domingo, agosto 12, 2007

By, by, País decente...

Desapareceu a perspectiva
de um progresso que torne o país decente
Folha de S. Paulo, Ilustrada, sábado 11 de agosto de 2007
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DA ILUSTRADA
RAFAEL CARIELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O crítico e ensaísta Roberto Schwarz será celebrado e sua obra servirá de ponto de partida para ensaios sobre a realidade social e cultural brasileira no livro "Um Crítico na Periferia do Capitalismo", que a Companhia das Letras prevê lançar no próximo mês.
Nascido em 1938 na Áustria, Schwarz emigrou para o Brasil, trazido pelos pais, no ano seguinte. Intelectual de formação marxista, tornou-se um dos principais intérpretes do país ao escrever sobre obras literárias, teatro e música sem aceitar, no dizer do decano Antonio Candido, "cortar os vínculos entre a palavra e o mundo".
Na entrevista a seguir, feita por escrito (ele selecionou algumas perguntas das que lhe foram propostas), o autor de célebres estudos sobre Machado de Assis e as relações entre liberalismo e escravismo no Brasil afirma que a luta de classes foi substituída no país por uma "desigualdade social degradada", em que pobres e ricos viraram "lúmpen". E diz que desapareceu a perspectiva de progresso "que tornasse o Brasil um país decente".
Para o crítico, a transgressão às normas, ou a facilidade com que a elite do país transita dentro e fora delas -sempre para seu maior ganho-, é uma marca distintiva da sociabilidade brasileira. Na entrevista, ele diz ver uma diferença se essa transgressão é cometida por ricos ou por pobres.
"Um Crítico na Periferia do Capitalismo - Reflexões sobre a Obra de Roberto Schwarz" foi organizado pelo historiador Milton Ohata e pela professora do Departamento de Letras da USP Maria Elisa Cevasco.
O volume trará ensaios e depoimentos, entre outros, do crítico Antonio Candido, dos sociólogos Fernando Henrique Cardoso e Francisco de Oliveira, do filósofo José Arthur Giannotti, do historiador Fernando Novais, dos críticos Rodrigo Naves e Ismail Xavier e do psicanalista Tales Ab’Sáber. A seguir, a entrevista.

Nenhum comentário: