domingo, novembro 19, 2006

A debutante que dançou a valsa no céu

Pedro Bala: Triste e ordinária violência marginal, coisa de miseráveis, que encobre, na mídia, o estupro do estado por quadrilheiros de estirpe, a cosa nostra cabocla. Flui sem peia, sedenta, faceira, a perene saga de parasitar o tesouro, realocando descendentes no poder, repaginando o domínio e perpetuando a espécie com os dentes na receita do estado-providência.
Lindaura: Não há trabalho para filhos do povo. Mas o povo dá de bandeja o primeiro emprego para filhotes de políticos de rapina, que pouco fizeram, nada fazem e jamais farão pela população acuada nas favelas. Vacas sagradas a usufruir a fortuna de cargos eletivos logrados da generosidade da população lesada.
Pirulito: Do lombo de nossos pais, vamos dar R$ 100 mil de salário a ser papado a cada mês como pagamento do primeiro emprego do filho do senador José Agripino Maia, o jovem Felipe Maia, eleito deputado federal pela magnanimidade de uma população descarnada.
Lindaura: Os trabalhadores concederão R$ 60 mil mensais como doação, eleitores que são do curral do senador Garibaldi Alves Filho para o primeiro emprego do seu rebento, o jovem Walter Alves, eleito deputado estadual.
Dorinha: A população favelada também vai desembolsar mais R$ 100 mil mensais do salário de come-quieto para o eleito deputado federal o jovem Fábio Faria, filho do reeleito presidente da Assembléia Legislativa, Robinson Faria, que também terá garantidos seus R$ 60 mil ao mês na faustosa e perdulária Casa do Povo.
Pirulito: As mortes de Aninha e seu namorado se juntam a centenas de homicídios de adolescentes, entre 13 e 21 anos, no Rio Grande do Norte. O Ministério da Saúde indica em pesquisa de 2005 o Estado como um dos que detêm o maior número de mortes de adolescentes por armas de fogo do país. No Nordeste, o estado potiguar foi o único onde o índice de mortes violentas cresceu. Os números só fazem aumentar.
Pedro Bala: Pagamos todos, cada brasileiro, R$ 110,00 por ano pra sustento e funcionamento da Justiça. A nação espera serviço probo, reto, conseqüente para nossas vidas.
Lindaura: Ana Rosa tinha planos pro futuro. Acreditava neles, como a Princesa de Bambuluá, de que nos fala Cascudo. Admirava a singeleza dos provérbios, e a um deles amava e dava fé.
Vozes das crianças, um coro de tragédia grega: "Os antigos acreditavam que cada um de nós contém um universo. Somos o centro em torno do qual são fiados os longos fios das nossas vidas."

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