantes - e incentivou a denúncia de qualquer ameaça ou repressão, considerada fundamental para que o combate a esta prática seja eficaz. Para os jornalistas escutados na pesquisa, a maior parte das agressões surgem de políticos, traficantes ou policiais corruptos e o número de abusos só não é maior devido à auto-censura já instituída nos órgãos de imprensa.
A democratização dos meios de comunicação foi outro aspecto que recebeu destaque. Tanto no que tange à concentração dos veículos de comunicação, quanto ao péssimo e demorado processo de concessão de licenças para rádios comunitárias no Brasil. O relatório também critica a ausência de um canal público, que o governo afirmou criar ainda este ano, e a ausência de políticas que incentivem o desenvolvimento de veículos independentes.
Segundo dados mostrados na pesquisa, apenas seis veículos comandam o mercado de TV no Brasil. Eles movimentam três bilhões de dólares por ano, sendo que, deste valor, a Rede Globo é responsável por mais da metade. Entre as soluções propostas pela ONG, no intuito de mudar esse quadro, estão a complementariedade dos setores público, privado e comunitário, a valorização da diversidade no processo de concessão de licenças e a adoção de regras claras e justas para a proteção do interesse público na radiodifusão.
A Article 19 elogiou, contudo, a forte atuação da sociedade civil brasileira no sentido de dar maior transparência às informações pública, por meio de campanhas e criação de ONGs. A organização internacional também ressaltou a iniciativa do governo de manter e aprimorar o Sistema Integrado de Administração Financeira ( SIAFI) com o objetivo de aumentar a transparência dos gastos dos diversos órgãos da administração pública federal, o que, segundo a organização, pode ser um facilitador do acompanhamento da execução das políticas públicas e do combate à corrupção.
Clique aqui para acessar o Contas Abertas e ler o relatório na íntegra.
Simone Sabino
do Contas Abertas

Gastos astronômicos do Governo

Carrinho de Compras:
STJ reserva R$ 80 mil para a compra de 8 laptops
e R$ 14,5 mil para serviço de lavanderia

"Alguns dos grandes tribunais do país fizeram compras um tanto quanto curiosas na última semana. O Superior Tribunal de Justiça (STJ), por exemplo, reservou em orçamento (empenhou) R$ 80 mil para a compra de 8 notebooks para atender à coordenadoria de relacionamento do órgão. Se esses laptops, que custaram R$ 10 mil cada, forem destinados aos ministros do tribunal, só resta torcer para que eles sejam usados com cautela, para evitar incidentes como o que ocorreu recentemente no julgamento do caso do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, dois ministros trocaram mensagens eletrônicas pessoais no plenário da corte sobre o processo e a imprensa conseguiu visualizar. O "incidente" causou constrangimento aos participantes do caso.
O STJ comprometeu também R$ 4 mil para a aquisição de uma televisão LG de 42 polegadas, que será usada no gabinete do diretor geral da instituição. A diretoria agradece... O órgão empenhou ainda, R$ 14,5 mil para pagar serviços de lavanderia. Será que tudo isso é para manter belíssimas aquelas tradicionais vestimentas usadas pelos ministros em plenário? Já o Tribunal de Contas da União (TCU) reservou R$ 29,4 mil para comprar 18 cadeiras ergonômicas giratórias. Cada uma saiu, por meio de pregão, por R$ 1,6 mil. Oito delas estão descritas no documento como "cadeiras executivas presidente". Menos mal. O pior seria se fosse qualquer poltroninha por esse preço.
Quem também comprou um estoque de poltronas foi a Presidência da República. O órgão empenhou R$ 13 mil para pagar 30 unidades e R$ 38,2 mil por 100 cadeiras "desenhistas". Para completar o jogo de móveis, o TCU comprometeu R$ 20,5 mil para a aquisição de oito mesas de trabalho, oito gaveteiros para serem usados junto às mesas e duas mesas de reunião: uma oval e uma redonda. Os 18 objetos são de madeira e foram obtidos por pregão.
No Congresso, a Câmara dos Deputados quase passou despercebida esta semana nas notas de empenhos, se não fossem por dois motivos. O órgão reservou quase R$ 1 milhão para pagar serviços de limpeza e conservação da Casa. O valor inclui de tudo, desde fornecimento de material até pagamento de 13° salário para os funcionários responsáveis. A Câmara comprometeu ainda R$ 19,6 mil para contratar, até o fim do ano, o restaurante Hibisco Self Service, que se localiza no prédio principal do Senado. A conta inclui almoços, jantares, coquetéis e lanches. O estabelecimento também possui contrato com o Senado. No entanto, a Casa pagou bem menos do que a Câmara. Foram desembolsados R$ 30,7 mil para custear serviços de lanchonete de outubro de 2005 até outubro deste ano." Fonte: Contas Abertas.

Perseu Abramo: debate de idéias

Biblioteca Digital da Fundação Perseu Abramo
São 43 livros de graça para download.
Carta Maior
"Em comemoração aos 10 anos da Editora Fundação Perseu Abramo, lançamos a Biblioteca Digital da Fundação Perseu Abramo.
São 43 livros do nosso catálogo disponíveis na íntegra para download gratuito. A iniciativa, inédita em termos quantitativos, busca aumentar o alcance de nossas publicações e incentivar a circulação e o debate de idéias.
Para tanto, selecionamos títulos os mais diversos, de autores que vão de Celso Furtado e Mário Pedrosa a Mark Twain, passando por nomes importantes do pensamento contemporâneo, como Aloysio Biondi, Maria da Conceição Tavares, Paul Singer, Maria Victoria de Mesquita Benevides e Maria Rita Khel, entre outros.
Reflexões sobre o socialismo e sua história, o que inclui a trajetória do Partido dos Trabalhadores e outros movimentos sociais, além de visões críticas e aprofundadas do Brasil atual, estão entre os temas mais abordados nos livros. Mas há também espaço para estudos sobre manifestações culturais que vêm definindo a cara do novo século, casos do hip-hop e o software livre.
Os livros poderão ser baixados no portal da Fundação Perseu Abramo (www.fpabramo.org.br) a partir do dia 19/9.
A maior parte das obras disponibilizadas na Biblioteca Digital permanece sob a licença de Copyright, com direitos reservados à Editora Fundação Perseu Abramo e a seus autores. Nestes casos, é proibida a reprodução das obras no todo ou em parte; a citação é permitida e deve ser textual, com indicação da fonte. Existem algumas obras da Biblioteca Digital que estão sob a licença Creative Commons. Isso é indicado na página de download de cada obra."
Assessoria de imprensa:
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Editora Fundação Perseu Abramo
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terça-feira, setembro 11, 2007

Todos ao Ato Público

MINISTRA MARINA SILVA CONFIRMA PRESENÇA
EM ATO PÚBLICO POR UM DIESEL LIMPO EM FAVOR DA SAÚDE

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, confirmou presença no ato público que o Movimento Nossa São Paulo: Outra Cidade promove amanhã, quarta-feira.
O evento também contará com a participação do secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, do presidente do Ibama, Bazileu Alves, além de outras autoridades e especialistas na área.
Conforme resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), o combustível, que atualmente contém 500 ppm (partículas por milhão) de enxofre quando comercializado em área urbana e 2000 ppm em outras áreas, deveria conter 50 ppm – quantidade ainda extremamente alta quando se comparada aos padrões internacionais.
Em muitos países a proporção é de 10 ppm.
A substância é extremamente cancerígena e mata,
só em São Paulo, 3 mil pessoas todos os anos.
Você é nosso convidado. Participe.
Quando: 12/9, das 10 às 12h
Onde: Teatro Anchieta do Sesc Consolação
(R. Dr. Vila Nova, 245)


Visite o site do Movimento Nossa São Paulo.

sábado, setembro 08, 2007

Fundação José Augusto: ‘Ninguém merece’

O editor e sebista natalense Abimael Silva, 44, cuja loja, o Sebo Vermelho, na avenida Rio Branco, 705, é um reduto de intelectuais, amigos e curiosos, que ali encontram abrigo para dessedentar a secura e encontrar lenitivo sobre os rumos, veredas e descaminhos, além das últimas novidades do mundo cultural da capital, muito além da fama de ser uma organização desorganizada, não mede palavras quando inquirido sobre o seu ofício. Na sua faina de editor, já conta com mais de 212 títulos, estando sempre alerta para trazer à luz autores e obras que se perderiam nas gavetas e nos escaninhos das desventuras de quem vive em terras "madrastas".
Na entrevista, publicada em forma de depoimento inteiriço, que concedeu ao Caderno Encartes, do Jornal de Natal (10/09), entre o atendimento que fazia a seus clientes, na semana passada, Abimael pôde alinhavar uma aguda apreciação sobre o momento vivido pela cultura no Rio Grande do Norte, no momento, com enfoque especial sobre o desempenho da Fundação José Augusto, principal organismo de promoção do assunto no Estado, para o que dispõe de verbas que se situam em torno de R$ 2 milhões.
O leitor pode ter uma idéia, a partir dos subsídios oferecidos pelo editor e homem de cultura, de como se dá a política estabelecida pelo Partido dos Trabalhadores, no gerenciamento da principal agência cultural no Estado do Rio Grande do Norte.
Com a palavra, a partir daqui, Abimael Silva:
"É lamentável, mas, a política cultural do estado, no presente momento, é de fazer vergonha ao leigo que mora distante, que está visitando Natal. Ele sente essa coisa, eu diria, meio ridícula, do ponto de vista da prática cultural. Porque, sinceramente, tem umas coisas que a gente não pode admitir. Como exemplo, a revista Preá deixou de existir. O último número que saiu foi de maio de 2006. Acontece que a revista Preá passou a ser um patrimônio não do Governo do Estado nem da Fundação José Augusto, nem nada. Passou a ser um patrimônio do povo potiguar, do povo norte-rio-grandense. E, simplesmente, não só isso aí. Ela era um orgulho para o Brasil, com intercâmbio cultural. Ela fazia, de repente, matérias com Ariano Suassuna, com Fernando Morais, com "n" figuras importantes. Com Affonso Romano de Sant’Anna falando coisas importantes sobre a nossa cidade. E muitos e muitos outros.
E com um grande diferencial. A Preá tinha uma grande novidade, que era dar vez e voz ao cidadão comum que mora lá no seu interior, que nunca teve espaço na mídia, na produção cultural do Estado. A revista ia lá e mostrava a cidade, em todos os ângulos. A revista dava vez e voz a essas figuras, a esses artistas anônimos, que são artistas até anti-heróis, sob certo ponto de vista, porque ele, com muito talento, com muita qualidade, muita originalidade, mas nunca teve espaço para mostrar a sua obra. E a revista Preá era esse espelho, essa vitrine, que fazia tudo isso. E com outras qualidades mais. Mas acontece que, de repente, resolveram, porém, acabar com a revista e criar um jornal, no lugar da revista, e não deram uma palavrinha, para dizer: "Olha, a revista não vai mais circular". E fica aquele mundão de leitores procurando: "Cadê a revista?" Isso, pegando só num ponto, que é este da revista Preá.
Depois, se você for observar bem, a nossa cultura está muito chinfrim. Está muito sem futuro, porque não acontece nada que tenha uma qualidade mesmo. Hoje, por exemplo, não é ciúme, nada, mas é vergonhoso o quadro humano da Fundação José Augusto. O quadro profissional, o quadro de artistas, gente que trabalha com a cultura. Conclusão: hoje, a fundação não faz nada. Dizem, apenas, segundo os jornais, que estão zerando as contas antigas e tal. Tudo bem. Claro que tinha muita conta. Mas ninguém pode ficar só pagando contas antigas, sem mostrar nenhuma produção. Isso aí vergonhoso, também. "

Fundação José Augusto: ‘Ninguém merece’

