terça-feira, outubro 10, 2006

Carta a um historiador de um tempo futuro

E se, por acaso, dedicado historiador de tempos futuros, quando essa mensagem chegar a suas mãos, e se vocês, homens de tempos avançados, já tiverem inventado, por essas remotas e incertas paragens, a fabulosa máquina do tempo, por favor, de posse desse meu relato faça a viagem de volta a esse passado, onde as sombras insistem em sepultar a luz, e venha nos ajudar a escrever uma outra história. Senão, ao invés da aventada fuga de 600 mil empresários (ver Mario Amato, 1989), teremos um verdadeiro e gigantesco êxodo de poetas, pensadores, artistas, filósofos e homens de bem, esses que hoje são chamados pelos sacripantas da mídia de "militantes da mentira" – mas, quem há de se importar com essa raça de perdedores, não é mesmo? Invoco seu testemunho, meu prezado historiador, pois retroceder assim, de uma forma tão brusca, a um passado sombrio, perder todas as conquistas realizadas a duras penas, será um triste fim, será – agora sim, arrisco-me a dizer – o fim da história, como já havia decretado um certo Fukuyama de forma prematura.
Não permitirei que apenas as mentiras e o testemunho de velhacos se perpetuem nas páginas da história.
Desculpe-me se fui por demais prolixo e me estendi demasiado em meu relato, é que a situação assim exige.
N.A – Dedico essa "carta" aos meus professores do colégio 2 de Julho(1979-1982): Fábio Paes e Isadora, de História, e Wilson ("andorinha"), de Sociologia, que me ensinaram a importância de conhecer o passado para melhor entender o presente e a subverter a lógica das aparências, que cega. Este texto foi inspirado na idéia da proposta da coluna "Ao arqueólogo do futuro", editada mensalmente na Carta Maior." (Crônica de Lula Miranda. Veja aqui.)

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