sexta-feira, junho 13, 2008

Terra de pigmeus

Valores da Petrobras
minimizam refinaria
Jornal de Fato
Mossoró, sexta-feira, 13.06.08
Coluna Roberto Guedes
Não há termo de comparação entre a mixuruca de investimento que a Petróleo Brasileiro S/A (Petrobras) anunciou esta semana, como se fosse coisa nova, para Guamaré, no litoral potiguar, a título de refinaria, e o montante que ela mesma disse que aplicará na implantação de outra no Ceará. A daqui não absorverá mais do que 10% do que está sendo planejado para o Estado vizinho, como se constata através da simples leitura de informações veiculadas a respeito nos jornais do centro sul do país, decerto procedentes da assessoria de comunicação social da empresa. Quando fala na refinaria prevista para o Ceará, a elite da Petrobras enche a boca e menciona investimento de onze bilhões de dólares. O que norte-rio-grandenses esperavam para esta unidade federativa era uma refinaria de em torno de cinco bilhões de dólares, mas o que está sendo mencionado é uma inversão de cerca de duzentos milhões de reais para incorporar à planta industrial preexistente em Guamaré uma produtora de gasolina que estava prevista há mais de cinco anos. Duas informações que a imprensa do centro-sul publicou ontem mostram a disparidade. A primeira, veiculada pelo "site" Folha Online, sob o título "Petrobras vai investir US$ 11 bilhões em nova refinaria ", infla a auto-estima dos cearenses. Vejam-na:
"A Petrobras vai investir US$ 11 bilhões em uma nova refinaria premium, que poderá ser construída no Ceará, informou nesta quinta-feira o diretor de abastecimento e refino da estatal, Paulo Roberto Costa. Ele explicou que a unidade terá capacidade de produção de 300 mil barris/dia, na qual serão processados vários derivados, como diesel, QAV (querosene de aviação) e nafta. Costa disse que a nova refinaria não vai produzir gasolina. ‘O objetivo principal é produzir diesel, que em grande parte, será voltado para o mercado externo. O foco é colocar esse produto exportado no mercado europeu’, afirmou, depois de participar do lançamento da Quattor, nova empresa petroquímica que agrega unidades da Petrobras e da Unipar no Sudeste. A produção de diesel representará 60% do total processado na refinaria. O executivo ressaltou que, com a entrada do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) e da refinaria Abreu Lima, em Pernambuco, o país terá auto-suficiência na produção do derivado, e exportará o excedente. Costa frisou que a prioridade continuará sendo o atendimento do mercado interno. Costa acrescentou que se reuniu esta semana com representantes do governo do Ceará, e deu indicações de que a refinaria tem grandes chances de ser erguida naquele Estado. A Petrobras apresentou um mapa de necessidades para a construção da refinaria, que inclui área, condições de fornecimento de água e energia, além da ampliação do porto de Pecém, para escoamento da produção. Foi firmado um protocolo de intenções, e o governo do Ceará tem até 120 dias para apresentar as condições. ‘Sobrevoamos a possível área de instalação da refinaria, ao lado do porto, e concluímos que é adequada’, destacou. O diretor informou ainda que se reunirá com representantes do governo do Maranhão para discutir a construção de outra refinaria Premium, com capacidade de 600 mil barris/dia. O ministro Edison Lobão (Minas e Energia) já anunciou que o Maranhão abrigaria essa unidade, mas a Petrobras ainda não confirmou a informação. ‘Teremos o mesmo procedimento que fizemos no Ceará em relação ao Maranhão. Não tenho muito o que comentar, pois preciso ir lá’, disse. A refinaria de 600 mil barris/dia que pode ser erguida no Maranhão também não produzirá gasolina. Costa evitou estimar o investimento necessário para essa refinaria. ‘Não pode pegar uma refinaria de 300 mil barris que custa x e multiplicar por dois, porque não é regra direta de valor’, comentou. As duas refinarias serão preparadas para processar petróleo pesado e mistura do leve com pesado. Com isso, afirmou Costa, terão capacidade também de processar óleo de Tupi. ‘Teremos um esquema de refino que será adequado para uma variedade de petróleo maior, já olhando para o óleo do pré-sal’, completou".
Na segunda reportagem, intitulada "Petrobras anuncia construção de refinaria no Rio Grande do Norte", a empresa parece até querer esconder quantitativos, decerto por saber o quanto é pouco o que investirá no território potiguar. Além disso, mal fala na unidade norte-rio-grandense e já abre espaço para projetar a do vizinho Ceará. Eis o texto:
"A Petrobras informou nesta terça-feira que decidiu fazer no Rio Grande do Norte sua 12º refinaria, uma nova planta para a produção de gasolina e melhoria da qualidade dos demais derivados, como QAV, diesel e GLP. Segundo a estatal, essa nova unidade entrará em produção no ano de 2010. De acordo com a Petrobras, foi realizada hoje uma reunião com representantes do governo do Ceará, onde a estatal manifestou a intenção de estudar, em conjunto com o Estado, a possibilidade de instalar uma refinaria premium, com capacidade de 300 mil bpd. A primeira fase de sua operação está prevista para 2014. A Petrobras e o governo cearense estudarão os termos de um memorando de entendimentos, a ser firmado no prazo máximo de 120 dias, que estabelecerá as premissas para a atuação das partes na implementação do empreendimento.

Nenhum comentário: