domingo, junho 15, 2008

Comunicação encubada, gay interrompido

O sistema do faz-de-conta
Outra coisa que se precisa evidenciar é que esse debate pessoal não pode nem fluir hoje. Haja vista que está havendo no Brasil um processo que preconiza que os mandatos não pertencem às pessoas, mas aos partidos. Então, não está em disputa a deputada, muito menos o militante. O que está em disputa é o movimento organizado GLBTT com o partido da deputada (PT). Esse pensamento de valorizar um e menosprezar o outro não é uniforme dentro do PT. Nós sabemos que existem outros grupos. E têm muitos. Ninguém pode desconhecer que o PT aqui em Natal tem lutado para dar uma evidência ao pessoal do movimento gay, que eles merecem, que eles têm direito. Qual seja, disponibilizando advogados, como temos aí o Centro de Referência de Combate à Homofobia (CRCH), que é dirigido pelo nosso amigo Emanoel Palhano, que é quem coordena o grupo contra as agressões dos homofóbicos. E isso advém de um mandato de um deputado do PT, o Fernando Mineiro, que ao longo da história tem sido sensível, pelo menos como parlamentar. Diferente dos outros, que negam até um prato de comida. Nós tivemos casos, de haver um encontro e as pessoas irem pedir a um deputado um tíquete para almoçar, e ele dizer que não ia dar um tíquete para almoçar, pois não ia "dar de comer a veado".
Quer dizer, quando uma sociedade tão reacionária como essa, tão atrasada, tão patronal, senhorial, autoritária, mandonista, se confronta com um problema desses - pasmem os leitores! -, eles não sabem nem o que significa isso. Mas nós acreditamos que é muito positivo. Eu acho que outros debates irão haver. Não se deve levar para o campo pessoal, de quem é ruim, de quem é bom. Não é nada disso. Eu acho que o movimento avança nesse aspecto, politicamente, e eu creio que, daqui pra frente, haverá até disputa de eleições por pessoas assumidas. Porque não adianta você botar uma carapaça, feito um besouro. O besouro tem aquela carapaça, mas dentro ele fica nadando. Então, você não pode apresentar uma coisa, de que você é homem, heterossexual. E não se sabe que na Assembléia Legislativa não tem gay? E no Poder Executivo? Só que a pessoa não se apresenta como tal, não assume.
Radar - Para o tipo de sociedade em que a gente vive o certo é aquilo.
João
- Hipócrita, né? O faz-de-conta, né? Quer dizer, eu faço que sou homem, mas na verdade não sou homem, eu sou homossexual. Mas se eu me assumir, meus eleitores me abandonam. Esse negócio, contudo, cada vez mais vai ficando distanciado da realidade. Hoje, a diversidade é aceita. Agora mesmo houve em São Paulo uma Parada Gay com três milhões de pessoas. Até a Federação do Comércio chegou a emitir uma nota, criticando os hotéis por não terem dado a guarida merecida ao pessoal, que tinha dinheiro para pagar. (Foto)

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