quinta-feira, agosto 17, 2006

O fim de Macau

João Eudes Gomes

Passados 131 anos de sua oficial emancipação política – 09 de setembro de 1875 a 09 de setembro de 2006 –, o município de Macau dá sinais bem visíveis de que se esgotou, chegou ao seu melancólico fim.
Com um cenário totalmente inverso do roteiro imaginado pelos seus fundadores oficiais, todos cultos, pertencentes e descendentes de uma aristocracia colonial de linhagem lusitana, que povoaram o lugarejo, a vila, a cidade colonial, a cidade industrial, a cidade moderna. Que preconizaram ser Macau a cidade do futuro. Que proclamaram e decantaram um lugar, uma terra calma, boa, de preamar sereno, um local seguro, sadio, higiênico, organizado, belo, prazeroso, progressista. Onde a fraternidade, a igualdade, a liberdade fossem sua essência. Onde a atividade política deveria ser transparente, limpa, pura, cristalina. Onde, em sua convivência pacífica, as pessoas pudessem passear, desfrutar da paisagem e contemplar as belezas naturais. E, enfim, um lugar onde viver valeria a pena.
Atualmente, o que temos é uma poluída ilha em forma de triângulo, com seu solo totalmente degradado, seu meio ambiente poluído, saturado. Seu futuro de terceira categoria ficou “passado”, nas geladeiras gigantes do Instituto Técnico Policial da História da Humanidade (ITPHH).
Seu subsolo, com o lençol freático contaminado pelo uso inadequado e afrontoso de 26 mil habitantes, que diariamente urinam e defecam jogando os resíduos para dentro do rio Piranhas. Uma população que sobrevive em movimento rotineiro por estreitas vielas, becos. Sob o risco constante de serem acometidos de câncer, doenças de pele, dos rins, da hepatite “A”, “B” e “C” e da tuberculose, em virtude principalmente do consumo de água contaminada, poluída, fornecida, vendida como produto pela Companhia de Águas e Esgotos do Estado do Rio Grande do Norte (CAERN). Foto.

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