domingo, julho 27, 2008

Arquitetura e mentalidades

CC: O senhor conhece o Brasil? Que imagem tem da nossa vida urbana?
Das
: Estive em São Paulo e Porto Alegre. São Paulo, em vários aspectos, é muito parecida com Mumbai. Notei a marginalização e exclusão da maioria da população, bem como o desenvolvimento anárquico. Há pouquíssima harmonia e coerência entre o planejamento físico e o desenvolvimento da cidade. A paisagem é marcada por projetos individuais, contraditórios entre si e inadequados ao lugar onde são erguidos. Como em Mumbai, a falta de planejamento leva à favelização.
CC: O senhor se considera mais um ativista que um arquiteto?
Das
: Eu me considero igualmente um arquiteto e um ativista. Arquitetura e desenvolvimento social não podem ser tratados de modo independente.
CC: Do mesmo modo como nasceu uma consciência ecológica nos anos 1990, estaria surgindo, nos anos 2000, uma consciência urbana?
Das:
Sim. Num mundo crescentemente urbanizado, é necessário desenvolver um entendimento mais profundo do significado das cidades. Se isso não acontecer, teremos cada vez mais gente privada dos benefícios da vida nas cidades, marginalizada. Os arquitetos têm de contribuir para esses movimentos em prol de modelos alternativos de desenvolvimento. Temos de resistir às tendências exclusivistas da arquitetura. (Fonte: CartaCapital, nr. 506, de 30.07.08) (Foto)

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