sexta-feira, dezembro 26, 2008

Dinheiro na mão é vendaval...

O dinheiro do natalense e o apetite de Gilmar
Jornal de Hoje, coluna Hoje na Economia, colunista: Marcos Aurélio de Sá, Natal, sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Não é um fato comum no mundo jurídico, em absoluto, um magistrado atender apressadamente pedidos de liminares que impliquem na liberação temerária de recursos financeiros "sub judice", especialmente quando se trata de dinheiro vivo.
Mandam a prudência e o bom-senso (e bom-senso deve sempre se sobrepor a quaisquer outros critérios — especialmente os de ordem política — suscetíveis de influenciar as decisões provisórias de um juiz) que nunca se facilite a prévia entrega do dinheiro em litígio para uma das partes litigantes.
As razões para isso são mais do que compreensíveis. E se, no julgamento do mérito, a parte favorecida pela liminar não tiver confirmado seu direito? E se, nessa ocasião, ela já houver dado fim ao dinheiro precipitadamente colocado em suas mãos, quem irá fazê-lo chegar à parte vencedora da lide?...

Dinheiro na mão é vendaval...


Gilmar e os julgamentos monocráticos...
Por estranho que possa parecer, no Brasil temos na presidência da suprema corte de justiça um ministro que está se tornando contumaz em atropelar a prudência e o bom-senso quando instado a apreciar causas de cunho político, fazendo aqui e ali julgamentos monocráticos que, no mínimo, fogem do padrão vislumbrado pela ética da maioria dos seus pares e da sociedade esclarecida.

Dinheiro na mão é vendaval...


O banqueiro prestigiado por Gilmar

Foi o que aconteceu, por exemplo, quando da repetida decretação de prisão preventiva do banqueiro Daniel Dantas (Foto), flagrado meses atrás pela "operação satiagraha" Polícia Federal praticando continuados atos de corrupção e de fraudes que afetavam o sistema financeiro do país e causavam pesados prejuízos ao erário. O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, simplesmente mandou liberar o bandido por duas vezes em menos de 48 horas, através de decisões polêmicas, até hoje colocadas em dúvida pelos meios jurídicos nacionais.
Nestes derradeiros dias de 2008, eis que novamente o ministro Gilmar Mendes vira protagonista de outra decisão estranhável, desta feita afetando os interesses na população e da classe política do Estado do Rio Grande do Norte.

Dinheiro na mão é vendaval...


No final de novembro último, faltando pouco mais de um mês para encerrar seu mandato, o prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (Foto), decidiu "sponte sua" desvincular da Caixa Econômica Federal S/A a conta única da Prefeitura, mediante um distrato sem justa causa e, ao mesmo tempo, "vender" a administração dessa conta ao Banco do Brasil S/A durante o prazo de 60 meses, pela importância de R$ 40 milhões, valor este estipulado de forma aleatória, sem critério técnico, sem concorrência pública, sem oitiva e nem autorização do Poder Legislativo municipal.
O distrato injustificado com a CEF resultou, para a Prefeitura, no ônus do pagamento de uma multa contratual superior a R$ 9 milhões, já paga ou a ser paga (não se sabe ao certo, pois muito do que está acontecendo no âmbito da administração municipal é mantido ilegalmente fora do alcance da imprensa e do conhecimento dos cidadãos) por decisão pessoal do prefeito.
Concretizada a operação de "venda" da conta única ao Banco do Brasil, pontuada de possíveis irregularidades insanáveis, fato divulgado única e exclusivamente por O Jornal de Hoje e pelo JH Primeira Edição e estranhamente silenciado pelos demais diários natalenses, a Câmara de Vereadores começou a questionar o fato, até que foi colocado em votação e aprovado um decreto legislativo anulando a transação. (Foto: D'Luca/DN)

Dinheiro na mão é vendaval...




Nessa altura, os diretores do Banco do Brasil, sabedores da repercussão negativa do negócio mal explicado e temendo a perda do dinheiro a ser desembolsado, optaram sabiamente por depositar em juízo os R$ 40 milhões, até que o judiciário decida em múltima instância se a "venda" tem valor legal ou se o decreto legislativo é quem prevalece.
Uma ação popular também foi intentada para evitar que o judiciário permitisse a liberação do dinheiro no apagar das luzes da atual gestão. Seus autores alegavam que a administração municipal sequer possuía um plano de aplicação aprovado pela Câmara para utilizar tais recursos, o que se caracterizaria num ilícito.
Em primeira instância, o juiz Luiz Alberto Dantas considerou liminarmente regular a forma como a conta única da Prefeitura foi negociada, mas negou-se a liberar o dinheiro depositado em juízo até que se conclua o julgamento do mérito da ação popular.
Insatisfeito com a decisão e desesperado pela pressão dos credores da undécima hora, o prefeito Carlos Eduardo Alves apelou ao presidente do Tribunal de Justiça do Estado, desembargador Oswaldo Cruz, para que fosse reformada a decisão do juiz. Consta que o magistrado, se sentindo pressionado politicamente, alegou suspeição, indo o processo cair, por substituição, nas mãos da implacável e inabordável desembargadora Judith Nunes, que manteve a decisão de primeira instância.

Dinheiro na mão é vendaval...


Gilmar desbloqueia o dinheiro...
Já às vésperas do Natal, faltando apenas cinco dias úteis para terminar o ano, o prefeito passou a alegar que sem os R$ 40 milhões não teria como pagar o mês de dezembro ao funcionalismo, nem o grande volume de dívidas pendentes junto às empresas que prestam serviços à Prefeitura. E, assim, recorreu aos seus primos, senador Garibaldi Filho (presidente do Senado) e deputado Henrique Alves (líder do PMDB na Câmara Federal), bem como ao potiguar Suerdenberg Barbosa (assessor direto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva), para que eles usassem do prestígio político junto ao presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, no sentido de conseguir reformular, com urgência urgentíssima, a decisão da desembargadora.
Ouvido o Procurador Geral da República, que em questão de horas deu parecer favorável ao pleito, o presidente do STF suspendeu o bloqueio do dinheiro e determinou que o Banco do Brasil o depositasse imediatamente na conta do município, o que já deve ter acontecido na manhã de hoje, para alívio de quem tem contas a receber no apagar das luzes dessa desastrada administração.

Dinheiro na mão é vendaval...



Ministro Papai Noel
Resta saber o seguinte: se no julgamento do mérito o contrato entre a Prefeitura e o BB vier a ser considerado irregular e o decreto legislativo anulando o contrato for considerado válido; e se ficar caracterizada a aplicação ilegal desses R$ 40 milhões por falta de sua inclusão no orçamento geral do município, quem reporá o dinheiro que o ministro Gilmar Mendes, qual um providencial Papai Noel, mandou botar na mão do mau gestor?..."
Jornal de Hoje, coluna Hoje na Economia, colunista: Marcos Aurélio de Sá, Natal, sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Foto: Fábio Cortez/DN.

sexta-feira, outubro 24, 2008

Vadiagem das Oligarquias...

Acabou-se o que era doce!
Colunista: Marcos Aurélio de Sá
Hoje na Economia
Jornal de Hoje
Natal, sexta-feira, 24 de outubro de 2008
- Entre o ano de 2003 até os meados de 2008, Natal, o litoral próximo da capital e, por quê não dizer, o Rio Grande do Norte todo se transformaram na "bola da vez" da economia nordestina, passando a atrair vivamente o interesse de inúmeros grupos investidores nacionais e internacionais da área do turismo, da hotelaria, do ramo imobiliário em geral, da mineração e até do setor da produção de energia eólica.
- Nesse período, dezenas de grandes empresas vieram para cá numa espécie de "corrida do ouro" visando adquirir áreas estratégicas a beira-mar, formalizar "joint ventures" (ou outros tipos de parcerias com empresários locais), planejando implantar novos hotéis, flats, resorts (alguns até com campos de golfe), além de condomínios para turismo de segunda residência, parques aerogeradores, etc.
- Via-se, de repente, Natal e o RN como um futuro eldorado de lazer e férias, ponto da América Latina mais próximo do Continente Europeu, portão de entrada do turismo internacional a bordo de dezenas de vôos charters abarrotados de noruegueses, suecos, italianos, espanhóis, portugueses... conforme chegou a destacar a revista "Veja" e a grande imprensa do Sudeste em seguidas reportagens.
- Aos muitos investidores que tinham objetivos claros e disposição verdadeira de tornar realidade grandes projetos econômicos em nosso meio, fato mais do que sinalizado pela aquisição de valiosos terrenos e apresentação de projetos aos órgãos públicos responsáveis pelo licenciamento ambiental e pela emissão de alvarás de construção, logo o nosso pequenino mundo político-administrativo e social cuidou de levantar barreiras as mais diversas.
- Agentes públicos de todos os níveis, dirigentes de ONGs ditas ambientalistas, além de entidades diversas que se arvoram de representantes da sociedade civil cuidaram logo de declarar guerra e criar dificuldades à maioria dos empreendimentos. Se saía, arrancada a fórceps, uma licença ambiental e as obras de um hotel ou qualquer outro grande empreendimento eram iniciadas, logo entrava em ação o Ministério Público para pedir o embargo, sob as mais diversas alegações, como se aquilo representasse um atentado aos direitos difusos.

Vadiagem das Oligarquias...

