quinta-feira, agosto 24, 2006

A salvação pelo espetáculo

Falta-nos um Gandhi...

"Dói saber, nesse quadro, que os políticos falam com loas de encantamento, pela TV e pelo rádio, para atingir em especial o segmento pobre da população, que vive a incapacidade de gerar renda suficiente para ter acesso sustentável aos recursos básicos que garantam uma qualidade de vida digna. São recursos como água, saúde, educação, alimentação, moradia, renda e cidadania. Além da concentração da renda, esse segmento encara outro fator de desigualdade que é a educação. Uma pessoa com muita educação ganha cerca de 15 vezes o que ganha uma pessoa sem nenhuma educação. Resta saber o que entendem os jovens que vêm de famílias em que os pais apresentam enorme diferença educacional, com esta diferença sendo transmitida desde o berço. Neste sentido, ocorre o que a pesquisadora Kátia Mendonça chama de conciliação, feita por conta da ‘bestialização’ em que se mantém os eleitores.
"– É a velha história da conciliação pelo alto, ao sabor das elites, revoluções, golpes, contragolpes, à revelia de uma população ‘’bestializada’’, para usar a expressão de Aristides Lobo. Quase que diariamente a Constituição é rasgada e nada se faz a respeito. Prevalece a cultura do ‘rouba, mas faz’ dos tempos de Ademar de Barros. Se esse lado conciliatório do povo tem seu lado positivo, o seu lado perverso nos faz cair em uma certa indignidade, sob a qual nos submetemos a tudo que nos é imposto a partir de cima. É um forte elemento cultural que tem um lado bom: aqui seria um campo propício para o surgimento de um líder que utilizasse métodos não-violentos de ação política, como a resistência civil, por exemplo. Mas nos falta um Gandhi, infelizmente." Foto.

Nenhum comentário: