domingo, outubro 21, 2007

Macau Bandalha

MUSEU JOSÉ ELVIRO
Um manifesto pela memória de Macau

Acontecimentos funestos se sucedem em Macau, rica e expressiva cidade do litoral — Região Salineira — do Rio Grande do Norte, sem que a Polícia ou o Ministério Público tomem alguma providência, deixando atônita e desesperançada a população, composta na sua maioria por trabalhadores honestos e, a essa altura, completamente desanimados com a idéia de melhores dias.
Quando não chegam a público as já rotineiras ações de improbidade administrativa de seus administradores, que há mais de duas décadas se especializaram no saque ao patrimônio público do município, envolvendo desde prefeitos a vereadores, são notícias de depredação de seu patrimônio histórico e artístico.
Depois do arrombamento e roubo dos equipamentos do Teatro Municipal Hianto de Almeida, que contou com recursos federais para sua abertura, agora foi a vez do Museu José Elviro (Foto), que nunca mereceu uma devida atenção do Poder Público em Macau.
O município sempre trouxe orgulho para o Rio Grande do Norte, seja por suas riquezas naturais, seja pela apresentação, ao longo dos anos, do trabalho de personalidades que marcaram época no Estado nas mais diversas atividades, como o Monsenhor Joaquim Honório da Silveira, responsável pela paróquia de Macau de dezembro de 1902 a agosto de 1913 e de dezembro de 1939 a novembro de 1966, o advogado João Sena, o museólogo João de Aquino Silva, o advogado Ivo Ferreira dos Santos, o ex-deputado Floriano Bezerra, o jornalista Vicente Serejo, o poeta Gilberto Avelino (radicado em Macau, mas nascido na cidade do Assu), o artista plástico João Vicente Barbalho, o poeta Alfredo Neves (mineiro de Teófilo Otoni, radicado em Macau), o artista plástico e fotógrafo Getúlio Moura, o escritor e poeta Benito Maia Barros, o produtor cultural João Eudes Gomes, gerente da Rádio Solidariedade, Sebastião Maia (Tião Maia) e o advogado e poeta Horácio Paiva, entre muitos outros.
No momento, assiste-se a uma depredação trazida a público por José Antônio Aquino, o filho de João de Aquino da Silva, nascido em Assu e radicado em Macau, onde dedicou 55 anos de sua vida à formação de uma Casa de Memória para Macau, a que batizou de José Elviro, nome de seu pai, um ex-operário de salinas. O filho, José Antônio Aquino, divulga para todo o Rio Grande do Norte dois relatos acerca da depredação que vem sofrendo o Museu José Elviro, nem bem João de Aquino faleceu, aos 85 anos, depois de cuidar do museu, desde sua inauguração, em 5 de novembro de 1952, com uma exposição de arte sacra, até o ano passado, quando deixou a instituição com um acervo de 5.208 peças.
O Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (HGRN), a Fundação José Augusto, assim como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) poderiam se pronunciar, em torno do vandalismo que atinge a cultura de Macau, sem que haja um movimento de contenção dessas forças perniciosas que só prejuízos trazem para o município.
Vamos aos textos enviados. O primeiro é de José Antônio Aquino:
"Prezados Senhores,
É com imensa tristeza que estamos mais uma vez comunicando um ato de vandalismo contra o Museu José Elviro, em Macau.
Desde o dia 02/06 até hoje o Patrimônio Histórico do Museu foi depredado por quatro (04) vezes, sendo que no último final de semana (06/10), ao invadir o prédio algumas peças foram furtadas, vários documentos e livros extraviados.
É lastimável sabermos que apesar de ter-se registrado quatro ocorrências junto à Polícia Civil, infelizmente, tais casos continuam a ocorrer.
É-nos lamentável perceber que apesar de estar mantendo a história de Macau e região há 55 anos, o mesmo continua a perecer sem que as autoridades tomem qualquer providência para dar uma estrutura digna a esta importante Casa de Cultura Macauense.
Solicitamos à População que ao perceber a tentativa de venda de peças do Museu extraídas (rádios, máquina fotográfica, louças) façam a denúncia, de modo a conseguirmos recuperar as peças.
Em tempo, o Museu completará no próximo dia 05/11, 55 anos de prestação de serviços à População Macauense."

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