domingo, novembro 12, 2006

Como matar um jovem

"Esses números conferem importância às propostas, lançadas na semana passada, em Brasília, durante encontro com especialistas, sobre como evitar que os jovens caiam na marginalidade. Quanto mais tempo se retiver o aluno na escola e mais lhe oferecer ensino profissionalizante, respeitando as vocações locais, maior a chance de inserção no mercado de trabalho. O grau de empregabilidade dos egressos dos cursos públicos tecnológicos, em São Paulo, é de 95%. "Há vários setores que simplesmente não encontram mão-de-obra qualificada", afirma a secretária de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, Maria Helena Guimarães. A Petrobras, por exemplo, ainda não sabe onde buscar os trabalhadores para tocar seus bilionários projetos de extração de gás na bacia de Santos -e isso ocorre em várias outras cadeias produtivas do país.
A redução de nossa selvageria vai depender da disseminação dos mais variados instrumentos para manter o jovem se capacitando para alguma profissão. É inacreditável como anda devagar a aplicação da lei da aprendizagem, que poderia criar, no país, mais de 1 milhão de vagas. Ou como os parcos programas para a juventude são fragmentados, separando programas de renda, atividades culturais, ensino e geração de renda. E, pior do que tudo, como o ensino médio público está desaparelhado. Apenas se vê a gravidade dessas carências nos corpos deformados nas mesas cirúrgicas do professor Dario ou na facilidade de arregimentação do crime organizado.
PS - Está saindo até o final do mês um selo de qualidade, conferido pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) para as empresas de motofrete ou diretamente para os motoboys. Para ganhar o certificado, que não é obrigatório, questões sobre segurança terão de ser respondidas. Estão previstas auditorias permanentes. Empresas que não usarem esse selo na hora de fazer suas entregas podem jogar no lixo qualquer pretensão de se apresentarem como socialmente responsáveis -afinal serão cúmplices do morticínio de jovens." (Folha de São Paulo, Gilberto Dimenstein, Caderno Cotidiano, domingo, 12 de novembro de 2006. Leia mais sobre Dimenstein, aqui.)

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