domingo, agosto 31, 2008

A vadiagem de Sarney...

Médici
Mas em 70 ele se elege senador da Arena e chega ao Senado como obsequioso bedel da ditadura, topando qualquer serviço para agradar aos militares. O governo Médici, de 70 a 74, foi o auge das torturas. Sarney já era um dos líderes da Arena, sabia de tudo, dos fatos e das denúncias.
Por que ele não pergunta à ministra Dilma Rousseff, que nessa época foi barbaramente torturada durante meses? Ela só serve para lhe garantir o uso e o abuso da Eletrobrás, nomeando do presidente aos contínuos?
Devia perguntar também ao ministro Vanucchi, ao Haroldo Lima da ANP, ao Aldo Arantes e tantos outros, no governo ou próximos a Lula.
"Folha"
A "sabatina" foi comandada pelos veteranos e respeitados jornalistas Clovis Rossi, Fernando Barros e Silva, Mônica Bergamo e Renata Lo Prete. Será que ouviram isso calados? A "Folha", nas duas páginas da matéria, não registrou nada. Depois de parceira da Globo, está cada dia mais "A Bolha".
Ser contra a revisão da Lei da Anistia é uma posição política discutível mas defensável. Tem todo o direito e o dever de opinar. Negar as torturas é um desacato, um desrespeito público aos torturados e ao País inteiro. Será que ele não leu nenhum dos já clássicos livros do Elio Gaspari, ou o "Brasil: Nunca mais", coordenado por dom Evaristo Arns?
Vitorino
A "sabatina" está cheia de inverdades, o que em Sarney não é novidade. Para agradar qualquer governo, todos os governos, ele faz tudo que seu rei quiser. Apoiou todos os governos, desde Tomé de Souza. Diz que "foi oposição ao Getulio e ao Juscelino". Nem isso é verdade.
Na ditadura Vargas, estava de calças curtas lá em Pinheiro. No segundo governo, de 50 a 54, era fiel escudeiro de Vitorino Freire, governista do PSD. Em 54, pelo PSD, disputou o mandato de deputado federal. Teve 3.271 votos, perdeu, ficou como quarto suplente.
Vitorino fez de alguns deputados secretários de estado só para Sarney assumir o mandato, na bancada governista do PSD, em agosto e setembro de 56 e de maio a agosto de 57, como fervoroso apoiador de JK.
Figueiredo
Em 58, levado por José Aparecido e Magalhães Pinto, Sarney entrou na UDN do Maranhão e se elegeu deputado. Em 60, apóia Janio, da UDN, que renuncia e assume João Goulart, logo apoiado pela Bossa Nova da UDN, da qual Sarney fazia parte. Jango chegou a convidá-lo para ministro, ele aceitou, mas Vitorino vetou, ameaçando levar o PSD para a oposição.
Jango é derrubado e Sarney vira "revolucionário" desde criancinha. Elegeu-se governador, apoiado pela ditadura militar. Castelo mandou para São Luís o coronel João Batista Figueiredo, do SNI, que fez todo tipo de pressão, impedindo o PSD de dar legenda a Renato Archer, contra ele.
Zé Grande
Quando os militares começaram a fazer água, Sarney pulou do barco, foi para o PFL, virou vice de Tancredo e presidente. Tem razão o professor e sociólogo Reinaldo Barros: "Deus gosta muito de Zé Sarney".
Mais uma razão para não ser Zé Pequeno. Podia ao menos ser Zé Grande.
31/8/2008, Sebastião Nery, Tribuna da Imprensa. Foto. Tortura Nunca Mais, Monumento no Recife.

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