sexta-feira, setembro 29, 2006

Mossoró e a Coluna Prestes

"Acontece que além da questão política, estava a sobrevivência da tropa. Afinal, era um batalhão que estava em marcha, necessitando de víveres para seus integrantes. A solução era adquirir de uma maneira ou de outra nos lugares por onde passava, muitas vezes destruindo lavouras e abatendo gado e criações que iam encontrando ao longo do percurso.
A história da passagem da Coluna dos Revoltosos pelos lugares citados está fielmente contada pelo historiador Raimundo Nonato em livro com o título de "Os Revoltosos de São Miguel." Foi também fartamente divulgada pela imprensa local. Este centenário jornal, em sua edição de 16 de fevereiro de 1926, trazia uma matéria intitulada "A Incursão dos Revoltosos", onde tratava de dois fatos: o primeiro, cujo subtítulo era "Um Prisioneiro", referia-se ao Tenente Fragoso, "desertor das hostes rebeldes", que havia procurado as autoridades de Pau dos Ferros para se entregar, pedindo garantia às autoridades. O segundo fato, que trazia o subtítulo de "Êxodo", fazia referência ao despovoamento de Mossoró com a notícia da aproximação dos revoltosos. Segundo a matéria, mais da metade da população havia abandonado a cidade. O jornal "O Nordeste", que circulava em Mossoró naquela época, trazia nas primeiras páginas de sua edição de 20 de fevereiro de 1926, os títulos: "Os Rebeldes no Nordeste - O Rio Grande do Norte invadido - Mossoró ameaçada". Dizia a matéria: "Quem diria fosse a Região Nordeste do Brasil invadida pela onda de rebeldes que se avolumaram no Sul do País, indo acossada pelas forças legalistas, até as fonteiras dos Estados do Prata? Não se esperava por essa odisséia terrível, mas ela aconteceu..."
Não é nossa pretensão discutir aqui o projeto político que originou a Coluna Prestes nem o resultado obtido pela mesma em sua longa marcha. Queremos simplesmente retratar o fato histórico ocorrido aqui na região, mostrando que longe de atingir os seus objetivos, a "Coluna dos Revoltosos", como ficou aqui conhecida, deixou um rastro de medo e destruição.
Para a história, o fato é recente, existindo ainda pessoas nos lugares por onde passou a Coluna, lúcidas o suficiente para depor sobre o ocorrido." (Geraldo Maia, O Mossoroense, Caderno Universo, Mossoró-RN, domingo 12 de fevereiro de 2006.)

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