"E, por outro lado, se você observar bem: eu sou amigo de Crispiniano Neto, não tenho nada contra ele; sou amigo de Fábio (Fábio Henrique Lima de Almeida, nomeado pela governadora Wilma de Faria, em 27.02.2007, para exercer o cargo de provimento em comissão de Diretor da Fundação José Augusto); conheço "n" figuras da fundação. mas, simplesmente, a direção do PT que indicou esses nomes aí deveria se mancar um pouco e respeitar as pessoas que fazem cultura aqui na nossa cidade. Porque, antigamente, a Fundação José Augusto editava livros; recuperava o patrimônio histórico e arquitetônico da cidade; promovia encontros culturais; intercâmbios entre Natal-Pernambuco e outros; realizava promoções no campo das artes plásticas. Todo mês promovia uma exposição de um grande artista potiguar, ou nordestino, ou brasileiro.
Depois, por último, criou essas Casas de Cultura, mas simplesmente, hoje, a Fundação José Augusto não faz absolutamente nada. Nada. nada. A grande coisa que fazia de grande importância era a revista Preá. Era simplesmente a revista Preá. Essas Casas de Cultura, hoje, são, nada mais, nada menos, do que umas Capitanias Hereditárias, onde todas fracassaram. Porque as capitanias hereditárias, houve a de São Vicente e a de Pernambuco que deram lucro, que funcionaram. Das Casas de Cultura, não tem uma que seja um exemplo. De se dizer: "essa aqui está honrando o nome, o investimento que foi feito". Depois, vive-se aí falando de se criar mais 30, 40 casas. Eu acho que a única coisa positiva disso aí é recuperar a arquitetura da cidade, nessa casa. Só. O restante é só defeito. Porque eles colocam simplesmente umas pessoas que não sabem nem, se você disser assim: "Fulano, quantos caroços tem um abacate?" Tem alguns profissionais que não sabem nem responder isso. De você dizer assim: "Mas, meu colega, como é que pode, você ficar à frente disso aí?".
Depois, por outro lado, fica a Casa de Cultura brigando com o município. A Casa de Cultura, que é do Governo do Estado, fica brigando com o município. Um grande exemplo é Macau. Eu fui promover um evento lá, e sugeri para o administrador: "Olhe, vamos fazer aqui na Casa de Cultura". Ele disse: "Não, não pode, porque isto aí é do Governo do Estado. Vamos fazer nesse outro, que é do município." Isso é inadmissível em pleno 2007. No século XXI e tal, com toda essa modernidade, não pode existir uma coisa dessas. Não pode, mesmo, de nenhuma maneira.
Enquanto isto, também não é absolutamente nada pessoal, como já falei, a Capitania das Artes vem dando goleada em cima de goleada, com relação ao fazer cultural na cidade. A Capitania está sendo um exemplo. Se a gente pensar bem, só o Governo de Djalma Maranhão foi quem mexeu tanto com a cultura potiguar, com a cultura natalense. E mexer com qualidade. Com a cultura popular, com a cultura erudita, com música, com publicações. Por exemplo: a revista Brouhaha é a melhor publicação que foi feita no Rio Grande do Norte desde 1599. Nunca se fez uma publicação tão séria, em nível de conteúdo e no nível de qualidade gráfica, quanto a revista Brouhaha. Aquilo ali, sim, é que um exemplo. É um cartão-postal. Quando a gente manda para uma pessoa de fora, chega você se sente orgulhoso. Em saber que a pessoa que vai receber lá já vai fazer uma questão de querer ser um assinante. De querer ter um contato, um intercâmbio, para ficar recebendo essa publicação. Isso sim é que é fazer uma coisa diferente."

Fundação José Augusto: ‘Ninguém merece’

"O Teatro Sandoval Wanderley ficou três ou quatro anos parado. Agora, toda semana, de 15 em 15 dias estão acontecendo eventos no teatro. Uma coisa muito interessante. Ligando música com poesia. E com um grande diferencial: ou de graça, ou custando uma coisa simbólica, de um real.
Outra iniciativa que engrandece a nossa cidade é esse encontro de escritores natalenses (Encontro Natalense de Escritores - ENE), que a prefeitura promove, juntamente com a Capitania das Artes, e que é um cartão-postal também da nossa cidade. Saem notícias na grande imprensa de São Paulo, do Rio de Janeiro, Pernambuco. Aí sim é que é você fazer a cultura com boas intenções.
Falando exatamente num ponto como Lei de Cultura. Lei de cultura, pelo amor de Deus! A Lei de Cultura é uma vergonha até para o próprio Governo do Estado. Tanto a lei municipal quanto a lei estadual. Porque a Lei de Cultura só beneficia quatro ou cinco grupinhos, fica fazendo aquela coisa: "de volta ao começo, sempre". Com uma "cultura" sem nenhuma qualidade, em termos de conteúdo. O mais absurdo ainda: hoje em dia, se o cidadão for contar os palitos de uma caixa de fósforo, bota na Lei de Cultura para contar esses palitos de caixas de fósforo. Se você for apagar uma lâmpada, bota na Lei de Cultura. Tudo que se faz aqui em Natal, é via Lei de Cultura. E o grande diferencial é exatamente os valores.
Agora, por exemplo: o Festival de Gastronomia de Mossoró vai custar meio milhão de reais. Isso, ninguém pode admitir isso aí. Porque é o dinheiro público que está sendo levado para um produto sem qualidade. Porque ninguém me convence de que, para fazer um festival de gastronomia, durante dois dias, três dias, você vá gastar meio milhão de reais. Eu sou amigo de Racine Santos, há muito tempo, mas aquilo ali é um caso para, sinceramente, até a lei, o Ministério Público, eu acho, investigar. Porque não pode a Lei de Cultura aprovar 580 mil reais para o Circo da Luz fazer a produção durante um ano. Ou seja, 12 apresentações em cada cidade. Tem de ser 50 mil reais para você fazer um evento de um dia numa cidade. Isso aí na pode existir. É você não dar importância ao dinheiro público."

Fundação José Augusto: ‘Ninguém merece’

E, eu não quero levantar nada, mas é até uma coisa muito esquisita nesse ponto. Agora mesmo está passando uma propaganda na televisão, de uma tal de Feliz-Idade. Eu pensava até que fosse coisa da terceira idade, dos velhinhos e tal. Mas, que nada. É simplesmente um show de Renato e Seus Blue Caps, os Folhas, The Fevers e Os Trepidantes. Simplesmente, esse projeto custa 600 mil reais. Com um dinheiro desse dá para você comprar três, quatro ônibus, de extrema qualidade.
Dá para você construir 50 casas populares, só com um projeto desses, de cultura, extremamente duvidoso. E também, o mais agravante: se você fizesse e deixasse tudo no 0800, em termos de cobrança de ingresso. Mas, que nada. Tudo que se faz, você cobra ingresso. Você cobra um valor - 10, 20, 30 reais. Quando é um carnaval fora de época, você apresenta também na Lei, um valor absurdo, tipo 400, 500 mil. E ainda vende uma camisa por 30 reais. Com isso aí, a Lei de Cultura já perdeu toda a credibilidade. Ela já caiu no ridículo. Ela provou que não tem nenhuma importância. Muito pelo contrário, ela é só para beneficiar alguns grupos, que todo ano vão renovando isso aí.
E depois, é para desmoralizar mesmo a nossa cidade. Noutro ponto, o que seria uma solução disso aí, seria o governo criar um Fundo de Cultura, com uma comissão séria, com nove ou 11 componentes de qualidade. E, ao fazer isso aí, chegar o cidadão, perguntar: "Colega, quanto é o seu projeto? É R$ 50 mil? Não, ele só vale R$ 18 mil. Então, está aqui os R$ 18 mil". Isto para socializar, para distribuir a cultura. E não ficar nisso aí. Porque assim, dez empresas que promovem dez eventos, levam todo dinheiro da Lei de Cultura, R$ 4,5 milhões, R$ 4 milhões. E nunca se renova. Todo ano é isso aí. Não pode existir uma coisa dessas.
A Fundação José Augusto, hoje, com todo respeito, tem a maior concentração de cabas incompetentes, inúteis, por metro quadrado. A Fundação hoje tem 1.150 funcionários. Mil cento e cinqüenta funcionários que levam do erário, mensalmente, quase dois milhões de reais.E simplesmente não tem nenhuma produção. Nenhuma produção mesmo. Então, simplesmente, eu queria saber qual o critério que se usa para colocar essas pessoas lá? Porque tem cidadão, colega, que não sabe nem ferver uma água. E está na Fundação José Augusto. Tem caba lá que ganha o diploma de preguiçoso, em nível de Rio Grande do Norte. Ganhou o Diploma do Maior Preguiçoso do Rio Grande do Norte, e está lá. Cargo comissionado. Ocupando uma coisa em que você tem que promover, você tem que fazer cultura. Isso é simplesmente demais. E é uma agressão ao natalense, ao norte-rio-grandense. E principalmente às pessoas que trabalham na área cultural. Porque, de repente, nisso aí, está se usando dois pesos e duas medidas. Porque você pega e coloca um fulano que não sabe fazer absolutamente nada. E aí, quando você está na Oposição, fica criticando fulano, beltrano e sicrano, por isso e por isso. Porque é corporativismo, porque ali está puxando a sardinha para o seu lado.
Porque, se se coloca essa coisa de que "Fulano é do Partido tem que entrar e tal", era para se colocar uma pessoa do Partido, e um prático ao lado. Um prático ao lado, para que se pudesse dizer: "Olhe, eu não vou fazer, não, agora, Fulano vai fazer". Porque, senão, a cultura do Rio Grande do Norte vai começar a cair no ridículo, assim, na ponta do lápis, em nível de Brasil. Porque quando um cidadão tomar conhecimento que, de repente, a revista Preá acabou e você nem diz nada nem oficializa o enterro, isso é demais."

Sobre o Capítulo Stalin da nossa história

Duelo ao entardecer
Fernando Gabeira
Folha de S. Paulo, São Paulo, sábado, 08 de setembro de 2007
"DE UM PONTO de vista simbólico, quarta-feira alguém irá morrer: ou o Senado ou Renan Calheiros. O resultado ainda é imprevisível. Dizem que o governo salvará seu "enfant gaté". O ministro da Defesa, que é um elefante na cristaleira, mas celebrado pelos escribas deslumbrados, foi visitar Renan e levar-lhe solidariedade.
Trabalho com a hipótese de o governo salvar Renan. Não a prefiro, mas já me acostumei com a realidade que desafia o bom senso. Se isso acontecer, a batalha não estará perdida. Abre-se apenas uma nova fase, bem ao gosto dos opositores que desejam o pior. Uma fase do tipo os deuses enlouquecendo aqueles a quem desejam destruir.
Certas cabeças, se é que podemos chamá-las assim, do governo podem pensar: danem-se a classe média e todos os indivíduos instruídos do país, a elite. Acomodem-se os pobres, porque, afinal, estão recebendo seu quinhão de Bolsa Família e não têm nada que opinar sobre Renan. Faremos o que quisermos, não importam as conseqüências.
A hipótese de absolvição de Renan com a ajuda do governo trará sobressaltos, possibilidades imprevistas. Lula colocou o PT acima da ética. Ele pode afirmar também que ninguém é mais ético que Renan, pois o senador uniu-se umbelicalmente ao projeto do PT. Ou pode dizer também que ninguém sabe o que aconteceu quando os fatos se desenrolarem.
Todos nos acostumamos com o desenrolar pacífico da democracia brasileira. Mas o surgimento de uma aliança de quadrilhas, encarando o país com um cinismo revoltante, é um dado perigoso. Vamos rezar pelo bom senso. Vamos trabalhar por ele. Mas, caso a loucura onipotente predomine, os brasileiros terão de admitir que a história não é um piquenique. Ou serão devorados como um sanduíche e bebidos como uma tubaína de Alagoas.
Indivíduos fizeram sua escolha.
Lobão, por exemplo, foi ao Congresso com uma camiseta que explicava, com humor, o momento em que vivemos: peidei, mas não fui eu. Tico Santa Cruz acampou na frente do Senado e desenhou uma bandeira do Brasil com laranjas.
Artistas, diriam, têm suas prerrogativas. Nem todos são artistas, nem todos podem viajar a Brasília.
Apesar da patética fragilidade diante da história, só os indivíduos, no momento de torpor coletivo, podem encarnar a esperança.
Os que se calam hoje, com medo de fazer o jogo da direita, deveriam consultar a história, capítulo Stálin. Os momentos de cumplicidade com o crime são doces e suaves. A vergonha vem depois."
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assessoria@gabeira.com.br (Texto.)

