sexta-feira, julho 11, 2008

As jóias da coroa...

Pitta, uma carreira
repleta de suspeitas
SÃO PAULO - Fustigado por uma sentença da 8ª Vara Criminal Federal, que em fevereiro o condenou a 4 anos e 4 meses de prisão, da qual recorre em liberdade, e por uma cobrança de gastos indevidos na área da saúde municipal, o ex-prefeito de São Paulo Celso Roberto Pitta do Nascimento volta aos holofotes pelas mesmas suspeitas de outros tempos - evasão de divisas, lavagem de dinheiro e contas irregulares no exterior.
Seu nome foi incluído na Operação Satyagraha por causa de um depoimento feito em 2001 por sua ex-mulher, Nicéa Teixeira de Camargo, que dele se separou judicialmente em 1999. Convocada, em dezembro de 2001, pelo promotor Silvio Antonio Marques, do Ministério Público em São Paulo, Nicéa fez afirmações comprometedoras sobre o ex-marido.
Deu detalhes, por exemplo, sobre reuniões entre ele, o ex-prefeito Paulo Maluf e secretários municipais, que teriam organizado esquemas de superfaturamento para obras como o túnel Ayrton Senna e a Avenida Águas Espraiadas. Mas o ponto que interessou à Polícia Federal, na presente operação, foram suas contas no exterior.
"No esquema de transferência internacional de valores, é do conhecimento da declarante que seu ex-marido movimentava a conta através do sr. Naji Nahas no Banco Audi de Nova York", escreveu o promotor Silvio Marques no Termo de Declarações que tomou.
Pai de dois filhos, iniciado na política pelo padrinho Paulo Maluf, do qual era secretário das Finanças, e hoje com 62 anos, Pitta foi carregado para a cadeira de prefeito graças ao prestígio eleitoral de seu protetor. "Se ele não for um bom prefeito, nunca mais votem em mim", disse Maluf durante a campanha, em 1995.
Em sua gestão, entre 1996 e 2000 - exceto 18 dias em que ficou fora do cargo, por decisão judicial - Pitta, que é economista com mestrado em Leeds (Inglaterra) e Harvard (EUA), conviveu com uma fieira de escândalos dos quais os mais vistosos foram o dos precatórios e o do fura-fila.
No resumo de suas pendências - e de seu grupo - com a lei, até setembro do ano passado, havia 25 processos cujos valores, somados, chegavam a R$ 132 milhões.
No escândalo dos precatórios, ele foi acusado - ao lado de seu auxiliar Wagner Ramos - de emitir títulos municipais em valores muito além do permitido, e de ter usado o dinheiro para outros fins, que não o pagamento de precatórios. No caso do fura-fila, de um custo inicial calculado em R$ 146 milhões, haviam sido gastos mais de R$ 800 milhões e a obra continuava incompleta.
Sua preocupação maior, até ontem, era recorrer da condenação do TJ paulista que quer de volta, para a Prefeitura, o R$ 1,29 bilhão que ele e Duda Mendonça teriam gasto, irregularmente, em campanhas do PAS - o Plano de Atendimento à Saúde, criado por Maluf.

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Rio de janeiro, quarta-feira, 09 de julho de 2008 (Foto)

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