quinta-feira, dezembro 14, 2006

Investir no RN: jogada de alto risco

Se formos enumerar um a um os empreendimentos empresariais trazidos nos últimos anos para o nosso Estado e que, após serem iniciados ou implantados, com a obtenção de licenças e até de incentivos fiscais, passaram a sofrer chantagens dos agentes públicos (sob alegação de colocarem em risco o meio ambiente ou de não atenderem a algum aspecto da legislação urbanística, fundiária, social etc.), não encontraríamos espaço suficiente nesta coluna.
Os casos mais flagrantes são os registrados nas últimas semanas em Natal, quando várias empresas atuantes no mercado imobiliário, após adquirirem terrenos, passarem meses e até anos juntando documentos e alterando projetos para conseguir licenciar, junto à Prefeitura, edificações de condomínios residenciais no bairro de Ponta Negra, deram início às obras licenciadas, investiram dezenas de milhões de reais, fizeram as vendas dos apartamentos na planta e, para surpresa geral, receberam ordem das autoridades do município para suspender as construções, apenas porque elas, talvez, ofendam à paisagem do Morro do Careca.
Outro grupo empresarial construiu um magnífico hotel na Via Costeira, com mais de 400 apartamentos e capacidade para gerar 500 empregos diretos e permanentes. Quando a obra já estava praticamente concluída, começaram a ser interpostas exigências que implicavam na obrigação de derrubar um andar inteiro do prédio. A questão hoje se encontra nas mãos do judiciário.
E o mesmo grupo, que planejava transformar Natal na sede de uma companhia aérea moderna, especializada em vôos charters entre a Europa e o Nordeste brasileiro, mudou de idéia. Riscou-nos do mapa.
Natal, como se sabe, não possui nenhuma possibilidade de poder crescer sob a ótica industrial, até por falta de áreas físicas que sirvam para acolher indústrias dentro do seu limitado espaço territorial; também não tem como acolher negócios na atividade agrícola ou pecuária, pela razão lógica de que não conta mais com zonas rurais.
Só lhe resta a alternativa de explorar as atividades ligadas ao setor terciário, ou seja, o comércio e os serviços, com ênfase para o turismo, a hotelaria, os flats, os empreendimentos imobiliários voltados para a venda ou o aluguel da moradia de lazer e férias, segmentos econômicos que geram muitos empregos e hoje fazem boa parte da riqueza dos países europeus alcançados pela costa mediterrânea.
Lamentavelmente, nosso poder público prefere afugentar os investidores, matar a galinha-dos-ovos-de-ouro, tratar o capital com desaforos, fazer o jogo sujo de colocar a população contra quem pretende patrocinar o desenvolvimento social e econômico do Estado.
Que fiquemos, pois, com nossas favelas! Que continuemos, pois, com essa fantástica política oficial de distribuir esmolas estatais às legiões de miseráveis e marginalizados, impedindo-os do acesso ao emprego e da conquista da cidadania, já que é isto que nossa classe política impõe
(Marcos Aurélio de Sá, Coluna Hoje na Economia, Jornal de Hoje, Ano IX - Nº 2696 - Quarta-feira, 13 de dezembro de 2006.)

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