Picuinhas no Bordel Brasil

Madame Bovary no bordel Brasil
Manuel da Costa Pinto
Folha de S. Paulo, São Paulo, sábado, 08 de setembro de 2007
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Modo como o tema da prostituição domina a cena
em "Paraíso Tropical" ecoa romance de Flaubert

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"O LANÇAMENTO pela editora Nova Alexandria de volume comemorativo dos 150 anos de "Madame Bovary", de Flaubert, no momento em que "Paraíso Tropical" chega a seu clímax, ajuda a ler as filigranas do trabalho de Gilberto Braga. Matéria sobre "Paraíso Tropical" com depoimentos de intelectuais e a coluna de Marcos Augusto Gonçalves publicadas na Ilustrada reiteraram a idéia de que as telenovelas são para o Brasil atual o que os folhetins foram para o século 19.
Não há dúvida: Gilberto Braga, Sílvio de Abreu ("Belíssima") e Aguinaldo Silva ("Senhora do Destino") bebem em Balzac e companhia. Acrescente-se que, assim como os escritores oitocentistas inoculavam elementos perturbadores em retratos de época, nossos teledramaturgos devem seu sucesso a ênfases sutis na anomalia social.
O paralelo com "Madame Bovary" torna-se precioso quando lemos os autos do processo contra Flaubert (incluídos na edição), pois o promotor Ernest Pinard faz uma leitura do romance que é uma pérola de sensibilidade literária a serviço do mais obtuso moralismo.
Ao resumir a "queda" de Emma Bovary -mulher de um médico de província que, intoxicada pela leitura de folhetins sentimentais, aspira a uma vida galante, envereda pelo adultério e termina se suicidando-, Pinard chama a atenção para as inversões quase imperceptíveis pelas quais o escritor faz da lascívia o estado natural das coisas.
Em dado momento, o narrador diz que Emma é vítima "da degradação do casamento e das desilusões do adultério" -frase na qual Pinard detecta argutamente uma perversão da ordem: a descrição do matrimônio como forma de moléstia que nem a mais abnegada infidelidade consegue mitigar.
E em outra passagem, na qual Flaubert narra a extrema-unção de Emma como um êxtase erótico, Pinard observa "a mistura do sagrado e do voluptuoso" que faz desses "Costumes de Província" (subtítulo do romance) o "cântico do adultério" escrito por um artista "hábil em corrupções". Guardadas as proporções, Gilberto Braga faz algo semelhante. Mais do que retratar uma elite corrupta, "Paraíso Tropical" propõe que a prostituição é a argamassa e o modo de funcionamento da sociedade.
A relação entre o oportunista Olavo e Bebel, garota de programa que tenta sair do calçadão, ainda pertence ao tema do arrivismo, característico dos folhetins, aplicado agora ao país do compadrio. Braga vai além: quase todas as personagens, heróis e vilões, de alguma maneira têm um pé na zona.
Paula, a gêmea boa, foi criada por uma cafetina. Antenor tem vergonha do fato de ser, literalmente, filho da puta. Marion agencia acompanhantes para ricaços. E Joana, ao tentar se prostituir, descobre ser filha do proxeneta Jáder, que manteve com sua mãe um caso que cheira a rufianismo. Em "Paraíso Tropical", a sacanagem de alcova é o ar que elites e classes subalternas respiram; impregna tudo silenciosamente e revela a mecânica das outras sacanagens, que estão nas manchetes dos jornais." (Texto.) (Foto: Isabelle Huppert em Madame Bovary, filme de Claude Chabrol (1991))

quinta-feira, setembro 06, 2007

Poeta de bem com o povo brasileiro...