- Em verdade, nossa "elite" governante e segmentos da comunidade estadual refratários ao capitalismo, se deram as mãos para atrapalhar, obstaculizar e até impedir a materialização de uma infinidade de negócios que estavam sendo trabalhados no Estado em função do excelente momento que atravessava a economia lá fora, com os países do primeiro mundo abarrotados de dinheiro à procura de oportunidades rentáveis de aplicação.
- É provável que a direção de órgãos como o Idema (Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente) ou como a Semurb (Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo da Prefeitura de Natal), ao procrastinar a análise dos tantos projetos que lhes foram encaminhados pelos investidores naquele período, imaginasse que estava fazendo "um bem" ao Estado e à nossa sociedade ao engavetá-los até por anos a fio. Mas é preciso muita ingenuidade ou muita ignorância para acreditar nisso. Quem tem espírito prático e sabe das coisas, compreende, isto sim, que tudo não passava de um jogo de interesse comandado por aqueles que usam do poder para tirar vantagens.
- O fato é que a onda dos investimentos passou e nós pouco conseguimos. Com a eclosão da crise financeira mundial o que resta hoje de grandes investidores desejosos de aplicar em Natal e no Rio Grande do Norte é um número tão escasso que já nem tem peso.
- Se tivéssemos sido racionais, competentes e ágeis, não teríamos jogado fora dezenas de milhares de empregos diretos e permanentes, nem teríamos deixado escapar bilhões de dólares ou de euros que poderiam estar circulando em nosso território, afastando-nos de uma realidade cosmopolita que já começavamos a viver.
- O que resta, agora, é a triste constatação de que o turismo internacional está se evaporando, com os europeus trocando Natal por Recife e Fortaleza. Nosso Aeroporto Augusto Severo, decadente, volta a ser internacional só no nome, enquanto o projeto de construção do mega-aeroporto de São Gonçalo continua encarado como um conto de fadas.
- Mas sejamos otimistas! Vamos esperar que, passados os efeitos da crise financeira, voltemos outra vez, daqui a alguns anos, a merecer a atenção de grandes investidores. E que não mais os recebamos, no futuro, com esse desdém esquerdista, subdesenvolvido e preconceituoso que, dessa vez, os espantou. (Fonte: Colunista: Marcos Aurélio de Sá, Hoje na Economia, Jornal de Hoje, Natal, sexta-feira, 24 de outubro de 2008)

terça-feira, outubro 21, 2008

Oligarquias na vadiagem...

O que leva Wilma de Faria e
Carlos Eduardo a optarem pela
indução ao subdesenvolvimento?
Hoje na Economia
Colunista: Marcos Aurélio de Sá
Jornal de HojeNatal/RN, Terça, 21 de Outubro de 2008 •
21.10.2008
■ Algo de muito errado, sob a lógica econômica, vem se tornando prática comum no dia-a-dia do poder público brasileiro, especialmente após a entronização dos representantes dos chamados partidos de esquerda (ou socialistas) aos postos de comando no País, nos Estados e nos Municípios.
■ No Brasil, nos últimos anos tornou-se norma e rotina a administração pública, em vez de agir como indutora do desenvolvimento, atuar principalmente como criadora de obstáculos ao desenvolvimento, em especial quando a condução dos projetos desenvolvimentistas está a cargo da iniciativa privada, ou seja, possua cunho capitalista e vise a sustentabilidade através do lucro.
■ Hoje prevalece no interior de quase todas as repartições públicas, das quais a sociedade virou refém, a política de colocar o máximo de suspeição em tudo que diga respeito aos direitos e aos interesses do cidadão, especialmente quando ele não se revela um pobre coitado indigente. Se se tratar de pessoa de posses, profissão definida, contribuinte regular do Imposto de Renda, com endereço certo, e -- pior ainda -- de empresário ou profissional liberal atuando na formalidade, aí a perseguição passa a ser quase explícita.
■ Como no Brasil até um número fantástico de agências bancárias também foi transformado em verdadeiras repartições do governo, diante do agigantamento do sistema financeiro estatizado (Banco do Brasil, Caixa Econômica, etc.), agora a população sofre constrangimentos, humilhações e maus-tratos até mesmo na hora de pagar seus tributos. É o que poderia qualificar de "non-sense" absoluto.
■ Creio ser inquestionável, até por parte dos chamados esquerdistas mais radicais, que somente pela via do desenvolvimento econômico será possível promover a melhoria das condições de vida das pessoas e dos índices de desenvolvimento humano da população em geral. Não havendo aumento da renda, nem geração de mais empregos, nem agregação de valor aos recursos naturais, nem fartura na produção de bens de consumo, como poderá um País sair da pobreza, elevar-se social e culturalmente, melhorar a saúde e a educação de sua gente, dispor de recursos para investir em infra-estrutura?... (Foto: Wilma Faria, Fábio Cortez/ DN)

Oligarquias na vadiagem...

■ Como entender, então, que um governo de Estado -- como é o caso do Rio Grande do Norte -- mantenha acumulados e engavetados no Idema (repartição responsável pela concessão de licenças ambientais a empreendimentos econômicos os mais diversos, que vão desde a instalação de uma pensão familiar num bairro de periferia até a construção de um resort de categoria internacional, ou da perfuração de um poço de petróleo até a implantação de uma refinaria, passando pela abertura de uma padaria, um posto de gasolina ou uma indústria de ponta), por meses e até anos, mais de 1.500 pedidos de autorização para geração de novos negócios?
■ E como entender que a Prefeitura de Natal, através da Semurb (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo) se negue terminantemente a dar celeridade à análise e aprovação ao acúmulo de mais de 500 pedidos de autorização para a construção em nossa área urbana de prédios de apartamentos, hotéis, flats, condomínios residenciais horizontalizados, edifícios comerciais, empreendimentos capazes de gerar, no curto prazo, dezenas de milhares de empregos diretos, reduzir nosso deficit habitacional, proporcionar receitas extraordinárias que dariam para construir outra obra do porte da ponte Forte-Redinha?...
■ Estas coisas só estão acontecendo porque a governadora Wilma de Faria e o prefeito Carlos Eduardo Alves (Foto: D'Luca, DN) querem que assim seja. Se houvesse da parte deles a vontade política de por um fim nessas anomalias administrativas inexplicáveis à luz da razão honesta, Idema e Semurb não continuariam agindo em prejuízo da sociedade sob o argumento -- quase sempre hipócrita e mentiroso -- de que fazem isto para proteger o meio ambiente e a qualidade de vida da população.
■ Confesso ao leitor que não sei explicar o porquê da decisão obstinada dessas autoridades públicas em dificultar e até impedir a chegada do progresso ao Estado e à Capital, mas garanto que elas estão -- por alguma razão inconfessável -- optando pela condenação injusta de nossa gente a uma vida cada dia mais miserável, embora tenhamos tudo, rigorosamente tudo para ser um Estado rico. (Fonte: Jornal de Hoje, 21.10.08)

quarta-feira, outubro 08, 2008

Varão de Plutarco


O que é um varão de Plutarco?


Varão de Plutarco

significa homem probo e com relevantes
serviços prestados à pátria.

São aquelas pessoas que se destacam na sua vida profissional,
principalmente homens públicos

(o que é hoje em dia difícil).
Um abraço e lute para ser um.
Leia os textos de
Wálter F Maierovitch

O empresário Gilmar

CartaCapital
Edição 516
03/10/2008
terça, 07 de outubro de 2008 às 17:38
A Coisa Nossa
Segundo o presidente do Supremo Tribunal Federal, a reportagem de capa da CartaCapital que lhe desnuda as mazelas é obra de "pistolagem". Ocorre-me uma dúvida, a seu modo atroz: será que o nosso varão de Plutarco tem familiaridade com pistolas? Creio que melhor entenda de lupara, a espingarda de cano serrado em uso na máfia siciliana. Aliás, já disse das semelhanças entre Brasil e Sicília nos blogs de Paulo Henrique Amorim e de Bob Fernandes, que me procuraram depois da reação de Mendes publicada pelo O Globo de sábado passado. Lá é Cosa Nostra, aqui Coisa Nossa. A máfia siciliana conta com a lei do silêncio imposta ao povo, a trágica omertá, que engole e cancela as ações criminosas cometidas pelas famiglie malavitose. Aqui o estrondoso silêncio é praticado pela mídia, na certeza de que o fato não ocorre se não for noticiado. E depois a tigrada enche a boca, e as páginas, com suas diatribes sobre a liberdade de imprensa, que seria periodicamente ameaçada... As semelhanças com a Sicília são claras, de todo modo, mas no Brasil a omertá é praticada pelos poderosos, unidos em defesa de interesses que estão longe de coincidir com aqueles do País. Por exemplo: é admissível que Gilmar Mendes represente o poder mais alto da Justiça nativa? Coisa Nossa, sem dúvida. E o povo? Que se moa.
Fonte: Blog do Mino (Mino Carta)

O empresário Gilmar

O empresário Gilmar
Revista CartaCapital
06/10/2008 19:55:56
Leandro Fortes*
"Quem quiser ficar rico, não vá ser juiz"
João Batista de Arruda Sampaio,
desembargador e jurista (1902-1987)

Desde que veio à tona a história do suposto grampo de uma conversa com o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, galvanizou os anseios de uma parte da sociedade que enxerga nos ministros de tribunais superiores a chance de controlar o poder negado nas urnas em eleições recentes. Como "vítima" de uma interceptação ilegal até agora não comprovada, Mendes acabou alçado à condição de paladino do Estado de Direito, dos valores republicanos e, por que não, da moralidade pública.
O episódio exacerbou uma tendência crescente do STF, a de interferir além dos limites de sua atribuição na vida dos demais poderes. Coube a Mendes chegar ao extremo, quando chamou "às falas" o presidente da República por conta da mal-ajambrada denúncia do tal grampo. O Congresso, a Polícia Federal, os juízes de primeira instância, o Ministério Público, ninguém escapa da fúria fiscalizadora do magistrado que ocupa o principal cargo do Poder Judiciário no Brasil.

