domingo, novembro 19, 2006

A debutante que dançou a valsa no céu

Coluna Radar Potiguar
Jornal de Natal, 20.11.06
A nossa equipe da TV Tudo Bem seguia meio atrasada para a cobertura de um almoço de empresários em comemoração aos 60 anos do SESC/Senac, no Hotel Barreira Roxa, quando nos deparamos com a cena. Na verdade, era um desvio de percurso. Não era aquele nosso caminho. Ali entramos porque nosso motorista queria ganhar tempo e embrenhou-se pela famosa rua do Motor. Essa inversão bastou para nos transportar, a todos, a partir dali, a um estado de extrema ansiedade, já que poderíamos vivenciar, a qualquer momento, cenas fortes naquele trecho, uma das cem favelas da cidade e, portanto, uma área de risco.
Com efeito, a rua do Motor e suas ramificações, hoje dominadas pelo narcotráfico, serpenteiam, ocultadas e em paralelo, a avenida João Café Filho, artéria defronte à orla marítima, que atravessa o conjunto decadente das praias urbanas de Natal. Degradada e desguarnecida, palco de escaramuças intermitentes na surda guerra urbana instalada, essa área abriga parte da população despossuída, ou de baixa renda, no jargão oficial, da Cidade Baixa, que compreende a Ribeira, Rocas, Santos Reis, Brasília Teimosa e as praias do centro.
A Café Filho, entrementes, vive uma crise de identidade, por esbulho dos gestores públicos. Ela se insere entre dois dos mais vistosos, milionários e ardilosos estratagemas governamentais, geradores de dinheiro vivo pra particulares, sendo executados às vistas do contribuinte, sem qualquer subterfúgio, com exposição em mídia permanente, já que implicam faustosos investimentos propagandísticos do governo. (Foto)

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