segunda-feira, outubro 30, 2006

Bola demais

Carlos Heitor Cony
"Torço pelo Brasil, avante companheiros, ao tremular do nosso pendão, que, com o perdão da palavra, foi bravamente defendido pelo Glauber Rocha, há tempos, em Veneza. Nunca me importei com os filmes dele, ele é mais importante do que a sua obra. Com a intuição demoníaca do cangaceiro, a ingenuidade gostosa do caboclo, naquele distante ano, Glauber disse grandes verdades em Veneza: que não há mais lutas de classe, capitalismo contra socialismo, ideologia contra ideologia. A luta é apenas entre o mundo rico e o pobre. Taí. Concordo. Neste jogo, também, está faltando a bola, ou há bola demais.
Se vivo fosse, Glauber clamaria mais uma vez contra o conflito entre pobres e ricos, dando como exemplo mais recente a vitória de Lula sobre Alckmin.
Mais da metade do povo brasileiro vive na pobreza e não tomou conhecimento da corrupção do governo Lula, de suas falhas administrativas e éticas. (Editorial Rio de Janeiro, "Bola demais", Carlos Heitor Cony, Folha de São Paulo, São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2006.) (Foto)

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