sexta-feira, outubro 16, 2009

Empresários, políticos...

Onde está a direita?
FERNANDO DE BARROS E SILVA
Folha de S. Paulo
São Paulo, sexta-feira, 16 de outubro de 2009
(Foto: Gilmar Mendes, presidente do STF, e empresário da educação em Brasília)

SÃO PAULO - Não faz muito, Lula festejava, como uma conquista do país, a ausência de "trogloditas de direita" entre os prováveis candidatos à sua sucessão. De fato: Dilma Rousseff, José Serra, Ciro Gomes, Marina Silva... inclua-se Aécio Neves na lista. Nenhum deles caberia no perfil do "troglodita". Quer dizer que não existe direita no Brasil? Ou, talvez, que a direita não esteja representada na política nacional?
Talvez seja útil separar "direita" de "trogloditas". Estes continuam por toda parte, fazendo valer seus interesses. A turma do velho patrimonialismo, por exemplo, encontra-se arrebanhada à sombra do lulismo, protegida e bem alimentada. Sob os tucanos também era assim, de modo menos despudorado.
O Brasil, FHC costuma dizer, é mais atrasado do que conservador. Pode-se pensar em termos de direita e esquerda, mas a política real se explica melhor pelo parasitismo do Estado do que pelo crivo ideológico.
A não ser da boca para fora, o país desconhece a figura do empresário liberal. O capitalismo aqui sempre foi anfíbio, patrocinado pelo Estado -sirva de exemplo o caso caricato das privatizações financiadas pelo BNDES. Bancos e empreiteiras nunca faturaram tanto como agora, na gestão "progressista" do PT. Com Lula, voltou ser de bom-tom mamar no Estado, basta invocar algum "interesse estratégico".
Mas e a direita, onde está? Se por isso entendermos o ideário liberal clássico, para o qual o Estado constitui um entrave à realização do indivíduo e a vida social deve ser regulada pelo mercado, então Lula tem razão: essa direita está politicamente órfã. O antigo PFL tenta ocupar o espaço, mas até mesmo a bandeira pela redução da carga tributária é uma impostura nas suas mãos.
O amálgama da direita é o antipetismo, sobretudo nas classes médias do Sul e do Sudeste. Além da aversão à figura de Lula, essa direita se imagina espremida entre a farra dos ricos e a esmola dos pobres. E culpa o lulismo pela frustração de seus sonhos de exclusividade social. Se hoje vota em Serra, é menos por gosto do que por falta de opção.

Segurança no Rio Grande do Norte

Polícia Civil é ausente
em 77% das cidades do RN

Levantamento do Sinpol também aponta
déficit de 6,5 mil agentes e destaca
más condições de trabalho
Diário de Natal
Natal, 16 de outubro de 2009
(Ilustração)
Levantamento divulgado ontem pelo Sindicato dos Policiais Civis e da Segurança Pública do RN (Sinpol/RN), aponta que o RN tem um déficit de 6.568 policiais civis e que 77,3% dos municípios do estado não têm a presença da Polícia Civil. Em audiência pública realizada ontem na Assembleia Legislativa para discutir as condições de trabalho dos policiais civis, a presidente do sindicato, Vilma Marinho Cezar, também afirmou que há 627 presos ocupando 54 celas das delegacias de Natal e Grande Natal.
Durante a audiência, os policiais também denunciaram más condições de trabalho nas delegacias, como sujeira, mofo, degradação, celas superlotadas, fachadas mal iluminadas, falta de equipamentos modernos e viaturas sucateadas. Na 1ª DP de Parnamirim, 100 presos dividem as seis celas existentes. "Cada cela possui capacidade para abrigar quatro presos e no momento estamos com uma média de 17 em cada cela", informou um policial do local. Além disso, os 45 boletins de ocorrência registrados diariamente têm que ser escritos àmão por falta de equipamentos capazes de realizar essa atividade. Nas delegacias de plantão das zonas Sul e Norte, o único meio de comunicação existente entre os policiais são seus próprios aparelhos celulares, pois não dispõe de rádios para essa finalidade.

Comida
Segundo a presidente do Simpol, Vilma Marinho Cezar, a comida ofertada à categoria não possui os mínimos nutrientes necessários para que os policiais tenham força para aguentar as 24 horas de plantão.
Ela conta que há desvio de função dos agentes da polícia em decorrência da enorme quantidade de presos que lota as celas das delegacias, vivendo em condições desumanas. "Houve caso de um preso que ficou tetraplégico, sem capacidade de se alimentar sozinho e os policiais tiveram que cuidar dele até que alguma providência fosse tomada. Depois de um tempo ele foi transferido mas os outros permaneceram no mesmo local", aponta a presidente do Sinpol.
Para ela, o desvio de função do policial civil reflete sobre a população e atinge o próprio profissional. "Os cidadãos perdem porque o policial fica incapacitado de sair da delegacia para não largar os presos sozinhos e o profissional trabalha desmotivado, sem segurança para ele e exercendo uma atividade que não lhe é atribuída", explica.

"Pocilga"
Para o deputado Paulo Davim (PV/RN), que presidiu a audiência pública de ontem, o problema da limpeza das delegacias é de caráter emergencial. "As delegacias estão parecendo um depósito de lixo e os presos estão vivendo em uma verdadeira pocilga. Houve uma piora considerável nesses aspectos e o estado deve dar condições dignas de trabalho a esses profissionais, pois essa situação põe em risco a vida do policial e representa uma agressão aos cidadãos".

Segurança no Rio Grande do Norte

Saiba mais sobre a segurança
no Rio Grande do Norte


Dos 167 municípios do RN, apenas 38 contam com presença efetiva da Polícia Civil (22,7% do estado).

627 presos ocupam 54 celas em delegacias de Natal e Grande Natal.

Na 1ª DP de Parnamirim, 100 presos dividem 6 celas.

Boletins de ocorrência são escritos a mão porque não há equipamentos.

Agentes têm que usar os próprios celulares para se comunicarem.

Fonte: Sinpol Foto: Home security

domingo, outubro 11, 2009

Um retrato do Brasil na era Sarney

Honoráveis Bandidos - Um retrato do Brasil na era Sarney Geração Editorial, a editora mais ousada do País em instant books, aquece o mercado editorial com um livro-bomba polêmico, histórico e arrasador do jornalista Palmério Dória

“Em 2008, o senador José Sarney (na foto com Agaciel Maia)voltou a ser manchete, principalmente das páginas policiais, quando revelada a organização criminosa da qual seu filho fazia parte. Para não deixar o filho ir para a cadeia, ele teve de disputar no ano seguinte a presidência do Senado. Foi preciso colocar a cara para bater. O poderoso coronel voltou para dar forças aos filhos, para salvá-los”.

Pela primeira vez em livro, um jornalista – Palmério Dória, um veterano do jornalismo investigativo – reconstrói toda a insólita trajetória do ex-governador do Maranhão, ex-presidente da República e atual senador José Sarney. Sua vida, seus negócios, seu destino – presidente da República por acaso – sua família, amigos e correligionários, todos envolvidos numa teia cujos meandros os jornais e revistas revelaram nos últimos meses – sem a riqueza de detalhes e revelações surpreendentes agora contidas em livro.

Obediente às regras do “bom e verdadeiro jornalismo”, Palmério faz um implacável retrato do poderoso coronel de maneira transparente e inteligente. Neste livro o leitor vai saber como Sarney consegue envolver tanta gente na sua teia.

A objetividade, veracidade na descrição de personagens e situações, concisão, originalidade e calor humano fazem da obra uma leitura obrigatória e prazerosa.
“E, para honrar o jornalismo, atualidade absoluta e, ao mesmo tempo, permanência, pois vai girar a roda da história e os pósteros sempre aí beberão em fonte cristalina para conhecer costumes políticos e sociais desta nossa época em que um político brasileiro, metido em escândalos até o pescoço, exerce o poder de fato, acima de qualquer suspeita”, enfatiza Palmério, que fez o livro a quatro mãos com o jornalista e amigo de décadas Mylton Severiano, o Myltainho da revista “Realidade”, dos anos 1960, e da equipe que fundou o “Jornal da Tarde”.

Os dois formaram uma dupla de peso. Enquanto Palmério cuidava da investigação, Mylton fez a pesquisas e reuniu os dados, posteriormente cruzados e checados com rigor.

“Honoráveis Bandidos” contém um caderno especial de 16 páginas com hilariantes charges de nada menos que os irmãos Caruso – Chico e Paulo – sobre o principal ator desta história real. “Sarney sempre esteve na história do Brasil. Não há como descartar o Sarney. Ele sempre foi o mal maior”, responde Palmério Dória ao ser indagado “por que Sarney?”.

É a primeira vez o mercado editorial receberá um livro com toda a história secreta do surgimento, enriquecimento e tomada do poder regional da família Sarney no Maranhão e o controle quase total, do Senado, pelo patriarca que virou presidente da República por acidente, transformou um Estado no quintal de sua casa e ainda beneficiou amigos e parentes.

Um livro arrasador, na mesma linha de “Memórias das trevas – uma devassa na vida do senador Antonio Carlos Magalhães,do jornalista João Carlos Teixeira Gomes, também da mesma editora, e que na época do lançamento contribuiu para a queda do poderoso coronel da política baiana. Um best seller que ficou semanas nas listas dos mais vendidos.

O livro tem uma leitura saborosa a partir dos títulos de capítulos, atrevidos e maliciosos, como os seguintes:

Nasceu, cresceu e criou dentes dentro do Tribunal.

As primeiras trapaças com a urna.

Al Capone seria aprendiz perto desse rapaz de bigodinho, disse o italiano logrado.

Coronéis baixam no Maranhão com ordens de Castelo: “eleger” Sarney.

Um milhão de maranhenses migram.

Caçula diploma-se em delinquenciologia no governo Maluf.

Homem da mala morre, dinheiro some, Sarney tem um troço.

No confisco de Collor, caçula salva a grana da família na calada da noite.

Na área de energia, vendem até o poste.

Maranhenses só veem na tevê o que os netinhos da ditadura querem.

Operação Boi-Barrica pega diálogos de arrepiar.

Caçula não sai de casa sem o principal adereço: habeas corpus preventivo.

Lama jorra no Senado. A máquina de atos secretos.

Um retrato do Brasil na era Sarney

Honoráveis Bandidos - Um retrato do Brasil na era Sarney
Sobre o Autor
Entrevista com Palmério Dória (Foto)
Quando começou a pesquisar sobre a vida de Sarney e seus colegas da política?

O Sarney é um cara antigo na minha vida. Tudo começou quando eu era diretor do jornal. “O Nacional”, no Rio de Janeiro, um semanário criado em 1986, de oposição a Sarney. O prato principal deste veículo era denunciar a política da Nova República. Eu era diretor de redação desta derradeira aventura de Tarso de Castro, o inventor do “Pasquim”, conhecido por formar sempre uma equipe de peso. Na lista dos colaboradores vale relembrar de alguns nomes como Cláudio Abramo, Rubem de Azevedo Lima, Paulo Caruso, Fortuna, Moacir Werneck de Castro, Eric Nepomuceno, Luis Carlos Cabral, Alex Solnik e o próprio Myltainho, que chefiava a sucursal paulista. Outro momento em que fiquei de frente novamente com o Sarney foi em 2000, quando começaram a especular a possível candidatura de Roseana Sarney para a presidência da República. No final de 2001 eu fui para São Luís do Maranhão cercar a vida dele e de toda a família. Depois publiquei no começo de 2002 uma matéria na revista “Caros Amigos”, “O nome dela é Roseana, mas pode chamar de Sarney”. Neste texto ela foi apresentada como a “número 1 do miserê”. Neste texto eu dizia onde o Maranhão era governado: na sede da Lunus do Jorge Murad. Uma semana depois de a revista ir para as bancas, por coincidência ou não, a Polícia Federal veio a estourar o local e encontraram neste endereço mais de um milhão de reais num cofre. Foi aí que a candidatura dela desabou. Na seqüência, eu publiquei o livro: “A candidata que virou picolé”, pela editora Casa Amarela. E um ano antes de o Sarney virar pela terceira vez presidente do Senado eu já estava na cola dele em razão da investigação da polícia federal sobre o filho dele, o Fernando, com a já famosa operação Boi Barrica.


Por que o coronel do Maranhão é um personagem quente?

Quando eu conversei com um historiador, Joel Rufino dos Santos, ele me perguntou, assim de brincadeira, “quem é o Sarney”? Parecia não ser um personagem quente. Mas ele nunca deixou de ter o poder da caneta, o poder de nomear, ele nunca deixou de indicar e de participar de todos os governos. Eles tinham a impressão que ele era um personagem menor, isso há alguns anos antes de ele assumir o Senado. Na ditadura ou fora dela ele sempre manteve o poder. O setor elétrico, por exemplo, é todo dele!

O coronel parece que nunca vai cair,
ele está mais firme do que nunca.
José Sarney é sem dúvida o
honorável dos honoráveis.

Você escreveu o livro ao mesmo tempo em que os escândalos iam estourando?
No livro o leitor vai se deparar simultaneamente com o que imprensa divulgava naquele momento e o que já havíamos investigado por nossa conta. É uma leitura que vai proporcionar também uma visão sobre a cobertura que a mídia fez sobre os fatos. Todas as apostas na queda dele eram irreais. Mas depois eu percebi que realmente o livro estava correto na sua narrativa. O coronel parece que nunca vai cair, ele está mais firme do que nunca. Sarney é sem dúvida o honorável dos honoráveis.

O coronelismo está em extinção?

Sarney é um sobrevivente de uma geração, mas ele não é para sempre. Certamente seus seguidores continuaram a adotar a cartilha do mestre. Ele é um novelo de mentiras, vai envolvendo todo mundo. Neste livro o leitor vai saber como o poderoso consegue manipular tanta gente. Ele é o cara que as pessoas dão como morto, mas depois aparece como aquelas almas mal-assombradas num cemitério. Ele é o mais arguto, o mais habilidoso dos animais políticos em cena no país. Quem não enxerga isso será sempre enrolado pelo Sarney. Agora ele tem que estar vivo e atuante para eleger o Fernando Sarney – o cérebro financeiro da família – e dar-lhe imunidade parlamentar A verdade é que os filhos dependem dele.

Lula é refém dele. Há quem diga que Lula
governa, mas quem manda é o Sarney.

Como será a política brasileira depois da era Sarney?
Os seguidores estão espalhados. Vai continuar de uma forma mais baixa, sem coronel mas com os métodos que o consagraram. O Sarney é um caro temido, ninguém o ama. O ACM era um cara estimado por parte da população baiana. O Sarney é temido. O sarneismo sem Sarney será pior ainda. De hora em hora, Deus piora. Lula é refém dele. Há quem diga que Lula governa, mas quem manda é o Sarney.

Você acredita na reforma política?
Não há interesse dos políticos para que isso ocorra, ou seja, sempre ficará a mesma coisa. As velhas lideranças estão desgastadas e o eleitorado não acredita em mais ninguém. O cinismo tomou conta da classe política e da própria população. A tarefa que resta para o jornalista é continuar contando. Os quadros políticos são pavorosos. Basta olhar as lideranças políticas para perder qualquer esperança. Cito: Collor é fiscal do PAC; Almeida Lima é fiscal do Orçamento da União; Wellington Salgado faz parte da Comissão de Constituição e Justiça.

Você conhece o Sarney?
Só vi o Sarney de perto uma vez na vida, na sabatina da “Folha de S. Paulo” em agosto de 2008, perto de estourarem os escândalos contra o Fernando Sarney. Tinha pouquíssima gente, uma mesa formada pelos principais jornalistas da “Folha”, mediada pelo Clóvis Rossi que abriu o papo dizendo que os brasileiros tinham uma relação de amor e ódio com o Sarney. Mas quem ama José Sarney? Só a dona Marly.

Honoráveis bandidos

Honoráveis bandidos
Boicotado pelas livrarias maranhenses o livro “Honoráveis Bandidos – Um retrato do Brasil na era Sarney”, do jornalista e escritor paraense Palmério Dória, será lançado ainda este mês em São Luís. (José Sarney Filho, Foto)

Com informações polêmicas sobre a trajetória política do Senador José Sarney (PMDB-AP), Palmério Dória lança a cartilha que faltava para os desafetos do Dono do Mar.

Numa narrativa humorada (e ácida, por vezes) o escritor nos leva à sala de estar da família que comanda o Maranhão há mais de quatro décadas, revelando brigas, jogo de interesses e troca de favores entre várias gerações de políticos e bajuladores, dos cenários nacional e maranhense.

Aos maranhenses apreciadores da história, essa é a indicação de uma boa leitura.

No sítio do Jornal Pequeno constam alguns trechos extraídos do livro, leiam abaixo:

O PMDB ERECTO

Vizinha do pai na Praia do Calhau, vizinha do pai no Planalto: Roseana tinha gabinete montado pertinho do pai presidente da República. Comportava-se como se estivesse na própria casa.

Bocuda. E desbocada. Mal chegando às bordas do poder federal, ela presenciou o encontro em que o deputado Cid Carvalho, seu conterrâneo, pediu a Sarney apoio para o PMDB nas eleições de 1985. Cid foi enfático:

“Presidente, ao senhor interessa o PMDB erecto!”

Cid voltou o Planalto, semanas depois, desenxabido com o fracasso de seu candidato, que não passou do quarto lugar, com apenas dez mil votos. Roseana levantou o braço, de punho fechado, em posição fálica:

“Então, Cid? Cadê o PMDB erecto?”

