quinta-feira, outubro 11, 2007

Chico Antônio como sopro inspirador

A pesquisadora, que lançará ainda este mês um novo livro, "Hélio Galvão, o saber como herança", resultado do aprofundamento de suas pesquisas, já que se encantou pelo coco e pelo coco de zambê, que Hélio Galvão, escritor, imortal e ex-presidente da Fundação José Augusto, estudava, acredita que a situação dos artistas e expressões artísticas locais possa melhorar gradualmente, citando o exemplo do que vê em Mossoró, assim como novos cenários que verifica em Natal.
"Eu acredito que tem sido melhor. Ainda é muito pequeno, principalmente aqui no RN, em relação a estados como Pernambuco e Bahia, e também a estados menores, como a Paraíba. A Paraíba já tem até planejamentos bem mais avançados que nós. Por aqui, essa atenção que Mossoró tem dado à questão de Lampião, eu acho incrivelmente inteligente, porque, independente das pessoas criticarem o fato de eles se apoiarem num ponto da história deles, eles têm esse ponto. E eles têm mesmo de falar sobre isso. A abolição da escravatura, a questão da mulher, do voto feminino lá, a memória de Lampião. Eles estão no caminho certo. Como historiadora e antropóloga, eu vejo que eles, no RN, estão no caminho certo."
Aproveita, então, para dar um alerta sobre os novos espaços que surgem em Natal, a fim de que os grupos possam se expressar.
"O que eu tenho visto em Natal, o que acho ótimo - já que a gente é a capital - é o que tem acontecido ali na Ribeira, que é essa renovação do espaço – e eu espero que quebre o sentimento de elitização de um grupo em relação a outro; e não-marginalização de um grupo em relação a outro - que a gente vê que aqui é muito forte isto. Talvez porque aqui nossos negros e nossos índios não são suficientemente organizados em movimentos. Não sei o que é isso, que a gente nega o tempo todo que esses grupos existem. E quando você anda na rua, todos nós temos caras de preto e de índio também. Então, o que acontece? Eu estou vendo um avanço muito grande em Natal. Nesse espaço em torno do largo do Teatro Alberto Maranhão. Está ficando muito bonito. E eu acredito que é um espaço que vá convidar as pessoas a circularem mais, a se preparar a questão de preencher o espaço físico. O espaço histórico e cultural da cidade. Vai ter um museu ali. E já se planeja fazer um corredor cultural daqui da Cidade Alta. E também em relação à Zona Norte e a Parnamirim. Eu acredito que a Zona Norte tem que cuidar de si mesma. Agora vai ter um shopping lá, e vão levar cinema etc. Tem o Espaço Chico Miséria, mantido pela Capitania das Artes. Eu espero que a população, os grupos, nós, nos organizemos mais para cobrar isto do poder público. E ao mesmo tempo que nós comecemos a ocupar esses espaços. Por concurso, ou sei lá o quê. Mas comecemos a preencher esses espaços."

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