terça-feira, outubro 31, 2006

RN: Declínio das forças tradicionais

Para comentar sobre o declínio das lideranças tradicionais, João Evangelista enfatiza o crescimento da própria capital, que se torna uma Região Metropolitana, absorvendo o grosso da população do Estado, a criar novas e urgentes demandas, desvinculando-se, gradativamente, do comportamento altamente dependente de senhores a quem dar satisfações ou justificativas.
"De tal modo que, nesse quadro, você tem um declínio das lideranças tradicionais. O PMDB e o PFL há muito tempo não são mais forças hegemônicas em Natal. Há muito tempo eles não disputam mais a prefeitura, passam a ser forças coadjuvantes. E se passa a ter duas forças emergentes em Natal: o PT, através da liderança de Fátima Bezerra, e o PSB, através da liderança da atual governadora Wilma de Faria. E ela, num movimento pendular, vai fortalecendo a sua liderança até exatamente chegar e ganhar o governo do Estado. Com isto tudo, eu quero mostrar que essa relação de bipolaridade foi alterada. E essa disputa de eleições agora confirma um pouco isso. Wilma teve a capacidade de montar uma aliança com diversos partidos de esquerda. Mantém a aliança – e ela tem essa característica meio camaleônica de transitar entre a esquerda e os grupos políticos tradicionais. Ela solda uma aliança, portanto, muito ampla, ideológica e politicamente. Enquanto isso, do outro lado, para combater a liderança ascendente de Wilma, os dois grupos decadentes em Natal – o PMDB e o PFL – se articulam e formam uma chapa numa engenharia política que, a meu ver, foi equivocada. Porque eu acho que Garibaldi era uma força; todas as pessoas que acompanham política no RN avaliavam que Garibaldi tinha chances praticamente certas de voltar ao governo do Estado."
Nem tudo são flores, contudo, segundo João Emanuel Evangelista, para a governadora que, como uma liderança em processo de evolução, apresenta arestas a serem podadas, por já terem mesmo criado problemas para a nova liderança.
"Por outro lado, enquanto se tem uma acentuação da liderança de Wilma, ao mesmo tempo, contudo, se verifica uma certa dificuldade que a governadora tem de criar quadros politicamente competentes, deixando um espaço para o surgimento de novas lideranças. Quer dizer, um dos traços da gestão, ou da ação política da governadora, é ser uma personalidade muito forte e centralizadora. E ela não consegue criar quadros que tenham competência política e técnica simultaneamente. Que pudessem inclusive consolidar o projeto político dela, enquanto projeto político de um grupo mais amplo, que não fosse apenas um grupo centrado em torno da figura dela. Ou em torno dela, da filha, e agora de Lavoisier Maia, que volta a ser, passa a ser um ator coadjuvante da liderança de Wilma."

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