Baixou o cotovelo e o balançou, em gesto obsceno:

“Broxou?”

(“Honoráveis Bandidos”, página 28)

A PORTA BLINDEX DO ZEQUINHA

Nem preferido da mãe, nem preferido do pai, José Sarney Filho, o Zequinha, filho do meio, é pesado de carregar. Foi ministro do Meio Ambiente de Fernando Henrique Cardoso, e mais nada.

Seu grande feito foi transferir para o seu Maranhão, então governado pela irmã, nada menos que 80 por cento das verbas de sua pasta – e Roseana achou pouco.

Quando viu que não vinha mais nada, e que o irmão, três anos mais moço, estava fugindo dela, foi até a casa dele, pegou do jardim uma pedra e atirou-a contra a porta de vidro blindex da entrada, que se espatifou. Raivosa mesmo.

(“Honoráveis Bandidos”, página 30)
(Fonte)

Estado de permanente sobressalto

Trecho de Honoráveis Bandidos,
de Palmério Dória
Capítulo 1
Estado de permanente sobressalto

Comemoração com cara de velório • Por que Roseana chora, se os outros aplaudem? • Tem sujeira por trás do impoluto jurista o Rolo justifi ca outro rolo e assim por diante • A qualquer momento nas páginas policiais (Sarney, ilustração)

Estamos em 2009. Na data em que completa meio século de carreira política, aos 78 anos, o velho coronel comemora sem o menor sinal de euforia. Por certo pesam-lhe na memória as palavras de seu falecido amigo Roberto Campos, tão entreguista que lhe pespegaram o apelido de Bob Fields, ministro do Planejamento de Castelo Branco, primeiro general de plantão do governo militar:

"Certas vitórias parecem o prenúncio de uma grande derrota. É um amanhecer que não canta."

Deputado federal, governador do Maranhão, presidente da República, cinco vezes senador. E, no início desse ano pré-eleitoral, eis que em 2010 se dariam eleições presidenciais, ele chegava pela terceira vez à presidência do Senado. Mas tinha a sensação de que tudo aquilo que havia conquistado em meio século de vida pública podia estar por um segundo. Não foi de bom agouro a cena que se seguiu a seu discurso de pouco mais de cinco minutos, ao apresentar sua candidatura à presidência da Casa, naquela manhã de 2 de fevereiro, dia de festa no mar. Em sua fala, ele citou por sinal Nossa Senhora dos Navegantes, depois de se comparar a Rui Barbosa pela longevidade na vida pública e de proclamar que não houve escândalos em suas outras passagens no cargo. Esperava uma sessão rápida, mas, para sua inquietação, vários pares passaram a revezar-se para defender o outro candidato à presidência do Senado, o petista acreano Tião Viana, e aproveitaram para feri-lo. Assim, quando abriram a inscrição para os candidatos, ele pediu para falar. Queria dar a última palavra.

Marcado pela fama de evitar confrontos em plenário, fugiu a seu estilo e fez um pronunciamento duro. Um improviso daqueles que a gente leva um mês para preparar. Deixou claro que não gostou de ver Tião Viana posar de arauto da modernidade e higienizador da podridão que paira nos ares do parlamento brasileiro.

Depois de lembrar a coincidência de 50 anos antes, quando no dia 2 de fevereiro de 1959 assumia o primeiro mandato no Congresso como deputado federal, atacou:

"Não concordo quando se fala na imoralidade do Senado. O Senado é os que aqui estão. Reconheço que, ao longo da nossa vida, muitos se tornaram menos merecedores da admiração do país, mas não a instituição."

Então, pronunciou as palavras seguintes, que trazem os sinais trocados, pois tudo quanto você vai ler é tudo quanto o velho senador não é:

"Durante a minha vida, passei aqui nesta Casa 50 anos. Muitas comissões, vamos dizer assim, muitos escândalos existiram envolvendo parlamentares, mas nunca o nome do parlamentar José Sarney constou de qualquer desses escândalos ao longo de toda a vida do Senado." Disse mais: "A palavra ética, para mim, que nunca fui de alardear nada, é um estado de espírito. Não é uma palavra para eu usar como demagogia ou uma palavra para eu usar num simples debate."

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Estado de permanente sobressalto

Trecho de Honoráveis Bandidos,
de Palmério Dória
Capítulo 1
Estado de permanente sobressalto
A filha Roseana Sarney, senadora pelo Maranhão (Ilustração), do Partido do Movimento Democrático Brasileiro, o mesmo PMDB do pai, caminhava pelo plenário, muito nervosa. Estava em lágrimas quando o pai encerrou sua fala. Os oitenta pares o aplaudiram protocolarmente, mas um deles, de um salto pôs-se de pé e bateu palmas efusivas, acompanhadas do revoar de suas melenas. Tratava-se de Wellington Salgado, do PMDB mineiro, conhecido como Pedro de Lara ou Sansão.

Onde se encontravam os jornalistas de política nesse momento, que não registraram tal despautério? Pedro de Lara é aquela figura histriônica que roubava a cena no programa Silvio Santos como jurado ranzinza, debochado e falso moralista. E Sansão, o personagem bíblico que perdeu o vigor quando Dalila o traiu cortando-lhe a cabeleira.

Esta figura caricata pareceria um estranho no ninho em qualquer parlamento do mundo. Nascido no Rio, é dono da Universidade Oliveira Salgado, no município de São Gonçalo, e responde a processo por sonegação de impostos no Supremo Tribunal Federal. Conseguiu um domicílio eleitoral fajuto em Araguari, Minas Gerais, e praticamente comprou um mandato de senador ao financiar de seu próprio bolso, com 500 mil reais, uma parte da milionária campanha para o Senado de Hélio Costa, o eterno repórter do Fantástico da Rede Globo em Nova York.

Com a ida de Hélio para o Ministério das Comunicações de Lula, seu suplente Wellington então ganhou uma cadeira no Senado Federal, presente que ele paga com gratidão tão desmesurada, que separa da verba de seu gabinete todo santo mês os 7 mil reais da secretária particular do ministro. Nesse tipo de malandragem, fez como seu ídolo, colega de Senado Renan Calheiros, que vinha pagando quase 5 mil mensais para a sogra de seu assessor de imprensa ficar em casa sem fazer nada.

Mas o cabeludo senador chegou à ribalta em 2007, justamente como aguerrido integrante da tropa de choque que salvou o mandato de Renan Calheiros, então presidente do Senado e estrela principal do episódio mais indecoroso daquele ano, com amante pelada na capa da Playboy, bois voadores e fazendas-fantasma. O alagoano Renan, com uma filha fora do casamento, que teve com a apresentadora de tevê Mônica Veloso, bancava a moça com mesada paga por Cláudio Gontijo, diretor da construtora Mendes Júnior. Ao tentar explicar-se, Renan enredou-se em notas frias, rebanho superfaturado, rede de emissoras de rádio em nome de laranjas, enquanto Mônica mostrava aos leitores da revista masculina da Editora Abril a borboleta tatuada na nádega.

Durante 120 dias, enxotado pela mídia e pela opinião pública, Renan resistiu no cargo, suportando humilhações como o plenário oposicionista virando-lhe as costas no dia em que tentou presidir uma sessão. Esse era o Renan que, quase dois anos depois, no 2 de fevereiro de 2009 posaria vitorioso como articulador-mor da volta de José Sarney à presidência da Casa.

Quem diria, não? O José Sarney que já foi companheiro de um nacionalista respeitado como Seixas Dória, de um articulador do calibre de José Aparecido de Oliveira, de um jurista do porte de Clóvis Ferro Costa, todos três integrantes do grupo Bossa Nova, espécie de esquerda da União Democrática Nacional, a conservadora UDN, todos três ostentando o galardão de ter sido cassados pelo golpe militar de 1964, e sabe-se lá por quais artes só ele, Sarney, dentre os quatro amigos escapou da cassação, esse mesmo Sarney agora festejado pelo cabeludo sonegador e por uma das mais desmoralizadas figuras do cenário político brasileiro, Renan Calheiros, que tinha nos costados um inquérito com 29 volumes tramitando no Supremo.

Quer fechar o círculo direitinho? Em 2007, depois de absolvido pelo plenário em votação secreta e escapar da cassação por quebra de decoro parlamentar, na casa de quem Renan Calheiros comemorou a preservação do mandato? Na casa de seu salvador, Sarney, junto com outras figuras, como o deputado federal e ex-presidente do Senado Jader Barbalho, com know-how em renúncia para escapar de cassação; Romero Jucá, líder do PMDB no Senado; Edison Lobão, futuro ministro das Minas e Energia; e, claro, Roseana Sarney. Nesse festejo, no Lago Sul de Brasília, não se esqueceram de "homenagear" o senador amazonense Jefferson Peres. Esta figura íntegra do parlamento brasileiro, relator do caso Renan no Conselho de Ética, recomendou a cassação, pedida pelo povo brasileiro. Os convivas mimoseavam Jefferson a todo momento, referindo- se a ele como "aquele pobre relator".

