segunda-feira, julho 24, 2006

Um estadista temporão

Em seguida, disse a contrapartida para a solicitação que fazia:
– Pretendo também votar e fazer aprovar com meus pares, na Assembléia, a construção de duas estátuas retratando sua pessoa, a serem afixadas nas duas cabeceiras da “Ponte de Todos”. Uma outra, em tamanho gigante, ficará na Boca da Barra, na altura da Pedra da Bicuda. Você ficará no granito, como a Estátua da Liberdade, que está na entrada do porto de Nova York desde 1886.Vilma estremeceu, por instantes. Levantou as sobrancelhas e deu uma risada a la Ana Maria Braga. O inusitado da provocação lhe incomodara de início, ao mesmo tempo em que lhe deliciava, pela perspectiva de ver-se como objeto de tamanha consideração. Depois de mastigar e digerir a primeira proposta, a de ver o ex-marido retornar à vida pública, esta segunda cantada, justamente pelo que tinha de extraordinário, era por demais sedutora. O retorno de Lavô como deputado estadual, apesar da idade e de um currículo pudico, ela contrastava com acontecimentos próprios da vida pública, que terminaram por convencê-la de como a política, principalmente no Rio Grande do Norte, tem proporções e vicissitudes que fogem à compreensão do comum dos mortais. Quando na vida ela poderia imaginar que um dia teria afinidades, trocaria gentilezas e seria companheira do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aquele sapo abominável de outrora, cuja ojeriza hoje instala-se num passado aparentemente tão distante, e que jogou para sempre nas brumas do esquecimento as escaramuças que tivera com Fátima Bezerra, uma deputada federal do PT que agora a corteja e de quem contém as veemências?

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