quarta-feira, julho 12, 2006

Pau torto, bundas cantantes

Do meio do mela-mela do Carnaval de Macau, ouve-se a voz de Zé Pelintra, pobre e malvestido, presunçoso nos modos e no vestir, mas acima de tudo, peralta, com seus questionamentos, que traz como representante dos mal-ajambrados.
"Enquanto a banda É o Tchan, da Bahia, está cantando a 70 mil reais por noite, um operário da mão-de-obra local, um gari, trabalha para ganhar cinqüenta centavos a hora extra. Quando se sabe que o É o Tchan é um grupo falso, não existe, está fora de mídia, dizem os próprios baianos. Com relação ao outro, chamado Dona Flor, só faltaram botar os dois maridos. Na Bahia, inclusive, a bunda canta, porque as mulheres são todas nuas. O que esse grupo vem trazendo é só bunda. E é a bunda mais cara do planeta. Porque a pessoa ganhar 70 mil reais por noite para fazer uma bunda ficar balançando?! O carnaval de Macau deveria ter como nome Carnaval Balança a Bunda."
Zé Pelintra levanta o fato do Carnaval de Macau se manter há mais de 16 anos perpetuando uma "injustiça". "Sim, há 16 anos que vem desse jeito. Ninguém sabe para onde vai o dinheiro do carnaval, que conta é essa, quem paga, a quem paga. Que conta recebe essa erva. Paga-se taxa de 200 reais por uma barraca, os camarotes são cobrados, o que dá uma fortuna. Em Macau tem os metidos a ricos, que gostam da separação, não querem ficar no meio do povo fedorento, leproso, lascado. Botam aqueles poleiros, e isto serve até para brigas, já que ex-prefeitos querem camarotes e não tem para vender. Como é o caso de Zé Antônio, que procurou camarote e ninguém quis vender. Antes, ele comandava. Saiu do governo, está querendo um acesso, não tem, vai para o meio do povo. E eles não gostam: o povo tem suvaqueira, é melado, sujo. O pobre se lasca todo, de cair na sarjeta, meter a cara na lama."

Nenhum comentário: