domingo, agosto 05, 2007

Golpes contra o Rio Grande do Norte

11 de Novembro de 2006.
Alcanorte convoca assembléia

A fábrica, que fica em Macau, nunca saiu do papel e representa um dos sonhos frustrados da indústria potiguar.
No próximo dia 21, uma reunião na Alcanorte poderá se tornar uma nova oportunidade para o governo do estado se encontrar com representantes da empresa, cuja matriz está instalada no Rio de Janeiro. Nesta data, será realizada uma assembléia geral na unidade potiguar, localizada em Macau, para eleger os novos membros dos conselhos de Administração e Fiscal.
O titular da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico (Sedec), Thiago Gadelha, disse que vai entrar em contato com diretores da Companhia Nacional de Álcalis (CNA), para tentar uma nova reunião, aproveitando a provável vinda deles ao Rio Grande do Norte. Há cerca de um mês, Gadelha manteve contato com representantes da CNA e colocou a Sedec à disposição para possíveis parcerias junto à empresa. ‘‘Eles disseram que voltariam a nos contatar depois das eleições. Mas com essa notícia da assembléia, nós vamos procurá-los’’.
A reportagem tentou entrar em contato com a diretoria da CNA, por telefone, mas a pessoa indicada como porta-voz, Wilson Queiroz, não foi encontrada. Contudo, Queiroz já havia afirmado ao Diário de Natal que reativar a Alcanorte e voltar a fabricar barrilha no RN é possível, mas seria necessário um investimento de US$ 110 milhões (R$ 234,3 milhões) e um rígido estudo técnico.
Em setembro, o Banco do Nordeste acenou com a possibilidade de ser parceiro do governo estadual em uma possível retomada da Alcanorte, caso a fábrica fosse incluída nos estudos do polo gás-químico que a Petrobras estuda instalar no RN. Porém, até agora, nem o governo do estado nem a CNA mostraram propostas concretas para tirar a indústria do abandono, na qual ela está há mais de 20 anos.
Apesar da vocação do RN para a produção de barrilha, a Alcanorte nunca chegou a funcionar plenamente. Foi instalada nos anos 70 com capacidade de produzir 400 mil toneladas de barrilha e gerar 500 empregos diretos. Porém, a fábrica não passou da fase de testes e parou no início dos anos 80. Nos anos 90, chegou a aparecer uma oportunidade, que, intermediada pela Federação das Indústrias (Fiern), envolvia o grupo Fragoso Pires, então proprietário da Alcanorte, e o fundo norte-americano de investimentos Peak, que seria uma proteção contra o cartel dos fabricantes de barrilha dos EUA. Em troca, o Peak queria ser sócio da usina termoelétrica que forneceria vapor e energia para a Alcanorte. O acordo fracassou depois que essa usina - hoje a Termoaçu - foi vendida para os espanhóis do grupo Iberdrola.
As atenções se voltaram para a Alcanorte este ano, pois em agosto a CNA parou de produzir barrilha, usada na fabricação de vidros e detergentes, da qual o mercado nacional é carente e que apenas a companhia fabricava. Atualmente, o consumo do país é da ordem de 750 mil toneladas, das quais a CNA fornecia 33%; o restante era importado pelas empresas. Agora, toda a mercadoria vem de outros países. (Diário de Natal, Natal, sábado, 11 de Novembro de 2006. Economia.)

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