O poeta paraibano Jessier Quirino é uma das sumidades consagradas na literatura e na música nordestinas, enfocando em sua obra, de preferência, o universo político, segundo as observações de um matuto. Reconhecido hoje como uma referência em escolas e nas próprias academias de todo o país, Jessier é autor de centenas de poemas que têm a cara e o jeito do mais bravo sertão das terras de Macunaíma. Presente em Natal pela terceira vez, participou, na última terça-feira, dia 4, do Projeto Seis & Meia, dividindo o palco com o flautista potiguar Carlos Zens. Na sua apresentação, pôde trocar figurinhas e deleitar o público, que lotou o Teatro Alberto Maranhão, com dois mestres da poética potiguar, nas pessoas de Bob Motta e Antônio Francisco. Abaixo, reproduzimos, com todos os créditos, a bela entrevista colhida pelo repórter Rafael Duarte, do Caderno Viver, da Tribuna do Norte, na qual Jessier Quirino nos conta da evolução vitoriosa de sua trajetória nas terras desse Brazilsão sem dono.
Com a palavra, Rafael Duarte, repórter: "Nesta conversa, Jessier Quirino fala das influências que tem no RN, de política e das críticas que recebe por valorizar a linguagem ‘errada’ do matuto.
VIVER - Essa é a terceira vez, em pouco mais de três meses, que você vem ao Rio Grande do Norte. Essa relação vem de muito tempo?
Jessier Quirino - Na verdade, como a Paraíba e o Rio Grande do Norte são irmãos, temos essa afinidade muito grande. Meu trabalho tem tido um reconhecimento muito grande aí (no RN), foi um vínculo que criei quando enveredei pela área artística, fruto do meu próprio trabalho.
Mas o RN chegou a inspirar alguns dos causos que você transformou em poesia? O RN sempre foi um celeiro de grandes causos e artistas. Acho que todo artista, por exemplo, tem obrigação de conhecer a obra de Cascudo. Particularmente admiro muito o Renato Caldas, os poetas de Assu em geral. Como pesquisador, minha admiração pela obra de Renato é latente porque a poesia dele tem um lado lírico, como Zé Limeira e Zé da Luz, da Paraíba e Patitva do Assaré, no Ceará. Na irreverência, os mais jocosos de que gosto muito também são Session e Celso da Silveira. Já do ponto de vista da nordestinidade, Oswaldo Lamartine e Cascudo são, para mim, as principais figuras. Uma pessoa que conheci há pouco tempo e gostaria de destacar é um autor de Acari, Paulo Balá, também muito importante.
Você e Oswaldo Lamartine chegaram a se conhecer, conversaram sobre algo?
Conversar assim, não. Mas tive pena, uma vez, quando soube que ele estava presente num show que fiz. Faz algum tempo, ele ainda estava bem de saúde. Mas só me disseram depois, porque eu iria chamá-lo para o palco. Isso eu teria colocado até no meu currículo (risos).
"Comício em Beco Estreito" é uma crônica fiel do fazer política no Brasil e, ao mesmo tempo, uma crítica ao modo como o povo absorve esse discurso. Por conta disso, você esperava tanto sucesso?
Na realidade, "Comício em Beco Estreito" foi feito em 1999, mas só foi publicado em 2001. É muito caricato. Como usei algumas expressões de baixo calão, pensei que fosse circular só no meio da molecagem. Fiquei surpreso sim porque coloco o dedo na ferida de um câncer do País... na verdade, fiquei surpreso por toda minha obra, que é meio moleque de rua.
De lá para cá, seus shows também se tornaram mais políticos ou continuam falando de tudo, como no início?
A crítica no meu trabalho não tem uma direção partidária, é generalizada. Minha postura crítica é apolítica, muito caricata, muito emblemática. Além do "Comício..", tenho um poema do "Matuto Coroné", outro que fala das eleições, é uma crítica de forma generalizada...
Essa postura artística é, também, pessoal?
Também é minha como pessoa. Acho que todos os artistas têm que ter uma posição política. Na própria poesia a gente já percebe um posicionamento político. E eu faço isso com muita graça, um trabalho que pede reflexão.
O matuto também é um ser político?
No geral ele é manipulado pela política. Existem setores que são mais reflexivos, mas de uma forma mais ampla, a gente vê que o matuto é manipulado pela promessa de chuva, pela esmola...
Em meio à essa surpresa que você fala em relação a aceitação da sua obra, o fato de ter atraído a classe média e estudantes universitários também foi inesperado?
Muito. O que tenho observado é que algumas pessoas do interior que moravam nas cidades tinham reservas em dizer de onde eram. Preferiam destacar quanto tempo já tinham de cidade. No entanto, hoje vejo que os que moram na cidade e são do interior, não fogem às raízes. Esse pessoal viu meu trabalho com toda essa vivência do campo e acabou adotando a obra como bandeira. É um sentimento de valorização, claro que ainda que tardia, mas que reconhece essas origens.
Você disse outro dia que gosta de ouvir as palavras ditas erradas porque acaba transformando-as em motes ou versos do seu trabalho. O que os "guadiões da oralidade" tem achado disso?
Já tive alguns problemas. Existem alguns setores intelectuais que condenam porque acham que o matuto fala errado porque desconhece, e não deveríamos provocar esse erro. Mas o que o matuto tem, de fato, são vícios dessa linguagem. No final das contas, não é uma linguagem errada, mas diferente. Assim como a rabeca é diferente do violino, e não um violino errado. Faço isso em defesa dos próprios valores, a gente precisa respeitar as diferenças. O que nós condenamos, a própria obra conduz a isso. Minha poesia está em sala de aula, é uma espécie de referência. Hoje estou sendo, na área didática, fonte para corrigir o aluno e valorizar nossas origens
As críticas à minissérie "A Pedra do Reino" têm a ver com isso?
Não sei. Para mim foi uma obra completa, de uma referência muito mais profunda. Acho que as pessoas, naquele caso, tinham o olhar voltado para um segundo "Auto da Compadecida". Mas como foi um trabalho muito hermético, houve um choque. Mas a intenção era fazer uma coisa com mais profundidade.
E como foi participar dessa produção?
É uma coisa grandiosa. Apesar de não ter formação teatral, nunca estudei teatro, participei de todo esse processo. Foi um lucro grande que vai para o meu currículo." (Texto: Tribuna do Norte, 04.09.07. Foto: Divulgação.)

Serenamente gay...

Apresentador de TV sai do armário na Itália
da Folha Online
04/09/2007
"A TV italiana já tem seu primeiro apresentador gay assumido. É Stefano Campagna, do telejornal "Tg1", do canal público RAI. Ele saiu do armário em entrevista ao site "Telegiornaliste".
"Sou simples e serenamente gay", disse o âncora, que é formado em ciência política, está na RAI desde 1997 e já viveu na África e no Oriente Médio.
Ele considerou uma "grande conquista" o fato de conduzir um telejornal. O jornalista afirmou que a homofobia ainda é forte e que sua experiência não foi fácil.
O âncora disse também que sua mensagem é voltada para muitos homossexuais que ainda vivem no armário, em silêncio.
A entrevista de Campagna repercutiu na Itália. Ativistas comemoraram o "outing" de uma personalidade da mídia e elogiaram a iniciativa do âncora de expor sua orientação sexual. O deputado italiano transexual Vladimir Luxuria classificou de "corajosa" a decisão do apresentador." (Foto: divulgação. Texto.)

