segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Inventário de Artes Visuais: avaliações

Encartes - Afonso Martins, você poderia fazer algumas considerações sobre a qualidade do "Inventário - Catálogo do Acervo de Artes Visuais do Governo do Rio Grande do Norte".
Afonso Martins - Acho que é importante e necessário haver a catalogação desse acervo, como ponto de partida para um trabalho maior, para um processo de construção de um acervo realmente catalogado, classificado e selecionado. E, mais importante ainda, a transformação disso, a concretização disso em uma pinacoteca, realmente, onde ficassem reunidos a partir de uma curadoria profissional. Eu frisaria isso. É importante que haja essa curadoria feita. Não apenas você publicar um catálogo, em que você reúne trabalhos profissionais com trabalhos amadores, enfim. Acho que a catalogação e, posteriormente, uma seleção cuidadosa, do ponto de vista da qualidade, inclusive com fins didáticos, isso deve ser feito com muito mais profissionalismo. É importante que isso seja ressaltado, para que o Estado ganhe uma pinacoteca construída com bases profissionais.
Nesse sentido, acho que é um passo importante, a catalogação disso. Mas que não deve parar nesse catálogo. Esse catálogo deveria ser, na verdade, ele funcionaria melhor depois de haver uma curadoria mais rigorosa, feita com mais apuro e com mais qualificação profissional. Eu acho que está feita uma seleção inicial. Até onde eu sei, é uma seleção de todas as obras que estão conservadas no poder do Estado. É mais interessante como registro, do que existe de fato, de acervo. Mais eu acho que deva ser feita uma outra seleção do que´exposto. Isto é comum em qualquer museu. Você tem um acervo, selecionado daquilo que é mais relevante, e uma reserva técnica, que é colocada para exposições eventuais. Então eu acho que o catálogo funcionaria melhor, inclusive do ponto de vista didático etc., a partir de uma seleção mais criteriosa, mais rigorosa. De um trabalho mais profissionais, que eu acho que deve ser feito mais pra frente.
Encartes - Você justifica eles terem botado os quadros desaparecidos? Até com uma quadrinho vazio, dizendo assim: Obra desaparecida. Me parece que são 49, como se registra ao final do livro. Você acha que foi válido, para constar pelo menos como doação, já que grande parte foi doação?
Afonso - Eu acho que isso é mais válido para um registro, não do público, mas um registro interno. Isso realmente deve ser apurado. É importante que a sociedade saiba desse caso. Mas não ser registrado no catálogo. Um catálogo que é vendido e tal. Eu acho que é um tipo de catalogação que deveria servir mais para a instituição. Inclusive com esse registro dos desaparecidos. Tudo bem: é importante informar para a sociedade, mas eu acho que esse tipo de registro em catálogo, acho que compete muito a este tipo de catálogo. Eu acho que um catálogo de um museu, para ser distribuído, deveria constar mais o material que está presente, que está selecionado. Agora, é importante que se faça esse levantamento, sem dúvida alguma. Agora, mas com outra intenção.
Encartes - No caso de eles botarem uma obra que tem 1 metro e 72 centímetros com dois ou três milímetros. O que você diz? Não foi economia, porque teve dinheiro. Custou R$ 180 mil, divididos igualmente entre as duas partes. O material confeccionado para a divulgação do projeto contém seis plaquetas (para cada uma das áreas catalogadas), um mapa localizando os principais monumentos de Natal e um CD com o acervo completo. Além do Ministério da Cultura (MinC), no âmbito de um programa chamado Monumenta, tem apoio do Banco Mundial e da Unesco. O Monumenta, que conta com financiamento do BID e o apoio da Unesco, procura garantir condições de sustentabilidade do Patrimônio com a geração de recursos que alimentam o Fundo de Preservação para o equilíbrio financeiro das atividades desenvolvidas e que mantenham conservados os imóveis da Área do Projeto. O projeto prevê ainda a instalação de totens com mapas por sete locais de grande visitação de Natal, como o Forte e Pinacoteca, além do catálogo de artes visuais do inventário do Patrimônio Cultural.
Afonso - Os ícones dão uma vaga idéia do que são os trabalhos, não é isto? Mas não é uma informação completa. Você tem uma informação. O ideal era que tivesse uma representação pelo menos em cores daquele trabalho. Acho que na internet você consegue ver um pouco melhor isso. Eles têm uma versão na internet. Agora, se a intenção do catálogo é registrar para um público maior, para a sociedade, se não é um catálogo só para registro interno, da instituição, deveria ter uma apresentação dos trabalhos de forma mais legível, mais visível. Essa iconografia. Se essa é a intenção de ser distribuída comercialmente, no mínimo, o que se deveria ter era uma apresentação mais visível de cada trabalho. Se fosse só para registro interno, eu friso isso, tudo bem. Mas, mesmo assim, o ideal é que fosse com uma legilibilidade maior, da parte iconográfica, de cada trabalho. (Publicado no Encartes, do Jornal de Natal, edição de 05.02.2007.)

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