sexta-feira, dezembro 08, 2006

Carta à Juíza Ellen Gracie

Li, nas páginas de uma revista semanal, o belíssimo artigo de sua conterrânea Gaúcha, a admirável e amada LYA LUFT, discorrendo sobre a escolha pelo voto para Governadora de seus estados, três MULHERES. Em seu lúcido artigo, transparecia a esperança depositada nestas mulheres, mães, esposas - reserva moral da família - e talvez a redenção da Pátria.
Decorridos apenas alguns dias, deparo-me com a sua entrevista no citado tele-jornal. Charmosa nos seus anos maduros, simpática e com postura de autoridade, como sempre elegante, com o domínio completo de suas atribuições. Mas, Sra Presidente, que desilusão, que desgosto, que inversão de valores a Senhora nos passou com a defesa intransigente sobre o aumento de seus próprios salários e de uma novíssima modalidade de reforçar seus já generosos contra-cheques - JETONS, JETONS - pagamentos específicos para Vªs Excelências, por reuniões em hora de expediente e com finalidades não devidamente esclarecidas. E mais, retroativos a JULHO de 2005, com os devidos ressarcimentos. E ainda, Sra Presidente, totalmente isentos de Imposto de Renda, esta coisa comezinha e degenerada que só a ralé deve descontar religiosa e mensalmente para que Vªs Excelências tenham seu contra-cheques, mordomias mil e JETONS inexplicáveis garantidos.
Penso que Juízes e assemelhados devam ser bem remunerados. Penso que um magistrado no sagrado dever de suas atribuições, não pode e não deve ficar preocupado com suas contas, suas faturas, e a condução administrativa de seus familiares e as despesas do dia-a-dia. Suas funções e suas atribuições são nobres, belas e importantes demais, para que Vªs Senhorias se desviem, durante seu "expediente" para tratar de assuntos tão corriqueiros.
Mas entre salários - sim, salários - porque Vªs Senhorias são funcionários, e, portanto, são assalariados, assim como eu e milhões de brasileiros, e salários milionários, vai uma grande diferença. No momento em que se discute se o salário mínimo aumentará R$ 17,00 ou R$ 25,00, o Judiciário Brasileiro, o mais bem remunerado do Planeta, pleiteia descarada, abusiva e acintosamente um novo e fabuloso aumento.
O legado iluminista de MONTESQIEU, na sua mais bela obra "O Espírito das Leis-1748", modificou para sempre a História dos povos e das Nações modernas e socialmente justas, prevendo a separação dos poderes, como forma mais adequada de Governo.
No entanto, esses conceitos, que para outras Nações privilegiadas foi uma benção e uma maneira eficaz e correta de governar os povos, para o nosso infeliz Brasil, é uma praga descontrolada. Ninguém controla nada, ninguém processa ninguém, e todos se locupletam.
A Bielo-Rússia é ex-colônia da falecida URSS. Continua um estado totalitário, ineficaz e corrupto. Não tem grandes indústrias, seu comércio é pífio e suas riquezas naturais, modestas. Nem de longe comparar com o fantástico e imenso território Brasileiro, com suas incríveis reservas naturais. Nossa indústria é pujante e moderna, nosso povo é ordeiro e laborioso. Assim mesmo Exma Sra Juíza, aquele pequeno e infeliz País da Europa Oriental teve seu IDH superior ao do Brasil. Por quê? Por que será que caminhamos céleres e firmes para o ralo da História? Não lhe ocorre nada?

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