domingo, março 09, 2008

Panorâmica do Estado delinqüente

Ao final da leitura, pode-se refletir acerca de seus personagens, sejam perdedores sociais ou supostos ganhadores. Percebe-se que, do jeito que mantemos o Estado delinqüente, não há saída da realidade para qualquer utopia ou transcendência. Percebemos simplesmente que não há possibilidade de fuga de nós mesmos nem do aqui e agora.
O livro de François serve, ainda, de apoio, como um magazine, um armazém, um acervo de informações imprescindíveis para um romance de formação, que tanto nos faz falta no RN, numa proposta de enriquecer e autonomizar nosso leitor/eleitor/contribuinte/cidadão. Um romance de formação, do alemão, Bildungsroman, em português, "romance formativo ou romance de formação"; em inglês, coming-of-age novel ou apprenticeship novel, tem importância capital, para a formação da cidadania, como nos lembra a escritora portuguesa Luísa Maria Rodrigues Flora: "No processo de afirmação e respeitabilização da forma romanesca, articulando ainda a vertente lúdica e de entretenimento exigidas pelo novo público leitor com a vertente moralista e didática tão ao gosto do Iluminismo, a inclusão no cânone literário das referidas obras revela já a passagem para um tipo de romance de cariz antropológico. Ao centrar o processo de desenvolvimento interior do protagonista no confronto com acontecimentos que lhe são exteriores, ao tematizar o conflito entre o eu e o mundo, o Bildungsroman dá voz ao individualismo, ao primado da subjetividade e da vida privada perante a consolidação da sociedade burguesa, cuja estrutura econômico-social parece implicar uma redução drástica da esfera de ação do indivíduo." (Imagem: Estátua no Edifício da Ernst & Young, em Los Angeles, EUA.)

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