domingo, março 09, 2008

As alças de agave

Trecho
"Em Wilma, eu decidi não votar após o comportamento que ela adotou sobre o foliaduto. Eu comparo o seu gesto e do seu governo, após o evento lamentável das bandas fantasmas, com aquela anedota do ladrão de porcos. O larápio trazia um porco preso às costas, quando avistou o dono do porco roubado. Não tendo como desculpar-se, dada a evidência, começou a gritar: "Socorro... socorro... tire esse bicho daqui!". Era preciso o dono do porco ser bastante idiota para acreditar que o porco era um agressor e não um animal roubado
"Dessa forma agiu Wilma e seu governo. Para salvar os seus aliados e pupilos, ela quis fazer a sociedade acreditar que tudo ocorrera na Fundação José Augusto. Decisão, operação e liberação ilegal de grana. Se não foi cúmplice na execução do foliaduto, como eu acho que não, foi incorreta no comportamento posterior. Desonestidade não é apenas roubar dinheiro. Não. Há desonestidade ideológica, doutrinária, política, religiosa, social, cultural. Wilma quis salvar os seus à custa da desgraça alheia. Não teve escrúpulos em simular uma surpresa sobre o caráter dos seus auxiliares e cobrar culpabilidade de uma instituição. Não reconheço inocência nos meus auxiliares. Sem a participação deles não teria ocorrido o fato, pelo menos no âmbito da Fundação. Só que eles foram engrenagem secundária na máquina que produziu a corrupção. Foram acólitos. A chefia estava noutro lugar. Na soleira do governo. Digo isso porque resta sobejamente provado, tanto pela confissão dos envolvidos quanto pela apuração do Ministério Público. Os meus auxiliares deixaram de ter essa condição de inocentes desde a hora em que os fatos foram aclarados. Afastei-os e abri a sindicância pertinente. Uma antiga amizade, com ambos, virou distanciamento insanável. Ambos sem pregresso condenável, pelo menos do meu conhecimento. E os dela? Não são apenas auxiliares. São auxiliares administrativos, liderados políticos e pupilos ideológicos. E continuam sob sua guarda e proteção. Ela disse ao amigo Deusdeth Maia que eu coloquei na Fundação pessoas de passado reprovável e tinha conhecimento disso. Não é verdade. Mas eu posso dizer que ela colocou e mantém o mesmo vínculo de aproximação com os seus auxiliares envolvidos no folioduto. Inclusive com outros auxiliares promovendo um festival circense de apoio público e carnavalesco para homenagear um dos envolvidos, após o seu depoimento. Numa agressão à sociedade e à cidadania. Foi por isso que não votei nela. Também não votei no outro. E vou explicar o porquê." (Livro As Alças de Agave, François Silvestre, Sebo Vermelho, 2008, Págs. 136-137). (Imagem: "Ítalo Gurgel (atrás da governadora) trabalhou na campanha eleitoral e freqüentava a casa de Wilma." Crédito Foto: Luis Morais: Tribuna do Norte.)

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