Memorável dia 2 de fevereiro. Surpreendentes seriam as fotografias nos jornais do dia seguinte. Sarney de óculos escuros como os ditadores latino-americanos do passado, amparado pelo colega de PMDB Michel Temer, eleito presidente da Câmara, igualmente pela terceira vez. Barba e bigode. Este Michel Temer merece umas pinceladas.

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domingo, setembro 13, 2009

A genialidade de DDiarte


"Quase todas as nossas imagens de facto passam por varias fases, após nos surgir uma ideia e discuti-la entre nós, fazemos pesquisas sobre o assunto, desenhamos um projecto e procedemos a castings para a escolha dos modelos que irão participar na nossa obra, escolha de cenários e guarda roupa, penteados e maquilhagens. Depois passamos a fase das sessões fotográficas, aos modelos, objectos, cenários etc., que podem ser em estúdio ou no exterior. Tudo é passado para o computador e com o programa photoshop tudo é aperfeiçoado e composto como nós imaginamos inicialmente durante semanas e mesmo muitos meses até atingir o nível de qualidade que exigimos a nós próprios."
Zé Diogo, do projeto artístico intitulado DDiArte.

Celebração do corpo

Diamantino Jesus e
Zé Diogo são dois
artistas geniais

Conheçam o seu trabalho aqui:

Olhares

Sintra Museu de Arte Moderna - Colecção Berardo
De naturalidade portuguesa esta dupla de artistas nasceu na Ilha da Madeira. Diamantino Jesus (n. 1969) é formado em Design de Projectação, pela Universidade da Madeira e tem um curso de Restauro de Arte Sacra, feito em Pamplona. Desde a década de 90 fez várias exposições colectivas e individuais, realizadas na Região Autónoma, tendo, também desenvolvido trabalhos de restauro e design. Zé Diogo (n.1966) formou-se em Engenharia Química, pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa, pese embora, tenha-se dedicado à pintura, expondo o seu trabalho um pouco por toda a Ilha da Madeira.
Em 2003 juntaram-se num projecto artístico, intitulado DDiArte e desde então têm-se dedicado à fotografia digital manipulada artisticamente, a qual tem vindo a ser meritoriamente reconhecida através de prémios e solicitações diversas. Nesse mesmo ano ganharam a medalha de bronze Gaudi no âmbito da “V Bienal Internacional de Fotografia XLV Medalha Gaudi”, tendo o trabalho Sonho de Verão (2003) ficado em exposição na Catalunha. Ainda, no mesmo ano o trabalho Liberdade do Telefone Fixo (2003) foi galardoado com o prémio PHOTO/CEGETEL em Paris. Em 2004 as obras Hanged (2003) e Varanda I (2003) foram integradas no maior concurso de fotografia a nível internacional, sendo o trabalho publicado na revista francesa PHOTO. No mesmo ano tiveram uma exposição itinerante que percorreu as principais sedes da Caja de España, em Espanha e uma colectiva “O Corpo em Movimento”, no Museu da Electricidade, Casa da Luz, na Madeira. No ano de 2005, voltaram a ganhar, desta feita, as medalhas de Ouro e Bronze Gaudi no contexto da “VI Bienal Internacional de Fotografia XLV Medalha Gaudi”. Em 2006 contaram com uma exposição colectiva “Sem Qualidade”, no café Fora d’Oras, na Madeira e uma exposição individual “Miragens Perversas” na sede da empresa vinícola Bacalhôa Vinhos de Portugal, em Azeitão.
O corpo humano é o recurso eleito e recorrente destes dois artistas, como forma privilegiada de exposição do fenómeno estético. Através do corpo humano a DDiArte veicula e transmite as suas mensagens, mais ou menos críticas da sociedade, por vezes, sarcásticas e satíricas, oníricas e mitológicas, através de jogos subversivos do real. O corpo é apresentado de uma forma hedonista, por vezes narcísica e desvitalizada, mas em que os cânones clássicos de beleza e proporção são idolatrados e a “celebração das musas” e da sensualidade são expostas através de uma linguagem fotográfica, prenhe de detalhes hiper-reais.
Fonte: The Berardo Collection

Alegria de rico também dura pouco

sábado, setembro 05, 2009

Cara e coroa

Cara e coroa
"O senador José Agripino Maia (DEM-RN) sairá de licença em janeiro.
Assumirá o suplente José Bezerra Júnior (foto), uma flor do que há de pior no jardim da elite nordestina. Ximbica, como é conhecido, tem no currículo uma exibição de preconceito contra o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.
“Minha família tem 250 anos de tradição na pecuária desse país e hoje chega um maconheiro, travestido de ministro, vestido como gay para chamar os criadores de vigaristas e marginais.”
Está registrado nos anais da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte."
Coluna
ROSA DOS VENTOS
Maurício Dias
Carta Capital n. 561, de 2 de setembro de 2009

Uma imprensa antidemocrática

Uma imprensa antidemocrática
28/08/2009 15:15:45
Mauricio Dias
CartaCapital
A imprensa brasileira tem sido adversária histórica das instituições representativas do País.”
Essa frase, um dos mais duros veredictos já feitos sobre a imprensa brasileira, é de Wanderley Guilherme dos Santos, professor aposentado de teoria política da UFRJ, fundador do Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro (Iuperj) da Universidade Candido Mendes, e consagrado pela Universidade Autônoma do México, em 2005, um dos cinco mais importantes cientistas políticos da América Latina.
Ela é parte do começo de uma conversa em torno da histórica tendência golpista da imprensa brasileira, que começa assim: “Com o fim da Segunda Guerra Mundial terminou também o Estado Novo brasileiro, ditadura civil que se iniciara em 1937. No mundo todo, mas em particular no Brasil, as elites políticas tradicionais se viram acompanhadas por um eleitorado em torno de 7 milhões, mais de dez vezes superior ao da Primeira República, e um movimento sindical legalizado e participante de algumas estruturas estatais, como os institutos de pensões e aposentadorias dos trabalhadores urbanos”.
Segundo ele, a imprensa brasileira “sem embargo da retórica democrática”, tornou-se a principal adversária das instituições representativas.
“A exemplo de toda a imprensa, denominada grande, latino-americana, “jamais hesitou em apoiar todas as tentativas de golpe de Estado, quando estas significavam a derrubada de presidentes populares ou o fechamento de congressos de inclinação mais democrática”, denuncia Wanderley Guilherme.
“No Brasil – prossegue –, não existe um só jornal de grande circulação que se posicione a favor dos respectivos congressos nacionais, nas esparsas ocasiões em que estes parecem funcionar.”
Por outro lado, ele anota que “toda vez que a direita recrudesce nas urnas, sempre encontra a simpatia midiática”.
“No Brasil, o único período em que o governo contou com o respaldo de algum jornal de certa respeitabilidade foi durante o segundo governo Vargas, com a Última Hora. Não houve um único jornal popular, de grande circulação no Brasil, durante esse período”, diz Wanderley Guilherme.
Última Hora também foi o único reduto jornalístico contra o golpe de 1964, que toda a mídia apoiou. Sem qualquer constrangimento.
Conceitualmente, ele lembra, a imprensa, além de ser um instrumento de difusão de informação e análise, é um ator político “na medida em que forma opinião, agenda demandas e que, eventualmente, beneficia ou cria obstáculos para governos”.
Wanderley Guilherme comenta: “A imprensa brasileira exerce, e tem todo o direito, de ter opinião e preferências políticas. No Brasil, no entanto, ela diz que apenas retrata a realidade. É falso. Há muito da realidade que não está na imprensa e há muito do que está na imprensa que não está na realidade”.
Não é novidade no mundo democrático. Novidade, como explica Wanderley Guilherme, é presumir e passar a impressão de que isso não acontece.
“A imprensa brasileira não tolera a ideia de governos independentes, autônomos em relação às suas campanhas. Isso implica um caminho de duas mãos. Significa que ela terá de sobreviver sem os governos. Então, é preciso que os governos precisem dela”, conclui.
É um retrato do momento que o Brasil atravessa no alvorecer do século XXI.
Colunas
ROSA DOS VENTOS
Maurício Dias
Carta Capital n. 561, de 2 de setembro de 2009