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Quem tem a pretensão e o pendor para "varão de Plutarco", presume-se, segue à risca na vida particular os padrões morais que prega aos concidadãos. Não parece ser este o caso de Mendes. A começar pela sua participação no controle acionário do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP). Há de cara um conflito ético, ainda que as regras da magistratura não sejam claras o suficiente sobre a permissão de juízes possuírem negócios. Criado em 1998, o IDP organiza palestras, seminários e treinamento de pessoal, além de oferecer cursos superiores de graduação e pós-graduação. Entre 2000 e 2008, faturou cerca de 2,4 milhões de reais em contratos com órgãos ligados ao governo federal, todos firmados sem licitação. No quadro de professores contratados pelo instituto figuram ministros de Estado e dos tribunais superiores, e advogados renomados, vários deles defendendo clientes com ações que tramitam no STF presidido por Mendes.
A Lei Orgânica da Magistratura deixa dúvidas sobre os limites da atuação de juízes além dos tribunais. O parágrafo 2º do artigo 36 diz ser vedado exercer cargo de direção ou técnico de sociedade civil, caso do IDP, mas nada diz sobre possuir ações ou cotas do empreendimento. Magistrados mais antigos sempre interpretaram que a lei só permite ao juiz dar aulas remuneradas, nada mais. A visão tem mudado. Estudiosos do Direito como David Teixeira de Azevedo, professor da Universidade de São Paulo, e Dalmo Dallari, professor aposentado da USP, afirmam que não há nada na legislação que proíba expressamente a participação societária em empresas privadas. "É preciso ver, porém, se o juiz se valeu de sua condição para obter qualquer tipo de benefício."
O que se pode dizer do IDP é que gravitam ao seu redor nomes de peso da República. O corpo docente é formado por 87 professores, entre eles dois ministros do governo Lula, Nelson Jobim (Defesa) e Jorge Hage (Controladoria-Geral da União). Eventualmente dão palestra no instituto, José Antonio Toffoli, advogado-geral da União, e Mangabeira Unger, do Planejamento Estratégico. Unger, por exemplo, esteve lá na quinta-feira 2, na abertura do 11º Congresso Brasiliense de Direito Constitucional.
Vários dos colegas de tribunal também são docentes do instituto: Carlos Alberto Direito, Carlos Ayres Britto, Carmem Lúcia Rocha, Eros Grau e Marco Aurélio Mello. Há ainda diversos titulares do Superior Tribunal de Justiça.
O presidente do STF tem dois sócios na escola. Um deles é o procurador regional da República Paulo Gustavo Gonet Branco, o outro, o advogado Inocêncio Mártires Coelho, último procurador-geral da República da ditadura, nomeado pelo general-presidente João Baptista Figueiredo, em junho de 1981. De acordo com a Junta Comercial do DF, cada sócio desembolsou 402 mil reais, num total de 1,2 milhão de reais, para fundar o IDP.
O investimento parece ter dado frutos. O IDP mantém, por exemplo, contrato com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), atualmente presidido por Carlos Ayres Britto, que substituiu na função Marco Aurélio Mello. Já o faturamento em contratos com a União cresceu após Mendes ter sido nomeado ministro do Supremo. De 2003 para cá, o valor somou 1,6 milhão de reais, segundo dados disponíveis no site Contas Abertas (www.contasabertas.com.br). O mês de setembro foi particularmente pródigo: 350 mil reais em convênios. Todos, repita-se, firmados sem licitação.
No Portal da Transparência da CGU, mantido pelo governo federal, há dados interessantes sobre os contratos do instituto. Dentro das guias de pagamento do portal, aparece um acordo com a Receita Federal até para trabalho aduaneiro. O Ministério da Defesa – de Jobim – pagou 55 mil reais ao instituto, e a CGU, 15 mil reais.
Têm sido comuns também contratos com a Força Aérea Brasileira. Tanto interesse da FAB nas consultorias do instituto do ministro Gilmar Mendes tem uma razão de ser. O diretor-geral do IDP é um experiente coronel da reserva da Aeronáutica, Luiz Fernandes de Oliveira, segundo ele mesmo, com carta-branca dos sócios para fazer tudo, "menos fechar o IDP". Aviador por formação, com cursos de administração pública na Fundação Getulio Vargas e de Ciências Políticas Militares, no Exército, o coronel Fernandes é um velho conhecido do brigadeiro Juniti Saito, com quem trabalhou na FAB. Bem articulado, o diretor-geral fechou bons contratos para o IDP, e não somente na Aeronáutica.

O empresário Gilmar

Os valores recebidos da União pelo IDP, em 2008, devem-se, sobretudo, a três contratos firmados com o Senado Federal, o STJ e a Receita Federal. Do Senado, o instituto do ministro Mendes recebeu 125 mil reais, para ministrar um curso de Direito Constitucional para "consultores e demais servidores" da Casa. No STJ, o curso é de Direito Tributário, voltado para servidores lotados em gabinetes de ministros, ao custo de 88,2 mil reais. E, finalmente, da Receita Federal o IDP recebeu 117,9 mil reais para também aplicar um curso de Direito Tributário a funcionários do órgão.
Pelo Portal da Transparência é possível saber que a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional contratou o IDP para gerir o programa de "Recuperação de Créditos e Defesa da Fazenda Nacional", por 11 mil reais. O interessante é que, entre os professores do IDP, há três procuradores da Fazenda Nacional: Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy, José Levi Mello do Amaral Júnior e Rodrigo Pereira de Mello.
Há mais. Em 2006, a Receita Federal pagou 16 mil reais ao IDP na rubrica "Administração do Programa" e "Arrecadação Tributária e Aduaneira" do Aeroporto de Brasília. Segundo a assessoria do órgão, a Receita pagou curso de pós-graduação em Direito Tributário a servidores. Na mesma linha, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) do MEC pagou 58 mil reais ao IDP para "Controle e Inspeção da Arrecadação do Salário-educação e sua Regular Aplicação", dentro do programa de Gestão da Política de Educação.
Os cursos oferecidos pelo IDP também foram contratados pela Procuradoria-Geral do Distrito Federal (PGDF), que pagou 690 mil reais para oferecer a 92 procuradores do DF pós-graduação em Direito Público, entre março de 2006 e junho de 2007. Assim como nos outros contratos, a licitação foi considerada "inexigível".
No período em que Jobim presidiu o STF, entre 2005 e 2006, o tribunal gastou quase 50 mil reais em cursos e eventos oferecidos pelo instituto de Mendes, tudo sem licitação, na modalidade "inexigível", ou seja, a partir do pressuposto de não haver outra entidade capaz de prestar serviços semelhantes. De fato, ao congregar quase uma centena de advogados, ministros, promotores, juízes, auditores, procuradores e auditores no corpo docente do IDP, Gilmar Mendes praticamente anulou a possibilidade de surgirem outras instituições capazes de prestar os mesmos serviços em Brasília.
Em 2006, reportagem do jornal O Globo denunciou uma das relações estranhas do IDP com o STF. Então presidente interino do Supremo (a titular, Ellen Gracie Northfleet, estava de licença médica), a única saída de Mendes foi transformar em "bolsa de estudos" um empenho de 3,6 mil reais referente a um curso de mestrado em Ações Constitucionais ministrado pelo IDP a três funcionários do Supremo. Ao se justificar, o ministro alegou não ter havido irregularidade porque cabia aos servidores escolher o curso e a escola onde pretendiam fazer as especializações. Só se esqueceu de dizer que, como o IDP tem o monopólio desses cursos em Brasília, o instituto não só foi o escolhido como, claro, caiu na modalidade "inexigível" de licitação.
Ainda assim, as poucas tentativas de impedir o presidente do STF de usar de influência para conseguir contratos no governo, até hoje, foram em vão. A primeira delas ocorreu em abril de 2002, pouco antes de ele ser nomeado ao STF, quando o Ministério Público Federal instaurou uma ação de improbidade administrativa justamente por Mendes ter contratado o IDP para dar cursos no órgão do qual era o principal dirigente, a Advocacia-Geral da União. No STF, onde o caso foi parar, a ministra Ellen Gracie (indicada por Jobim, referendada por FHC) decidiu pelo arquivamento da ação. O Supremo nem sequer analisou um recurso do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, contra a decisão.
A sede do IDP é um amplo prédio de quatro andares, onde, segundo o site do instituto, há 22 salas de aula "amplas e confortáveis", uma biblioteca informatizada (não é verdade), um foyer para realização de eventos acadêmicos, um auditório com capacidade para 240 espectadores (ainda em construção) e estacionamentos interno e externo (neste caso, trata-se das ruas ao redor da escola). Na fachada do edifício há uma placa na qual se lê: "Empreendimento financiado com recursos do Fundo Constitucional do Centro Oeste – FCO". Trata-se de dinheiro gerenciado pelo Banco do Brasil, a partir de um contrato fechado durante um churrasco na laje do IDP, em 2006, quando o prédio ainda não estava pronto.

O empresário Gilmar

Antes, um pouco de história. O IDP começou a funcionar, em 1998, na casa do ex-procurador-geral Inocêncio Coelho, no Lago Sul, uma área de casarões em Brasília. As aulas ocorriam em uma só sala, mas, com o aumento da procura pelos alunos, os três sócios acharam por bem procurar outro lugar. Em 2004, encontraram um terreno de 2,5 mil metros quadrados na Quadra 607 da avenida L2 Sul, ao preço de 2,2 milhões de reais.
Para viabilizar a compra, o grupo recorreu, então, ao Programa de Promoção do Desenvolvimento Econômico Integrado e Sustentável (Pró-DF II), criado pelo ex-governador Joaquim Roriz (PMDB). O Pró-DF II tem como objetivo gerar emprego e renda a partir de benefícios fiscais dados aos empresários, principalmente os de pequeno porte. Para isso, o governo do Distrito Federal diminui impostos e dá descontos de até 80% no valor do terreno a ser utilizado pelo empresário. O subsecretário do programa, Engels Rego, não sabe explicar como o IDP foi enquadrado na rubrica de "setor produtivo".
De acordo com o subsecretário, pelos parâmetros atuais, definidos no governo Arruda, o IDP não teria recebido um terreno na L2 Sul, área central do Plano Piloto de Brasília, onde praticamente não há mais espaços disponíveis. "A política da secretaria nessa gestão é incentivar o setor produtivo nas regiões administrativas, para desafogar o Plano Piloto e desenvolver as outras áreas da cidade", afirma.
Autor de uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) contra o Pró-DF II, por não concordar com a política de composição do conselho deliberativo do programa, o presidente da Federação das Micro e Pequenas Empresas do Distrito Federal (Fempe-DF), Sebastião Gabriel de Oliveira, conta jamais ter visto um micro e pequeno empresário local conseguir terreno no Plano Piloto, como o do prédio do IDP. "As micro e pequenas empresas nunca tiveram esse privilégio, a gente não tem cacife para isso", garante.
Os três sócios do IDP assinaram o contrato com o Pró-DF II em 1º de setembro de 2004, quando Mendes já estava no STF. Os donos do instituto conseguiram enquadrar o negócio nos parâmetros do programa do governo distrital e obtiveram, ao fim do processo, o maior desconto possível, de 80%. Assim, o terreno, cujo preço original era de 2,2 milhões de reais, foi financiado, em cinco anos, por 440 mil reais – o preço de um apartamento de quatro quartos, no mesmo bairro.
A boa estrela, digamos, do IDP não parou de brilhar por aí. Em fevereiro de 2005, quando se iniciaram as obras no terreno da L2 Sul, o caixa do instituto, segundo o diretor-geral Luiz Fernandes, dispunha de 3 milhões de reais. O dinheiro, diz ele, não era suficiente para levantar o prédio totalmente, razão pela qual Fernandes teve de correr atrás de um empréstimo, inicialmente, sem sucesso. Quando o primeiro piso do edifício ficou pronto, organizou-se a chamada "festa da cumeeira", com o tal churrasco assado sobre a laje pioneira. Um dos convidados, conta Luiz Fernandes, era um gerente do Banco do Brasil que, entre uma picanha e outra, quis saber de Inocêncio Coelho a razão de não haver nenhuma placa do banco na frente da obra. "Não tem placa porque não tem financiamento algum", disse o sócio do IDP. Foi quando o gerente os aconselhou a procurar o Fundo Constitucional do Centro Oeste (FCO), gerido pelo Banco do Brasil e, normalmente, destinado a projetos muito diferentes dos propostos pelo instituto.
No primeiro balanço trimestral de 2008, o FCO liberou mais de 450 milhões de reais. Pouco mais de 190 milhões (40%) foram destinados a micro e pequenas empresas. As companhias de médio porte receberam 32%, ou 150 milhões de reais. A prioridade de investimento do fundo é, porém, o meio rural, que recebeu 278 milhões de reais (60%). O setor de comércio e serviços aparece apenas em terceiro lugar, com desembolso de 62 milhões de reais, ou 13% do fundo. Mesmo assim, e sem se encaixar exatamente no perfil, o IDP apresentou-se como "pequena empresa" do setor de serviços para solicitar o financiamento.
A política do FCO visa, preferencialmente, atividades comprometidas com a utilização intensiva de matérias-primas e mão-de-obra locais, sobretudo na produção de alimentos básicos. A análise dos pedidos de empréstimos leva em conta a preservação do meio ambiente e busca incentivar a criação de novos pólos de desenvolvimento capazes de reduzir as diferenças econômicas e sociais entre as regiões.

