terça-feira, dezembro 05, 2006

Operação Lupanares

Como podemos ver, ainda hoje, o Estado não conseguiu livrar-se do estigma e da maldição das oligarquias formadas pelas famílias Maia e Alves. Ao contrário, agora, a gestão dos negócios públicos é feita por uma coalizão entre os grupos que sobraram do grande confronto e estraçalhamento de 2010. Desde então, os Alves e os Maia se uniram numa força única, para enfrentar os Rosados, baseados na segunda maior cidade potiguar, Mossoró, que tentaram dominar o Estado a partir de sua penetração em toda a malha da administração pública a partir daquele ano, havendo agora uma administração consorciada de três grupos familiares, que se uniram para participar do butim do Estado.
O que sobrou das chamadas elites, depois da debandada em massa de pessoas do jet-set para Miami e outros estados do país, compreende apenas os vassalos especializados, exércitos de profissionais liberais que assessoram os governantes, e que residem, de forma acuada, em verdadeiras fortalezas superprotegidas, nas praias da Zona sul da cidade, a partir de Ponta Negra, cujo acesso torna-se praticamente proibido aos que não possuem os cartões magnéticos de identificação distribuídos pela Polícia Política. São servidores públicos graduados, jornalistas, publicitários, médicos, enfim, profissionais liberais que vendem serviço ao estado.
Não há mais justiça; inutilizada, apenas presta serviço à classe dos dirigentes. Depois da seqüência de escândalos da administração do governador Garibaldi Alves Filho, como o desvio da merenda escolar, as irregularidades no Programa do Leite, a indicação do irmão Papau, Paulo Roberto Alves, para o Tribunal de Contas do Estado, o Caso Gusson, e os fatídicos R$ 700 milhões da venda da Cosern, veio a governadora Wilma de Faria que, esta sim, dobrou bem dobrado e botou uma pedra em cima do que restava de justiça no Estado.
Para dona Wilma de Faria, não há tempo quente. O empresário Bira Rocha, ex-presidente da poderosa FIERN, dizia que a governadora Wilma de Faria "foi um equívoco do povo do Rio Grande do Norte". E gostava de afirmar que o RN não tinha muitos corruptos, mas "incompetentes", alfinetando principalmente o governo Wilma de Faria como modelo de incompetência. "Um governo pra mim tem que ter quatro grandes projetos: um administrativo, um de desenvolvimento, um social e um político. Me diga um de cada uma dessas áreas no governo Wilma. Melhorou a Saúde? A Educação? A Segurança? E a transparência? As contas do governo estão sendo publicadas?", dizia, criticando que Wilma criara diversas secretarias, aumentando os cargos comissionados para acomodar jabutis.
No caso de Wilma, o próprio Ministério Público entregou os pontos, após a conclusão do relatório acerca do Foliaduto, um dos vários escândalos que marcaram sua administração – conhecidos como Ouro Negro, o Caso da Base Propaganda, seguidos das acusações, conforme denúncia pública, de estimular o nepotismo, com a oferta de empregos a dois maridos, quatro filhos, cinco irmãos, dois genros, suas muitas cunhadas e seus incontáveis primos e parentes, com ordenados na folha do Governo do Estado do Rio Grande do Norte, somando mais de 28 parentes a ocupar cargos de confiança, seja no Governo do Estado, na Federação das Indústrias (FIERN) e em outros órgãos públicos. O fato se constituiria, segundo o documento divulgado, no maior caso de nepotismo da história política recente. Com a soma mensal de gastos de salários com os parentes, mencionados no documento, de R$ 225.500,00 (duzentos e vinte e cinco mil e quinhentos reais), o que representaria um consumo nos quatro anos do seu primeiro governo em torno de R$ 10.824.000,00 (dez milhões, oitocentos e vinte e quatro mil reais).

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