Enquanto isto, no Senado da Corte...

Escândalo gay derruba senador nos EUA
BBC Brasil
01.09.07
"Craig era conhecido por suas posições anti-gays
O senador republicano Larry Craig anunciou neste sábado que vai deixar o cargo após admitir ter se aproximado com intenções sexuais de outro homem em um banheiro público.
"Peço perdão pelo que causei. Lamento profundamente", disse ele em seu discurso de despedida.
De acordo com o registro da polícia, no dia 11 de junho, Craig entrou em um cubículo ao lado de onde estava um policial à paisana, no banheiro do aeroporto de Mineápolis, e bateu com o pé de uma maneira que o oficial reconheceu como sinal de "vontade de se engajar em conduta sexual".
O senador de 62 anos então gesticulou por baixo da divisória do cubículo, antes de ser detido. Na delegacia, ele admitiu o ocorrido "na esperança de encerrar o caso rapidamente".
Histórico
Mas Craig disse que foi mal-interpretado pela polícia. Após o caso vir à tona, esta semana, o senador, casado e pai de três filhos, insistiu dizendo que "não sou gay. Nunca fui gay".
Mesmo assim, ele vinha enfrentando uma pressão crescente de integrantes de seu próprio partido para se demitir.
"O senador Craig tomou a decisão correta para consigo mesmo, sua família, sua constituinte e para o Senado americano", disse o porta-voz da Casa Branca, Scott Stanzel, após a renúncia.
Representante do Estado de Idaho pelo partido Republicano, Craig era conhecido por adotar posições contrárias aos homossexuais, tendo votado contra a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo." (Fonte: BBCBrasil.com. Foto.)

Para políticos do babado...

Confira algumas dicas para evitar
o vexame de ser pego com a boca na botija.
1 - Evite "estacionar" no mictório. Passar muito tempo segurando o dito-cujo é o primeiro sinal de outras intenções no banheiro —principalmente se ao seu lado estiver um bofe-escândalo!!!
2 - Não desperdice água com sucessivas descargas fingindo uma crônica incontinência urinária. Nem demore séculos lavando as mãos, olhando pelo espelho quem está no mictório. Os rios da cidade agradecem.
3 - Para evitar riscos no banheiro do seu trabalho, prefira ocupar o reservado. Mas não ponha seu pé nem a cabeça por debaixo da divisória. Nada de passar o espelhinho por baixo para conferir as necas ao lado.
4 - Mire só a parede em frente ao mictório, com o olhar de um peixe morto e os lábios cerrados. Evite respiração ofegante. Junte bem as pernas, como uma bailarina. Evite tirar tudo para fora da braguilha. No final, não faça barulho ao balançar sua genitália.
5 - Evite visitar os banheiros de todos os andares do shopping em menos de 30 minutos. Sua mania de querer demarcar território, como um gato, pode ser flagrada por câmeras e ser confundida como roteiro de pegação.
6 - Nada de se distrair riscando mensagens nas portas dos reservados, descrevendo suas preferências sexuais ou indicando número do celular, e-mail e MSN. Não faça buracos nas portas com canivetes.
7 - Nunca suba em cima do vaso para espiar sobre a divisória. Há o perigo de o assento quebrar e você sujar aquele seu tênis caríssimo Adidas ou Puma e a barra de seu jeans Diesel ou Dolce & Gabbana.
8 - No reservado, evite se ajoelhar entre o vaso sanitário e a divisória. O espaço costuma ser pequeno, e você corre o risco de ficar entalado, sendo obrigado a gritar por ajuda ou quebrar uma das costelas para sair.
9 - Nunca, mas nunca mesmo, use o reservado dos deficientes físicos. É um lugar espaçoso, as barras são ótimas, mas você está usurpando um direito alheio. Também não fique na porta do banheiro escolhendo vítimas.
10 - Mona, banheiro não é camarim. Evite levar sua completíssima nécessaire francesa para espremer calo, molhar o cabelo, retocar o topete, trocar o perfume, o desodorante ou passar o fio dental. Fuja da guerra. (Texto: Sérgio Ripardo/Folha Online)

quarta-feira, setembro 05, 2007

Sobre os jogos da imprensa paraplégica...

O samba do crioulo doido
Roberto Medeiros – Interino (bobdiva@gmail.com)
Coluna Portfólio, Jornal de Hoje, Natal, 05 de Setembro de 2007
"Política é o carro-chefe dos veículos de comunicação locais. Para alimentar a população com tantas informações é preciso, também, especular. É desta forma que vive o jornalismo político do Rio Grande do Norte. Todo dia tem um fato novo. As manchetes são as mais variadas. Hoje, por exemplo, os jornais se contrapõem. Um diz que o prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves, será reconduzido à presidência do PSB, partido que o acolheu depois de deixar o PMDB. Outro diz que ele poderá sair para o Partido Verde, que é comandado pela deputada Micarla de Souza.
É bom lembrar que em 2004 Micarla foi eleita vice-prefeita de Carlos Eduardo e depois rompeu com o mesmo, sendo eleita deputada estadual em 2006. O que vem ao caso é como fica a cabeça do leitor, do espectador, do ouvinte. Os programas jornalísticos e os jornais também mostram o secretário de Serviços Urbanos, Ranieri Barbosa, como o todo poderoso que assumiu o PRB, o partido do vice-presidente José Alencar, para que o prefeito também tenha o comando da legenda.
Será que o leitor está atento a tudo isso? Será que as especulações sobre as eleições, que só ocorrem em 5 de outubro do ano que vem, ou seja, daqui a mais de um ano, é o que interessa ao povo?. Acredito que há outras coisas tão urgentes e importantes que deveriam ocupar o espaço das manchetes desses veículos, sem querer desmerecer a competência dos colegas que cobrem, no dia-a-dia, os fatos políticos. Até para que haja tempo para o leitor refletir sobre tantas informações, descarregadas feito uma metralhadora.
O contribuinte quer saber como está sendo aplicado os impostos que são dele recolhidos. As obras que vão melhorar o trânsito da cidade onde mora. As oportunidades de negócio e outras coisas de seu interesse. Há algum tempo uma pesquisa de opinião mostrava que o leitor estava muito mais atento aos problemas da cidade, as questões de economia e o esporte local do que qualquer outra coisa. Será que não é chegada a hora de se fazer uma nova pesquisa?
Não sou contra, repito, que se faça especulações sobre o que está ou o que vai acontecer na política potiguar. Entretanto, continuo achando que o exagero pode levar esse tipo de noticiário ao descrédito. É preciso acabar com o samba do crioulo doido, para evitar que ‘dê bode’, com dizia a letra do famoso samba de Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta. (RM)". (Coluna Portfólio, Colunista Alex Medeiros, Texto do Interino Roberto Medeiros, Jornal de Hoje, Natal, 05 de Setembro de 2007.) (Ilustração)

Salve papi! Salve Mami!

Estado e nove servidores do TCE
foram citados pela Justiça

Correio da Tarde, Natal e Mossoró, Quarta-feira, 05 de Setembro de 2007.
"A Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte com o objetivo de combater a prática do nepotismo no Tribunal de Contas do Estado (TCE) já tem despacho proferido pelo juiz Luiz Alberto Dantas, da 5ª Vara da Fazenda Pública. O magistrado citou o Estado e os nove servidores que têm parentescos na instituição, para poder analisar o pedido de liminar feito pela promotoria pública.
A coordenadora do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça do Patrimônio Público, Juliana Limeira Teixeira, o promotor Giovanni Rosado, e os demais promotores com atribuições na Defesa do Patrimônio Público da Comarca de Natal requerem a concessão de liminar para determinar a exoneração de nove servidores que foram nomeados e contratados em razão de vínculo de parentesco ou familiar com cinco conselheiros e um auditor do Tribunal de Contas do Estado.
A Ação pede que a Justiça determine a suspensão dos efeitos dos atos de nomeação e posse dos servidores: Neusa Maria Mesquita (Conselheiro Valério Mesquita); Raimundo Silvino da Costa Neto (Conselheiro Tarcísio Costa); Sara de Medeiros Costa (Conselheiro Tarcísio Costa); Vidalvo Silvino da Costa Filho (Conselheiro Tarcísio Costa); Hortênsio Alves da Nóbrega (Conselheiro Getúlio Alves da Nóbrega); Josivam Gomes de Lima (Conselheiro Getúlio Alves da Nóbrega); Cícero Antônio Moreira Torquato de Almeida (Conselheiro Alcimar Torquato de Almeida); Jaime de Araújo Sales Neto (Conselheira Maria Adélia Arruda Sales Souza); e Danielle Montenegro Pires de Oliveira (Auditor Marco Antônio de Moraes Rego Montenegro).
Antes de ajuizar a ação, o MP encaminhou Recomendação ao então presidente do TCE, conselheiro Alcimar Torquato, para que efetuasse a exoneração de todos os ocupantes de cargos comissionados ou funções de confiança que tivessem parentesco consangüíneo ou por afinidade até o terceiro grau com conselheiros, auditores, membros do MP junto aquele Tribunal ou demais ocupantes de cargos de direção, chefia ou assessoramento no âmbito do TCE, mas as pessoas não foram exoneradas. Torquato argumentou que não poderia cumprir a Recomendação tendo em vista que os servidores ingressaram com ações judiciais e obtiveram deferimento do pedido junto ao Tribunal de Justiça do Estado." (Correio da Tarde, Edição Número 423 - Ano II - Natal e Mossoró, Quarta-feira, 05 de Setembro de 2007.)

Loucura que o dinheiro dá...

Fernando Freire poderá ser obrigado
a depor em 26 processos de improbidade
Matéria de Capa
Correio da Tarde
Correio Político
Natal e Mossoró, Quarta-feira, 05 de Setembro de 2007.
Freire foi convocado por diversas vezes e pode ser forçado a depor
Após ser intimado por diversas vezes, tanto pela Polícia Civil quanto pela própria Justiça para depor sobre os 26 inquéritos de improbidade administrativa que tramitam contra sua gestão frente ao executivo estadual, o ex-governador Fernando Freire pode ser conduzido coercitivamente - prática comum feita pela polícia quando o depoente se nega a comparecer a oitiva. Freire seria ouvido na manhã de hoje na Delegacia Especializada em Defesa do Patrimônio Público, mas não compareceu somente encaminhando o advogado apenas para informar que por motivos de saúde não pôde se fazer presente. “Tem vários processos contra o senhor Fernando Freire aqui. Ele nunca compareceu a nenhuma convocação. Todas as vezes que ele é chamado para depor dá uma desculpa. Se ele continuar colocando obstáculos vai ser conduzido coercitivamente”, disse o delegado Júlio Rocha ao advogado do ex-governador, Thiago Fernandes.
O inquérito que responderia hoje Fernando Freire é o de n.º 104/2004, que trata de um contrato entre o Governo do Estado do RN, no período em que o mesmo era governador, e a empresa de informática Microtec, no valor de 1,5 milhão de reais. “Nós queremos saber quanto ele recebeu da empresa e se parte dos recursos foi destinado a campanha eleitoral dele em 2002”, enfatizou Júlio Rocha.
O advogado de Fernando Freire limitou-se a dizer que seu cliente está com problemas de saúde e por isso não compareceu a DEDEPP. No entanto, quando conversava com o titular da delegacia fez menção ao parecer de um médico psiquiatra, que assegurava que o ex-governador não tinha condições de dar testemunho.
Indagado pela reportagem se há expectativa de comparecimento do ex-pepista, o advogado soou um quase monossilábico “quando melhorar”. “Ele está com problema de saúde, mas afirmo que nem todas as ocasiões em que ele não veio foi por esse motivo”, disse. (Foto Correio da Tarde, Edição Número 423 - Ano II - Natal e Mossoró, Quarta-feira, 05 de Setembro de 2007.)

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