sexta-feira, setembro 04, 2009

Natal de Ontem: monumento à lembrança e aos afetos

Sob a fugacidade do tempo e dos sonhos que evaporam a cada minuto de nossas vidas, uma cidade se entrega, lânguida e farta, e ao mesmo tempo ágil e viva, a seus ocupantes e aos que apenas passam, oferecendo-lhes seus cenários, lugares, paisagens, referências, espaços públicos e pontos de encontro, todos eles com suas pequenas e grandes histórias, personagens reais e imaginários, peculiaridades, fatos marcantes, enfim, um conjunto de elementos que irão constituir e que já se consolidaram como a memória coletiva, um patrimônio de todos os seus habitantes e das futuras gerações.
O espaço urbano, no seu processo de transformação, sendo simultaneamente registro e agente histórico, depara-se, a cada período, com uma nova noção de tempo, ancorada nas referências novas de progresso, produtivismo industrial, especialmente na conexão tempo-dinheiro-capitalismo, no desejo de não perder tempo, não perder a hora e na imposição de pontualidade.
Quando se enfoca a capital potiguar, um blog memorialístico encontra-se em pleno trabalho de produção, abrindo a possibilidade da participação de todos os interessados, já que testemunhos é o que não falta para evocação.
Para tanto, basta identificar o espaço como experiência individual e coletiva, em que a rua, a praça, a praia, o bairro, os percursos se transformam em reservatórios plenos de lembranças, experiências e memórias, que se mantêm menos pelo racional e mais pelo emocional, intuitivo, sentimental e afetivo, e contribuem de forma significativa para o processo de reconstituição da história da cidade.
Esta importante ferramenta de resgate da memória da cidade é o endereço eletrônico do blog nataldeontem.blogspot.com. Nele, o engenheiro natalense Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto, estudioso de nível sofisticado, portador de bom gosto e um distinto apuro no conhecimento, como viajante costumeiro, reconhecido na praça como um grande causeur, ou seja, portador de um discurso brilhante e sedutor, faz as vezes de mestre-de-cerimônias, e ali recebe e abriga toda a curiosidade em torno de nossos mananciais históricos.
Numa cidade e num estado cujos representantes políticos da população, montados em suntuosos erários, são pouco afeitos à preservação da memória coletiva, o primeiro aniversário do blog Natal de Ontem (nataldeontem.blogspot.com) deve ser recebido com toda pompa e grande júbilo, por representar, antes de tudo, uma resistência à cultura do extravio do acervo memorialístico.
O engenheiro civil Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto, idealizador, mantenedor e operador do blog, com os pés bem plantados no chão, sem os maneirismos ou quaisquer resquícios de vaidade pelo trabalho que executa, demonstra, no apuro de sua conduta de empresário, como um dos diretores da Enteco Engenharia, o acerto das diretrizes evolutivas adotadas pela página na Rede Mundial (Web).
A escolha pela simplicidade, pela postura natural e espontânea no trato com as matérias, se evidencia a partir da própria apresentação deste natalense, nascido no Alecrim, casado há 38 anos, diretor da construtora Enteco Engenharia Ltda, hoje residente em Petrópolis, dois filhos casados, e aguardando o nascimento do terceiro neto. (Texto de Paulo Augusto.)

Acervo: colaborações das grifes mais distintas

“Todos os blogs colocam o perfil de seus autores. E o meu foi muito sucinto: Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto, natalense alfabetizado e avô coruja. As duas coisas mais importantes para mim. Porque, para mim, todo o resto é decorrência”, diz Manoel Neto (foto), quando da apresentação do blog ao JORNAL DOS IMÓVEIS, edição de agosto 2009.
O processo de surgimento e evolução do blog e seu acervo, que já conta com precioso acúmulo de informações, se deu, segundo ele, a partir de conversas com amigos, igualmente natalenses, apaixonados por este sítio, e nostálgicos dos bons tempos aqui experimentados.
“A primeira publicação no blog foi no dia 31 de agosto de 2008. Na próxima semana, estará fazendo um ano. O blog começou de uma brincadeira. Eu recebi um e-mail de um amigo, que recebeu de outro amigo, que recebeu de uma amiga - com frases, basicamente, sobre locais de Natal que não existem hoje. A Sorveteria Oásis, o Cabaré de Maria Boa, o Pouso do Tetéo, na Avenida 15, o Énosso, na praia de Areia Preta. Tinha umas 30 citações de pontos de Natal, e eu acrescentei, bem ligeirinho, inúmeros outros locais e eventos, como a Festa da Mocidade, Festa de Nossa Senhora da Apresentação e Santos Reis, entre outros.”
Quem acessa o blog na atualidade, confirma o crescimento acelerado de seu patrimônio, que contabiliza, entre outros eventos e efemérides, fatos como o dirigível Zeppelin sobrevoando a cidade, as Marinetes e seus passageiros, o Acácia Bar, no Grande Ponto, os bondes, que iam da Ribeira pelo Alecrim e Ladeira do Sol até o Aero Clube, grifes do comércio como a Casa Rubi, Casa Régio, Cantina Lettieri, Livraria e Papelaria Walter Pereira, animações produzidas pela Cachaça Murim e o Ron Merino, os vinhos Capelinha Suave, Sangue de Boi e Raposa. As festas no Atlântico e na Assen, os encontros no Granada Bar, na Rio Branco. Os Festivais de Música no Palácio dos Esportes, com a presença de The Jetsons, Impacto 5, Os Vândalos. O medo arrepiante da Viúva Machado e da Tintureira. E a presença de personadidades como Zé Areia e Olívio, da Confeitaria Delícia. Os shows com o Trio Irakitan de Edinho, Joãozinho e Gilvan, e a cantora Glorinha Oliveira nas matinês da Rádio Poti, e a eterna lenga-lenga entre Xarias como Paulo Maux e Djalma Maranhão, e Canguleiros como Câmara Cascudo e João Café Filho.
“A partir daí, mandei um e-mail a todos os endereços que eu tinha no meu e-mail, comunicando o surgimento do blog. E através de Marcos Pedroza, amigo meu, entusiasta, que tem centenas de contatos no seu e-mail, ele mandou para todos os endereços. E começaram a surgir sugestões e colaboradores. Como se vê, toda vida eu dou os créditos a quem são devidos. E nessa brincadeira, chegamos a quase 900 citações. E eu comecei a publicar coisas sobre Natal. Então, no blog tem postais de Natal do século XVI. Século XVII, domínio holandês, século XVIII, século XIX, século XX. Mas, sempre mantendo o espírito dele, a finalidade dele, que é registrar, arquivar, a memória de nossa cidade, o que é muito importante. Minhas publicações, eu faço em média - não tenho tempo suficiente -, as publicações são em torno de 8 a 10 por mês, hoje. Mas as pessoas sabem que toda semana tem uma ou duas publicações. Tem coisa nova. Estou mudando sempre, duas, três vezes por mês. Tem o arquivo do blog, uma lista dos blogs com os quais eu tenho mais contato. Dentre eles, tem o Rosa Morena, de Alderico Leandro, tem o Teorema da Feira, de Lívio Oliveira, Pery Lamartine, o próprio nome do blog é Pery de Serra Negra. E outros mais. ”
Aproveitando o sucesso do livro de frequencia do blog, Manoel Neto, apesar de não ser escritor, como ele mesmo frisa, já providencia a publicação em livro impresso da coletânea de assuntos de seu cabedal.
Entre as personalidades presentes, salientam-se desde acadêmicos a figuras populares, que marcaram presença na cidade. “Nós resgatamos muitas pessoas que foram importantes em Natal, e estão esquecidas. Muitas das quais convivi com elas. Posso dizer Palmyra Wanderley, Floriano Cavalcanti, Tarcísio Medeiros, Esmeraldo Siqueira. E estou sempre falando dessas pessoas. E muitas que eu procurei resgatar, e consegui. Há umas quatro publicações, umas seis ou sete fotos, sobre Maria de Oliveira Barros. Ela foi uma pessoa muito importante desta cidade, que era Maria Boa. Ela é um mito da cidade, uma celebridade, e as pessoas pouco sabem sobre ela. E tem histórias interessantes e muito importantes. Sempre procuram denegrir a pessoa de Maria Boa, quando, na realidade, ela foi uma verdadeira cortesã.” (Texto e foto de Paulo Augusto.)

