quarta-feira, outubro 04, 2006

As oligarquias e seus filhotes

“É paradoxal a circunstância de que quanto mais se concentra o poder político em torno de um grupo familiar, mais frágil ele se torna, como se obedecesse aquele padrão genético segundo o qual a diversificação fortalece e a concentração fragiliza. Ao menos parece ser irrefutável que, em genética, a pureza é degenerativa das espécies biológicas e a humanidade já sabia disse, de modo empírico, há milênios, muito antes das geniais sacações do monge Gregor Mendel. Não foi sem propósito que as antigas civilizações proibiram os casamentos entre parentes de graus de consangüinidade muito próximos (entre país e filhos, entre irmãos germanos ou não etc.).
“Hoje, talvez não haja nada que mostre com tanta clareza a face perversa e politicamente pervertida das oligarquias, que dominam a política nos diversos Estados da federação, que o filhotismo. Aliás, o filhotismo na política é uma tendência cada vez mais acentuada nos dias atuais. Ora, o que no passado era politicamente inadmissível, como as candidaturas concomitantes de certos parentes num mesmo processo eleitoral (pai candidato a deputado federal e filho a estadual ou vice-versa, pai candidato a governador e filho a deputado etc.), agora se tornou regra geral. Não sem razão é que muitos candidatos às eleições proporcionais deste 2006, aqui no Rio Grande do Norte, são filhotes, alguns dos quais sem a menor afinidade com este Estado e seu povo ou mesmo com a política. Os “paipais” zelosos querem seus rebentos na política para continuar suas “devotadas” obras em favor (?) do povo. Isto lembra aquele história de um desses filhotes, de pai potiguar, mas, nascido no Rio de Janeiro e educado no exterior: hospedado na casa de conhecido político papa-gerimum ficou impressionadíssimo com as tapiocas oferecida no café da manhã, sobretudo pelo fato de as pessoas comerem “aquilo”. “Meu garoto!” “Meu paipai."
(Paulo Afonso Linhares, Opinião, Gazeta do Oeste. Foto.)

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