quarta-feira, agosto 15, 2007

Porca miséria...

Texto escrito pelo jornalista Carlos Santos, com foco em Areia Branca, mas que pode ser lido como um raio x de todo o Estado do Rio Grande do Norte. Pobres de nós?
A cruz de Sirineu e o futuro de Areia Branca
Terça - 14/08/2007 - 08h48
"Conheço como poucos jornalistas de minha geração, a cidade de Areia Branca. Não sou nativo, aviso de antemão. Entretanto possuo raiz familiar, trabalhos remotos no marketing político e muitas amizades de lado a lado.
Sinto-me adotado. Sou também filho insular dessa terra; nossa "ilha".
Constrange-me vê-la conflagrada. É um barril de pólvora em permanente perigo de explosão, em face das paixões doentias provocadas pela política. Politicalha, em verdade.
Temos uma comunidade que ainda se apega a cores, símbolos pejorativos (Bicudo x Bacurau) e a uma retórica inconsequente, própria do populismo. As promessas messiânicas de sua elite política quase sempre se transformam em frustração coletiva.
Apesar de ser detentora de enormes riquezas naturais, Areia Branca acomoda uma massa numerosa de ignorantes, que apenas partilha os sobejos desse patrimônio. Assim mesmo, ainda louva seus algozes, como se fossem salvadores da pátria.
Cegos por um arrebatamento rude, incapazes de discernirem entre o certo e o errado, o bom e o ruim, multidões constroem mitos para se ajoelhar diante deles. Fazem suas oferendas e se rendem como zumbis, obedientes à escravidão de corpo e alma. Tudo em nome de ídolos com pés-de-barro.
Desequilibrados pela intolerância política, muitos produzem inimizades no trabalho, desafetos nas ruas e desavenças dentro de casa. Há poucos inocentes em Areia Branca, quando o assunto é política.
Como num enredo milenar de confrontos, temos a reprodução de lutas entre xiítas e sunitas, palestinos e judeus nessa pequena porção de terra. Porém quem prospera mesmo é a estupidez. É o único traço de afinidade que une as duas alas de poderosos que dividem a cidade ao meio.
Ambas pregam a democracia para usurpá-la, incentivam o voto para comprá-lo e falam de dignidade para ultrajá-la.
Areia Branca não precisa de um Messias e, sim, de um Sirineu a carregar sua cruz até a redenção no Monte do Gólgota. Seus líderes de hoje - com raras exceções - querem se mostrar crucificados, mas apenas se assemelham nos hábitos às companhias de Cristo no calvário.
Aqui embaixo, aí sim, existe um povo necessitando de alguém que o respeite, zelando a coisa pública e que não faça o tipo bom-moço para fraudar seus sonhos.
Acorde, Areia Branca. Dê uma chance a seu futuro." (Fonte: blogdocarlossantos)

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