domingo, março 09, 2008

Panorâmica do Estado delinqüente

Numa das primeiras frases do livro, François faz uma singela declaração: ‘‘Tudo o que conto aqui faz parte da minha observação sobre os fatos’’. Trata-se de algo a que nós estamos afeitos, já que observamos no dia-a-dia o modus operandi das quadrilhas no poder, sendo que, muitas vezes, não temos acesso à extensão dos fatos, nem dispomos de uma mídia que nos traga a extensão do mal cometido.
François se assemelha a Cristovam Buarque, que descortina, no artigo "A pobreza da riqueza", a vida ordinária dos nossos potentados, com os dissabores propiciados por seus roubos e apropriações indébitas: "Os ricos brasileiros são pobres de tanto medo. Por mais riquezas que acumulem no presente, são pobres na falta de segurança para usufruir o patrimônio no futuro. E vivem no susto permanente diante das incertezas em que os filhos crescerão. (...) Por causa da pobreza ao redor, os brasileiros ricos vivem um paradoxo: para ficarem mais ricos têm de perder dinheiro, gastando cada vez mais apenas para se proteger da realidade hostil e ineficiente. Quando viajam ao exterior, os ricos sabem que no hotel onde se hospedarão serão vistos como assassinos de crianças na Candelária, destruidores da Floresta Amazônica, usurpadores da maior concentração de renda do planeta, portadores de malária, de dengue e de verminoses. São ricos empobrecidos pela vergonha que sentem ao serem vistos pelos olhos estrangeiros." (Imagem:
Cristovam Buarque.)

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