O empresário Gilmar

Ainda assim, graças ao churrasco da laje, o IDP conseguiu arrancar do fundo, com prazo de pagamento de dez anos, um financiamento de 3 milhões de reais, com base na rubrica "instalação, ampliação e modernização de estabelecimentos de ensino e de prática de esportes". Como garantia para o empréstimo, diz Fernandes, os sócios ofereceram patrimônios pessoais. Mendes colocou à disposição do Banco do Brasil uma fazenda em Mato Grosso. Inocêncio Flores e Paulo Gonet, as casas onde moram, no Lago Sul de Brasília. Nenhum dos três atendeu aos pedidos de entrevista de CartaCapital. A assessoria de imprensa do presidente do STF deu, em particular, uma desculpa que até agora causa perplexidade. Segundo a assessoria, Mendes não costuma conceder entrevistas.
A escola tem 22 funcionários, segundo informação do diretor-geral. Os 87 professores anunciados no site não são contratados formalmente, mas profissionais requisitados para cursos específicos, pagos pelo sistema de Recebimento de Pagamento Autônomo (RPA). O corpo docente recebe, em média, 6 mil reais por mês, a depender do status acadêmico ou de poder de cada um.
Antes de ser inaugurado, em setembro de 2007, o prédio do IDP sofreu um embargo de seis meses da Secretaria de Desenvolvimento e Turismo (SDET) do Distrito Federal, comandada pelo maior empreiteiro da cidade, o vice-governador Paulo Octávio. Os fiscais da secretaria descobriram que a obra tinha avançado três metros além da altura máxima permitida pelo gabarito de ocupação da capital. Fernandes garante ter resolvido o assunto burocraticamente, sem interferência política.
Mendes, pelas limitações da Lei Orgânica da Magistratura, não ocupa cargo executivo no IDP, mas costuma fazer retiradas em dinheiro. Na última, pegou 20 mil reais. No STF, seu salário é de 24,5 mil reais por mês. Além disso, de acordo com Fernandes, o IDP tem restituído aos sócios, em parcelas mensais, 125 mil reais que cada um foi obrigado a desembolsar, no ano passado, para completar o dinheiro da obra do prédio.
O diretor-geral admite ter suspendido as pretensões de contratos com o STF, em 2006, quando veio a público a ligação de Mendes com o instituto. Isso não o impediu, porém, de fechar contratos com o STJ, de onde são oriundos sete professores do IDP. Nem no Senado Federal, onde a influência do presidente do STF ajudou a consultoria jurídica da Casa a escolher, sem licitação, o instituto em detrimento das propostas de três universidades, entre elas a Universidade de Brasília (UnB), onde muitos dos magistrados contratados pelo IDP também dão aula.
Há outros conflitos de interesses evidentes. O sistema de busca de processos no site do STF mostra que 35 professores do IDP, entre advogados, promotores e procuradores, têm ações em tramitação no Supremo. Ou seja, atuam como parte interessada em processos no tribunal atualmente dirigido por seu empregador.
O nome de um dos sócios de Mendes no instituto, Inocêncio Coelho, aparece 14 vezes na consulta ao site do tribunal.
* Colaboraram Filipe Coutinho e Phydia de Atahyde - Fonte: Revista CartaCapital

sexta-feira, outubro 03, 2008

Político morto não rouba...

Sugestão perfeita
Em campanha eleitoral vale mesmo quase tudo: em Mogi das Cruzes, São Paulo, um candidato a vereador chamado Defunto apelou em seus apelos e espalhou cartazes e faixas com esse pedido: "Vote em Defunto porque político bom é político morto".Tem lógica: político morto não rouba.
* Ainda

Ponto de Vista, Rio de Janeiro, 04 e 05.10.08

Emergentes: Imóveis em Paris

Bom negócio
Os milionários emergentes não podem reclamar da situação financeira do País. É o que deixa claro recente reportagem do "L'Express". Segundo a publicação francesa, os novos milionários brasileiros compraram mais de 400 imóveis em Paris. Os dados são da Associação de Corretores de Imóveis da França, acrescentando que local preferido foi o Quartier Latin.
* Não demora muito vai ter camelô brasileiro invadindo as calçadas
Tribuna da Imprensa, Ponto de Vista, 04 e 05.10.08. Foto.

quarta-feira, outubro 01, 2008

Talento potiguar

Papa Prêmios








Em abril de 2008, o chargista macauense Antônio Amâncio foi o primeiro colocado na Mostra Maranhense de Humor com a melhor charge nacional. O tema era o aquecimento global e ele chegou a ser finalista no World Press Cartoon, em Sintra, Portugal. Esse prêmio é considerado o Oscar do cartoon mundial. Amâncio ficou ao lado de nomes como Paulo Caruso, Lailson e Dálcio Machado. Fonte: Diário de Natal, de 22.05.08
Acima, Charge da Tribuna do Norte de 01.10.08

Amâncio na Tribuna do Norte

A política desenhada
por Amâncio Sobrinho
Tribuna do Norte
Natal/RN, Quarta, 01 de Outubro de 2008 •
Foto: Alex Régis
TALENTO - Amâncio tem charges premiadas em vários salões de humor, inclusive na Alemanha
01/10/2008 - Tribuna do Norte
Tímido e com um olhar crítico diante a sociedade contemporânea, Amâncio Sobrinho transfere seus pensamentos afiados para o desenho. Suas charges poderão ser vistas a partir de hoje no Cartão Amarelo e na coluna "Opinião", da página 2 do jornal TRIBUNA DO NORTE.
Com 32 anos e uma técnica apurada que lhe rende prêmios em diferentes lugares do mundo - inclusive no Salão de Humor da Alemanha - Amâncio precisa se alimentar de idéias cotidianamente para conseguir desenhar. "Eu começo o dia lendo jornais, assistindo televisão e também na rede. Tudo isso faz parte da criação. Como preciso estar antenado com a política local e nacional, esse é um procedimento que não pode ser excluído em nenhum momento", conta.
O desenhista irá substituir Cláudio Oliveira e ocupará o espaço que já foi de Edmar Viana. "Para mim é um grande desafio estar nesse lugar sagrado que foi dos meus mestres". Dispensando a tecnologia em quase todos os seus desenhos, sua base é a mão livre. "Não costumo utilizar programas de computador para manter a essência do desenho".
Primeiro ele desenha a idéia com lápis grafite, depois contorna com nanquim e por último pinta com guache ou aquarela. "Gosto desse processo completo. Tem idéias que mudam enquanto você desenha com lápis".
Amâncio acredita que a charge é a força extra do texto jornalístico. "Quando ela é feita com cuidado, representa mais do que mil palavras. Hoje em dia a charge sobrevive em todos os jornais brasileiros por repercutir de uma maneira interessante no leitor. Ela diverte, informa, além de ser atrativa ao olhar".
Vencedor recente de concursos concorridos no mundo inteiro como Stuttgart Award, na Alemanha, XIX Salão Carioca de Humor e World Press Cartoon, em Sintra 2008, Amâncio ainda reserva a delicadeza de observar os pequenos detalhes lentamente, assim como começou em 1995 numa oficina em Natal com o jornalista Paulo Augusto. "Ali comecei a notar que a gente pode demonstrar através do desenho, situações delicadas da vida".
Uma dessas é sua charge "O Futuro das Gerações", inserida no catálogo do World Press Cartoon, reunindo os melhores desenhistas do mundo. "Desenhei uma vidente com a bola de cristal anunciando as cidades cheias de poluição e fábricas. Essa é a minha forma de tentar alertar para um problema doloroso que vivemos hoje".
A delicadeza de seu olhar veio na sua experiência como autodidata. "Ninguém ensina você a pensar. Na academia a gente pode aprender técnicas de como melhorar seu traço e como utilizar melhor as tintas, mas o pensamento não". Para a elaboração da charge da coluna "Cartão Amarelo", Amâncio contará com as idéias do jornalista esportivo Everaldo Lopes. "Além dele ser um amigo, traz sempre idéias incríveis e fundamentais para a charge. Esse espaço é mais dele do que meu", diz. Tribuna do Norte, 01.10.08