sexta-feira, junho 12, 2009

O Bufão de Natal, 4

Jornal de Hoje
Sexta-feira, 12 de junho de 2009
Caderno Diversão & Arte
"O Bufão de Natal" 18:00 - História,
Crédito: Arquivo
Daniela Pacheco - Editora de Cultura
O folclorista Deífilo Gurgel, no prefácio do livro, adverte: "Neste ensaio sobre a vida de um dos mais famosos boêmios potiguares, Paulo Augusto estuda a sociedade natalense / brasileira dos meados do século passado, mais precisamente da Segunda Grande Guerra Mundial, época em que viveu José Areia, que fez história na capital norte-rio-grandense, não apenas pela vida de boêmio, que boêmios foram muitos dos seus contemporâneos, mas, principalmente, pelo arsenal de respostas ferinas, sempre prontas e engatilhadas para disparar, contra desafetos ou simples cidadãos anônimos, o que era um privilégio seu. Paulo Augusto buscou centralizar seu estudo num período determinado de tempo de nossa Capital, e aprofundou este estudo nas desigualdades sociais que determinam inevitáveis lutas surdas ou declaradas entre as classes sociais dos ricos e dos miseráveis, pelo mundo afora."
O jornalista Paulo Augusto lança amanha, dia13, às 10h, no Sebo Vermelho (Avenida Rio Branco, 705, Centro), o livro "O Bufão de Natal" que tem como tema central o barbeiro José Antônio Areias Filho (1900-1972), que trabalhava em Parnamirim e se imortalizou simplesmente como Zé Areia, “um Zé Ninguém típico, na expressão reichiana, do Nordeste brasileiro, concentrando-se na emergência e alienação do operariado e das populações marginalizadas do Brasil”, diz o autor.
“Zé Areia vendeu um papagaio completamente cego a um soldado americano. No dia seguinte, foi procurado pelo cônsul americano, juntamente com o soldado – a vítima. O cônsul declarou que o papagaio que ele vendeu era cego! Um absurdo! Não prestava. Zé Areia tece esta saída genial: - Espere: o senhor quer o papagaio pra falar ou pra levar pro cinema?” este trecho do livro mostra um pouco do barbeiro que caiu nas graças dos americanos. Paulo Augusto passou cerca de dois anos e meio realizando pesquisas e entrevistas para produzir esta obra.
Segundo o autor, “Ele era uma figura encantadora, excepcional, um simples barbeiro anafalbeto, que se destacava dos demais pelas respostas maliciosas que sempre tinha pronta na ponta da língua, ele não deixava passar nada. É, um tipo ‘Macunaíma’, um malandro brasileiro tipicamente potiguar”.
Na apresentação do jornalista, poeta e escritor Carlos de Souza escreveu, ele diz o seguinte: “Zé Areia, o personagem mítico das ruas do centro de uma Natal nem tão antiga, desfila por essas páginas de admiração e algum rancor. Paulo Augusto não poupa críticas às eternas mazelas desta província vaidossa. Seu alvo é sempre o poder prepotente das elites locais. Sua paixão é desvendar os segredos desta bela e besta cidade. O Bufão de Natal é um ensaio e, por incrível que pareça, traz um texto que jamais cansa o leitor. É uma enxurrada de informações sobre nossa cultura e sociedade, aliada a uma incrível forma de narrativa. Algum leitor descuidado pode até pensar que vai estar lendo uma prosa de ficção. Mas não se engane, aqui está a mão firma de um dos grandes jornalistas desta cidade”.
Como não poderia deixar de ser. Zé Areia morreu na miséria! “A minha revolta com a pouca importância que se dá a história da influência da 2° Guerra em Natal. A capital potiguar só é o que é hoje por conta desse período que Parnamirim era uma base aérea americana. Para se ter uma idéia, Natal era menor que João Pessoa. Sem contar, o valor mundial que se teve porque era a única base americana fora dos Estados Unidos. E, por fala nisso, aonde está os filhos da guerra?”, declara Paulo Augusto.
Sobre o autor
Paulo Augusto é autor do livro "Falo" (poesia), Rio de Janeiro, Edição do Autor, 1976, e Edições Sebo Vermelho (Natal/RN, 2003), "Estilhaços de Um País-Geni", UFRN/CCHLA/Gráfica Santa Maria, 1995 (Seleta de crônicas, artigos e ensaios publicados na coluna "Balão de Ensaio" nos anos 1991-94, no Caderno de Encartes do Jornal de Natal). Textos seus integram: "Antologia de Contos Marginais Queda de Braço", da década de 70 organizada pelo escritor Glauco Mattoso (São Paulo); "Um Dia, a Poesia", Ayres Marques (Org.). Natal: Produção Artística e Cultural Babilônia (1996); "Antologia Literária I", da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do RN, 1999; "Antologia Literária II", da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do RN, 2000.

O Bufão de Natal, 3

Tribuna do Norte
Quarta-feira, 10.06.09
Coluna Woden Madruga
O Bufão de Natal
Sábado, coisa das 10 horas, no Sebo Vermelho, tem o lançamento do livro do jornalista Paulo Augusto, “O Bufão de Natal”. É um ensaio em torno da figura de Zé Areia, dos maiores boêmios desta terra de Poti mais engraçada.

O Bufão de Natal, 2

Tribuna do Norte
Domingo, 07.06.09
Coluna de Liege Barbalho
Lançamento
Depois de “ Estilhaços, “ Falo” e “ Um país Geni”, o jornalista Paulo Augusto lança mais um titulo, desta vez será “ Bufão de Natal”. Editado pelo Sebo Vermelho, o livro será lançado no dia 13 de junho, na sede da própria editora, na Cidade Alta. A obra tem prefácio assinado pelo jornalista Carlos Souza.

O Bufão de Natal

O jornalista e escritor Paulo Augusto lança, neste sábado, dia 13, a partir das 10h, no Sebo Vermelho (Av. Rio Branco, 705, Centro, Natal), o livro "O Bufão de Natal".
"O Bufão de Natal" enfoca como tema central o barbeiro José Antônio Areias Filho (1900-1972), que se imortalizou simplesmente como Zé Areia, um Zé Ninguém típico, na expressão reichiana, do Nordeste brasileiro, concentrando-se na emergência e alienação do operariado e das populações marginalizadas do Brasil, num enfoque da primeira metade do século 20. A obra discorre sobre os contrastes que marcam o maior e mais rico país da América Latina, no decorrer de um período dramático para o Brasil.
Na apresentação, diz o jornalista, poeta e escritor Carlos de Souza:
"A primeira vez que vi este livro nem sabia quem era o autor, mas fiquei arrebatado logo nesta primeira leitura. Eu fazia parte da comissão julgadora do Concurso Câmara Cascudo de Prosa, da Capitania das Artes, naquele ano. E foi com agradável surpresa que vi ser anunciado o nome do jornalista Paulo Augusto como autor do livro.
Zé Areia, o personagem mítico das ruas do centro de uma Natal nem tão antiga, desfila por essas páginas de admiração e algum rancor. Paulo Augusto não poupa críticas às eternas mazelas desta província vaidossa. Seu alvo é sempre o poder prepotente das elites locais. Sua paixão é desvendar os segredos desta bela e besta cidade.
O Bufão de Natal é um ensaio e, por incrível que pareça, traz um texto que jamais cansa o leitor. É uma enxurrada de informações sobre nossa cultura e sociedade, aliada a uma incrível forma de narrativa. Algum leitor descuidado pode até pensar que vai estar lendo uma prosa de ficção. Mas não se engane, aqui está a mão firma de um dos grandes jornalistas desta cidade.
Façam bom proveito desta leitura. Carlos de Souza."
O folclorista Deífilo Gurgel, no prefácio ao livro, adverte: "Neste ensaio sobre a vida de um dos mais famosos boêmios potiguares, Paulo Augusto estuda a sociedade natalense / brasileira dos meados do século passado, mais precisamente da Segunda Grande Guerra Mundial, época em que viveu José Areia, que fez história na capital norte-rio-grandense, não apenas pela vida de boêmio, que boêmios foram muitos dos seus contemporâneos, mas, principalmente, pelo arsenal de respostas ferinas, sempre prontas e engatilhadas para disparar, contra desafetos ou simples cidadãos anônimos, o que era um privilégio seu. Paulo Augusto buscou centralizar seu estudo num período determinado de tempo de nossa Capital, e aprofundou este estudo nas desigualdades sociais que determinam inevitáveis lutas surdas ou declaradas entre as classes sociais dos ricos e dos miseráveis, pelo mundo afora."
Paulo Augusto é autor do livro “Falo” (poesia), Rio de Janeiro, Edição do Autor, 1976, e Edições Sebo Vermelho (Natal/RN, 2003), “Estilhaços de Um País-Geni”, UFRN/CCHLA/Gráfica Santa Maria, 1995 (Seleta de crônicas, artigos e ensaios publicados na coluna “Balão de Ensaio” nos anos 1991-94, no Caderno de Encartes do Jornal de Natal). Textos seus integram: “Antologia de Contos Marginais Queda de Braço”, da década de 70 organizada pelo escritor Glauco Mattoso (São Paulo); “Um Dia, a Poesia”, Ayres Marques (Org.). Natal: Produção Artística e Cultural Babilônia (1996); “Antologia Literária I”, da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do RN, 1999; “Antologia Literária II”, da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do RN, 2000.
"O Bufão de Natal" joga luz e vida na verdadeira alma das ruas da capital potiguar, num ritmo frenético, pulsante, viajando com o leitor ao lado de Zé Areia.

sábado, abril 25, 2009

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Copa da ladroagem

A Copa da Leviandade
Janio de Freitas - Folha de S. Paulo
São Paulo, domingo, 01 de fevereiro de 2009
PREFEITOS de capitais e respectivos governadores estão empenhados em uma competição nunca ocorrida por aqui. Para todos os ouvidos públicos, dizem tratar-se da disputa pela inclusão de sua capital entre as 12 que sediarão jogos da Copa do Mundo no Brasil, em 2014. A verdade é um pouco menos modesta do que os prefeitos e governadores. A conquista que eles buscam é incluir-se entre os 12 prefeitos e outros tantos governadores que vão estourar os cofres e muito futuro de suas capitais, e se necessário os dos Estados também, em benefício de sua popularidade eleitoral. A Copa do Mundo é precedida pela Copa da Leviandade, promovida pelo governo Lula.
A estimativa de custo da Copa entregue a Lula no meio da semana, por suas eminências Joseph Blatter e Ricardo Teixeira, duas riquezas do peleguismo futebolístico que presidem a Fifa e a CBF, refere-se a R$ 35 bilhões calculados pela Fundação Getúlio Vargas. Se o custo fosse aquele, equivaleria a duas vezes e mais 30% de todo o Orçamento para a Educação como será apresentado, amanhã, na reunião ministerial. Ou quase nove vezes o Orçamento para Ciência e Tecnologia. (Ilustração)

Copa Lavagem de dinheiro

Sabe-se, porém, que estimativas de custo de obras, no Brasil, são o que há de mais consagrado na ficção brasileira. Bem, saber, não se sabe: vê-se. Uma das batalhas de Juca Kfouri, a um só tempo inglórias e gloriosas, é a cobrança do relatório do Tribunal de Contas da União sobre o custo, e as mágicas que o fizeram, do Pan no Rio em 2006. Dinheiro do Ministério do Esporte, da Prefeitura do Rio e do governo fluminense. Pois nem o TCU cumpre o mínimo dever legal e público de divulgar suas constatações, quanto mais os que torraram, entre aplicações e divisões, o dinheiro público em que estimativas de R$ 50 milhões chegaram, na realidade, a dez vezes o estimado. Sem explicação.
O que não se sabe, vê-se. O Rio, há muito maltratado, foi abandonado de todo, para a prefeitura pagar o saldo de seus gastos e remendar as contas durante dois anos e meio, como prevenção parcial do risco de inquéritos e processos na sucessão. Isso em uma capital com os recursos do Rio. (Foto)

Copa 2014 - Estádios caça-votos

Uma cidade como Natal, cujo encanto não se traduz em dinheiro sequer em proporção aproximada, diz o noticiário que está gastando R$ 3,5 milhões só para engambelar a apresentação de sua candidatura. Propõe-se a construir um estádio, com projeto encomendado na Inglaterra, de custo estimado em R$ 300 milhões. Digamos, contra tudo, que a estimativa seja exata. A cidade e a população de Natal não têm carências inatendidas até hoje por falta de R$ 300 milhões? Na concepção eleitoreira e rentável, a continuidade, pelo tempo afora, das carências de Natal e das outras capitais de menor riqueza é compensada por três ou quatro jogos das oitavas da Copa.
O plano da cidade de São Paulo é exuberante. São Paulo pode. Mas seria interessante saber por que os bilhões paulistas, que entusiasmam o prefeito Gilberto Kassab ao se referir às obras para a Copa, não lhe dão o mesmo entusiasmo para usá-los, por exemplo, em obras corajosas que humanizem o neurotizante trânsito paulistano.
Das pequenas capitais à potência de São Paulo, só as quantias variam. O desprezo pelas cidades e suas populações, presentes e futuras, é o mesmo. Expresso na Copa das Leviandades."
Folha de S. Paulo - São Paulo, domingo, 01 de fevereiro de 2009
JANIO DE FREITAS - A Copa da Leviandade (Foto)

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Isso é política... pelo jornal

Isso é o jornalismo político
galado do Rio Grande do Norte
(Ilustração)
Jornal de Hoje - Coluna Portfólio
Natal/RN, Quinta, 05 de Fevereiro de 2009 •
"Jornalismo
Então eu aproveito a restrita pauta, com um ar de lamúria das velhas gerações dos jornais impressos, e lanço também meu questionamento (esse termo se usava muito nas reuniões comunistas de antanho): falta oposição ou falta jornalismo? Ou os dois?
Jornalismo II
Creio (não sou muito bom de crenças) que a cobertura política na aldeia de Cascudo transformou-se numa coisinha miúda, aonde a política eleitoral deixa de ser um desejo dos políticos para ser uma obsessão dos editores, repórteres e colunistas.
Irritação
A cantiga da perua sobre eleições (tal assunto virou minha cantiga), que sempre irrita leitores mais exigentes (e este JH os tem), está tirando a paciência até de deputado federal, ao ponto do sempre elegante João Maia acabar confessando a chatice do tema.
Isso é política
E o leitor quer saber o que anda fazendo o governo estadual diante da violência generalizada, qual a saída da prefeitura para a crise na saúde, como está a vida das populações da interior, quais as ações dos parlamentares em prol do povo."
Jornal de Hoje - Coluna Portfólio - Natal/RN, Quinta, 05 de Fevereiro de 2009 •

terça-feira, fevereiro 03, 2009

Nada muda na política do RN

...são dezenas de anos de coronelismo, demagogia...
Começamos 2009, mais um novo ano de antesafra eleitoral. É nesse tipo de ano que os partidos políticos e suas lideranças plantam seus sonhos para a colheita do ano seguinte. Em 2010, teremos eleições para presidente da República, governadores de estados, senadores, deputados federais e estaduais.
No Rio Grande do Norte, a tradição política tem sido, eleição após eleição, a da "fulanização", da priorização dos interesses das oligarquias, do nepotismo, do fisiologismo, do coronelismo, da demagogia. Neste primeiro dia do ano de 2009, posso dizer que duvido que a atividade política no estado seja, nos próximos tempos, muito diferente do que se vem praticando desde o século passado. São dezenas e dezenas de anos em que as oligarquias se revezam no poder, praticando o nepotismo, o fisiologismo, o coronelismo, a demagogia. Aos nomes mais ilustres dessas oligarquias, o que mais interessa é a "fulanização" da atividade política, pois, assim, eles se mantêm sempre na boca do povo. (Ilustração)
Sávio Hackradt
Especialista em Marketing Político, professor convidado da USP.
Diário de Natal, Coluna Ponto de Vista
Natal quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Nada muda na política do RN

...ganham as oligarquias, perde a sociedade...
Lamentavelmente, no nosso estado, a mídia, que deveria ser um instrumento a favor da sociedade, tem se portado como mera porta-voz das oligarquias, com raríssimas exceções. Ganham as oligarquias, interessadas em transmitir, através dos jornalistas - pela palavra impressa, pelo rádio, pela televisão, pela internet - a sua demagogia. Perde a sociedade. O ex-presidente norte-americano Lincoln disse certa vez: "Pode-se enganar algumas pessoas todo o tempo; pode-se enganar todas as pessoas algum tempo; mas não se pode enganar todas as pessoas todo o tempo". Até quando essa situação vai perdurar no Rio Grande do Norte? Quando o povo potiguar vai dar o seu grito de independência contra o nepotismo, o fisiologismo, o coronelismo e a demagogia?
(Ilustração)

Nada muda na política do RN

A mídia amestrada...
Ao ler o noticiário político do estado nos jornais e blogs, o que se observa é uma predominância quase absoluta da "fulanização". São raríssimos os questionamentos sobre o que o político fulano disse, fulana afirmou, beltrano comentou. E por aí vai girando o noticiário político local, que, em geral, apenas reproduz o que interessa aos poderosos de plantão. Neste instante, faltando mais de um ano para as próximas eleições, já se fala em nomes e chapas completas para as disputas pelo governo e Senado em 2010; mas, ninguém dá uma palavra, por exemplo, sobre a crise financeira mundial que se avizinha e começa a chegar devagar ao Brasil e ao Rio Grande do Norte, com suas inevitáveis consequências. (Ilustração)

Nada muda na política do RN

...são frouxos, e, acovardados, preferem o silêncio...
Se, por um lado, os mais ilustres da política local vão empurrando facilmente suas versões através da mídia, observamos que setores da sociedade - empresários e sindicalistas - teoricamente capazes de imprimir um novo rumo na agenda de discussão de interesse do estado, são frouxos, e, acovardados, preferem o silêncio e assistem passivamente às carruagens das oligarquias passarem ao largo. Os empresários morrem de medo de governos e fazem xixi nas calças. Os sindicalistas são incapazes de se organizarem em torno de um projeto comum de desenvolvimento para o estado e bem-estar da população. Preferem as disputas menores por espaços políticos nos sindicatos e migalhas no governo, em postos de quinto escalão. Porém, todos eles - empresários e sindicalistas - querem que os governos deem soluções para seus problemas. Não conseguem enxergar um palmo além do umbigo de cada um deles. (Ilustração)

Nada muda na política do RN

A vanguarda do Rio Grande do Norte
(Ilustração)
O Rio Grande do Norte não tem vanguarda. Continua no início do século XX e algumas de suas lideranças ainda no século XIX.
Ah, e os partidos políticos? Coitados, não passam de meros instrumentos de oligarquias que os dominam há anos sem fim. Quando não é uma família que domina é um grupelho político que usa a burocracia partidária para se perpetuar no Poder. Todos eles têm horror à renovação!"

