quarta-feira, julho 30, 2008

Natal pede Paz

A Grande Natal PEDE PAZ
Esequias Pegado Cortez Neto
Jornal de Hoje
Hoje na Economia
Colunista: Marcos Aurélio de Sá
E-mail: administracao@jornaldehoje.com.br
30.07.2008
Jornal de HojeQuarta-feira, 30.07.08

Esequias Cortez, que exerceu por duas vezes o cargo de secretário de Planejamento da Prefeitura de Natal, encaminhou ao JH artigo em que expõe suas idéias sobre o passado, presente e o futuro urbanístico da região metropolitana. Em face da importância do assunto, a coluna lhe cede o espaço.







A Grande Natal PEDE PAZ
Esequias Pegado Cortez Neto

Economista e advogado
Esquecendo, por momentos, a dedicação à advocacia econômica - tornada estado de espírito e razão de viver, talvez por hereditariedade - busquei no meu pedaço ainda economista e no passado de estudos especializados em planejamento governamental, com a responsabilidade de ex-professor desta disciplina na UFRN e por ter estado secretário de Planejamento do Estado e de Natal, a inspiração para escrever estas simples idéias, mormente em função do dever de cidadania. Afinal, nasci aqui, adoro minha cidade, me preocupo com o que está se passando com ela e, também, com meu Estado.
Nos anos 70 do século passado já se abordava a questão de pensar as cidades brasileiras de forma metropolitana, em função daquelas que se tornaram (ou se estavam tornando) pólos firmes de concentração urbana, marcando o advento do fenômeno conhecido como conurbação.
Claro, esta era uma conseqüência direta da migração rural-urbana, advinda do processo de industrialização do país e da elevação no nível de prestação de serviços, além do direito sagrado de movimentação geográfica interna, mantido sem barreiras, mesmo nos momentos políticos mais difíceis. Ali, não sentíamos ainda o fenômeno da globalização, mas o Brasil já vinha vivendo o que ouso chamar de "brasilização", ou seja, o livre trânsito interno de população, mercadorias e serviços, todavia sempre com a marca da dependência e da sinalização de vias, tipo mão e contra-mão. Sim, os sentidos das correntes eram contrários e constantes: mão-de-obra migrante para o então Sul Maravilha, notadamente São Paulo e Rio de Janeiro, em função da industrialização e concentração de poder; mercadorias ali produzidas e dali saindo e distribuídas nas outras regiões; serviços concentrados nesses centros ou, no máximo, nos sub-centros com mais poder político.
Eis que se começa a falar nas 9 regiões metropolitanas do Brasil (São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém). Entretanto, Brasília - novo centro do poder - e outras começaram a explodir no crescimento, via êxodo rural, mudando assim o enfoque da "brasilização" de vias invertidas e geodefinidas.
Pressionada pelo forte crescimento populacional e algumas ações de governo (subsídios organizacionais, tributários e creditícios; descoberta de novas fronteiras agrícolas, minerais, turísticas, etc.), eis que a economia muda e torna nacional a "brasilização". Ou seja: o livre fluxo de pessoas e bens não mais tem rotas predefinidas; o Brasil parece passar realmente a ser dos brasileiros, de norte a sul, leste a oeste, mantendo ainda, como não podemos esconder, fortes rincões de riqueza e pobreza, quer urbanas, quer rurais. Sem embargo, um Brasil que muda, adentrando na globalização e controlando a desgraça inflacionária.
E isto tudo fez consolidar e crescer aquela Natal dos anos 70, cuja posição geográfica nos tinha lançado, nos anos 40, para a conquista americana do Norte da África e, doravante, nos lança à conquista da Europa, como porta de saída e entrada da América Latina, pólo avançado exportador e receptor de bens e cidadãos do mundo!
Por tudo isso, o solo natalense ficou pequeno - e talvez o do Estado também. E Natal precisa agora de Parnamirim, São José de Mipibu, Nísia Floresta, Monte Alegre, Macaíba, São Gonçalo, Ielmo Marinho, Ceará-Mirim, Extremoz e Barra de Maxaranguape, cidades caracteristicamente atingidas pelo incidente direto ou indireto da conurbação.
Quem não conhece alguém que trabalha em Natal ou mora num desses municípios, ou vice-versa, por causa de fábricas e unidades de serviços que se deslocaram de Natal para expansão de suas atividades, ou que lá se estabeleceram objetivando o mercado de Natal e alhures? (Foto: Alex Uchoa)

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