Como lembra Clovis Rossi, ao comentar o livro "O Estado delinqüente", de André Moysés Gaio, mestre em ciência política e doutor em história social, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, "não é que os agentes públicos se corrompam facilmente no Brasil. É pior: eles tomam a iniciativa, lideram o saque aos bens públicos". E Rossi alinha uma seqüência de fatos delituosos que nos são relatados ao infinito, onde cada vez mais aparecem implicados agentes públicos graduados.Fazendo desfilar apenas os escândalos mais recentes, Rossi comenta: "1 - Não é mais o recrutazinho que vende um fuzil para o narcotráfico. É um coronel envolvido em desvio de verbas. 2 - Não é mais um juiz de segunda instância implicado em falcatruas. É o chefe do Poder Judiciário (caso de Rondônia). 3 - Não é mais um vereador do fim do mundo. É a cúpula do Poder Legislativo (em Rondônia, mas também no Parlamento federal, com os casos João Paulo Cunha e Severino Cavalcanti). Para não falar nas centenas de parlamentares federais apanhados como "mensaleiros" e "sanguessugas". 4 - Não é mais o policial da esquina subornado para evitar uma multa. É um delegado que fica rico e seus colegas nem percebem ou fingem que não percebem. 5 - Não é mais o policial federal comum que entra para o crime. São dois ex-superintendentes da PF." Como no retrato que François fez do Estado, comenta Rossi sobre o panorama geral: "O corolário inevitável do teorema traçado por Gaio é simples: qualquer solução para o pântano brasileiro passa, inexoravelmente, por resgatar o Estado das mãos dos delinqüentes. Fácil de falar, quase impossível de fazer."

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