Nada muda na política do RN
Sávio Hackradt
Especialista em Marketing Político, professor convidado da USP.
Diário de Natal, Coluna Ponto de Vista
Natal quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Bufunfa de um vereador

Quanto ganha um vereador de Natal
Coluna Espaço Cidadão
Robson Carvalho
Jornal JH 1ª Edição - Natal, 02 de fevereiro de 2009
"Vocês leitores terão uma idéia do que um vereador pode chegar a ganhar "extra-salário", em Natal.
Interessante que, às vezes, se ouvem frases do tipo: 'ah, eu queria ver se não houvesse remuneração para os vereadores, que há bem pouco tempo queriam mais que dobrar seus salários, se algum se interessaria em ser candidato novamente..."
Na verdade, o salário oficial do vereador é apenas a ponta do iceberg, até porque, se assim não fosse, não valeria a pena o "investimento" que pode variar de R$ 300.000,00 a mais de um milhão de Reais...
Sinceramente, não creio que possa existir alguém tão abnegado e voluntarista a esse ponto, que pense e "invista" com tanto afinco no bem comum.
Como, então, se conseguiria pagar as altíssimas contas de campanha? Lembrando que, em sua grande maioria, as contas apresentadas aos tribunais, de doações recebidas e despesas efetuadas, são criativas fantasias de carnaval. (Foto)

Bufunfa de um vereador

Quanto ganha um vereador de Natal
Pois então, vejamos...
A "brincadeira" começa logo na eleição da mesa diretora da Câmara Municipal. Quem apoiou a eleição do presidente recebe, por mês, em cargos indicados na estrutura da Câmara, uma quantia que varia de R$ 20.000,00 (vinte mil) a R$ 45 mil (quarenta e cinco mil), de acordo com a importância do apoio e o nível de ligação e comprometimento com o líder maior.
A estes mais chegados, inclusive, o tratamento é diferenciado até mesmo na hora da reforma dos gabinetes. Quem votou com o presidente Dico, tem uma ampla reforma. Quem não votou, fica com os piores gabinetes e tem direito apenas a pintura de parede.
Mas, voltando ao tópico anterior, aí já se começa a enxergar o potencial de se fazer um delicioso suco de laranjas. Parte dos vereadores que entram nessa "quota", em geral, indicam pessoas que, às vezes, trabalham e às vezes, não, mas "emprestam" seus nomes para receberem o salário generoso e repassá-lo quase todo ao dono da cadeira.
Sabemos de vereador que paga a necessitados "irmãozinhos" voluntariosos da igreja a quantia de R$ 100,00 a R$ 150,00 pelo empréstimo do nome. (Ilustração)

Bufunfa de um vereador

Quanto ganha um vereador de Natal
Além do salário oficial, em torno de R$ 7.000,00 (sete mil reais), cada edil - isso para todos - ainda recebe a verba de gabinete que é de R$ 21.000,00 (vinte e um mil rais), para pagamento de pessoal.
Segundo aluns vereadores, antigos e novatos, a prefeitura também colabora com os aliados, abrindo-a para indicação de cargos em sua estrutura, a média mensal de R$ 14.000,00 (quatorze mil reais). É um dos caminhos de que se utiliza para a famosa "composição da base aliada".
Nestas contas que ora fazemos, ressaltamos que nos referimos apenas ao que se recebe de maneira fixa e mensal. Não incluímos aqui, a exemplo do que se investiga na Operação Impacto, a venda de votos de acordo com o interesse de grupos que articulam lobby e pagam generosas propinas para influenciarem naqueles que após o acordo fechado pronunciam na tribuna, cinicamente, a mafiosa frase:
"Estou votando de acordo com a minha consciência, que é livre. Estou convencido de que isto é o melhor para o interesse público, para o bem da minha cidade, de meus filhos e das gerações futuras."
Ah, e tem também as orelhinhas de que se pode dispor nas contratações de serviços e compras de mercadorias. Eu Dineyria que vale a pena o Ministério de Defesa do Patrimônio Público dar uma espiadinha, por exemplo, no contrato de aluguéis de veículos. (Ilustração)

Bufunfa de um vereador

Quanto ganha um vereador de Natal
Agora, que já temos uma ideia do que se recebe regularmente, é só somar:
7.000,00 de salário; 21.000,00 de verba de gabinete; entre 20.000,00 e 45.000,00 para quem apoiou o presidente - coloquemos a média de 33.000,00 para efeito de soma... mais 14.000,00 de apoio aos projetos do Executivo municipal... chegamos à mensalidade fixa de R$ 75.000,00.
Por ano, chegamos a algo em torno de R$ 900.000,00 (novecentos mil reais). Durante o mandato, a mixaria de R$ 3.600,000,00 (TRÊS MILHÕES E SEISCENTOS MIL REAIS).
Essa quantia pode chegar a passar, direta ou indiretamente, pelas mãos dos nossos excelentíssimos senhores vereadores. E aí, vale ou não a pena o investimento? Peeeeeense numa loteria!" (Ilustração)
Espaço Cidadão - Robson Carvalho - Jornal JH 1ª Edição - Natal, 02 de fevereiro de 2009

sexta-feira, janeiro 30, 2009

Abalo na oligarquia Alves

Alves perdem poder
Coluna Alex Viana
Jornal JH 1ª Edição
Natal, quinta-feira, 29.01.2009
Numa mesa em um restaurante da zona sul, atores de um determinado grupo político comentavam o que diziam ser a perda de poderio político da família Alves "em pouquíssimo tempo". Foi quando um deles chamou para si a conversa e comentou que na passagem de 2008 para 2009 a família perdeu a presidência do Senado, a presidência do Tribunal de Contas do Estado (TCE), a Prefeitura de Natal, a Prefeitura de Parnamirim e uma cadeira na Câmara Municipal de Natal - se referindo às perdas de controle executivo dos referidos órgãos e de mandatos por parte do senador Garibaldi Alves (Foto), do conselheiro Paulo Roberto Alves, dos ex-prefeitos Carlos Eduardo Alves e Agnelo Alves e do ex-vereador Geraldo Neto.

Abalo na oligarquia Alves

Liderança familiar
Na avaliação feita, quem desponta como liderança inconteste da família - com forte influência nas articulações políticas de 2010 - é o deputado federal Henrique Eduardo Alves que, além de presidir o PMDB no Rio Grande do Norte, continuará a exercer a liderança da maior bancada do País na Câmara dos Deputados - inclusive podendo influir na sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
(Foto: Agnelo Alves, ex-prefeito de Parnamirim)

Abalo na oligarquia Alves

Erro estratégico
Ainda conforme a análise, o maior erro do grupo político Alves em 2008 foi excluir a candidatura do deputado estadual Walter Alves (PMDB) a prefeito de Parnamirim. Sem Senado, sem TCE e sem Prefeituras de Natal e Parnamirim, os "bacuraus" estariam fadados a ser nos próximos anos o que os "araras" (DEM) foram nos últimos 20 anos - um grupo político fora do poder.
(Foto: Paulo Roberto Alves, ex-presidente do TCE/RN)
Alves perdem poder
Coluna Alex Viana
Jornal JH 1ª Edição - Natal, 29.01.2009

quarta-feira, janeiro 28, 2009

O que se comenta nos alpendres, no verão...

De olho em Lauro Maia e Família...
Coluna Linhas Gerais
Bruno Falcão
PRATO CHEIO
Já tem gente querendo saber qual a estratégia que o advogado Lauro Maia (Foto) vai usar para calar a opinião pública sobre o escândalo na Saúde do Estado, caso ele se viabilize herdeiro das bases políticas do pai, Lavoisier Maia (PSB) e da irmã, Márcia Maia (PSB) e se lance candidato a deputado estadual. Nas hostes adversárias seria um prato cheio para culpá-lo pelo caos que vive a saúde estadual.
CONSEQUÊNCIAS
Além disto, os supostos desvios e o caos na Saúde poderão, também, eclipsar a candidatura da governadora Wilma de Faria (PSB), mãe dele, ao Senado Federal. Analistas apostam que tais indícios podem fazê-lo repensar a disputa por uma vaga no legislativo potiguar. Ainda mais se tratando de um estreante.
Gazeta do Oeste Mossoró-RN, Quarta, 28 de janeiro de 2009