domingo, agosto 24, 2008

Eleitor, cabeça de... fome

A cabeça do eleitor
Por Luis Aureliano
Fonte: espacopublico
Ilustração: olharglobal.org
Que fatores determinam a escolha do eleitor? O que é mais importante, o partido ou o candidato? E a ideologia, qual é seu peso nas eleições?
Essas e outras questões sobre a cabeça do eleitor estão na ordem do dia. As respostas, a despeito dos avanços dos estudos sobre comportamento eleitoral, são ainda bastante inconclusivas.
Partidos políticos são cada vez menos importantes. Nos Estados Unidos, onde democratas e republicanos são agremiações centenárias, é cada vez maior o número dos eleitores que se dizem independentes. Antes uma minoria, hoje os independentes correspondem a mais de um terço dos que votam naquele país.
O Brasil não é diferente. Na hora do voto, o eleitor considera mais o candidato e, não, o partido a que pertence. Existem boas razões para esse fato. Em primeiro lugar, os partidos não se encontram consolidados entre nós. A ditadura interrompeu um processo de construção e consolidação do sistema partidário que vinha de 1946. O eleitor começava a se identificar com os partidos e se consideravam pessedistas, udenistas ou petebistas quando os militares destruíram os partidos e criaram, de cima baixo, a Arena e o MDB.
O comportamento do eleitor varia com a idade, com o sexo, com a ocupação, renda e escolaridade. Mas age sempre racionalmente. Mesmo o que troca seu voto por alguma vantagem material o faz racionalmente, porque não acredita que sua situação melhorará com a política e prefere um pássaro na mão do que dez voando.
Há quem pense que ideologia conta na escolha do eleitor. Nada mais equivocado. Apenas uma parcela ínfima dos eleitores vota em bases ideológicas, mesmo em países como a França ou os Estados Unidos.
A maior parte do eleitorado brasileiro vê a política como uma realidade difusa e confusa. Não tem uma visão estruturada e clara da política. Para ele, o mundo divide-se em duas partes: os que preferem os pobres e os que preferem os ricos.
No Brasil, quanto maior a renda e a escolaridade do eleitor, maior o seu pragmatismo. Vota com o bolso. Em eleições presidenciais, por exemplo, se a inflação e o desemprego andam altos, o candidato da situação, que pode ser o próprio presidente buscando se reeleger ou alguém apoiado por ele, acaba sendo penalizado.
Realizações contam. O que um candidato fez no passado recente dá força a suas propostas. Um prefeito mal avaliado, com a aprovação de sua administração abaixo de 40%, dificilmente será reconduzido.
Mas há outros fatores que ajudam a fazer a cabeça do eleitor. Um deles, talvez o mais importante, são os atributos do candidato. Inspira confiança? Transmite firmeza? Mostra capacidade de decidir?
Outro fator importante é a própria campanha. A propaganda na TV não é coisa para leigos e nem pode ser improvisada. Exige conhecimento, informação estratégica obtida de pesquisas e criatividade para fazer chegar a mensagem do candidato ao eleitor.
Uma conclusão se pode tirar de tudo isso: não existe fórmula feita para ganhar eleição. A cabeça do eleitor não é simples."

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