sexta-feira, junho 01, 2007

Agora, lascou tudo!!!

O presidente do Instituto Brasileiro Giovanni Falcone, entidade de luta contra o crime organizado, ex-secretário nacional Antidrogas, o juiz aposentado Walter Fanganiello Maierovitch, especialista em Operação Mãos Limpas, ocorrida na Itália, é de opinião de que o Brasil precisa, primeiro ter um grande projeto de prevenção e depois outro de repressão. "Tem que mudar tudo e refundar o país", diz ele. Antes de tudo, sentencia: "Precisamos de uma infinidade de projetos sociais." Em comentário acerca do que fez recentemente o governo mexicano, que lançou um plano na Colômbia, para que as pessoas trocassem as suas armas por computadores, ele falou sobre os efeitos que isso pode ter no combate ao crime.
"Sim, tem algum efeito. Mas não adianta você entregar um PC, sem educar as pessoas para uma legalidade democrática. Só para você ter uma idéia, hoje, é aniversário da morte do juiz Giovanni Falcone. Durante todo o dia, em Palermo (Itália), tiveram trabalhos com os jovens da região. Atracou em Palermo a "nave" da legalidade, que trouxe para a cidade mais de 1300 estudantes e eles participaram de uma jornada de memória e educação da legalidade. Todos foram à sala onde pela primeira vez os mafiosos foram julgados no mundo. Houve diálogo entre estudantes, professores e ministros da cultura. Depois todos foram para a cidade de Corleone, onde tem a Avenida 11 de abril 2006, que é o local onde foi preso Bernardo Provenzano, chefe da máfia que ficou foragido 43 anos. Então somente dar computador não resolve."
Acerca das operações da Polícia Federal, em que os políticos e os empresários estão no foco das acusações, ele comenta, quando indagado se o resultado disto será cada vez mais corrupção no país:
"É mais uma operação em cima de um velho fotograma, que mostra relações entre empresários, políticos e administradores públicos, adquirindo vantagens indevidas. Nessa relação, os políticos ganham mais poder e os empresários mais negócios. Esse tipo de operação é importante como as outras que ocorreram, mas não há novidade desse tipo de atividade criminal no Brasil e no mundo. Na Itália foi feita a mesma operação, só que mais profunda. Lá, foram investigadas e julgadas as relações partidárias e muitos empresários se mataram literalmente por vergonha. É importante dizer que o Brasil ainda não tem mecanismos para proteger esse tipo de apuração e também proteger a polícia federal. Temos aqui um sistema processual, que leva anos até dar uma resposta para a sociedade. Isso é o que mata o país."

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