sábado, setembro 27, 2008

Deus dá entrevista: repercussão

Em plena democracia e liberdade de imprensa
Tribuna da imprensa online http://www.tribunadaimprensa.com.br/
Coluna Hélio Fernandes
Rio de janeiro, sábado e domingo, 27 e 28 de setembro de 2008
Ilustração
Deus dá entrevista coletiva, fala sobre fim do mundo, reação da mídia
Como falavam muito no assunto, e havia controvérsia sobre notícias de que o mundo iria acabar, Deus resolveu dar entrevista coletiva para confirmar o fato. Os maiores órgãos de comunicação mandaram representantes. E deram manchetes sem conseguirem fugir dos chavões diários e dos interesses adquiridos. Vejamos as manifestações.
Jornal Nacional: "O mundo acaba e Brizola vai junto".
Tribuna da Imprensa: "O mundo acaba mas privatizações continuam".
Wall Street Journal: "O mundo acaba e Brasil não paga dívida".
New York Times: "Fim do mundo acaba com maioria Democrata".
Le Monde: "Fim do mundo derruba candidatura de Chirac".
O Globo: "Mundo acaba e Brizola vai junto".
Shinimbu: "O mundo acaba e Japão não compra a Casa Branca".
Estado de S. Paulo: "O mundo acaba e Quércia não foi indiciado".
Correio Braziliense: "CPI para apurar as causas do fim do mundo".
Jornal da Bahia: "Fim do mundo não acaba prestígio de ACM".
Le Figaro: "O real brasileiro vale mais do que o franco, é o fim do mundo".
O Dia: "O mundo acabou, junto com a chacina de Vigário Geral".
Paulo Henrique Amorim: "Deus me disse que o fim do mundo não é definitivo".
Gramna, Cuba: "O mundo acabou, a base de Guantanamo ficou inútil".
Rádio Globo: "O mundo acaba e Brizola vai junto".
Jornal do Commercio, Recife: "Como havíamos previsto, o mundo acabou".
Washington Post: "Fim do mundo não atinge domínio de Hillary na Casa Branca".
Pravda: "Depois que o comunismo acabou, veio o fim do mundo".
La Republica, Itália: "Fim do mundo pode salvar Berlusconi".
Silvio Santos, SBT: "Ganhei 2 bilhões com a Capitalização, é o fim do mundo".
The Times: "Fim do mundo fortalece a monarquia da Inglaterra".
Notícias Populares: "Diante do fim do mundo, tarados invadem São Paulo".
Jornal da Tarde: "O mundo acaba e Maluf deixa São Paulo sem água".
Veja: "Tumor de Pedro Collor derrubou seu irmão Fernando Collor".
BBC de Londres: "O mundo acaba mas Lady Di morre antes".
Caras: "Não percam edição especial sobre o fim do mundo. Na nossa ilha".
The Sun: "Príncipe Charles diz que será rei, mesmo com o fim do mundo".
Televisa: "O fim do mundo não acaba corrupção no México. É institucionalizada".
El Clarin: "Menem não acredita no fim do mundo, quer a reeleição".
TV Bandeirantes: "Vejam o fim do mundo no horário nobre de esportes".
Folha de S. Paulo: "Deus garante o fim do mundo, Datafolha não confirma".
New York Post: "Com o fim do mundo, polícia abre Central Park à noite".
Playboy: "O mundo acabou e não fotografamos Daniel Dantas na capa".
TV Globo: "O mundo acaba e Brizola vai junto".
PS - Paulo Francis não foi à entrevista coletiva, pelo fato de ser ateu e estar muito cansado. Leu o New York Times, viu duas ou três televisões a cabo e mandou correspondência assim: "Todos falam em entrevista de Deus. Não acredito que tenha acontecido. Se Ele quisesse obter bastante repercussão, teria conversado comigo".
PS 2 - A reação acima foi publicada em 1996. Está completando 12 anos. Não foi necessário mudar coisa alguma.Tribuna da Imprensa, Coluna de Hélio Fernandes

Vereador, para quê te quero...

Banalidade municipal
Tribuna do Norte
Colunas, Jornal de WM, por Woden Madruga
Natal, Sábado, 27 de setembro de 2008
O que faz um vereador? A pergunta atravessa os tempos e as respostas são as mais desconcertantes que se possa imaginar. Olhando-se para certos candidatos a vereador - e mesmo para os titulares atuais dessa nobreza da democracia - não é difícil imaginar o que faz mesmo um vereador. Aqui, por estas bandas da terra de Poti mais besta, e o no resto do país. Agora mesmo, por exemplo, uma entidade chamada Transparência Brasil andou pesquisando sobre a produção legislativa das Câmaras de Vereadores de São Paulo e do Rio de Janeiro, as duas maiores cidades brasileiras. Alguns jornais registraram as duas pesquisas que mereceram comentários esparsos. Ontem, andando pela internet, li no blogue de Josias de Souza (Folha): "93% dos projetos de vereadores do Rio de Janeiro são banais". Quer dizer: coisas vulgares, corriqueiras, triviais. Banal, adjetivo; banalidades, substantivo.
Na Câmara Municipal de São Paulo, o índice de banalidades foi menor. Ali, a irrelevância dos projetos dos excelentíssimos senhores edis ficou na faixa dos 91%. Bom, voltemos ao Rio de Janeiro. Disse Josias e Souza:
- Entre 2005 e 2008, os 50 vereadores que compõem a Câmara Municipal do Rio apresentaram 2.978 projetos. Aprovaram-se 1.572. Desse total, apenas 209 (7%) trataram de temas com alguma relevância para a vida dos cariocas ou para o funcionamento da Prefeitura. O resto (93%) compõe um lote que foram ao arquivo ou, quando aprovados, não tiveram a menor relevância.
E acrescenta:
- Não menos que 1.612 projetos formulados por vereadores cariocas propunham coisas tão banais quanto o batismo ou rebatismo de logradouros, fixação de datas comemorativas, homenagens a pessoas ou entidades, etc."
Imagine se a Transparência Brasil resolvesse fazer uma pesquisa na Câmara de Vereadores de Natal. Bom, domingo que vem o natalense vai eleger mais um lote de de banalidades.

Tribuna do Norte, Colunas, Jornal de WM, Por Woden Madruga,27/09/2008

Brasil: Caldo de cultura

Vivemos num Estado
que incentiva, acoberta
e beneficia primeiro
quem se dedica ao crime
Marcos Aurélio de Sá
Jornal de Hoje, Segunda, 22/09/2008
* Já faz tempo que se estabeleceu no Brasil -- pela omissão, complacência ou cumplicidade das elites governantes -- um modelo social e político que sempre coloca em absoluto segundo plano a ética, o mérito, a honestidade, o trabalho e a submissão à lei como fatores determinantes do sucesso pessoal.
* Neste começo de milênio entretanto a situação só tem se agravado, a ponto de se observar quase como exceção a presença de pessoas decentes e confiáveis ocupando ou disputando cargos públicos eletivos, liderando partidos, comandando repartições governamentais nos mais diversos níveis.
* A letra da lei vale tão pouco que virou regra, para o cidadão comum conseguir usufruir de qualquer direito que dependa de prévia autorização do Estado (nos níveis municipal, estadual ou federal), ele ter que se submeter ao pagamento de propinas, caso não possua dentro da estrutura do poder um parente ou amigo influente que coloque em prática o tradicional "jeitinho".
* As licitações e concorrências públicas viraram sinônimo de maracutaias. As comissões de 10 por cento, que antigamente prevaleciam nos arranjos da maioria dos negócios escusos realizados dentro dos órgãos públicos, agora são ridicularizadas como "gorjeta de garçon". Hoje, a taxa da corrupção alcança as alturas de 20, 30 e até 50 por cento, sem ninguém nem mais considerar isso um escândalo.
* Política virou profissão das mais rentáveis do país, uma fábrica de milionários. Pessoas que ao longo da vida nunca dedicaram um dia sequer ao trabalho produtivo, que jamais receberam herança nem tiraram a sorte grande na loteria, hoje aparecem como detentoras de patrimônios gigantescos, aqui e ali distribuídos em nome de familiares e "laranjas".
* Não é à toa que proliferam dezenas e dezenas de partidos políticos funcionando como verdadeiras "franquias", cada um apresentando uma multidão de candidatos dispostos ao "sacrifício" de "trabalhar pelo povo". Buscam todos, na verdade, o acesso fácil aos cofres públicos, de onde as verbas podem ser desviadas impunemente, conforme demonstra o vasto histórico de denúncias que resultam em inquéritos engavetados ou, no máximo, em condenações de mentirinha, que nunca implicam em prisão prolongada e, menos ainda, na recuperação do dinheiro desviado.
* Parcela expressiva do povo, espelhando-se no mau exemplo que vem do alto, acabou se auto-convencendo de que a trilha do oportunismo, da malandragem e do crime é a que proporciona maiores recompensas materiais. Prova disso é que milhões de brasileiros nem mais se preocupam em sair da marginalidade social e econômica, condição em que desfrutam de mais vantagens e benefícios públicos do que os "otários" que cumprem os deveres da cidadania, pagam impostos e se submetem aos ditames da burocracia do Estado corrompido e corruptor.
* Com apenas 3 por cento da população mundial, o Brasil registra em seu território 10 por cento de todos os assassinatos do planeta, boa parte deles praticados pelo próprio poder público através da polícia. O tráfico de drogas funciona como uma das atividades econômicas mais abrangentes do país, garantindo ocupação e renda para milhões de jovens que não encontram nenhuma vantagem na dedicação aos estudos e no exercício de profissões legalizadas. Enquanto um operário com carteira assinada ganha o salário mínimo ou pouco mais por mês, o pessoal da base da pirâmide do tráfico ganha mais do que isso por semana.
* A onda irrefreável de furtos, roubos, contrabando, invasões de terras, desvio de cargas, sequestros, crimes de estelionato, exploração da jogatina e da prostituição, tudo feito quase às claras, movimenta mais dinheiro do que pode imaginar os melhores economistas. O número de carros roubados a cada ano é tão espantoso que supera a capacidade de produção de uma montadora como a Volkswagen, a segunda maior indústria automobilística do país, fato que torna o valor do nosso seguro veicular um dos mais caros do mundo.
* Diariamente, pelas cidades do país a fora, contam-se aos milhares as "saidinhas de banco", esquema de assalto que vitimiza os cidadãos que necessitam realizar retiradas mais expressivas de dinheiro de suas contas. Pelas ruas, a pé ou utilizando o transporte público, as pessoas comuns são agredidas por bandidos que lhes arrancam os pertences, por mais modestos que sejam. As residências, as lojas, as fábricas, as escolas e até os templos religiosos para terem o mínimo de proteção se obrigam a contratar vigias, instalar mecanismos como alarmes ou cercas energizadas e, ainda assim, não se livram do risco de serem saqueados a qualquer hora do dia.
* Prestar queixas à polícia é um exercício inútil e vexatório. A vítima do crime chega a ser vilipendiada e levada no deboche por delegados e agentes desatenciosos, atrabiliários e descomprometidos com seu trabalho, que geralmente empurram o queixoso de uma delegacia para outra até que ele desista até de registrar um simples boletim de ocorrência.
* Infelizmente, à parcela da sociedade resignada ao cumprimento dos deveres unilaterais da cidadania, parece só restar a decepcionante constatação de que o que lhe sobra, dentro deste ambiente nacional degradado, é a obrigação de pagar os impostos escorchantes que custeiam um Estado dominado pelo crime. Ou, então, correr atrás da morosa justiça em busca dos seus mínimo direitos permanentemente desrespeitados.
* Talvez esta última opção seja uma das explicações para o fato de, somente aqui no Rio Grande do Norte, existirem hoje mais de 10 mil jovens matriculados em cursos de Direito...

