segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Só Não Temos Princípios Éticos

Só Não Temos Princípios Éticos
Por Sônia van Dijck
http://alertaototal.blogspot.com
O Estatuto da Criança e do Adolescente não protege as vítimas (de qualquer idade), mas protege os monstros com menos de 18 anos. Obviedade. Somos todos reféns do medo da violência e somos suas possíveis vítimas.
Enquanto isso, as ongs e os politicamente corretos vão continuar dizendo que devemos sacrificar as vidas de entes queridos e nossas vidas, porque falta educação, habitação, emprego, saúde, comida, e nós somos os culpados por faltar tudo isso. Só não dizem que falta governo, decência dos políticos, dos magistrados (não vou lembrar o juiz Lalau... - é explícito demais), dos delegados, dos policiais corruptos.
Pagamos impostos altíssimos, para que haja educação, habitação, emprego, moradia, comida, sistema de saúde. Tem gente que manda o dinheiro sujo da corrupção para contas bancárias no estrangeiro e, depois, vem com falação politicamente correta - tem gente cujo filho fica milionário nos bastidores do poder e, depois, vem dizer que "penalizar menores não resolve a violência" - tem gente que defende reajuste fantástico de seu próprio salário e mais mil outras mordomias, em um país de miséria explícita, e vem fazer representação de politicamente correta e é contra a diminuição da idade penal.
Tem gente que viola a Constituição, viola conta de trabalhador, aprecia freqüentar mansão animada pelas putas da cafetina-mor da República, gosta de negócios de lixo e nem se liga na realidade nacional - tem gente que tem salário de ministro pago pelo contribuinte para proteger os criminosos figurões e não toma conhecimento do avanço da violência urbana - tem gente que comete crimes contra a democracia e, depois, pretende alcançar a anistia e nem nota que somos vítimas do crime que acontece nas ruas.
Se levarmos em conta tudo isso e muito mais de tudo que sabemos, entenderemos que a brutal violência urbana é apenas mais um detalhe da enciclopédia viva do crime em que o Brasil se transformou.
No Brasil de hoje, é tão banal ser preso, em um quarto de hotel, com uma baita dinheirama de origem desconhecida para comprar um dossiê fajuto contra os adversários do governo, quanto violar a conta bancária de um trabalhador, quanto agenciar o trabalho escravo, quanto incendiar um carro com uma família em seu interior ou um ônibus com pessoas a caminho do trabalho ou de volta para casa, quanto matar um garoto arrastado por cerca de 7 quilômetros pelo asfalto da cidade grande, quanto forjar um documento para soltar criminosos, quanto receber propina, quanto aumentar dantescamente seus próprios salários em um país de miséria, quanto ultrapassar o sinal vermelho em uma rua ou avenida, quanto fazer sexo com uma menor em um bordel de 5ª categoria ou em uma mansão de machos chiques e poderosos, quanto fazer caixa 2 na campanha eleitoral, quanto dar porrada em torcedores de futebol aprisionados e caídos bem diante das câmeras, quanto mandar pra cadeia quem rouba um pão no supermercado, porque tem fome.
No Brasil de hoje, todos os crimes deixaram de ter gravidade: são banalidades do cotidiano. E a Justiça perdeu a balança.
No Brasil de hoje, vale invadir favela atirando, não importa em quem, e vale dizer que criminoso de menor idade deve ser compreendido, amparado, protegido pelas ongs, pelos politicamente corretos, pelo contribuinte, pelo Estado e até pelas famílias das vítimas, que não são politicamente corretas em seu sofrimento e em sua sede de justiça.

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