domingo, outubro 08, 2006

Jornalismo de vassalagem e atraso

Nesse quadro de usurpação do trabalho do jornalista (e de outras categorias) – consentido pela parte explorada, diante de sua incapacidade de reação –, a administração pública no RN (Estado e Prefeitura Municipal do Natal) fizeram robustecer a prática do "apadrinhamento", do "favoritismo", sujeitando o profissional a recorrer a pistolão para obter gratificações. Com isto, registra-se no RN uma situação semelhante à suserania, regime que complementa e justifica o poder oligárquico, vivendo-se na prática relações feudais, com a presença de um senhor com domínio sobre o feudo, a cobrar tributos de seus vassalos, dando-lhes, em troca, auxílio e proteção.
Caminho aberto à venalidade, à subserviência e resignação – como resultado do esforço do profissional para conseguir alguém da cúpula do poder, ou "costas largas", que lhe possa obsequiar a chamada "gratificação", sinônimo de "sujeição" ao seu patrono ou protetor, contribuindo, agora, travestido de "defensor" da manutenção da tirania, da opressão e das injustiças sociais. Não admira que se desconheça, no Rio Grande do Norte, o gênero de jornalismo investigativo, com as grandes falcatruas, as violações das convenções morais e das regras de decoro – nepotismo, sanguessuga, mensaleiros, contas em paraísos fiscais no exterior, ganhos desonestos, vantagens pecuniárias ilícitas obtidas em operações de órgãos públicos por meio de suborno, tráfico de influência, comedeiras, ladroeiras, negociatas etc. – só apareçam na mídia local quando denunciadas pela grande imprensa do sul do país, muitas vezes em matérias pagas pelos próprios grupos oligárquicos na luta encarniçada pelo butim estadual. (Foto.)

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