Jornal de Hoje, Coluna Hoje na Economia, Marcos Aurélio de Sá, Segunda, 22/09/2008

terça-feira, setembro 09, 2008

Futuro da riqueza do Brasil

O futuro da riqueza do Brasil
Petrobras, sim. Petrosal, não
Tribuna da imprensa online

Rio de janeiro, quarta-feira, 10 de setembro de 2008

O Brasil é hoje notícia no mundo inteiro. Por muitos e variados motivos, que não aconteceram em nenhuma fase da República, "que não é a dos nossos sonhos" (Saldanha Marinho, Propagandista da República, diretor do jornal diário "A República", senador, preso quando da tribuna do Senado defendia o interesse nacional).
Hoje, quero apenas começar, com simplicidade, clareza e de forma elucidativa, esclarecimentos para que o cidadão-contribuinte-eleitor compreenda o que é o Pré-Sal (ou Petrosal) e a razão de quererem criar várias empresas que inevitavelmente LIQUIDARÃO A PETROBRAS.
Tive acesso a um mapa desse petróleo que vem de Santa Catarina, Paraná, cobre todo o litoral brasileiro, chega ao Espírito Santo, depois de passar por Santos e o interior do Estado do Rio de Janeiro. Essa é a realidade.
Sobre essa realidade, querem montar uma irrealidade, representada por várias empresas, ninguém sabe quantas, já falam em uma porção de Conselhos de Administração. Relegando a Petrobras a um plano secundário, como se ela não tivesse feito coisa alguma. Não a partir de 1953 ou 1954, quando a sua criação foi aprovada.
Mas na verdade coloquem nessa criação pelo menos 10 anos, ou melhor, 20. A partir daí ela existiu e existe, desde que foi vitoriosa a campanha do PETRÓLEO É NOSSO.
Como esse Pré-Sal levará muitos e muitos anos, mostremos as dificuldades que a Petrobras teve e tem que enfrentar, como se ela não fosse uma potência, mais admirada no exterior do que aqui no Brasil. Precisou descobrir petróleo a grandes profundidades, seus campos e plataformas, uma época acolhendo dezenas de especialistas estrangeiros, que se perguntavam: "Como é que a Petrobras pode ir buscar petróleo a essa profundidade?". Mas ia. E cresceu assim.
Além do mais, a Petrobras tinha que enfrentar governos, ditatoriais ou não. O "presidente" Geisel nomeou presidente da Petrobras (e depois ministro de Minas e Energia) o senhor Shigeaki Ueki. Só alguém que deseja destruir uma empresa nomeia Ueki presidente. E outros, vários, com ele e como ele. Hoje, Ueki e os filhos moram no Texas, mais ricos em petróleo do que a família Bush.
Só que a tentativa de destruição da Petrobras não parou por aí. Quando FHC DOOU-PRIVATIZOU grandes empresas, quis fazer o mesmo com a Petrobras. Não teve coragem, nunca teve, por que iria mudar? Criou a COMISSÃO DE DESESTATIZAÇÃO, todos os seus membros tinham uma emocionante vocação para o enriquecimento pessoal e não o coletivo.
FHC criou então a lei 9478, que estabelecia as famigeradas licitações. Dona Dilma, ainda não no governo, combateu essa 9478. Entrou no governo, "aceitou" imediatamente as licitações criminosas. E eu combatendo diariamente para não haver essa DOAÇÃO indireta. Ou diretíssima.
Escrevi tanto e por tanto tempo, defendendo a Petrobras, que o procurador geral da Justiça do Paraná entrou no Supremo com uma AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DIRETA, para anular essa criminosa 9478. Os primeiros a vontarem foram 4 dos grandes ministros do Supremo, o resultado ficou: Petrobras-Brasil 4 a 0. Nelson Jobim, presidindo do Supremo, fez um gesto com a mão, o ministro Eros Grau pediu vista. Levou meses, quando devolveu a Petrobas-Brasil perdeu por 7 a 4.
Lula, que não anulou a Lei 9478 de FHC, ainda derrotou a Petrobras, obrigando-a a "vender" petróleo às multinacionais. Cumpriu SUBMISSAMENTE o que FHC determinara INSENSATAMENTE.
PS - Como eu disse, essa Petrosal terá que esperar muito tempo. É lógico que sou a favor da distribuição dos lucros, para a educação e para investimentos.
PS 2 - Mas por que não fazer através da Petrobras? Ela tem competência, conhece todos os caminhos, tem experiência e o respeito geral. (Tribuna da Imprensa, Coluna Hélio Fernandes)

Abin na berlinda

Blog do Protógenes reúne
informações sobre delegado
afastado da Operação Satiagraha
GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília
28/07/2008 - 15h45
Ilustração

Depois de se afastar do comando da Operação Satiagraha, da Polícia Federal, o delegado Protógenes Queiroz é apontado como responsável por um blog na internet que reúne detalhes da sua carreira na instituição. Escrito na terceira pessoa, o blog supostamente criado por Protógenes reúne matérias de jornais e sites com informações sobre o seu afastamento forçado do comando da Operação Satiagraha, além de detalhes sobre o seu "currículo" como delegado federal --sem emitir juízo de valor sobre a sua saída das investigações.
Apesar do título do blog ser "Blog do Protógenes Queiroz", o delegado não fala em primeira pessoa sobre as suas atividades. Na parte superior do blog há uma espécie de banner com a sua fotografia, na qual ele aparece de paletó escuro, camisa clara e microfone à sua frente.
Nos textos do blog, sempre que se refere supostamente a si mesmo, o ex-coordenador da Operação Satiagraha usa a expressão "o delegado Protógenes". Ao relatar o episódio em que teria sido forçado a deixar a operação, ele fala que "curiosamente Protógenes teria comentado com aliados que esse afastamento desmerece seu trabalho e causa prejuízo muito grande à investigação".
Em terceira pessoa, o delegado afirma que "Protógenes formalizou uma representação junto ao Ministério Público Federal, em São Paulo, que abriu procedimento para apurar se as investigações sofreram, ou estão sofrendo, algum tipo de obstrução".
Entre as reportagens citadas por Protógenes no blog estão as que acusam a cúpula da PF de forçar o seu afastamento da operação depois de "excessos" --como a divulgação de imagens da prisão do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, flagrado de pijamas. Em nenhum momento, no entanto, o delegado critica a atuação da PF no caso.
O blog lista as operações da PF já conduzidas por Protógenes antes da Satiagraha, como a que resultou na prisão do contrabandista Law Kin Chong e as investigações de fraudes e evasão de divisas no caso Corinthians/MSI.
O único espaço para "reflexão" no blog do delegado é a citação de uma "mensagem" atribuída a Mahatma Gandhi, na qual o pacifista afirma que se deve buscar no "interior de si mesmo" as respostas para se encontrar "saídas" aos problemas humanos.
"Além do pão, o trabalho. Além do trabalho, a ação. Além da ação, o cultivo à amizade. E quando tudo mais faltasse, deixaria um segredo: o de buscar no interior de si mesmo a resposta e a força para encontrar a saída", diz o texto.
Outro lado
A PF não confirma se o blog é efetivamente de Protógenes uma vez que se pronuncia somente sobre fatos ligados diretamente à instituição. Como o blog seria uma atividade pessoal do delegado, a Polícia Federal não comenta o assunto. O delegado também vem se mantendo afastado da mídia desde que deixou o comando da Operação Satiagraha.
Protógenes está em Brasília onde participa de um curso de reciclagem promovido pela Academia da Polícia Federal. O prédio onde é realizado o curso fechado à imprensa, distante do centro da cidade e, em geral, os alunos-delegados optam por fazer as refeições nas redondezas, deixando pouco o local.
Oficialmente, a PF afirma que Protógenes deixou o comando da Operação Satiagraha para participar do curso presencial da instituição. Em conversas com interlocutores, o delegado revelou que foi forçado a deixar as investigações depois de "excessos" cometidos na operação.
Protógenes também encaminhou denúncia ao Ministério Público de São Paulo para denunciar a obstrução da própria PF ao seu trabalho. Na representação, o delegado reclama que foi prejudicado pela falta de recursos humanos e materiais para a condução das investigações. (Fonte: FSP)

Abin na berlinda

"Sinto vergonha de mim",
diz delegado da Satiagraha
Protógenes fez publicar em seu blog um depoimento de desabafo sobre os rumos da operação
Tribuna da imprensa online


