domingo, março 09, 2008

Panorâmica do Estado delinqüente

Como lembra Clovis Rossi, ao comentar o livro "O Estado delinqüente", de André Moysés Gaio, mestre em ciência política e doutor em história social, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, "não é que os agentes públicos se corrompam facilmente no Brasil. É pior: eles tomam a iniciativa, lideram o saque aos bens públicos". E Rossi alinha uma seqüência de fatos delituosos que nos são relatados ao infinito, onde cada vez mais aparecem implicados agentes públicos graduados.
Fazendo desfilar apenas os escândalos mais recentes, Rossi comenta: "1 - Não é mais o recrutazinho que vende um fuzil para o narcotráfico. É um coronel envolvido em desvio de verbas. 2 - Não é mais um juiz de segunda instância implicado em falcatruas. É o chefe do Poder Judiciário (caso de Rondônia). 3 - Não é mais um vereador do fim do mundo. É a cúpula do Poder Legislativo (em Rondônia, mas também no Parlamento federal, com os casos João Paulo Cunha e Severino Cavalcanti). Para não falar nas centenas de parlamentares federais apanhados como "mensaleiros" e "sanguessugas". 4 - Não é mais o policial da esquina subornado para evitar uma multa. É um delegado que fica rico e seus colegas nem percebem ou fingem que não percebem. 5 - Não é mais o policial federal comum que entra para o crime. São dois ex-superintendentes da PF." Como no retrato que François fez do Estado, comenta Rossi sobre o panorama geral: "O corolário inevitável do teorema traçado por Gaio é simples: qualquer solução para o pântano brasileiro passa, inexoravelmente, por resgatar o Estado das mãos dos delinqüentes. Fácil de falar, quase impossível de fazer."

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