segunda-feira, outubro 30, 2006

Oligarquias, novas e velhas

Editorial da Folha de São Paulo
A DERROTA da senadora Roseana Sarney (PFL) para o pedetista Jackson Lago no Maranhão foi o resultado mais surpreendente deste segundo turno nas eleições para governos estaduais. A surpresa não se deu propriamente pelo que diziam as pesquisas na véspera (já se apontava empate técnico), mas pelo processo de deterioração da vantagem da ex-governadora desde a votação de 1º de outubro.
É simbólico o significado do malogro eleitoral do grupo do ex-presidente José Sarney no Estado em que, durante décadas, dominou a política local. O resultado vem associar-se à derrota da corrente liderada pelo senador Antonio Carlos Magalhães, esta já no primeiro turno, na Bahia.
O enfraquecimento das chamadas oligarquias regionais decorre da modernização política; é saudável, numa democracia, que a alternância no poder desça dos postulados teóricos para a prática e se torne uma realidade de dimensão nacional.
É precipitado, no entanto, afirmar que resultados eleitorais pontuais representam uma espécie de emancipação política do Brasil. A ressalva não vale apenas porque existe a hipótese, plausível, de as forças tradicionais se reorganizarem e voltarem a tornar-se hegemônicas em suas regiões. Contra esse argumento, há uma resposta convincente: o fato de os grupos tradicionais terem de se rearticular e buscar novos métodos de conquistar o poder é um meio de eles próprios se modernizarem, o que é positivo.
O maior entrave à emancipação da política é social. Muitos dos que se arvoram em algozes de oligarcas não fizeram nada qualitativamente diverso para angariar suas vitórias. Apenas instalaram máquinas mais eficientes que as tradicionais. O Bolsa Família e os verdadeiros feudos eleitorais montados por petistas nas franjas populosas da Grande São Paulo o provam. (Editorial da Folha de São Paulo, São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2006.) (Foto)

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