terça-feira, agosto 07, 2007

Ética bancária e os furos

Bradesco lucra R$ 4 bi no 1º semestre
Folha de S. Paulo, São Paulo, terça-feira, 07 de agosto de 2007
Resultado representa um aumento de 28% em relação a 2006; receitas de serviços, como tarifas, respondem por 29% do total
Valor é o maior já registrado por um banco privado, diz estudo; carteira de crédito ajudou no desempenho, com uma expansão de 23%
É o segundo maior resultado entre os bancos brasileiros nos últimos 20 anos
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Mais um recorde de lucro foi batido pelo Bradesco. No primeiro semestre do ano, o banco computou lucro líquido de R$ 4,007 bilhões, resultado 27,9% superior ao registrado no mesmo período de 2006.
O resultado foi o maior já obtido no período por um banco privado no Brasil. Perde apenas para o lucro do Banco do Brasil na primeira metade de 2006 que, ajustado pelo IPCA, ficou em R$ 4,032 bilhões -como mostrou levantamento da consultoria Economática, que considerou o desempenho do sistema bancário brasileiro nos últimos 20 anos.
Apenas no 2º trimestre, o lucro do Bradesco foi de R$ 2,302 bilhões. Ganhos extraordinários no período -advindos da venda de participações em empresas, especialmente Arcelor Brasil e Serasa- elevaram o lucro da instituição financeira em R$ 501 milhões.
A continuidade da ampliação do volume de crédito concedido, destaque dos últimos trimestres, manteve-se como um dos motores do resultado da instituição. A carteira de crédito teve crescimento de 22,9% entre junho de 2006 e junho de 2007, totalizando R$ 130,8 bilhões. A participação do crédito no resultado do banco subiu de 23% para 25% no período.
Atento à ainda forte demanda por crédito, o Bradesco elevou sua projeção para o crescimento de sua carteira em 2007.
Márcio Cypriano, presidente do Bradesco, projetou um crescimento de 21% a 27% da carteira de crédito para este ano, contra a previsão anterior de 20% a 25%.
Outro destaque foi a participação das receitas com serviços bancários (tarifas bancárias, taxas de administração de fundos, cartões de crédito etc) no resultado, que subiu de 25% no primeiro semestre do ano passado para 29% na primeira metade deste ano.
Cypriano afirma que o aumento do volume "da base de clientes e a aquisição da Amex" contribuíram para a ampliação da receita com serviços no período, que subiu 25,1% em 12 meses, terminando o semestre em R$ 5,168 bilhões.
O Bradesco registrou 1,1 milhão de novas contas correntes na primeira metade deste ano. Para todo 2007, a previsão da instituição é que esse montante chegue a 2,5 milhões, o que deve incrementar ainda mais seus resultados originados com serviços bancários.
A analista Catarina Pedrosa, do Banif Investment Banking, diz que não chega a haver surpresas nos números apresentados pelo banco ontem.
"O Bradesco manteve o tom dos grandes bancos nos últimos trimestres, com consistente crescimento da carteira de crédito e manutenção dos spreads [diferença dos custos para captar e emprestar]. Como o segmento de crédito ainda tem muito o que crescer, esse cenário atual, de lucros crescentes dos bancos, não deve se alterar tão cedo", diz Pedrosa.
O segmento de crédito para pessoa física apresentou crescimento de 21,9% em 12 meses, encerrando o semestre em R$ 49,83 bilhões. O montante representa 38% da carteira total. O crédito a grandes empresas totalizou R$ 47,1 bilhões, e a pequenas e médias empresas ficou em R$ 33,88 bilhões.
Na carteira destinada à pessoa física, tem sido crescente a participação de financiamento de veículos e cartões de crédito, que representam hoje 50,5% do total. Um ano antes, respondiam por 47,2%.
Após a elevação dos níveis de inadimplência no ano passado, o Bradesco viu essa taxa se manter estável neste ano, no patamar de 6,2% da carteira. Em junho de 2006, esse índice era de 5,4% e alcançou 6,3% em dezembro do ano passado.
Ontem, o banco anunciou que vai abrir, em cerca de 90 dias, uma unidade em Londres, por meio do BBI (Bradesco Banco de Investimentos), com a finalidade de intermediar negócios com títulos e ações brasileiros na Europa.
As ações preferenciais do Bradesco encerraram com alta de 0,41% no pregão da Bovespa de ontem. Mas, nos últimos dez dias, as ações do banco acumulam queda de 1,34%.
Hoje é a vez de o Itaú anunciar seus resultados da primeira metade do ano. Segundo informou ontem o Itaú, a operação de venda de parte da Redecard terá impacto, após impostos, de R$ 1 bilhão em seu resultado, mas no terceiro trimestre. (Matéria [para assinantes] na Folha de S. Paulo, Caderno Dinheiro, de 07.08.07.)

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