segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Mais quatro anos de lambança

Paulo Augusto
Coluna Radar Potiguar
Uma tristeza a solenidade ocorrida na última quinta-feira, na Assembléia Legislativa, quando houve a posse dos deputados eleitos para a nova legislatura. Uma velha mendiga agachada num canto da praça 7 de Setembro, encurralada entre as pernas dos soldados da Polícia Militar que protegiam os políticos, dizia, entre melancólica e desconfiada: "Nada de novo no front."
Finalmente os desaparecidos soldados da PM deram o ar de sua graça. Eles só aparecem nessas horas, para acobertar e blindar os políticos em solenidades públicas. A população não vê um mísero soldado desses para lhe dar guarida durante os 365 dias do ano. A não ser, bem, para abatê-la e aos seus filhos, entregues à sanha do tráfico, na ausência absoluta de emprego, nos subúrbios, em operações as mais absurdas.
Um trabalhador, que vive do seguro desemprego, e que teve a perna cortada por implicações diabéticas e imposições médicas, era mais enfático. Em meio ao empurra-empurra dos guardas, que tentava manter a multidão a uma distância que deixasse fora de risco os chamados representantes da população, dizia sem meias-palavras: "Uma catrevage. Pra nós, cativos aqui da mendigagem, de pouco adianta. teremos mais quatro anos de pabulagem e lambança."
Com efeito, como a grande maioria da população não chega a ler jornais - e mesmo se os lesse, engulharia -, perdeu uma nota publicada num dos poucos periódicos que ainda se pode manusear, com o cuidado de pular as páginas que falam de política e estampam os patranheiros, em suas gabolices. Trata-se de uma confidência feita por um de nossos "deputados", pouco conhecida, portanto, mas que merece ser do conhecimento de nossos eleitores.
Estava na coluna Hoje na Economia, assinada por Marcos Aurélio de Sá, administrador do Jornal de Hoje, na edição da quinta-feira, 25 de janeiro de 2007. Dizia a manchetinha: "Deputado oferece emprego na Assembléia pela quitação de uma dívida de campanha". E vinha o texto:
"Esta semana, um político reeleito para a Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte – que constituiu pesadas dívidas (inclusive perante agiotas) durante a última campanha eleitoral e no momento se encontra em dificuldade para quitá-las –, saiu-se com a seguinte proposta diante de um dos seus credores, a quem deve o valor de R$ 100 mil:
‘Não tenho como pagar tão cedo o que lhe devo. Mas faço a seguinte proposta: você indica uma pessoa, que pode ser um seu filho ou alguém de sua inteira confiança e eu a coloco no meu gabinete com salário de R$ 4 mil pelos próximos quatro anos, sem necessidade de ponto. No fim de cada mês essa pessoa lhe repassa o dinheiro.’
"E tirou do bolso uma calculadora financeira, fez conta rápida e apresentou-a ao credor, argumentando que ele estaria fazendo um grande negócio, mais lucrativo do que se recebesse o pagamento de uma tacada. Pelo que se comenta nos meios políticos, essa estratégia é bastante comum na chamada ‘casa do povo’, onde cada parlamentar tem direito de contratar ao bel prazer um certo número de assessores."

Um comentário:

Anônimo disse...

mas fiquemos acompanhandoos fatos,cobrando deles...
abs.tetu