terça-feira, julho 18, 2006

‘Nós temos que construir nosso país’

'TEMOS UM PAÍS, E VAMOS VENCER'
RP - Gostaríamos de saber se o senhor tem esperança de que o Brasil venha a sair logo desse atoleiro. Mesmo com o PT e tudo. Aliás, a editora trabalha com autores considerados de esquerda.
JXC – A minha análise, com relação ao futuro é o seguinte. A minha editora tem um pouco da minha cara, não pode ser diferente, e eu me considero uma pessoa progressista. Inclusive se você examinar os autores da Cortez, ou os conselhos editoriais, você vai perceber que todos eles têm essa conotação. É esse lado do progresso. Podia ser da esquerda. Se você me perguntar, eu votei no PT. E continuo sendo PT. Agora, por exemplo, quando eu saí daqui do sítio, há 10 anos, não sei, cerca de dez anos, na minha região, por exemplo, não tinha energia. Hoje, a minha casa tem energia, lá no sítio. Não tinha água pra beber. Hoje tem água pra beber. Eu vivo ali no Seridó, e todas as casas têm uma cisterna com 16 mil litros (d’água) que é a conta de uma família, se eu não me engano, de oito a dez pessoas. É o progresso, por esse lado. Ninguém morre mais de sede.
RP – Mas desemprego ainda tem!!!
JXC – E muito. Mas tem em todo lugar. Não é só no Brasil. Agora, eu diria o seguinte. Se você vai falar da corrupção... inclusive, nós estivemos pensando num livro, isto o ano passado, antes de estourar essa coisa aí...
RP - Quer dizer que é grande a esperança?
JXC - Eu diria o seguinte: eu tenho esperança, sim. Porque nós não temos para onde ir, não temos outro país para ir. A Europa nos detesta, discrimina, e muitos outros lugares. Então, para onde nós vamos? Nós é que temos que construir o nosso país. Para onde nós vamos? E por que os outros países - estou falando de editoras, que é o meu campo – estão comprando as editoras brasileiras e estão vindo todos pra cá? Por que eles estão vindo? Porque tem mercado. E eles vêem futuro nisto aqui. Por que eles não vão lá pra Luanda? Vêm pra cá. É por isto que nós temos que estar muito conscientes de que temos um país e que, aos trancos e barrancos, nós vamos vencer. Eu acho que essas coisas todas são muito importantes para que a gente fique alerta a todas essas coisas. Eu não estou arrependido, não. E vou votar de novo na mesma pessoa. Porque eu não vejo ninguém melhor. (Publicado no Caderno Encartes do Jornal de Natal de 17.07.06). Fotos Antonius Manso.

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