terça-feira, outubro 10, 2006

Carta a um historiador de um tempo futuro

"É bem verdade que homens do partido do presidente cometeram erros – erros que foram, entretanto, estrategicamente superestimados e supervalorizados, alçados à condição de "escândalos". Foram erros – condenáveis, decerto – porém erros que esses mesmos jornalistas e políticos que aí estão, e que agora a esses outros julgam e sumariamente condenam, sempre cometeram ou compactuaram, e com a mais plena e total desenvoltura. Sim, vivemos numa sociedade de hipócritas. A lógica é simples: os donos do poder sempre operaram o jogo político de modo sujo e, registre-se, foram eles mesmos que fizeram as regras desse jogo – claro, em benefício próprio. Quando os neófitos parlamentares e dirigentes do Partido dos Trabalhadores, de modo equivocado, decerto, tentaram fazer a luta política com as mesmas armas, jogar seguindo as mesmas inconfessáveis regras, aí eles não permitiram. Pois só a eles era permito jogar e usufruir da lassidão ou, digamos, "frouxidão" moral dessas regras. Só a eles era permitido o exercício dos "podres poderes".
Não, não pense que o presidente Lula não falou e não tentou debater junto à sociedade e ao Parlamento a necessidade de se fazer a tal reforma política. Quando ele ousou sugerir isso à sociedade, muitos se fizeram de desentendidos. Outros lhe estenderam ouvidos moucos. Alguns outros ainda chamaram-no de "golpista". Afinal, e seria ingênuo pensar diferente, por que eles mudariam as regras de um jogo que foi feito na medida para eternizá-los no poder, para subjugar a maioria aos interesses de uma minoria?"

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