Rio de janeiro, quarta-feira, 10 de setembro de 2008

SÃO PAULO - Em meio ao fogo cruzado do grampo que derrubou a cúpula da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz (Foto) publicou 'Sinto vergonha de mim' em seu blog - um desabafo em forma de poesia na qual ele diz: "Tenho vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo brasileiro."
É a mais longa manifestação pública do delegado desde que estourou o escândalo da interceptação telefônica que pegou seu desafeto maior, o ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e levou o presidente Lula a decretar o afastamento do delegado Paulo Lacerda do comando da Abin.
Cérebro da Satiagraha - missão federal que em julho levou à prisão o banqueiro Daniel Dantas, o investidor Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta por suspeita de evasão de divisas, lavagem de dinheiro e quadrilha -, Protógenes não cita nomes em seu texto, nem mesmo faz referências explícitas a esse ou aquele episódio.
Afastado da Satiagraha desde julho, ele deixou o inquérito e deslocou-se para Brasília para fazer um curso de especialização na Academia Nacional de Polícia. Sob forte pressão de superiores, Protógenes já admitiu ter recorrido à Abin para executar a grande operação.
Amigo de Lacerda, ele repete 7 vezes a palavra vergonha na poesia. "Tenho vergonha de mim, pela passividade em ouvir, sem despejar meu verbo, a tantas desculpas ditadas pelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildade para reconhecer um erro cometido, a tantos 'floreios' para justificar atos criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posição de sempre 'contestar', voltar atrás e mudar o futuro."
Trinta e três mensagens de apoio e solidariedade foram imediatamente captadas pelo blog. "Por que o senhor não chuta o balde e escancara a realidade?", sugere um internauta. "Por que não procura apoio em instituições internacionais?"
Outro escreveu: "Protógenes, não desanime. Por mais que, tecnicamente, a operação redunde em fracasso, numa perspectiva social as coisas irão se inverter. Pouco a pouco as pessoas vão tomando conhecimento do mundo que as cerca e essa dominação mesquinha com que a mídia e os poderosos insistem em nos subjugar irá cair por terra."
9/9/2008 23:37:03 (Fonte: Tribuna da Imprensa)

Abin na berlinda

Virgílio ‘bate boca’
com Paulo Lacerda no Senado
Blog do Josias de Souza
09/09/2008
Afora a reiteração de negativas, resultou em rififi a sessão da Comissão de Controle de Atividades de Inteligência.
De um lado, o líder tucano Arthur Virgílio (AM). Do outro, o diretor afastado da Abin Paulo Lacerda.
Lacerda reiterou algo que já dissera: os equipamentos da Abin não têm capacidade para realizar grampos.
Virgílio lembrou que o ministro Nelson Jobim (Defesa) dissera coisa diferente: a Abin comprara maletas aptas a fzer escutas. O senador pespegou: "O ministro mentiu?"
Lacerda deu uma resposta atravessada: "Eu afirmo, como diretor da Abin, que ela não possui [equipamentos de escutas]..."
"...Eu não posso dizer nada em relação ao ministro Jobim. Eu acho que Vossa Excelência deveria indagar o ministro Jobim."
Abespinhado, Virgílio subiu o tom: "Eu não sou seu preso, não. Estou aqui como parlamentar. Então, o ministro Jobim mentiu?..."
"...Não me trate como se eu estivesse pendurado em algum pau de arara, porque não estou."
A turma do deixa-disso entrou em cena. Depois, Lacerda retomou o timbre lhano que lhe é característico:
"Compreendo a sua indignação, mas gostaria que Vossa Excelência compreendesse a minha..."
"...Depois de 62 anos de vida, sem nenhuma mácula, ser acusado de grampo clandestino em poderes da República, isso me deixa profundamente indignado."
Antes de Lacerda, o general Jorge Felix, ministro-chefe do GSI defendera a Abin ao ser inquirido pelos membros da comissão. Disse que a Agência foi "julgada e condenada."
Lamentou: "A imagem negativa ficou. Eu não estou dizendo que tem ou não tem [grampos executados por agentes da Abin]..."
"...Mas a agência tem sido sistematicamente acusada de fazer e, às vezes, de não fazer coisas, de não alertar o presidente de coisas feitas por maus cidadãos brasileiros."
À falta de investigações conclusivas, Félix perscrutou as alternativas: "O que temos efetivamente?..."
"...A confirmação do presidente do STF e do senador Demóstenes de que o diálogo foi aquele efetivamente travado entre eles..."
"...Temos concretamente que o telefonema foi gravado. Pode ter sido em um dos dois lados, e pode ter sido onde são feitas mais de 90 e muitos por cento das interceptações, das operadoras telefônicas."
Ouviu-se também o diretor da PF, Luiz Fernando Correa. Tratou de defender a corporação dele: "O nosso objetivo não é fazer espionagem, mas produzir provas."
Na seqüência, todas as pessoas estranhas à comissão foram "convidadas" a deixar o recinto. Seguiu-se uma sessão secreta, com a presença de Lacerda, Felix e Correa.
Antes, os congressistas aprovaram a convocação do espião aposentado Francisco Ambrósio do Nascimento –o ex-SNI que atuou na Operação Satigraha. (Fonte: Blog do Josias)

sexta-feira, setembro 05, 2008

Morre Fausto Wolff

Obituário: Fausto Wolff,
escritor e colunista do Jornal do Brasil
Jornal do Brasil
RIO - Morreu nesta sexta-feira, às 21h, o jornalista e escritor Fausto Wolff, de 68 anos, colunista diário do Caderno B do Jornal do Brasil.
Ele fora internado na CTI do Hospital São Lucas, em Copacabana, no último domingo, 1º, com hemorragia intestinal. Entrou em coma com quadro de insuficiência respiratória. Deixa a mulher, a psicóloga Monica Tolipan e duas filhas.
O escritor Ruy Castro, amigo de quatro décadas, definiu a falta que Wollf vai fazer:
– Houve época no Rio em que todos os homens queriam ser Fausto Wolff. Pela inteligência e pelas mulheres que ele conquistava.
Nascido em 1940, em Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul, Faustin von Wolffenbüttel teve infância pobre. Começou a trabalhar aos 14 anos como repórter policial e contínuo do jornal Diário de Porto Alegre.
De família humilde, mudou-se para o Rio aos 18. Tornou-se jornalista em 1954 e passou por momentos históricos no jornalismo, fazendo parte da turma que editou o primeiro O Pasquim, a partir de 1969.
Também esteve por trás da volta do jornal O Pasquim 21, no começo da década. Além do jornal, também atuou como diretor de teatro e cinema e professor de literatura nas universidades de Copenhague e Nápoles.
Escreveu vários livros, entre romances, livros históricos e compilações de crônicas, entre eles Cem poemas de amor e uma canção despreocupada, A imprensa livre de Fausto Wolff, O acrobata pede desculpas e cai e seu último livro, A milésima segunda noite, lançado em 2005 pela editora Bertrand Brasil.
- Seus livros evocam uma certa fantasmagoria de ordem interna típica de Edgar Allan Poe: o horror que vem de dentro do ser, pasmo ante um mundo calcado em conceitos de realidade que não admite - declarou o escritor Fernando Toledo sobre sua obra.
Entre livros e traduções
Também se responsabilizou por traduções de livros, como Detonando a notícia: Como a mídia corrói a democracia americana, de James Fallows. Foi agraciado com o Prêmio Jabuti com o romance À mão esquerda.
Em áreas mais leves, também editou volumes das célebres Anedotas do Pasquim, lançadas pela editora do jornal, Codecri.
Ultimamente, mantinha o site O Lobo (http://www.olobo.net), com compilações de seus textos, e fazia uma coluna diária no Caderno B, para o qual veio trazido pelo chargista e escritor Ziraldo, a quem conheceu ainda na época do Pasquim. Lá, lançava mão de personagens como Natanael Jebão, que popularizou. Diariamente, criticava a mídia e novidades como o celular e o computador.
– Vai chegando a hora em que a turma vai indo embora – lamenta Ziraldo.
- Brigamos muito, nos amamos muito, vivemos muito juntos, muito separados. É como um irmão desgarrado que morre. Ao lado de Dalton Trevisan e Rubem Fonseca, Fausto era um dos melhores contistas do Brasil. Era também um excelente romancista. Era um gênio como autor de contos. Escreveu primorosamente como jornalista.
Também atuou em áreas diversas áreas (escreveu textos para revistas como Status, nos anos 70, apresentando programas como Fantástico e Globo Repórter) e apresentou programas na TVE, atual Rede Brasil. A notoriedade lhe trouxe muitos admiradores.
– Fausto era um homem rigoroso e muito abusado, abusava da saúde, bebia muito, ninfomaníaco – diz o amigo Chico Caruso.
– Tinha parado de beber há mais de um ano, estava tomando só guaraná. A gente é como lâmpada, um dia queima. Era muito bom escritor, as crônicas dele no Jornal do Brasil eram ótimas, inteligentes e atuais. Era da geração do Pasquim, de um Rio de Janeiro que passou por revoluções no jornalismo.
Torres exalta como grande característica de Wolff o fato de sempre ter se colocado na contramão das tendências
– É a minha geração que está indo embora. É muito triste e preocupante – chora o escritor Antonio Torres.
– Ele era um escritor muito combativo. Parecia um sujeito muito brigão, mas, na verdade, na relação pessoal, era afetuoso. Eu via o Fausto Wolff como um menino grande. Tinha muito afeto por ele, embora tivéssemos convivido muito pouco. Era uma relação respeitosa e afetuosa, porém distante. Eu o acompanhava muito, principalmente na última fase, no JB, quase que diariamente. Ele se colocava na contramão das tendências, das modas, de tudo. O que me parecia absolutamente necessário.
O chargista Nani, que trabalhou na Bundas e no Pasquim 21, diz que Wolff era um dos últimos jornalistas a empunhar a bandeira de ser destemido do país.
– Ele acreditava no jornalismo de opinião, de denúncia. Nunca se curvou aos poderosos , sem perder o humor. Estivemos juntos em veículos alternativos e no JB.
A coluna de Fausto Wolff publicada hoje, no Caderno B, é repetida devido à sua doença. Seu último texto é de 21 de agosto, em que se candidatava a presidente da república:
"Há anos que a turma do Bunda de Fora e do Academia Brasileira da Cachaça insistem neste ritual pacífico, fingi que pensaria no assunto. Concluí que poderia dar maior felicidade a mim e ao povo em geral".
Fausto Wolff - 1940 - 2008
[23:06] - 05/09/2008

Morre Fausto Wolff

Morre aos 68 anos o
escritor e jornalista Fausto Wolff
Da Redação Diversão UOL - Foto: CPDOCJB
O escritor e jornalista Fausto Wolff, um dos primeiros editores do jornal "O Pasquim", que morreu na noite desta sexta-feira (5)
Morreu às 20h05 desta sexta-feira (5) o jornalista e escritor Fausto Wolff, de 68 anos. De acordo a assessoria do Hospital São Lucas, em Copacabana, onde Wolff estava internado desde o último domingo com um quadro de hemorragia digestiva, a causa da morte foi disfunção de múltiplos órgãos.
Integrante da primeira equipe de editores do jornal "O Pasquim", em 1969, Fausto Wolff era atualmente colunista diário no "Caderno B" do carioca "Jornal do Brasil". O jornalista esteve também na equipe do "Pasquim 21", que tentou reviver o jornal no começo da década, e foi professor de literatura nas universidades de Copenhague e Nápoles. Wolff deixa a mulher, a psicóloga Monica Tolipan, e duas filhas.
Nascido em 1940 na cidade de Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul, Fausto Wolff publicou diversos romances, entre eles "O Acrobata Pede Desculpas e Cai" (1966), "O Nome de Deus: 10 Histórias" (1998) e "O Lobo Atrás do Espelho: O Romance do Século" (2000). Seu livro de crônicas "A Milésima Noite" (2005) foi indicado ao Prêmio Jabuti em 2006, e seu último romance, "Olympia" (2007), esteve entre os semifinalistas do Prêmio Portugal Telecom este ano.

Fonte: diversao.uol.com.br/

Fausto Wolff, última crônica no JB

A última crônica de
Fausto Wolff:
'À sombra do medo em flor'
JB Online (05.09.08)
RIO - O escritor e jornalista Fausto Wolff morreu nesta sexta-feira, dia 5, no Rio de Janeiro. Confira a seguir a última crônica do colunista, publicada nesta sexta no Caderno B, do Jornal do Brasil.
À sombra do medo em flor
Dêem a chefia da portaria ao mais dócil empregado e logo ele se tornará um tirano
Já escrevi em algum lugar que, enquanto não nos revoltarmos contra o conceito de democracia que considera sagrado o direito de uma minoria escravizar o resto, jamais chegaremos à condição de seres humanos. Seremos sempre caricaturas, títeres perdidos na ventania, sempre com cara de "desculpe, não era bem isso que eu queria dizer".
Enquanto não se der a revolução da humanidade contra a tirania, enquanto deixarmos que nos humilhem para que possamos continuar vivendo, teremos de suportar algumas imperfeições, certos espinhos colocados em nossos sapatos ainda na infância que não podemos ou não queremos tirar.
Uma dessas imperfeições é a constatação de que, à medida que envelhecemos, vamos nos tornando mais medrosos. Quando deveria acontecer o contrário: à medida que envelhece, o homem deveria tornar-se mais corajoso, porque mais sábio, mais justo, mais conhecedor dos seus deveres e direitos.
Quando eu tinha pouco mais de 20 anos, todos os dentes e era um sujeito bonito, era também dado a papagaiadas. Certa vez, ainda noivo (havia noivados e até virgens naquela época), estava no falecido Bar Castelinho, tomando um chope com minha futura mulher, quando um dos donos de uma revista para a qual eu escrevia sentou-se à nossa mesa e se comportou de forma grosseira.
Gentilmente, mandei que se retirasse, pois já tinha de aturá-lo o dia inteiro e não pretendia fazer isso quando estava namorando. Fui despedido no dia seguinte. Na hora, a sensação foi boa, mas eu era muito jovem para perceber que os rateios estavam contra mim.
Outra imperfeição: ser burro, viver e conhecer o mínimo do seu potencial energético interior e, além disso, ter de suportar a consciência da sua mortalidade. Algumas pessoas percebem isso, mas, como são ignorantes, aceitam o princípio nada otimista de que a vida é um absurdo porque acaba na morte e, como dizia Camus, o homem vive e não é feliz. Essa constatação é tão angustiante que, sem uma garrafa ao alcance da mão, é difícil resistir à tentação de não dar um tiro na têmpora.
Hoje em dia, em pleno século 21, a grande maioria de escravos aceita essa condição fingindo não saber dela, fingindo que a vida é assim mesmo. Uns entram com o pé e os outros com o popô, uns com o pescoço e os outros com a foice. Excetuando os psicopatas que, aparentemente, já nascem tortos, alguns poucos escravos se rebelam e saem fazendo bobagens: roubando, assaltando, matando, estuprando.
Quando isso acontece, todos ficam com cara de tacho, fingindo que não têm nada a ver com o peixe. Em seguida, os políticos pedem "responsabilidade criminal aos 16 anos". Logo, pedirão responsabilidade aos 15, 14 e cosi via. Cosi via significa que aumentará o número de crianças assassinadas ao nascer; aceitação literal da loucura religiosa de que o homem já nasce pecador. Claro que essa lei só valerá para crianças pobres.
Sou contra a pena de morte, mas, como a tragédia, mesmo quando coletiva, é sempre individual, o que eu faria se matassem alguém indispensável à minha vida? E se alguém tirasse a vida de uma pessoa e, ao fazer isso, me deixasse aleijado interiormente pelos anos que me restam?
Como não acredito na Justiça e também não acredito que podemos julgar oficialmente os efeitos sem punir as causas, eu simplesmente mataria o assassino. E o faria pessoalmente, com as minhas mãos.
Em seguida, cidadão exemplar que sou, me entregaria ao juiz. Não teria resolvido nada, mas como sou humano em estágio ainda bárbaro, pelo menos isso atenuaria um pouco a minha dor.
Como vejo a coisa hoje? Dêem a chefia da portaria de um edifício ao mais dócil dos empregados e logo ele se tornará um tirano para agradar ao poder imediatamente acima dele.
O poder ama a si mesmo e aos poderosos. É tão implacável na sua injustiça que consegue convencer mais de 100 milhões de brasileiros adultos de que devem escolher entre o algoz da esquerda e o da direita. E nada acontece.
[21:45] - 05/09/2008, JB.

domingo, agosto 31, 2008

Parece o RN...

Currais eleitorais
Tribuna da imprensa online
www.tribunadaimprensa.com.br



Tribuna da Imprensa
Rio de janeiro, sábado e domingo,
30 e 31 de agosto de 2008
Polícia Federal ataca currais eleitorais
Voto Livre prende candidata a vereadora e outras 11 pessoas acusadas de envolvimento com milícias
A Polícia Federal fez ontem a primeira operação para combater os chamados currais eleitorais. A candidata a vereadora Carmen Glória Guinâncio Guimarães, a Carminha Jerominho (PTdoB), foi presa sob acusação de se beneficiar da atuação das milícias na zona oeste para obter votos. Outros 14 mandados, de 22 expedidos pelo Tribunal Regional Eleitoral, foram cumpridos na operação Voto Livre. Nove policiais militares também estão presos, outros quatro permanecem foragidos. Os presos foram transferidos ainda ontem para o presídio federal de Catanduvas, no Paraná.
"Carminha Jerominho usava pessoas que fazem parte da milícia Liga da Justiça para lhe dar sustentação de força. A prisão dessas pessoas é um duro golpe para o grupo criminoso", afirmou o superintendente da Polícia Federal, Valdinho Jacinto Caetano. Carminha é filha do vereador Jerominho Guimarães e sobrinha do deputado Natalino, ambos presos sob acusação de chefiarem a milícia que atua na zona oeste.
As investigações revelaram episódios de coação, extorsão e até tentativas de assassinato de pessoas que se opuseram ao grupo nas favelas Carobinha, Barbante e Batan, em Campo Grande. Caetano relatou casos de moradores que tiveram de deixar suas casas por não apoiarem a candidatura de Carminha. Em outro episódio, o administrador de um condomínio, em frente à Carobinha, recusou-se a liberar o terreno para a instalação de um centro social da família Guimarães. Ele e outro homem foram vítimas de tentativa de homicídio, explicou o procurador Rogério Nascimento, que fez a denúncia ao TRE.
"Há três grupos de presos. Carminha e o irmão, que herdaram a liderança da milícia com a prisão do pai e do tio. Os policiais militares que atuaram na tentativa de homicídio. E Berndinelli e seu funcionário, que coagiram vendedores de gás que atuam na favela", disse o procurador.
O ex-PM Luciano Guinâncio Guimarães, irmão de Carminha, também teve o mandado de prisão expedido. Ele, que já é foragido da Justiça Estadual, é acusado de comandar a milícia na ausência do pai e do tio. "Agora ele é foragido da Justiça Federal e vamos manter operações permanentes até sua prisão".
O advogado de Luciano, Flávio Fernandes, disse que as investigações foram "dirigidas politicamente" para prejudicar a candidatura de Carminha e refutou a acusação de coação eleitoral "É impossível no século XXI que 47 mil pessoas sejam coagidas. A família tem trabalho social muito forte", afirmou, referindo-se à votação do deputado Natalino.
Carminha foi presa em sua nova casa, no Condomínio Girassol, para onde havia se mudado na terça-feira. Ela atendeu a polícia vestindo um macaquinho curto. Saiu com uma camiseta branca, com o desenho de um coração e a inscrição "coração valente". Em entrevista por telefone à TV, já depois de ser presa, Carminha disse que esteve na sede da PF na semana passada para pedir orientações sobre a campanha. Ela alega que estaria sendo perseguida pela Polícia Civil. E negou que tenha recebido apoio de milícias.
Outra prisão ocorreu no condomínio de luxo Sunview, na Barra da Tijuca. O empresário Guilherme de Bem Berndinelli foi preso às 6h30. Dono da Adegás, ele é acusado de coagir revendedores de gás que atuam nas favelas dominadas pela milícia a comprarem em sua empresa. Eles deixaram de pagar R$ 21 o botijão, numa outra distribuidora, para comprar o mesmo produto a R$ 28, na Adegás. A diferença beneficiava as milícias e campanhas eleitorais de seus integrantes. Paulo César de Carvalho, funcionário da Adegás, também teve a prisão decretada, mas está foragido. Ao todo, 230 agentes atuaram na Operação Voto Livre.
Os policiais militares foram presos em casa ou nos batalhões em que estão lotados pela corregedoria da PM. Eles foram entregues pela corporação na superintendência da PF. Caetano disse que a transferência dos presos na Operação Voto Livre para o presídio de Catanduvas foi uma medida necessária para evitar que eles se articulem na prisão. Natalino e Jerominho estão presos em Bangu 8. Os outros advogados dos acusados não foram localizados.
O Ministério Público Eleitoral divulgou nota em que informa "que o inquérito vem revelando indícios de que a organização criminosa permanece atuante e de que esteja usando do seu poder bélico para coagir eleitores em benefício da candidatura de Carmen Glória Guinâncio Guimarães". Tribuna da Imprensa. Foto.